São Francisco escrita por Dri Viana


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

E é aniversário do nosso quatro olhos.

Surpresas pra ele nesse dia. Inclusive, uma surpresa do sogrão.



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Acordei na manhã seguinte com o toque do meu celular praticamente "gritando" ao meu lado. Sonolento apanhei o aparelho de cima do móvel ao lado da cama. Abri um olho e vi na tela que era ligação da minha mãe. Sorri ainda morrendo de sono e atendi prontamente a chamada.

Assim que eu disse "alô" ouvi minha mãe e Phil  começarem a cantar "parabéns pra você". Eles cantaram pra mim toda a música e eu fiquei com um sorriso nos lábios do começo até o fim da cantoria deles. Depois que eles terminaram Phil foi o primeiro a me felicitar pelo meu aniversário. Me disse muitas coisa bonitas e por fim agradeceu por eu tê-lo aceitado fazer parte da família que éramos antes minha mamãe e eu. E que agora acabou virando: minha mãe, eu e ele.

Então foi a vez da minha mãe me dar os parabéns pelo meu aniversário. Eu podia sentir sua voz embargada do outro lado da linha enquanto me dizia pra eu continuar sendo esse filho responsável, ajuizado, bom rapaz e mais outras coisas boas que segundo ela, eu era. E ela ainda acrescentou que tinha muito orgulho de mim e que certamente, o meu pai também teria caso estivesse ali com a gente.

Eu fiquei com os olhos marejados com suas palavras e a menção do meu pai. Ele sentia tanta falta dele principalmente, em datas especiais como, por exemplo, o dia do meu aniversário. O último que ele passou ao meu lado tava sempre na minha mente vividamente como se tivesse acontecido no ano anterior e não há muitos anos.

—Quando você retornar vamos você, eu e Phil comprar o seu presente.

—Aquele presente? - Perguntei esperançoso.

—Sim! - Ela confirmou com certo desgosto. _Mas me prometa que você vai tomar cuidado quando andar nessa moto, Gil?

—Prometo, mãe. - Confirmei estampando um sorriso por enfim ela ter aceitado a moto. Eu lembro que quando disse há três meses que queria uma moto de presente, ela quase não acreditou e vetou na hora. Mas aí, eu e Phil fomos com muita conversa convencendo-a até que parece que conseguimos de vez.

Eu queria uma moto pra poder me deslocar da universidade pra vir ver a minha namorada. Vir de ônibus todo fim de semana pra cá ia ser despendioso, por isso pedi a moto. Já tinha tirado a carteira há dois meses mesmo.

Minha mãe queria que eu comprasse um carro, mas eu disse que preferia a moto ao invés do carro. E acho que por fim vou ganhar minha moto.

Eu e minha mãe trocamos mais algumas palavras e depois a ligação era encerrada. Devolvi o celular ao móvel e após me espreguiçar na cama, levantei e fui tomar um banho.

Dez minutos depois, eu já me arrumava pra descer e ir tomar café. Era oito e meia quando terminei e já saia do quarto. Ao passar pela recepção estranhei não ver Carl ali. Às oito ele já está na recepção. Vai ver se atrasou hoje.

Segui em direção a copa e ao chegar lá fui surpreendido com Carl, Marta, Taylor, Laura, Otávio e Sara me gritando: Surpresa!

Sorri com aquilo. E em seguida, ouvi pela segunda vez no dia o tal "parabéns pra você", agora nas vozes dos seis ali. Vi um bolo com velas surgir e ao fim da cantoria deles, eu apaguei as velas.

Depois um a um, eles me felicitaram com abraços. Primeiro foi Carl, em seguida vieram: a mãe dele Marta, Taylor, minha sogra de quem ganhei até um presente, meu sogro que foi até gentil comigo pela primeira vez e por fim, a minha namorada.

—Parabéns, meu nerd sem graça!... Eu te amo! - Ela me murmurou bem baixo no ouvido só pra mim ouvir, enquanto trocávamos um abraço.

—Eu também te amo, garota insuportável! - Com um sorriso bobo eu lhe disse tais palavras no mesmo tom baixo que ela havia falado comigo.

—Só não vou te bater por que é seu aniversário. 

Ela cochichou-me e sorri. Depois afastando-se só um pouco, ela me pegou de surpresa ao beijar-me na boca ali na frente de TODOS. Eu levei uma fração de segundos pra retribuir o beijo, mas retribuí. E não deu nem dois segundos de beijo e escuto meu sogro dizer enquanto bate palmas:

—Tá! Já chega, vocês dois de beijo.

—Otávio deixa de ser estraga-prazer, homem.

Todos ali rimos do que Laura disse. Em seguida, ela nos convidou a sentar e comer o bolo de chocolate que havia feito pra mim. E coube a mim corta o primeiro pedaço e entregá-lo a quem eu quisesse. Óbvio que o primeiro pedaço foi pra Sara que me deu outro beijo, porém este rápido.

—Vocês estão abusando da minha boa vontade e paciência. - Otávio nos encarou com olhos semi-cerrados.

—Dá um tempo hoje, pai, por favor. É aniversário dele.

—Hoje não é dia de implicar com seu genro, Otávio.

—Só por que é aniversário dele?

—Exatamente, meu bem.

Acho que tirei a sorte grande de ter uma sogra tão gente boa e que me defende como a Laura. Já meu sogro apesar da implicância desacerbada comigo, eu até tô aprendendo a gostar dele.

—Gil, depois a gente vai sair pra comprar seu presente e vamos almoçar fora só nós dois.

—Legal!

—As três em ponto quero vocês aqui, Sara.

—Acho que essa é a décima vez que escuto o seu Otávio dizer isso em uma hora. - Carl comentou isso rindo enquanto pegava da mão da minha sogra o pratinho com uma fatia do bolo que ela lhe estendeu.

Meu sogro virou-se em sua cadeira e olhou com cara de poucos amigos pra Carl.

—Acho que ouvi um hóspede chamando na recepção. Fui, gente!

Carl saiu às pressas dali causando risos na gente. Ele era uma figura!

—Pai, as três eu vou estar de volta aqui com o Grissom, OK? Não precisa ficar repetindo isso.

—Repito pra não esquecer.

—Mas não vou esquecer isso.

—Otávio por que não conta logo do seu presente para o seu genro?

—Presente? - Eu e Sara dissemos juntos após as palavras de Laura.

—Sim! - Laura confirmou com um sorriso. _Ele tem um presente pra você, Grissom.

—Tem é? - Olhei com desconfiança pro meu sogro.

—É, eu tenho. - Otávio afirmou nada contente. _A noite, eu, Laura, você e Sara, vamos jantar no Forbes Island pra comemorar seu aniversário, rapaz.

—No Forbes, pai?

Minha namorada parecia surpresa.

—Sim! Fiz reserva pra gente.

—A ideia foi inteira do Otávio. - Laura nos contou e eu agradeci ao meu sogro por aquilo.

—Não tem de quê, rapaz!

—Gil esse restaurante é show. Ele é flutuante e tem uma parte dele que é subaquática. A gente faz a refeição debaixo d'água. - Sara me contou animada.

—Puxa, me parece um lugar incrível.

Depois de saber isso a respeito do lugar que iríamos jantar, eu fiquei empolgado pra conhecê-lo.

...

—Já tá pronto pra irmos, Gil? - Sara apareceu pelo vão da porta do quarto.

—Só falta o perfume!... - Borrifei um pouco no pescoço e pela camisa. _Quê? - Notei seu olhar ficar me medindo de cima a baixo.

—Nada! - Ela me respondeu esticando os lábios em bico que me deu vontade de beijá-la. E foi o que fiz quando larguei o vidro de perfume sobre a cômoda e fui até Sara na porta.

—Agora vamos! - Disse a ela após o beijo.

No caminho enquanto seguíamos para o andar de baixo da pousada, Sara me perguntou se eu tinha trago minha carteira de habilitação. Eu confirmei e questionei o por quê. Então ela contou que pediu ao Carl que nos emprestasse sua moto pra podermos sair e ele topou emprestar.

Chegamos a recepção e estavam ali Carl e os pais de Sara.

—Aqui... Cuidado com a minha "nenê", hein. - Carl estendeu a chave da moto pra Sara e informou que os dois capacetes, estavam na moto.

—Pode deixar que vamos cuidar da sua "nenê". - Minha namorada disse debochando do modo como Carl chamou sua moto.

—Você sabe mesmo guiar moto, rapaz?

—Sim!

—E aonde vocês vão, Sara?

Ela contou a Laura que ia me levar ao shopping pra comprar meu presente, depois a gente ficaria passeando pelo shopping mesmo. Almoçaríamos também lá e posteriormente, íamos ao cinema.

—As três aqui, Sara.

—Tá, pai!

—E você, rapaz, nada de correr nessa moto e cuidado com a minha filha.

—E principalmente cuidado com a minha moto! - Carl acrescentou em seguida ao meu sogro.

—Podem ficar tranquilos os dois que vou cuidar bem da sua filha e da sua moto.

Nos despedimos dos pais de Sara.

—Divirtam-se! - Laura nos disse antes de sairmos da pousada.

Assentimos e Sara nos levou até onde Carl deixou sua moto.

—Essa que é a "nenê" dele? - Olhei pra Sara.

A moto do Carl era uma invocada Suzuki GSR 750 cilindradas, na cor azul. Era exatamente o mesmo modelo que eu vinha "namorando" comprar.

—É! - Sara me confirmou.

—Sabia que vou ganhar de presente de aniversário da minha mãe uma moto e que é desse modelo? Só a cor que não é mesma.

—Sério? Você vai ganhar uma moto que nem essa?

—Aham. - Confirmei me sentando na moto e apanhando um capacete e entregando a Sara já acomodada atrás de mim.

—Quer dizer que terei um namorado nerd estranho e ainda por cima motoqueiro?

Gargalhei das palavras dela.

—Possivelmente terá! - Confirmei colocando o capacete.

—Gostei disso!

—Pra onde vamos?

Ela contou que antes de irmos pro shopping passaríamos primeiro no apartamento de uma amiga dela, porque a garota lhe pediu pra regar as plantas dela já que estava viajando.

—Eu vou te explicando o caminho para o apê dela.

Assenti e liguei a moto. O ronco alto e potente do motor 'gritou'. Caraca como ele é incrível! Acelerei e a gente já saia dali. Guiar aquela maravilha foi show!

Mais ainda tive certeza de que era aquele modelo mesmo que eu queria. Ele é sensacional!

Chegamos em quinze minutos em frente ao prédio onde a amiga de Sara.

—Não desliga a moto. A gente vai entrar e colocá-la na garagem do prédio. - Sara me informou antes de saltar e depois seguir em direção a portaria.

Achei estranho isso! Se a gente não ia demorar pra quê colocar a moto na garagem?

Sara retornou poucos segundos depois e disse subindo na garupa da moto que o porteiro ia abrir pra gente seguir para garagem. Em segundos isso aconteceu e nós seguimos pra garagem. Deixei a moto na vaga que Sara informou ser da amiga dela.

Minutos depois a gente já estava a espera do elevador.

—Por que a gente guardou a moto na garagem? Pensei que tivesse dito que não íamos demorar.

—É que achei mais seguro deixar a moto na garagem do que na rua. Se acontecer algum arranhão com aquela bendita moto, Carl pira. Então melhor previnir do que remediar.

O elevador chegou e a gente pegou. Sara apertou o número sete no painel e em poucos segundos já chegávamos ao andar correspondente e ao apartamento da amiga dela.

—Entra aí! - Ela me puxou pela mão.

A sala era grande, bonita e bem decorada.

—Sua amiga mora sozinha aqui?

—Mora. Ela queria morar só e os pais deram esse apê no aniversário de 18 anos dela no começo do ano. Senta aí! Já volto.

Ela sumiu apartamento adentro e eu me acomodei no sofá que ela me apontou. Vi no móvel ao lado do sofá um porta-retrato com uma foto de Sara com a amiga que devia ser a dona do apê. As duas mostravam língua pra câmera. Sorri da foto. Algo me diz que essa fotografia foi ideia da minha namorada. Ela adora tirar foto assim.

Meu celular vibrou no bolso da calça. Apanhei o aparelho e vi que era um SMS de Heather me felicitando pelo aniversário. Mandei uma mensagem de volta agradecendo a sua lembrança. Depois guardei o celular de volta ao bolso.

Que bom que Sara não estava ali pra presenciar isso, porque certamente teria cena de ciúmes dela por conta da mensagem de Heather. Sorri. Namorada mais ciumenta que eu arranjei. Eu também não ficava atrás.

Vi Sara retornar com um sorriso e carregando uma sacola de presente numa mão e uma caixa média embaixo do outro braço.

—O que isso?

—Presentes pra você. - Ela contou sentando-se ao meu lado no sofá.

—Mas a gente não ia ao shopping comprar? - Eu olhei confuso pra ela.

Sorrindo, Sara explicou que isso foi uma mentirinha que inventou pra gente ter uma ótima desculpa pra sair de casa. E contou que aqueles presentes ela comprou na quinta-feira passada com a amiga antes dela viajar, e pediu a mesma pra deixar guardado aqui no apê dela os presentes para os seus pais e nem eu desconfiarmos.

—Dois presentes. Achei que não ia ganhar nenhum.

—Na verdade são três.

—Mas eu estou vendo só dois.

—É porque esse aqui são dois em um. Toma. Abre!

Sara me entregou a sacola de presente.

De dentro dela eu puxei um embrulho. Tirei o papel de presente que o envolvia e vi que era um livro de sonetos de Shakespeare.

—Sua mãe me disse que você perdeu esse livro e que gostava muito dele. Então, comprei um novo pra você. - Sara me explicou.

—Puxa, obrigado, Sara!

—Ainda tem mais dois presentes, então deixa pra me agradecer depois. Vai, abre o outro.

Apanhei de dentro da sacola o segundo embrulho. Rasguei o papel de presente e encontrei uma camisa social de botões, na cor azul escura e muita bonita.

—Experimenta pra eu ver como fica em você.

Satisfazendo o pedido dela tirei a camisa que usava e coloquei a que ela acabou de me presentear. Sara me ajudou a fechar os botões da peça.

—Ficou muito bem em você, quatro olhos. - Sara ajeitava a gola da camisa em mim. A peça de tecido macio coube como uma luva em mim. Não ficou nem aperta e nem frouxa, ela ficou na medida certa, como eu gosto.

—Fiquei bonito?

Ela apertou os lábios e então disparou-me:

—Dá pro gasto! - Eu ri da resposta dela e Sara me acompanhou rindo junto. _Você pode usar a camisa hoje a noite quando sairmos pra jantar com os meus pais.

—Vou usar, sim.

—Agora... Vamos ao terceiro e último presente.

Sara anunciou me empurrando a caixa de tamanho médio.

Confesso que estava curioso pra saber o conteúdo dela. Tirei a tampa e encontrei outra caixa menor. Retirei a tampa dessa também e outra caixa surgiu.

—Que isso, é uma pegadinha? - Olhei com curiosidade pra Sara que ria.

—Não! Vai, só tem essa e mais uma.

Retirei a tampa das duas que ela disse que restavam e encontrei um embrulho pequeno de presente.

—Tantas caixas pra um embrulho pequeno?

—É! E algo me diz que vai gostar mais desse embrulho pequeno.

—Ah, é? - Olhei de relance pra ela enquanto desfazia o laço que havia no embrulho.

—É!

Tirei o laço e ao bater os olhos no conteúdo do embrulho, eu abri um grande sorriso na hora.


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Notas finais do capítulo

Alguém arrisca um palpite de qual é esse presente?

Beijos e até o próximo.



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