The Wolf escrita por Nika Mikaelson


Capítulo 1
Forks


Notas iniciais do capítulo

É a primeira vez que escrevo uma fic da Saga. NUnca imaginei escrever hahhaha Espero que gostem...



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A maioria das pessoas da minha idade, não deixaria um lugar de Sol e praia para ir morar em algum outro lugar frio e úmido para cuidar da avó. Por esse motivo, já começo a entender porque nunca tive muitos amigos. Nunca fui como eles.

Nunca gostei de festas e do capitão do time de futebol. Não passava batom e nem maquiagem. Meus pais diziam que eu tinha uma beleza natural, porém, não achava isso. Eles usavam o termo “bumbum de neném”. Mas não era pela opinião deles que eu não passava, na verdade, eu nem sabia passar. E, por que passaria?

Sempre dei valor aos estudos e ao meu sonho de um dia ser médica. Almejava isso mais do que aquela máscara de cílios nova, que uma das estrelas recomendou.

Meu pai era policial e minha mãe advogada. Eles adoravam a cidade grande. Charlie vivia contando as histórias das gangues, e para nos fazer rir, contava das brigas de casal das quais eles ligavam para a polícia. Renée já era mais reservada sobre seus clientes, não dava muitos detalhes e não gostava de conversar muito sobre isso. Suspeito que ela não gosta muito do seu trabalho, mesmo sendo muito boa no que faz. Enquanto papai prendia os bandidos, ela dava um argumento para soltar. As brigas deles ultimamente estavam frequentes.

Recentemente recebemos uma ligação de um dos melhores amigos do papai.  Billy Black avisou que a vovó não estava muito bem. Ela esteve no Hospital cinco vezes nas últimas duas semanas e recentemente começou com alucinações. 

Papai tentou me convencer a não ir, dizendo que ele iria. Mas eu sabia que ele odiava Forks, era uma cidade de Washington. Ele cresceu lá, mas não tem boas lembranças.

Em uma madrugada ele foi chamado para uma vítima de ataque animal, mas quando chegou lá se deparou com o vovô.  A minha mãe fala que ele quase enlouqueceu para achar aquele animal, e passava noites em claro pesquisando e procurando, eu por ter apenas nove anos, não lembrava. Foi quando ela decidiu sair de lá, a relutante vovó não quis ir. Depois de tantos anos, eles resolveram deixa-la viver do jeito que quisesse. Billy se encarregou de cuidar dela e ir visita-la sempre.

Cheguei ao aeroporto e peguei meu celular no bolso, deixando um pedaço de papel cair. Abaixei e ao ver o que era não teve como não sorrir. Uma foto dele e do Billy. Papai insistiu que eu levasse para que eu não me perdesse. Eu não o reconheceria hoje em dia, mas essa foto de onze anos atrás também não ajudaria muito. Hoje em dia ele deve estar grisalho, assim como o papai. Com algumas rugas e talvez até careca, substituindo esse enorme cabelo liso e negro. Ele parecia um índio.

Guardei a foto e atendi meu celular.

— Oi mãe. – Continuei caminhando pelo aeroporto, ao ponto de encontro.

— Querida! Céus, por que não atendia? – Surtou do outro lado do telefone. Renée sendo Renée.

— Estava no avião. Acabei de chegar e estou esperando o Billy. Está frio. – Encolhi meus ombros arrumando minha bolsa.

— Espere só até chegar a Forks. Parece que é a porta para o polo-norte. – Rimos.

Encarei um homem em uma cadeira de rodas, e uma mulher a empurrando.

Céus. Ele não envelheceu nada. Ainda era o mesmo homem da foto com o sorriso travesso como de um menino. Ainda os cabelos eram negros como carvão e a pele lisa como se o tempo não tivesse passado pra ele, usava um chapéu preto um pouco grande. Empurrando a cadeira, era uma mulher com cabelos longos e um sorriso maternal, ou eles me reconheceram ou era um casal de loucos. Mas papai com certeza deve ter mandado um retrato falado meu pra eles. Duas fotos, três vídeos e uma escultura de cera.

A mulher também tinha a aparência de índia. Era magra, e nada glamorosa como as mulheres da minha cidade. Era simples, usava uma camisa branca, calça jeans e uma sandália baixa. Acenou, e eu sorri.

— Eles não envelhecem. – Falei baixo ao telefone. Mamãe riu.

— Charlie, eles a encontraram. – Avisou meu pai. – Nunca querida, sempre quis a receita.

— E qual é? – Estávamos cada vez mais próximos, e a cada centímetro o sorriso do Billy rasgava. De orelha a orelha.

— Não sei nunca me falaram. Talvez falem a você, me liga se souber!

— Beijos  te amo.

— Eu também te amo. Fique agasalhada! – Pediu, e desligamos.

Enfim, paramos frente a frente e fiquei intrigada como ele era parecido na foto. Céus são onze anos. Eu não me lembrava dele nem dela. Não lembrava nada desse lugar. De repente, começou bater um pequeno desespero: o que eu vim fazer aqui?

Vovó. É claro.

— Olá, Bella. Como você cresceu. – Ele falou. Sua voz era grossa, mas ao mesmo tempo calma.

— Está linda. – A mulher elogiou. Sua voz parecia deslizar, de tão serena que era. – Você não deve se lembrar, meu nome é Sue.

— Ela ainda era uma lobinha, duvido que se lembre. – Billy riu. – Meu nome é Billy, mas pode me chamar de Bill. Vamos, os meninos estão ansiosos. 

Fiquei curiosa para saber de que meninos ele estava falando, mas preferi não dizer nada. Só iria estender essa conversa e eu não era o tipo de pessoa mais sociável. Não pela falta de vontade, mas por ser eu. Eles pareciam ser dóceis e me trataram incrivelmente bem, porem eu tinha um serio problema em expressar meus sentimentos.

No estacionamento, íamos em direção a uma camionete velha e um pouco enferrujada. Os dois conversavam e sorriam, pareciam ser bem apaixonados. Pelo que papai disse, é o casal mais longo que ele já conheceu. Eles começaram a namorar quando ainda eram duas crianças. E falam que o fogo daquele amor juvenil arde até hoje. Foi bonito vê-los. Senti um pouco de saudade de casa.

— Está um pouco velha, mas me transporta para aonde eu quero. – Deu uns dois tapas na parte de trás da camionete, e eu pude jurar que aquela parte poderia cair.

— Está ótimo pra mim. – Sorri tímida, e eles sorriram de volta.

Fiquei um pouco curiosa de como ele entraria no carro, sendo que não havia nenhum tipo de rampa ali. Sue abriu a porta do passageiro e com um esforço com os braços, Billy a ajudou se colocar no banco. Antes que eu tentasse ajuda-los, ele já estava lá dentro. Ela dobrou a cadeira e colocou atrás.

— Vamos? – Chamou e eu fui sentando ao lado do Bill. Sue dirigiria.

Eles não falavam muito comigo, talvez respeitando o meu espaço. Isso sim, eu poderia pedir a receita e passar para Renée.

Assim que chegamos a Forks, parecia que aquela cidade tinha um filtro fotográfico. Acinzentada e úmida, mamãe tinha razão, aqui era frio demais.

Os quintais das casas com as gramas úmidas, provavelmente da garoa que caia. Todos usavam capuzes e moletons, e todos pareciam sorrir. O céu estava completamente nublado, sem um sinal do Sol ou de alguma luz.

— Você morou ali. – Billy apontou, e eu observei a casa pela qual estávamos passando. Sue diminuiu um pouco a velocidade e eu pude reparar.

Era simples, perto da que morávamos hoje em dia. Na varanda, pude me lembrar de uma foto que eu e o papai temos, sentados naqueles primeiros degraus.  Ao lado uma árvore, com um balanço rosa.

— Alguém está morando? – Perguntei, pela primeira vez falando no carro. Sue e Billy, sorriu como se tivessem conseguido alguma coisa.

— Sim. Um casal, mas não são muito amigáveis. – Sue respondeu e poderia jurar que o seu marido soltou um xingamento entre o murmuro.

— Não são nada amigáveis. Gente de raça ruim. – Seu semblante mudou totalmente, e de repente, aquele homem harmonioso parecia ter sumido.

— Querido. – Sue pousou sua mão em cima da dele. – Não faça a Bella sentir-se incomodada.

— Estou bem. – Sorri, olhando para a janela.

Mal cheguei, e já irritei o homem.

— Levei a sua avó para casa essa manhã. – Ele começou a falar. – Estava um pouco agitada, então achei melhor deixa-la com os meninos.

— Meninos? – Perguntei em voz baixa.

— Seth e Jacob. Nossos filhos. – Sue respondeu com orgulho na voz. – Seth você não chegou a conhecer, ele tem apenas dezesseis anos. Jacob tem vinte anos também, mas vocês nunca se deram bem. – Billy riu, e um ponto de interrogação foi formado no meu rosto.

— Vocês brigavam muito. – Ele explicou. – Eram como gato e rato. Sempre brigando, brigando e brigando. Ele amassou o bolo, no seu aniversário de sete anos. Quando ele completou oito, você empurrou a cabeça dele no bolo. Aposto que aquilo foi ideia do Charlie.

— E o dia em que eles foram á praia?

— Os dois sumiram! – Contava empolgado, como se fosse a sua melhor história. Como se contasse uma história de fantasia a uma criança. – Procuramos vocês por horas, até hoje posso ouvir os berros de desespero da Renée. Ela desmaiou três vezes! Eu não estava tão preocupado, pois sabia que Jacob conhecia toda La Push.

— La Push? – Interrompi, antes que pudesse pensar em espera-lo terminar de falar.

— A praia. Onde moramos. Depois de três horas, encontramos vocês...Ah, ele quase conseguiu, mas você retribuiu um tapa muito bem dado no rosto dele.

— Conseguiu o que? – Corei, já imaginando o que seria.

— Um beijo, claro. – Bill riu. – O que resulta tanto ódio? Só pode ser amor.

E  antes mesmo de conhecer Jacob, eu já sentia minhas bochechas corarem envergonhadas. Mas eu não me lembrava dele, quais as chances dele se lembrar de mim?

Mesmo que eu me esforçasse, era como se parte da minha memória tivesse sido apagada. Não conseguia. Era nova demais, a única coisa que lembro, era daquele balanço na árvore e do cheiro bom de chocolate-quente que a mamãe fazia.

Entramos em uma estrada de terra, e Sue começou a diminuir a velocidade. Acho que estávamos chegando.

Logo as árvores abriram visão para uma casa simples. Ela era vermelha, feita de madeira e com janelas brancas. Parecia uma cabana. Era uma casa apropriada para o meio da floresta. Ela parou a camionete e eu abri a porta, descendo.

— Quer ajuda? – Dessa vez, usei a educação que a minha mãe me deu e perguntei.

— Eu ajudo. – Ouço uma voz rouca, e um pouco ríspida atrás de mim.

Antes que me virasse, um homem passa ao meu lado usando apenas uma regata. Deveria estar dez graus, e ele usava uma simples e fina regata preta. Enquanto Sue tirava a cadeira de rodas, ele carrega Billy como se fosse um pedaço de pape, os músculos dos seus braços cresceram o pouco, mostrando que ele era definido. Colocou o pai na cadeira e virou-se pra mim, encarando sem se importar se estava me incomodando ou não. Aproveitei para analisa-lo também.

Sua pele era morena, como se fosse bronzeado. Cabelos negro, igual ao do Bill, porém pra cima e arrepiados. Seu olhar me mediu dos pés, até os meus olhos. Seus cílios eram cheios e os olhos cor de mel. Um rosto quadrado e lábios carnudos avermelhados.  Suas sobrancelhas abaixaram, como se me analisasse. Senti algumas partes do meu corpo se arrepiar, e engoli seco.

Ele é tão bonito. Uma beleza diferente da cidade. Uma beleza diferente de todas que eu já havia visto.

— Jacob, essa é a Bella Swan. – Billy falou empolgado.

— Ah. – Seu semblante mudou, e o maxilar relaxou, mostrando um pequeno sorriso. – Olá, sou Jacob. Provavelmente meu pai já te contou sobre o, tapa, na minha cara, não é? - Sua voz ainda era grossa, não parecia a voz de um menino de 20 anos. 

Meu rosto ferveu, e eu tive a certeza que eu estava tão vermelha quanto ao dia que a professora pediu para que eu me apresentasse, na frente da turma inteira.

— Sim. – Minha voz saiu rala e fina.

— Vem vamos, você deve estar com frio. – Sue me acolheu com seu braço, e começamos a andar uma ao lado da outra.

— Poderia ter sido mais simpático. – Ouço Bill dizer ao filho.

— Relaxa pai, nós vamos ser grandes amigos. Não é Bellinha? – Aumentou o tom da voz, e eu fingi não ouvir.

— Não liga pra ele. – Sue sussurrou. – Ele é um ranzinza!


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