- Com licença senhor, poderá explicar com calma o que houve, por gentileza?

 O soldado me encarava assustado mas desesperado. Começou então a falar:

 - Bem, eu estava de guarda do castelo, como sempre fico, e de repente vieram vários youkais de qualquer tipo, mas principalmente youkais morcegos, e começaram a invadir o castelo. Eram muitos e quase não conseguimos fazer nada... A última coisa que eu vi, antes dos youkais fugirem, foi que um deles carregava nossa Hime Yamako, sangrando e desmaiada nos braços! Foi uma cena horrível!

 - Que estranho... Por que eles iam querer uma Hime desconhecida? Nunca ouvi falar nela então não deve ser muito importante...

 - InuYasha! Olhe o respeito! Mas, e então, em qual direção fica sua vila, soldado?

 - Vocês vão ajudar? Céus que ótimo! Apesar de você, moça, andar com um hanyou... - Ele parou por um instante. Resolveu então confiar em mim e InuYasha. - Fica a leste daqui. É o único vilarejo próximo do Lago Oni, vocês terão que passá-lo.

 Seu olhar mudou de direção para trás de mim. Virei e vi seis rostos nos encarando, esperando algum comando.

 - Por favor, ajude minha amada Hime! Por favor tragam-na em perfeitas condições! Cuidem dela, por favor!

 - Cale a boca seu otário! Nós vamos salvá-la,mas não fique cobrando nada ou não faremos droga nenhuma!

 - InuYasha! Dá pra parar? O coitado passou por muita coisa e só está preocupado! Você não se encontra no lugar dele, por isso não entende! - Parei para recuperar o fôlego, como que aquele hanyou podia ser tão imaturo? - Tudo bem pessoal, vamos andando. Pelo jeito temos muita coisa pela frente. Qualquer minuto que perdemos poderá custar a vida da Srta. Yamako.

 Começamos a caminhar rumo ao vilarejo. Para chegar no Lago Oni, tinhamos que primeiro atravessar uma floresta imensa, levaria uns dois dias de caminhada. Era melhor começar de uma vez.

 Estava escurecendo quando entramos na floresta. Eu já não caminhava mais nas costas do hanyou e Kirara parecia cansada demais para levantar vôo. Eu seguia na frente, ao lado de InuYasha. Sango caminhava ao lado de Miroku, com Shippo nas costas, e Kirara um pouco atrás. Mais para trás ainda, seguia Kouga, o youkai lobo e Zulah, uma youkai loba que não possuía forma humana. Ela fora criada por Kouga após derrotarmos Naraku, e quando entrei para o exército do meu vilarejo, o youkai lobo havia me dado ela para eu mesma criá-la.

 Como eles estavam canversando animadamente lá atrás, decidi tentar resolver alguns problemas discretamente com InuYasha.

 - Isso tudo...Nós juntos assim, correndo para socorrer alguém, ou salvar um vilarejo, ou qualquer coisa do tipo, me parece como nos velhos tempos.

 Senti um vazio quando falei essas palavraas.

 - InuYasha, as vezes penso em abandonar meu trabalho e me distanciar de tudo...

 Eu estava susurrando, mas sabia que ele estava ouvindo. Porém, ele nem ao menos me olhou, nem de relance!

 - Por que está tão aéreo e indiferente InuYasha? Qual é o seu problema?! Faz pouco mais que um ano que estamos assim! Ficamos juntos mas nem nos tocamos ou mostramos afeto um ao outro!

 Dessa vez ele virou e me encarou, obviamente irritado.

 - Adivinhe por que, Kagome?! - Agora ele estava berrando. Tinha perdido a paciência. - Um ano atrás eu te ofereci tudo! Queria viver contigo, sozinhos em algum bosque ou floresta, isolados de qualquer um! Eu queria mesmo até ter uma família contigo Kagome, e você me cospe na cara! Decidiu fazer parte de uma droga de exército numa porra de vilarejo aí! E ainda por cima, me chama aquele merda de lobo idiota pra ficar junto conosco! Derrotamos o Naraku, podíamos viver tranquilamente e felizes juntos, mas você me rejeita! E agora, ainda quer que as coisas voltem comoeram antes! Isso nem possível é Kagome!

 Todos tinham ouvido. Kouga estava vermelho de raiva e com os punhos fechados, marchando em direção do hanyou. Mas, quando viu meu rosto, congelou. Não sabia o que fazer, e os outros também não.

 InuYasha foi andando mais ligeiro na frente, sem expressão. Eu fui andando atrás em seguida, mantendo distância e imaginando como estaria minha expressão: De choque? De raiva? De tristeza? De arrependimento? Acho que estava mais pra quem quer morrer... Não vou mentir que não queria morrer ali, naquela hora; queria sim! mas não dava, portanto continuei andando, tentando me manter em pé. Estava ficando cada vez mais difícil não despencar no chão e cair aos prantos.

 Os outros continuavam andando atrás de mim, calados, com a cabeça baixa, mantendo ainda mais distância de mim.

 E assim foi o resto de viagem pela floresta. Aquele clima horrível envolta de todos. Sem se ouvir uma palavra, só a respiração forte das pessoas e alguns soluços meus.

 - Ei, eu acho que a Kagome está chorando, não tá?

 Levei um leve susto ao ouvir as palavras incoentes do pequeno kitsune.

 - Shippo, agora não é hora...