Carlos escutava vozes todos os dias. Algumas eram mais gentis, outras desesperadoras, mas agora com o tratamento, tentava conversar com elas. Escutara, na noite anterior, uma que lhe dissera sobre seu nariz, e como seus traços eram bonitos. Mas na manhã seguinte, a voz rouca acordara irritada o fazendo acreditar em todos pontos negativos. As frases causaram ira, raiva. Com os braços tremendo, Carlos bateu-se inúmeras vezes. Queria terminar com aquela voz. 

Em meio ao choro e desespero, Carlos deu-se conta de algo despercebido; não havia maneiras de calar as vozes, ou tornarem elas gentis. Eram todas um único som, de um único dono.