A Cura Entre Nós escrita por Duda Borges


Capítulo 33
Capítulo 33


Notas iniciais do capítulo

Oi amores! Como estão?

Sim, podem me matar, eu deixo! Desculpem a demora gente, mas fiquei totalmente perdida e sem ideias para esse capítulo, mas espero que vocês gostem.

Gente, doeu muito escrever esse capítulo para mim, e sei que vocês ja devem imaginar o porque!

Obrigada a Biana, Marcia Bito, Cabot, Artur, Giih, Lady Arsyn e Ju Winchester pelos comentários, fico muito feliz em ver vocês por aqui!

Agora, vamos ao capítulo :)



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Pov Alexa Lee

O dia estava radiante, e o calor do sol acalentava os grandes e imponentes muros da prisão. Isso combinava muito com o clima de recomeço em que todos estávamos, ja que faziam dois dias desde que todos os doentes tinham sobrevivido.

Eu tinha sobrevivido.

Glenn ainda estava de cama se recuperando, por influência de Maggie, e eu provavelmente deveria ainda estar. Mesmo com muita insistência, não permaneci em repouso. Sentia que ja tinha perdido tempo demais.

Mas o que é tempo em um apocalipse?

Encarei Rick, mordendo moderadamente meus lábios inferiores. Seus olhos azuis encaravam os meus intensamente, passando para Daryl logo depois.

Estávamos na sala dos guardas, onde costumamos fazer as reuniões para decidir as rondas e as saídas para buscar suprimentos . Eu e o caçador estávamos apoiados na antiga mesa de madeira que habitava a sala, e o xerife a nossa frente, em pé e desperto.

—Vocês o que? - Perguntou , encarando o bilhete em suas mãos. Eu conseguia ver a dúvida e a surpresa em seus olhos frios, e parecia processar tudo que falamos intensamente .

—Queremos ir até lá. - Daryl respondeu por mim, com uma expressão séria e calma em seu rosto. Suspirei enquanto Rick se sentava calmamente .

O xerife tinha nos contado algumas horas antes que tinha expulsado Carol da prisão. Contou que foi ela quem matou Karen e David. Eu sabia que Daryl estava mais abalado que eu, mas por outro lado nós dois estávamos confiantes. Afinal, Carol é uma sobrevivente .

E depois de ele nos jogar essa bomba, agora jogamos outra.

—Alexa, sua vida é realmente bem interessante. - Murmurou, passando a mão em sua cabeça e apoiando os cotovelos na mesa.

Sorri, assentindo. Depois que acordei, Daryl veio me abordar sobre o significado do meu colar e sobre o bilhete, e acabei contando tudo a ele. Tudo que eu achava pertinente eles saberem, é claro. E depois de muito pensar, decidi que esse CCD merecia uma chance. Uma chance para todos nós.

—Rick, você precisa deixar a gente ir lá. Quem sabe o que pode ter? Remédios, suprimentos... e é bem perto daqui. - Comecei, me animando com a ideia de finalmente enfrentar uma parte de meu passado. No começo eu sempre temi esse bilhete e o seu significado, mas tem coisas que não valem a pena ser temidas. E se o tal do ‘Adam’ estivesse vivo? Eu não devia ter esperado tanto para levar essas coisas finalmente ao claro.

Sorri sozinha ao lembrar da expressão de Daryl quando ele perguntou se “Adam” era meu noivo, e nao consegui segurar a risada. O caçador não é tão bom em esconder sentimentos quanto ele acha que é.

—Pode ter errantes também. Seres humanos querendo te matar. Vocês tem noção do perigo? - Ele esbravejou levemente, batendo os dedos nervosamente na mesa. O Dixon tinha apoiado sua besta na mesa, relaxado, mas eu continuava em pé, o fitando.

—Por isso que queremos ir sem compromisso, apenas para observar de início. Não somos burros Rick. - Continuei, revirando os olhos. Minha vontade era de chegar arrombando o local, mas claro que não faria isso. - E não é um CCD grande pelo que eu sei, acho que é o menor, uma espécie de acampamento de pesquisas .

Observei nosso líder soltar um suspiro longo e profundo, e só pelo seu rosto eu ja soube a resposta. Ele topava.

—Ótimo, iremos lá, mas levem mais pessoas com vocês. Nunca se sabe o que um momento de distração pode proporcionar. - Finalizou, se levantando da mesa . Senti as mãos de Daryl em minha cintura , mas antes que pudéssemos continuar nossa conversa, um barulho ensurdecedor foi ouvido. Abaixei, atordoada, e senti as mãos protetoras de Daryl em minhas costas, me segurando.

Uma explosão.

—Isso foi uma... bomba? - Murmurei, encarando o Xerife e o caçador, que se entreolhavam cheios de receio.

Tremi, me preparando para todas as possibilidades.

Observei enquanto algumas pessoas gritavam e corriam entre os corredores da prisão, e atravessamos rapidamente o caminho até a entrada, arregalando o olhos quando chegamos la. Daryl indicou rapidamente que eu me escondesse, e o obedeci prontamente. Eu sabia o perigo que corríamos se ele surtasse ao me ver.

—Ola Rick, precisamos conversar.- A voz grossa e horrível do governador soou alta por meio de um auto- falante, e senti todos os meus pelos arrepiarem. Coloquei a mão em minha boca, mordendo levemente meus dedos para não gritar.

No curto espaço que eu tinha visto a situação, identifiquei um tanque de guerra, o que é uma relíquia esses tempos, e vários outros carros ao redor. E nesse momento eu ja sabia que estávamos ferrados.

Todos estavam silenciosos, observando as coisas. Rick tinha se afastado um pouco da grade que estávamos, mas ainda aparecia em nosso campo de visão, nitidamente.

—Nada depende mais de mim, existe um conselho agora, eles tocam esse lugar.- Ouvi a voz forte de Rick soar por todo o comprimento, e soube que logo ele estaria cara a cara com esse monstro . Rangi meus dentes, e vi Sasha, Tyresse e Daryl se aproximando do meu esconderijo, conversando.

—Hershel faz parte do conselho? - A voz do governador foi ouvida novamente, e por um momento, meu mundo parou. Michonne e Hershel tinham saído para pegar mais folhas. Eu não tinha visto eles voltarem. - E a Michonne? Ela esta no conselho?

—Merda...- Ouvi Daryl resmungar ao meu lado, e mordi mais forte meus lábios. Eu não precisava ver para saber que Hershel e Michonne estavam provavelmente amarrados, expostos as garras do governador.

—Eu não tomo mais as decisões.

—Você vai tomar hoje, Rick. Venha cá , vamos conversar.- O homem continuou a insistir , e observei o xerife piscar. Ele , discretamente, olhou para mim e fez um sinal com a mão, que eu sabia muito bem o que significava.

Va por trás.

Já tínhamos combinado várias vezes o significado de cada gesto, e ja tínhamos feito planos para fugas em caso de ataques. Eu sabia o que ele queria: um ataque surpresa por trás. Um único golpe feito por mim na cabeça do governador, e logo depois uma saraivada de balas .

—Nós podemos fazer isso.- Rick falou para nós, antes de se afastar do pouco de segurança que tínhamos ali e se aproximar do grupo que desejava nossa saída. Mais claramente, nossa expulsão injusta do local que é nosso lar.

—Não podemos enfrentar todos eles. Vamos pela administração, através do mato, como combinamos em caso de fuga. - Daryl começou a falar, e lembrei nitidamente de nós, alguns meses antes, combinando o que faríamos em um caso de fuga. - Não temos mais as pessoas necessárias, precisamos ser francos. - O caçador suspirou, calmo demais com toda a situação. Assenti.

Não tínhamos mesmo.

—Quando checaram o esconderijo do ônibus? - Perguntei levemente, e nenhum dos três virou a cabeça, mas Sasha piscou. Tínhamos guardado estoque de comida no ônibus, mas estávamos usando parte dele para a prisão.

—Um dia antes do lance do Big Spot. A comida estava diminuindo, agora tem menos ainda. - A mulher revelou, e bati levemente meus dedos no chão. Teria de servir.

—A gente se vira.- Falei, dando de ombros e pensando em todas as crianças e idosos que tínhamos lá dentro, contando conosco pela segurança deles.

—Se a coisa feder, vá para o ônibus, a gente se vira por aqui. Avisem todos.- Daryl concluiu , e Ty assentiu, se preparando para conduzir as pessoas de Woodburry até o ônibus. Todos nós sabíamos que em caso de ataque , apenas nós serviríamos. Eles ainda não estavam prontos.

—E se faltar alguém quando a coisa feder? Quanto tempo esperamos?-Sasha perguntou, e eu abri um curto sorriso, não sei por qual motivo.

—O máximo que der.

E com isso, os dois irmãos , que eu admiro muito, se afastaram de nós, e a única coisa que eu conseguia fazer era torcer pela sua segurança. Encarei Daryl, e percebi o receio e a raiva em seus olhos.

Ele tinha visto o sinal de Rick.

—Você sabe que preciso ir. Ele não vai me matar, mas os outros sim. - Falei, e ele se agachou ao meu lado, prendendo meu rosto em suas mãos grandes. Podia jurar que ele iria me prender ali e não me deixaria ir.

—Você precisa prometer pra mim que se a coisa ficar feia, você ira fugir. - Falou, e um mal estar cruzou todo o meu corpo. Eu não queria pensar nessa possibilidade. Pousei uma de minhas mãos nas dele em meu rosto. Ele queria que eu o abandonasse em caso de perigo.

—Você sabe que não posso...- Comecei, mas seus olhos determinados e profundos me calaram sem nem precisar de uma palavra. Ouvi pessoas se movimentando ao nosso redor , e assenti lentamente. Mas eu sabia que isso era uma coisa que eu não conseguiria cumprir.

Eu e o caçador nos beijamos profundamente, e na hora não pensei que isso poderia ser o último beijo que daríamos

Nunca pensamos.

—Eu te amo, Alexa. -Falou, franco, e se afastou, com a dor estampada em seu rosto. Arregalei os olhos por alguns segundos, e senti que todo o meu mundo se renovou nesse instante. Nem tive tempo de falar a mesma coisa de volta, mas eu sei que ele sabia.

Sacudi a cabeça, me focando. Maggie e Beth estavam totalmente tensas grudadas a grade, e observei quando o caçador distribuia armas. Sorri levemente para Maggie quando ela virou o rosto pra mim, e tudo que eu queria agora ela acalma-la, mas eu não podia. Era hora de ação.

Tínhamos um local um pouco mais afastado de onde o grupo do governador estava, que sempre usávamos para sair. Era um local da grade coberto por madeira, fácil de mover. Eu estava com minhas três facas em meus bolsos, e me aproximei do local. Tirei a madeira e a pousei delicadamente no local, para nenhum errante entrar.

—Solte-os agora. Eu estou aqui, fale o quanto quiser. Mas você deve os deixar ir.-Rick continuava falando com o nosso inimigo, e eu corri para a mata, indo abaixada para atrás do tanque e dos carros.

—Você tem um tanque. Não precisa de reféns.- Rick continuou, enquanto eu me movia abaixada pelos arbustos, torcendo para não fazer tanto barulho. Eu conseguia ouvir o som de errantes vagando pela mata, mas não me preocupei com isso.

—Eu preciso. É para mostrar o quanto falo serio, não para abrir um buraco na nossa casa nova. Você e sua galera tem até o pôr do sol para sair daqui. Ou morrer.- O monstro continuou a falar, e finalmente cheguei até atrás do grupo. Percebi que tinham várias mulheres e homens que eu nunca tinha visto, e algumas estava até assustadas e confusas, como se tivessem sido arrastadas para isso. Estreitei os olhos.

Eu tinha quase certeza que O Governador tinha os manipulado a acreditar em algo que não era verdade.

—Não precisa terminar assim.- Rick exclamou, e eu podia sentir o pânico em seu tom de voz. Ele estava assustado e ficando sem alternativas, e a calmaria estava o abandonando.

—Tenho mais pessoas e poder de fogo. Nós precisamos dessa prisao. E de Alexa.- Quando ele disse isso, parecia que meu estômago ia revirar. Ele tinha percebido que eu ainda não tinha aparecido, ou seja, meu disfarce ja era.

Vi algumas pessoas do grupo se encarando e estreitando os olhos, e percebi que ele realmente não tinha contado nada. Eles não sabiam quem eu era.

—Não é sobre o passado, é pelo aqui e agora.- Philip clamou. e quanto mais coisas ele falava, mais os seus soldados estranhavam as suas falas. Fiquei me perguntando o que diabos ele tinha dito para eles.

—Existem crianças aqui. Algumas estão doentes, e essas não conseguirão sobreviver fora daqui. - Rick apelou pelo lado sentimental,andando para la e para cá na frente da grade, cada vez mais na beira.

Tremi ao pensar no quanto as crianças deveriam estar assustadas, e fiquei com mais ódio ainda quando percebi que nada disso iria amolecer o coração do ex líder de Woodburry. As trevas reinavam dentro dele, isso todos sabíamos.

Mas talvez os seus seguidores nos ouvissem . A maioria parecia ainda ter coração.

Avistei Michonne e Hershel na frente do tanque, e senti meu coração falhar uma batida . Eu não conseguia pensar na dor em que as meninas deveriam estar de ver o pai nessa situação, e torcia muito para nada acontecer .

—Eu tenho um tanque e estou deixando que saiam daqui. O que mais existe a ser dito? Eu podia atirar em todos vocês. Vocês iriam disparar, eu sei disso. Mas vamos vencer e estarão mortos, todos vocês. A escolha é sua.

Durante esse monólogo, dois errantes apareceram um pouco para o lado de onde estávamos, do outro lado contrario do meu esconderijo. O governador sacou uma glock e atirou na cabeça dos dois mortos, e aproveitei esse momento para me aproximar mais.

Atrás do tanque não tinha ninguem, mas atras das portas dos carros sim, que estavam usando como barreira. Porém, consegui correr até la.

—Vocês ainda tem cerca de uma hora de sol.- O homem continuou falando, e ouvi sua voz nojenta cada vez mais perto de meus ouvidos. Agora eu estava praticamente a 5 metros dele, mas eu ainda estava escondida. Ele estava em cima do tanque, e eu atrás. Quase lá.

—Nós podemos todos vivermos juntos. Tem espaço para todos.- Hershel falou, e senti um nojo profundo ao pensar em viver em baixo do mesmo teto daquele odioso homem. A imagem de Andrea apareceu em minha mente, e fechei as mãos.

—Mais do que suficiente. Mas não acho que minha família dormiria bem com vocês no mesmo teto. -Ainda abaixada, soltei uma risada irônica sem perceber ao ouvir essa frase, e me calei no mesmo instante. Eu estava literalmente do lado de pessoas do outro grupo.

Mas alguém tinha percebido .

—Vamos morar em blocos diferentes. Nunca teríamos de nos ver até todos estamos prontos. -Ouvi a voz de Rick mais afastada de nós, e saquei uma de minhas facas ao ouvir passos do meu lado direito.

Eu precisava acerta-lo.

Um homem que estava escondido atrás de um dos carros se virou, e percebeu minha presença inusitada. Ele estava se preparando para gritar, mas antes que pudesse fazer isso, me ergui rapidamente e puxei seu braço, dando uma porrada em sua cabeça com o apoio de minha faca, o desacordando. Bufei, soltando o corpo desacordado no chão e limpando o suor que caia sobre meus olhos.

—Quem é você?- Uma voz de uma menina soou atrás de mim, paralisei, e percebi pelo canto dos olhos que ela estava armada, mas parecia não saber o que fazer com a máquina em suas mãos.

Ergui os braços lentamente, vendo que o governador não tinha percebido a movimentação que ocorria bem abaixo de seu nariz.

—Alexa Lee, a mulher que o seu “ mestre” aprisionou contra vontade e fez testes. Prazer. - Falando isso, chutei a arma da mão da garota, que percebi que tremia violentamente. Peguei seu braço e a imobilizei, mas logo senti uma arma encostada em minha cabeça, e parei de me mover. Fechei os olhos, irritada comigo mesma.

Eu tinha falhado.

—Peguei você. - Dito isso, mais três pessoas chegaram perto de mim, e prenderam minhas mãos. Cuspi na cara de um deles, e logo senti o formigamento intenso quando recebi um tapa na cara.

Senti meu mundo virar, e sabia que esse tapa deveria estar marcado em meu rosto.

—Podia funcionar, sabe que sim.- Hershel falou, calmo como sempre, e doeu meu coração ao pensar no perigo que ele corria..

—Poderia ter funcionado. Mas nao da. Nao depois de Woorburry. Não depois de Andrea. Nem depois de Alexa. - Philip falou, e ouvir meu nome sendo disparado de sua boca era um dos maiores castigos. Fiquei olhando para ele até ser jogada no chão, mas foi o suficiente para ele me perceber e captar meu olhar. - Falando nela, olha quem apareceu para o show!

—Ela estava atrás do tanque, desacordou dois dos nossos. - O homem que tinha me dado um tapa disse, enquanto me segurava um pouco atrás de Hershel. Pisei forte em seu pé, mesmo sabendo que não adiantaria nada. Eu ia o matar.

—Deixe ela ai, estava mesmo esperando por ela. - O governador indicou, e finalmente fui jogava entre os dois. Encarei Michonne pelo lado, e percebi o pesar em seu olhar.

Olhei para Rick , que encarava perplexo . Eu sabia que ele estava se culpando por eu ter sido pega, mas a culpa não era dele. Sorri. E eles continuaram o falatório.

—Não estou falando que seria fácil. Será muito mais difícil do que ficar aqui atirando no outro. Mas não acho que temos uma escolha.

—Nós não, vocês tem.- Philip continuou, e ouvi o som de armas atrás de nós.

Consegui avistar a minha família da prisão la ao fundo , e focalizei Maggie, que alternava seu olhar sobre nós. Olhei para Hershel, que continuava pleno e calmo, e depois para ela de novo. Depois mexi levemente minha boca, falando “ eu te amo” para Daryl, que eu sabia que estava raivoso no momento. Percebi que todos estavam com armas, e eu estava torcendo para que eles tivessem conseguido tirar todos os idosos.

—Não vamos embora. Se nos forçarem, vamos resistir. Como disse, os tiros só vão atrair mais deles. Eles vão derrubar as cercas. Sem isso, esse lugar é inútil. Agora, ou todos nós vivemos na prisão, ou ninguém poderá.

—Nós arrumamos as cercas.

—É isso que vocês querem? -Rick perguntou, encarando todos de maneira chocada. Eu conseguia sentir a dor em sua voz, e seu medo de perder tudo isso. Fechei os olhos, respirando fundo ao sentir os pés do governador tocarem o solo. Ele tinha saído de cima do tanque. - Você do rabo de cavalo, é isso que você quer? - Rick se dirigiu a mulher que imobilizei, lembro.

—Nós queremos o que vocês tem. Ponto final. Tempo de sair, cuzão.- O homem que me deu um tapa falou, e senti meu ódio por ele crescer.

—Depois que aceitamos seus velhos amigos, eles se tornaram lideres do que temos aqui. Abaixem suas armas e entrem pelos portões, e serão um de nós do mesmo jeito que eles são. - Rick continuou, e mesmo de costas, eu conseguia ouvir as vozes das pessoas em duvida atrás de nós. Estava funcionando.

—Perguntem a Philip sobre Woodburry, sobre o massacre que ele fez, sobre como ele me prendeu em um laboratório. O líder de vocês não é quem vocês acham que são, mas nós somos justamente o que o Rick fala...- Comecei, mas logo senti o gosto amargo de sangue em minha boca ao receber um chute no rosto, e cai deitada na grama.

—Cala a boca. - Exclamou meu agressor, que depois percebi que era o próprio Philip. Ele puxou minha cabeça, e consegui ouvir alguns gritos e vozes ao redor de nós, dos dois grupos.

Eles estavam duvidando do Governador.

Cuspi em seu rosto, e percebi um metal frio em meu pescoço.

A katana de Michonne.

Fechei os olhos , sentindo meu coração acelerar . Mas ele simplesmente me jogou no chão, e se ergueu, ficando em pé em cima de nós três.

—Agora, ja chega. - Disse, e quando eu percebi, senti sangue respingar em meu rosto.

E quando olhei para o lado, vi Hershel com a katana enfiada no pescoço.

Ouvi os gritos de Maggie e Beth circularem ao ar, e ouvi o som de tiros acima de mim.

Gritei e soltei as minhas mãos ja afrouxadas das cordas que a amarravam, mas eu não conseguia desviar o olhar do corpo de Hershel caindo no chão.

Eu estava esperando para levar um tiro. O volume do mundo diminuiu.

—Entrem nos seus carros, vamos entrar. Matem todos! - Ouvi a voz do Governador , e logo percebi que as pessoas estavam entrando nos carros. Sabia que os nossos estavam atirando, e logo o rosto de Michonne me cercou.

—Alexa, acorda! - Ela gritou, e o mundo voltou a ter som. O corpo de Hershel tinha sumido, e empurrei Michonne no momento em que o tanque se moveu, nos tirando do caminho.

—O Hershel...- Falei, ainda chocada, sentindo lágrimas pesadas despencando de mim, e uma fúria maior ainda me dominando.

Ouvi quando derrubaram as cercas.

—Eu sei, mas agora não podemos fazer nada. Foco, Alexa.- A mulher continuou, tocando levemente em meu rosto quando libertei suas mãos.

Dei uma de minhas facas para ela, e pulei em cima de um dos homens do governador , que atirava contra a minha casa.

Minha ex casa.

Apenas degolei a garganta dele e peguei sua arma, não me importando com o sangue em cima de mim. Atirei em outro homem que tentou nos acertar, e chutei seu corpo, pegando a arma e dando para Michonne.

Eu estava fora de mim, a raiva me dominando.

—Hershel...- Ela murmurou quando o tanque saiu da nossa frente, e observei enquanto a cabeça do veterinário abria a boca, ja com os olhos leitosos e totalmente transformado.

O homem gentil e amoroso nunca mais voltaria a vida, e eu sabia que parte disso era minha culpa.

Me virei, deixando Michonne pegar sua katana ao lado do corpo, e por um fim a isso. Ele não merecia isso, não merecíamos.

Observei o local. As cercas estavam todas ao chão, e os carros invadiram a segunda leva de cercas, onde estava definitivamente o nosso lar. Atirei em alguns homens que se aproximavam, e corri até lá, com Michonne atrás.

Alguns errantes ja tinham entrado pelas grades caídas, e eu sabia que com o som de milhares de tiros, logo esse local estaria tomado.

Eu atirava e chorava, apertando meus dedos naquela arma quente de ação enquanto sentia o sangue pulsar perigosamente pelas minhas veias. Não percebi mais se Michonne estava perto de mim, mas torci para que ela tivesse saído da linha de fogo.

Um tiro passou zunindo por cima de mim, e me joguei atrás de um dos nossos barris de água caídos, não me importando ao sentir minhas roupas ficarem molhadas.

—Daryl...Maggie...- Gritei o mais alto que consegui, sentindo o pânico me dominar. Eu apenas conseguia ver cabeçar periódicas por cima das coisas, e a fumaça das bombas do tanque se erguia no ar.

Observei um tiro de seu poderoso canhão sendo disparado, e me assustei com o buraco que foi aberto na torre de vigia. 

Tristeza. Raiva. Fúria. 

O pânico começou a me cercar a medida que eu não conseguia ver nenhum dos meus amigos, e o breve pensamento de que todos estariam mortos cruzou minha mente. Mas logo o afastei. Eles estavam vivos.

Por cima da fumaça, a alguns metros de onde eu estava, avistei Sasha e Bob atirando atrás de um de nossas caminhonetes. Não pude deixar de soltar um grito vitorioso.

Disparei alguns tiros contra um dos carros que estavam usando como proteção e sai correndo até meus amigos, que ficaram surpresos quando eu despenquei ao lado deles, me recuperando da corrida. 

—Alexa, você esta bem? - Sasha gritou por entre os tiros, e me posicionei ao lado deles, atirando. Acertei a cabeça de um e me abaixei, frenética.

—Daryl, Maggie, Beth... vocês viram eles? - Perguntei, tentando recuperar o fólego. Ouvi o som de uma outra explosão, e senti o mundo tremer.

 -Vi Beth e Maggie perto do ônibus, mas não vejo Daryl desde o começo. - Bob falou, e rugi, subindo novamente e dando alguns tiros. 

O som de passos perto de nós nos assustou, e levantei a arma rapidamente para a nossa traseira. Sorri ao ver Maggie se aproximar de nós. Ela estava viva.

—Alexa- Ela falou, me dando um rápido abraço e soltando um soluço. As minhas lágrimas ainda saiam.

—Você esta viva. E Beth? Glenn? Os outros. - Falei frenética, não conseguindo achar palavras, e analisando seu rosto enquanto tiros eram disparados ao nosso redor .- Eu sinto mu...

—Não se preocupe com isso. Glenn e Beth estão no ônibus , vamos para lá. - Ela falou, mas no momento que disse isso, avistamos o veículo amarelo se afastando de nós, com o motor a todo o vapor. Arregalei os olhos.

—Calma, eles estão seguros la. A gente se vira. - Sasha falou, e eu assenti, me erguendo novamente para atirar.

Me ergui bem no momento em que observei o tanque virar uma bola de fogo, e soltei um grito vitorioso. Deduzi que alguem tinha colocado uma granada la dentro, e tinha dado certo.

Porém, nesse momento de distração, Bob levou um tiro.

—Merda. - Sasha gritou, e logo todos nós abaixamos, e chequei se o tiro tinha passado direto.

Tinha. Suspirei.

—Precisamos sair daqui, depressa. Os errantes ja estão se aproximando muito. - Maggie falou, segurando Bob pelo braço.

—Não podemos, o Daryl e os outros...- Falei, desesperada ao pensar em fugir sem eles, mas eu não conseguia enxergar mais ninguém.

Apenas nos , errantes e corpos.

—Alexa, todos fugiram. Vamos nos encontrar, mas agora precisamos ir . - Sasha falou, ao mesmo tempo delicada mas impaciente. Ecarei os três rostos a minha frente, e fechei os olhos por alguns segundos.

Inspira.

Expira.

O som de tiros tinha dimunuido, e o som de fogo crepitando aumentou . Agarrei a mão de Sasha enquanto ela corria, e fomos em direção a mata, apressados.

Antes de entrarmos definitivamente por meio das árvores, eu parei, encarando a visão de destruição a minha frente.

Estava tudo acabado. As cercas estavam caidas, os muros totalmente detonados, e as construções cheias de buracos e fogo para todo lado. Os mortos ja tinham dominado o local, e não vi mais nenhum sinal de pessoas vivas.

Soltei um soluço ao pensar novamente nos outros, principalmente no caçador. Eu não sabia se ele estava vivo, e essa dúvida me matava lentamente.

 Mas finalmente desviei meu olhar, deixando para trás um dos melhores momentos de segurança e felicidade que tive no apocalipse.

Deixei para trás parte do meu coração.


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Notas finais do capítulo

O que acharam gente? Ficaram tensos lendo que nem eu fiquei escrevendo?
Juro, eu chorei no final. Eu não queria matar o Hershel de jeito nenhum, mas tive que fazer isso.
O que acharam? Estou mt chocada para falar qualquer outra coisa. Estou doida pra ver a reação de vocês, pois foi sem dúvida o capítulo mais tenso que eu ja escrevi!



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