A Cura Entre Nós escrita por Duda Borges


Capítulo 27
Capítulo 27


Notas iniciais do capítulo

Oi amores! Então, esse capítulo vai ser a continuação do capítulo 24, que mostra como ela saiu do laboratório . Espero que gostem!

E como foram no enem? Acharam difícil? Eu achei :(, infelizmente. Semana que vem tenho o meu vestibular principal, por isso estou postando esse capítulo hoje. Provavelmente , dependendo do resultado, vou precisar de alguns dias para me adaptar LKKKKK.

Obrigada aos amores Printemps, Alpha Wolf lindona e Giih, eu amo os comentários de vocês ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/726760/chapter/27

Alexa- 3 anos antes- Complexo 3 CCD

O mundo é um lugar engraçado e surpreendente , isso eu não posso negat. Não importa o quanto você ja fez para esquecer uma pessoa, ela sempre vai voltar uma hora ou outra. Para mim, essa é a lei da natureza. Nada acaba simplesmente, tudo precisa de um fim definitivo. 

Encarei perplexa a figura que fazia de tudo para de soltar da minha forte  chave de braço, e por um breve momento, minha vontade foi de aperta-la, finalizando o que eu deveria ter feito a muito tempo. 

—Pai? . - Resmunguei, evidenciando o meu desgosto. Soltei um suspiro longo e liberei o cientista de meus braços, o mantento afastado. 

O homem, que um dia foi meu pai, se levantou calmamente, exibindo suas rugas profundas e seu óculos quebrado em uma lente. Ele estava mais magro, era perceptível, e ergui uma sombrancelha . Suas roupas, antes impecáveis, estavam completamente amassadas e sujas, e percebi que até ele tinha tentado lutar, mesmo sendo um verdadeiro covarde a vida toda. Ergui a arma, fixando sua cabeça. Queria deixar claro que não queria desculpas. 

—Alexa, querida...- Ele falou, erguendo levemente os braços, em rendição. O nojo se apoderou de mim ao ouvir meu nome sair de sua boca, e ergui mais a arma. Nesse momento, a chance de poder se redimir ja tinha passado faz muito tempo. 

—Não sou mais sua querida no momento em que você me largou aqui. - Falei, e ele suspirou. Porém, o olhar maníaco que geralmente estava em seu rosto, não estava la. Seus olhos apresentavam o mais puto e explícito remorso, e eu conseguia sentir a culpa que emanava de seu corpo.

Ele estava são.

Mas, agora ja era tarde demais.

—Eu sei , Alexa. Tem razão de não ser. - Disse, exibindo um sorriso calmo e tossindo longamente, caindo logo em seguida no chão sujo da sala em que estávamos. Rosnei para mim mesma, mas corri para segura-lo.

Encarei seu rosto frio, e franzi o cenho ao ver seu jaleco branco totalmente cheio de sangue, além da sujeira grudada nele. 

Ele tinha sido mordido.

E eu incrivelmente não estava mal por isso.

Virei os olhos para a porta do loval onde estávamos, pensando. Eu ainda conseguia ouvir focos de explosão pesados, gritos e tiros, e sabia que logo teria que sair. Encarei o humano que um dia foi meu pai, me perguntando por que ele me trouxe aqui.

—Sua mãe tentou me convencer do contrário, tentou me fazer ver. Mas eu não cedi, deixei a ambição me dominar completamente. - Começou, e dediquei toda a minha atenção em sua pessoa. Eu esperava uma explicação a muito tempo, mas depois de tudo que passei, ja não ligava muito para isso. Porém, ja que estava aqui, não tinha porque o ignorar. 

Apertei levemente sua mão, o encorajando a falar. Quem sabe ele falaria algo de útil nesse momento.

Meu pai tossiu mais uma vez, espalhando sangue em meu macacão furado. Não liguei. 

—Ela fugiu com a resistência assim que pode, mantendo contato com esse complexo por meio dos vários infiltrados. - Falou, e arregalei os olhos, ele sabia. - Eu tenho consciência desse contato a muito tempo, Alexa. Só não os dedurei por conta de sua mãe. 

Resmunguei. Uma explosão forte ocorreu, e senti alguns pingos de concreto cairem na gente. O complexo 3 estava sucumbindo, o tempo estava acabamdo. Encarei meu pai, o apressando.

—Vamos sair logo daqui. - Falei, passando o braço por baixo de seu ombro e tentando o levantar. Ele se recusou. Mais uma explosão foi ouvida, junto a gritos. 

—Filha, meu tempo esta contado. Só quero que você sobreviva, nao sucumba a esse mundo do jeito que eu sucumbi: e espero que algum dia, você me perdoe. - Falou, rapidamente , e observei lágrimas finas pingando de seus olhos vermelhos , completamente cheios de olheiras profundas. Quando falou isso, ele tinha segurando meu rosto com suas mãos, me fazendo olhar seus olhos desesperados. Botei minhas mãos nas dele, sorrindo e assentindo levemente. Eu não podia deixar de chorar, não conseguia. 

Ele esgueirou rapidamente um papel para as minhas mãos, e eu o encarei, assustada. Peguei e guardei em meu bolso, sem tempo de conseguir analisar. 

Eu sabia que logo ele se transformaria, mas mesmo assim, ele foi meu pai. Por mais que tenha virado algo totalmente diferente, um dia essa pessoa me amou, e cuidou de mim a todos os custos. 

Observei ele fechar os olhos lentamente, e fechei minha boca, que estava aberta sem conseguir dizer nenhuma palavra. Dei um beijo longo na cabeça do homem, mentalizando a última dose de sanidade que eu veria de meu pai.

E finalmente, parti, deixando para trás um passado de sofrimento e incertezas, me soltando para um novo mundo aberto a oportunidades. 

Encarei a porta pela última vez. Eu sabia que logo um errante disforme sairia por essa porta, mas eu não tive coragem de mata-lo. Não agora, pelo menos. 

O cenário por trás da porta continuava caótico, digno de uma guerra, mas consegui avistar mais membros da resistência vivos do que cientistas e errantes, o que era libertador. 

Ergui minha arma, atirando pontualmente na cabeça de alguns errantes que faltavam, e senti uma dor no coração ao reconhecer alguns deles como pessoas que eu tinha contato antigamente. 

Ninguém tinha sido poupado. A ganância conseguia passar por cima de todos os tipos de amor. Eu sabia muito bem disso. 

—Alexa, finalmente você apareceu. - Abraham surgiu, ofegante e frenético, e não pude deixar de dar um abraço no ruivo carrancudo. Percebi sua hesitação, mas logo ele deu duas batidas em minhas costas. Revirei os olhos. 

—Meu pai me encontrou. - Falei simplesmente, e observei o rosto do homem formar uma face surpresa. Pela minha simplicidade , ele não precisou perguntar o que aconteceu.

O que antes era um local totalmente branco e inteiro, agora estava em ruínas. O teto pendia em vários locais, e o que mais se via por ai era sangue. Muito sangue.

Quantas vidas precisaram ser perdidas só por causa de um experimento idiota?

Quantas famílias foram destruídas por uma merda de iniciativa do governo? É em momentos assim que percebemos até onde a sede de poder vai. 

Eu lembrava muito bem de como esse local era antes, e estava conseguindo reconhecer todos os pedaços de estrutura espalhados. Por mais que passei minha infância aqui, o CCD passou a ser uma memória simplesmente ruim, apagando todas as boas. Até isso o apocalipse conseguiu tirar de mim.

Segurei o colar pendurado em meu pescoço fino , o apertando levemente. O símbolo “R” tinha se tornado meu marco de liberdade, de segunda chance, e eu faria muito bom uso dele. 

—Vamos para um lugar seguro, rápido. O local vai desabar, e não temos muito tempo. - Um outro membro da resistência falou, segurando uma semi metralhadora em seus braços e sangrando pela orelha, exibindo uma massa disforme. Suspirei.

Tantas pessoas feridas .

Saímos correndo juntos até a entrada praticamente inexistente do complexo , atirando e chutando alguns errantes perdidos pelo caminho,  e na metade do gramado, me virei para o laboratório.

As paredes agora não passavam de simples traços de que um existiram. As cercas com os errantes? Totalmente destruídas. Os errantes e cientistas? Mortos.

Sorri, feliz com a destruição. Acho que o apocalipse tirou até mesmo a minha sanidade.

—Alexa, corre! - Luke gritou de não sei que lugar, e eu corri, me dando o prazer de mostrar o dedo do meio para a porra de construção branca que me assolou pro tanto tempo.

Corri até uma caminhonete estilo militar enorme, e fui puxada por mãos desconhecidas para dentro dela, que andou quase que ao mesmo tempo que toquei na caçapa. Sentia a adrenalina em meu corpo passando de minuto em minuto, e a força foi se esvaindo de mim. Do jeito que me alimentavam, era obvio que isso iria ocorrer uma hora ou outra. 

—Rapido, rapido , rapido. - Ouvi Abraham bradar para si mesmo,  e o encarei, estranhando.

—Do que estamos fugindo exatamente? - Perguntei, e ele me encarou pesaroso.

—Você acha mesmo que eles são os únicos vivos , Alexa? Pensei que você era mais esperta do que isso. - Respondeu, e meu sorriso de vitória se desfez. Sim, eu realmente pensava que eram os únicos. 

Afinal, descobri que no total tínhamos 7 CCDs espalhados pelo país, alguns bem menores que outros. 3 deles estavam tomados pela resistência, 2 estavam destruídos (contanto esse) e 2 ainda estavam sendo usados como centro de controle dos militares. Suspirei, irritada. Essa coisa estava logr de acabar.

Fiquei sentada no fundo da caminhonete, focando em um local no chão e passando tudo que tinha acontecido nesses últimos dias em minha mente . Eu não sabia o que estava por vir ainda, mas eu estaria pronta. 

Observei as pessoas no automóvel junto comigo. A maioria eram pessoas normais, civis , provavelmente voluntários para lutarem a favor da causa da resistência. Alguns soldados eram diferentes, tinham uma expressão controlada em seus rostos. Esses eu sabia muito bem que eram militares de verdade. 

—Abraham.- Chamei, e o ruivo se aproximou, desviando a atenção dos mapas que visualizava. - Meu pai em entregou isso. - Falei, entregando o bilhete amassado para ele.

Observei sua expressão mudar, e logo uma face confusa se formou em seu rosto. 

— É as coordenadas de um de nossos CCD’s.- Falou, simplesmente, e me entregou o papel. - Guarde bem isso. Acho que seu pai não era tão ruim,afinal. 

Dei de ombros, encarando o papel agora de volta em minhas mãos. Era sim a letra de meu pai , com o nome “ Adam” escrito em cima. Suspirei. Os mistérios nunca acabam.

Uma moça simpática me deu uma lata de pêssegos em conserva , pedindo para mim comêlos. Sorri , agradecendo por comida, e devorei a lata toda sem escrúpulos. 

—Acho que não gostavam de te alimentar la, não é mesmo? - Um outro homem, antes quieto, se aproximou, parando em frente a mim. Assenti, desconfiada.

—Alexa, ele é médico. Deixa ele te ver. - Abraham falou, se apoiando na parede ao meu lado. Eu conseguia sentir o veículo se movendo por baixo de nós, o que me dava outra sensação estranha de liberdade.

Assenti novamente,  dando permissão para o homem se aproximar.

Ele se apresentou como Harlan Carson, e disse que acabou sendo salvo pela resistência alguns meses atrás. Contou que ficou sabendo de minha história e desse lugar, e logo se prontificou a ajudar. Sorri para ele, grata.

Ele erguei a manga comprida de meu macacão improvisado e segurou meu pulso, conseguindo fecha-lo com seu dedão e o indicador. Suspirei. Eu estava muito magra.

—Estou surpreso que você conseguiu chegar até aqui nesse estado. Realmente, me falaram que você era forte, agora sei que é verdade. - O homem disse, e dei um meio sorriso. Pelo jeito eu era assunto na Resistência. 

Ele ficou algum tempo conversando comigo, enquanto a moça gentil me trazia mais comida. 

A viagem até o CCD que queriamos chegar era um pouco longa, então acabei me ajeitando para tentar descansar. Tinham me dado uma mochila com algumas coisas dentro, ja que nunca sabíamos o que ia acontecer, e fiquei surpresa com a organização deles.

Ao final, além de mim, tinham conseguido resgatar mais 10 pessoas, que estavam sendo transportadas em outros caminhões. Sorri , contente com a informação.

Ficamos pelo menos uma hora em silêncio, e me deixei apreciar o movimento constante do carro pelas estradas tortuosas , dando um tempo de descanso ao meu corpo fraco.

Eu ja conseguia sentir a comida fazendo efeito em mim, me animando mais, e isso ja era uma vitória.

— Que barulho é esse ? - Um dos militares sentados perto de mim resmungou, e passei a prestar atenção. Arregalei os olhos.

Era um helicóptero. 

A última coisa que ouvi, foi um grito para nos abaixarmos, e um som de explosão enorme cobrindo o ar. 

Como eu disse, o mundo é um local engraçado. 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem o que acharam amores!

Ah, e desculpem o capítulo mais curtinho, é que eu realmente vou focar muuuito essa semana pro vestibular; mas não queria deixar vocês sem noticias.

E quem lembrou do papel que o pai de Alexa deu a ela? Ela tem ele até agora! E reconheceram o médico?

E ah, um desabafo: fui tentar postar minha história no Spirit, e percebi que odiei a plataforma! Realmente sou muito mais fã do Nyah!

Comentem o que acharam, apontem erros, digam dicas... essas coisas.

Obrigada por ter lido até aqui ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Cura Entre Nós" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.