A Cura Entre Nós escrita por Duda Borges


Capítulo 26
Capítulo 26


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores, como estão?

Cara, EU TO TÃO FELIZ QUE NEM SEI! Muitos agradecimentos no capítulo de hoje. DUPLA RECOMENDACÃO CARAAA!

Primeiro: CATARINA FRANÇA SUA LINDAAAA! Muito muito obrigada pela linda recomendação, melhorou muito a minha semana! Ja agradeci por mensagem, mas achei melhor agradecer aqui também. Obrigada mesmo pelas palavras lindas e pelo carinho❤️.

Segundo: ALPHAAAA MULHERRR! Não tenho palavras pra te agradecer, sério. Além do fato de ter lido e comentado praticamente todos os capítulos , me presenteou com essa linda recomendação! Me sinto honrada de merecer ela, e por fazer você roer as unhas com essa sua curiosidade doida hehehe. Obrigada pela paciência ,pelo carinho e pelas dicas que você me da♥ ,agora sim que nunca mais atraso KAKKAAKKA. Ps: ainda vou te fazer sofrer de curiosidade.

Gente, chegamos a 150 leitores e 15.000 vizualizações ( arredondado KKKKKKK)! Eu estou muuito feliz, mesmo sabendo que estou cheia de fantasminhas hehehe. ACORDEM FANTASMINHAS.

E um obrigada especial a todos que comentaram no capítulo anterior, fiquei extremamente feliz com a quantidade : Catarina, Murphy, Daryl Dixon, Léo , Giih, Alpha, Printemps e Cristiane( aliás, sejam bem vindas meninas ♥) . Serio gente, esses comentários me animam muito, obrigada mesmo! Desculpem qualquer erro.

Vejo vocês nas notas finais ♥



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Pov Alexa Lee

Respirei fundo, sentindo o ar pesado e frio adentrar meus pulmões, e segurei o fôlego mais tempo do que deveria, o soltando logo depois. Deixei o oxigênio extra fazer efeito, e finalmente abri os olhos, encarando Rick, que se mantinha com um olhar inexpressivo para nós. Inexpressivo, mas ao mesmo tempo significativo. 

—Nao podemos sair, não vamos sair. - Observei meu líder falar, enquanto nos reuníamos na frente das celas. “ Líder”.  Era o que o Rick verdadeiramente era, mesmo não querendo ser. Tínhamos começado uma discussão a respeito do que fazer com o Governador, e eu sentia que iria ser complicado chegar a um consenso. Sempre é. Nada é fácil na nossa família. 

—Se o Rick fala para não corrermos, não iremos correr. - Falei, determinada, apoiando minha mão no corrimão da escada, esperando alguma represália. Ja estava com saudades dos meus pombinhos e de Daryl , que no final sempre me apoiava. 

—Não, prefiram viver como ratos. - A voz raivosa de Merle chamou nossa atenção, e percebi o olhar de Rick vacilar. O delinquente estava dentro de uma cela,preso , prestando atenção em cada palavrinha que falávamos.

Eu, sinceramente, não tinha ódio dele. Sabia de sua história e de sua personalidade, e sei que do mesmo jeito que nós, ele faria de tudo para sobreviver. E principalmente, faria de tudo para proteger seu irmão. 

—Você tem ideia melhor? - Rick perguntou, cruzando os braços e encarando o homem mal encarado. Passei o olhar pelo salão, analisando as expressões cansadas e confusas de minha família. No fundo eles sabiam que fugir realmente não era uma boa opção. Suspirei, eu queria muito poder resolver alguma coisa. 

—Sim, deveríamos ter fugido faz tempo, sobreviveríamos mais um dia. Mas, eles ja devem ter batedores em todas as estradas , mesmo que nós não os vemos. Eu conheço o Governador, sei de suas táticas, e sei que ele não vai nos deixar em paz. - Falou, e mordi os lábios. Merle estava visivelmente acabado, mas continuava com a mesma pose mal encarada de sempre.  Encarei Michonne, e pelo seu olhar, percebi que ela não estava nada supresa pelas informaçãos. Ela ja tinha provado um pouco do verdadeiro Peter, e eu sabia de seu desejo de mata-lo. Eu que nao iria impedir. 

—Não temos medo daquele idiota. - Carl resmungou, e abri um mini sorriso. O menino sempre demonstrava o máximo de força que conseguia, e isso chegava a ser engraçado. 

—Deveriam ter. Aquele caminhão de errantes no ultimo ataque? Foi apenas ele tocando a campainha. Vocês podem ter algumas paredes grossas como proteção, mas ele tem os homens e as armas. Ele pode nos matar de fome , se quiser.- Merle continuou, exibindo que realmente teve muito contato com o governador. Trinquei os dentes , preocupada. 

Para mim, uma guerra é inevitável. 

—Vamos leva-lo para outro bloco. - Beth falou, chorosa. A menina de cabelos loiros segurava Judith fortemente em seus braços, como uma verdadeira mãe. Ela tinha sido incabida de cuidar da pequena, e eu sabia que era o papel perfeito para ela. A bebê se movia casualmente, alheia a toda a confusão ao seu redor. 

—Não, infelizmente, ele esta certo. Ele teve mais contato com o inimigo do que todos aqui. E eu também, sei da maldade que existe nelex  - Sentenciei, atraindo os olhares dos outros. Tranquei a respiração momentaneamente e continuei, afastando minhas lembranças de Woodburry. - Não temos mais como fugir . Ainda mais com a Judith conosco. Vocês querem mesmo uma bebê como ela enfrentando as ruas? - Finalizei, recebendo alguns olhares duradouros .Eles estavam pensando. Relaxei, satisfeita .

—Merle tem experiência militar, e pode ser imprevisível, mas não subestime a lealdade dele com o irmão. - Ouvi Carol falar a Rick, e assenti para mim mesma.

Ouvi alguns passos pesados, e percebi que Rick estava se afastando. Senti minha veia da testa pulsar, e dei um soco na parede , recebendo um olhar calmante de Michonne. A guerreira tinha se tornado uma amiga proxim a mim, acho que por conta do nosso desejo de vingança. 

—Rick, todos sabemos que você esta perdendo a cabeça, e sabemos o motivo, mas agora não é mais hora. - Hershel sentenciou, nos fazendo arregalar os olhos. O idoso tinha se levantado do local em que estava, e encarava Rick com fogo nos olhos. - Botei a vida da minha familia em suas mãos, e se você diz que isso não é mais uma democracia, honre suas palavras. Não fuja do agora.

Hershell sempre tinha as palavras certas na boca, e isso era uma das coisas que eu mais admirava nele. Se importava com todos , e era literalmente o pai da casa. Por mais que ele quisesse fugir e proteger suas filhas, ele permaneceria ao lado da maioria e lutaria do mesmo jeito. 

Me afastei da confusão, cada vez mais receosa com os meus amigos fora no meio de tudo isso. Ja tinha passado mais de 24 horas, e esse estado de crise não era o ideal para uma busca. Eles ja devem estar voltando, e eu torcia para eles não terem encontrado nenhum comparsa do governador no meio do caminho . Mesmo sabendo que eles acabariam com ele em um piscar de olhos.

Me direcionei para um dos pontos de vigia, pegando o binóculos que usávamos de vez em quando para observar os arredores , e me apoiei na grade, ficando protegida por algumas estruturas de madeira que ja tínhamos colocado. Observei por alguns minutos, me deparando apenas com mato e errantes deteriorados , ate que um vago brilho na mata chamou minha atenção. Estreitei os olhos, incrédula. Não sabia dizer se era coisa da minha imaginação ou não. Nem minha mente era confiável hoje em dia.

Uma outra coisa chamou minha atenção: o barulho de motor forte e o som de pneus esmagando pedras.

Eles voltaram.

—Finalmente.- Falei, observando enquanto Rick e os outros apareciam na porta principal, indo abrir o portão para os outros. Acenei feliz para o carro, mesmo sabendo que não me veriam.

Voltei a atenção ao objeto brilhante novamente, agora com o visor da sniper, e demorei só alguns segundos para reconhecer uma cabeleira loira seguindo atrás de um errante guiado por um graveto.

Andrea.

—Rick. - Gritei, soltando a sniper e apontando e fazendo sinais para Andrea, ao mesmo tempo que Daryl e Maggie saiam do carro , confusos com a minha agitação . Rick deixou Andrea entrar, pegando ela pelo pulso e a jogando contra a grade, jogando sua bolsa no chão. Ninguém impediu.

Soltei um grosso bufado e sai correndo em direção a saída, e quando cheguei la , o portão ja estava fechado, e todos ja estavam entrando. Bufei novamente.

—Demorou muito, gracinha.- Merle falou, enquanto passava por mim. Por que diabos ele esta solto? O que eu tinha perdido em míseros minutos fora?

Passei rapidamente os olhos pelo local, ignorando o irmão mais velho, e finalmente me deparei com o caçador e os pombinhos. Suspirei de alívio após analisados e perceber que estava tudo bem.

Eles estavam em casa.

Apressei o passo, dando um pequeno sinal para Andrea no caminho. Ela estava abalada. Obviamente, pela recepção.

—Ela não pode realmente achar que iriamos receber ela com todo o amor do mundo, vadia. - Ouvi o caçador resmungar enquanto chegava perto, entregando a Maggie uma caixa suja. Revirei os olhos com a grosseria, me aproximando contente para ver o que tinham conseguido.

—Alexa. - Maggie sorriu, jogando a caixa em Glenn e vindo me abraçar, acabei rindo. Sempre fazíamos essa recepção quando alguma de nós voltava dos lugares.

—Virei burro de carga agora. - O coreano resmungou, e eu mostrei a língua a ele, debochada. Mesmo em um clima tenso, não podíamos deixar de nos divertir.

Depois que soltei Maggie, senti os olhos pesados do caçador me olhando de cima a baixo, e foquei em seu rosto. Era engraçado, como se uma faísca passasse entre os nossos corpos, e eu abri um sorriso.

—Ainda bem que você se cuidou. - Falei, tocando levemente no braço dele, e logo me afastando. Eu não poderia me aproximar tanto, nao deveria. Nao sei. Não tínhamos tempo para paixonites de adolescentes.

—Você também, branquela. - Falou, e eu pude sentir um ligeiro sorriso em seud lábios, que logo desapareceu. O sentimento era recíproco.

Dei uma risadinha, e entramos com as coisas.

Fiquei muito alegre ao descobrir que eles tinham conseguido sim fórmula para Judith, e mais algumas várias coisas que precisávamos. 

—Conseguimos lanternas e várias pilhas, mas nada de armas . - Maggie disse, bufando, enquanto tirávamos as coisas das caixas. Ouvi algumas vozes, e lembrei que a presença de Andrea não foi muito bem vinda. 

Encarei as facas em minha cintura, e soltei um suspiro. Por que tudo tinha que ser tão difícil?

Pov Daryl Dixon.

Apertei a alça da besta que estava apoiada em meus ombros, sentindo minha mão tremer com a força excessiva. Meus nós dos dedos estavam brancos, e os relaxei, deixando o sangue percorrer por todo o comprimento, voltando a cor original.

Eu nunca gostei muito de Andrea, sempre deixei isso nítido no momento em que ela me deu um tiro ja fazenda, e para mim foi quase irrelevante o fato de descobrirmos que ela estava viva . O que me chocou foi o fato de ela estar viva em woodburry, simpatizante daquelas pessoas.

Encarei os cabelos loiros da mulher a alguns metros de mim, enquanto ela olhava para todos em busca de algum tipo de carinho. Ela não receberia . Não depois de tudo que aconteceu conosco e com o Governador

—O que você disse a eles? - Andrea perguntou, se direcionando a Michonne. A morena permanecia impassível a toda a conversa , o que era de se entender.

—Apenas a verdade. - Pronunciou, e me deixei soltar uma risada de canto.

Andrea sabia que Alexa estava la dentro, nas entranhas de Woodburry. porém, não a ajudou a escapar. E além disso, era apaixonada pelo governador, de acordo com a Michonne. Abandonou a amiga por uma cama quente e um pau a disposição. Soltei um bufo, ignorando a conversa.

Observei Alexa. Seu rosto trazia uma expressão pesada, e percebi que ela estava tensa, segurando no cabo de uma de suas facas. Não duvido que Andrea tenha trazido más lembranças, mesmo que não tenha feito nada diretamente contra ela. Alexa me olhou. Fiz um sinal com a cabeça e desviei o olhar.

—Lori? Shane? - Andrea continuou a perguntar, recebendo negativas com a cabeça e sorrisos tristes. Tinha esquecido do fato de que Andrea tinha um caso com Shane. Tinha perdido muita coisa .

Deixei minha mente vagar aos acontecimentos de meses atrás, tendo uma vaga visão da fazenda em chamas. Afastei esses pensamentos. O que foi, não iria voltar mais. 

Afinal, a visita não demorou muito, e após a loira conhecer bravinha, Rick deu um carro para ela e uma arma, e avistei Merle abrindo o portão. Até Maggie concordou que a ajuda dele agora seria essencial, por isso ele estava solto.

—Se cuida. - Alexa disparou a alguns metros de mim, recebendo um meio sorriso de Andrea. Ela não teve realmente o que esperava com a visita.

A mulher esperava uma tregua, torcia para que a gente desistisse de lutar pelo que era nosso. Nesse momento percebi que realmente ela tinha caido na lábia do governador. Homens como ele não aceitam tréguas.

Depois disso , o dia foi uma mistura de ajustes nas grades, troca de turnos e colocadas de proteções, além de Rick sair com Michonne e Carl para conseguir mais armas. Ele preferiu que eu ficasse. Concordei. Não confiava em meu irmão sozinho.

—E agora, o que faremos? - A platinada perguntou, depois que paramos de pegar os palanques de madeira e nos encontramos na nossa cozinha.

—Por mim, vamos até o governador e matamos ele . - Merle disse, apoiando seu braço metálico na mesa. Recebeu um tapa de Alexa e um revirar de olhos geral. Ele ainda não tinha desistido dessa ideia.

—Não se preocupe, ainda vamos matar ele. - Alexa disse, despreocupada, analisando as armas que tínhamos espalhado em cima das mesas. Eram poucas. Esperei as pessoas se afastarem e me aproximei dela, segurando seu braço. Esse mísero contato ja foi suficiente para que uma espécie de choque percorresse meu corpoz 

—Você sabe que você , Michonne e Merle vão ser os mais em risco em qualquer confusão. - Falei devagar, analisando um fio de ódio passando pelo rosto de Alexa. A cicatriz em sua bochecha tremeu, e vi seus olhos claros vacilarem. 

—E você espera que eu não lute por causa disso? - Perguntou, se soltando de minha mão bruscamente, obviamente irritada. Bufei, não tinha muita paciência para convence-la. 

—Só te peço pra ter bom senso e não se colocar em risco desnecessário. Acho que pelo menos isso você entende, sei que nao quer botar as outras pessoas em risco. - Falei, percebendo que a atingi com suas palavras, e recebi um olhar de concordância.  Eu sabia que ela faria de tudo para proteger quem ama, do mesmo jeito que eu. Seus olhos claros desviaram dos meus, e me afastei, irritado. 

Depois de algum tempo, Rick , Michonne e Carl finalmente chegaram, totalmente carregados de armas. Ele não quis me contar como conseguiu elas, e eu sinceramente não me importava.

Estávamos armados, isso que importava. Armados para uma gurra.

Alexa Lee- 4 dias depois.

Guerra. Uma palavra temida por todos, palavra essa que vêm acompanhada de outras várias palavras. Mortes. Tristeza. Incerteza. Perigo. Sangue.

Era assim que nos encontrávamos.

Em meio a uma constante luta entre mortos e vivos, é quase irreal pensar que teríamos de travar uma guerra entre os vivos. Era como se uma guerra civil estivesse acontecendo.   Situações extremas realmente mostram o pior das pessoas.

Tínhamos conseguido proteger a prisão do melhor jeito possível, espalhando restos de madeira e metal pelos pontos mais expostos. Deixamos as armas organizadas e prontas, com as respectivas balas preparadas em alguns grupos.

Soltei um suspiro, encarando o teto raso e escuro de minha cela. Coloquei a mão no suporte frio que sustentava meu colchão, sentindo a textura do metal. Eu amava esse lugar. Segurei meu pequeno caderno na mão, analisando todas as minhas anotações desde o começo do apocalipse. Tudo. 

—Alexa? - A voz grossa do caçador chegou aos meus ouvidos, e logo ouvi seus grossos passos adentrando meu espaço. Guardei meu caderno e sentei , dando espaço para o homem sentar ao meu lado, ficando de perna de índio. 

Encarei a cara receosa do homem. Andrea tinha armado um encontro entre Rick e o governador, em uma espécie de armazém abandonado, mas isso ja faziam dois dias . Desde o encontro, Daryl vinha se aproximado mais de mim, como se algo la tivesse o feito pensar. Preferi ignorar esse fato. 

Enfim, resumindo: nada de acordo. Iriamos sim ter que lutar. Dei de ombros quando eles voltaram, eu ja sabia que o governador não iria desistir, e que Rick não iria ceder a nenhum tipo de acordo. Provavelmente ele pediu Michonne e a mim. 

Não sabíamos quando, nem como, por isso todo dia estávamos preparados e vestidos para a ação. Tínhamos separados aquelas roupas dos errantes para cada um de nós usarmos, e Judith , Carl e Beth ja tinham um lugar específico para se protegerem. 

Encarei o caçador ao meu lado, lembrando de sua existência ao sentir o cheiro forte de selva que emanava do seu ser. Ele estava com a besta preparada em suas costas, e era quase cômico um homem do tamanho dele sentado no pequeno espaço que tinha sobrado de minha cama.

Tínhamos uma relação estranha, isso era certo, mas era algo bom. Estava se desenvolvendo. 

—Daryl, você acha que vamos conseguir? - Perguntei, depois de algum tempo, observando seus fundos olhos azuis focarem nos meus, e vi um singelo sorriso em seus lábios, como se fosse uma piada. Sorrisos de Daryl nunca são muito perceptíveis e amigáveis. 

—Sinceramente, eu tenho certeza. - Falou curto,  deixando de lado a sua típica rispidez e grosseria, me fazendo sorrir. Passei a mão pela minha cicatriz no braço, e me senti totalmente pronta para qualquer coisa.

A mão de Daryl encostou levemente na minha coxa, me fazendo arrepiar e morder os lábios. Olhei para ele , encorajando o movimento.

Eu não sei nada sobre relacionamentos, e os poucos que eu tive não foram base para nada. Então eu estava realmente dando um tiro no escuro, e imagino que ele também. 

Observei seu rosto olhar para fora, como se tivesse medo de sermos pegos, e revirei os olhos, puxando seu rosto fortemente com minhas mãos, encaixando nossos lábios bruscamente. 

Cada vez que nos beijávamos, cada vez que nos tocávamos, a cada mísero contato desse jeito, eu tinha cada vez mais certeza que algo existia sim entre nós, e estava cada vez mais forte. Ele me protegeu desde o primeiro instante, e mesmo que eu o irritava e ia contra suas palavras, ele sempre procurava meu olhar e meu lado. E eu fazia o mesmo.

—Alexa. - Ouvi ele resmungar no meu pescoço,separando nossos lábios,  encaixando seu rosto acima de meu ombro. Sorri. 

—Por que não um beijo para relaxar, não é mesmo? - Falei, debochando da cara fechada de Daryl, que se afastou revirando os olhos. Até assim eu irritava ele. 

Ficamos mais algum tempo conversando , Daryl com a besta nos braços e eu com as facas, até que o típico formigar tomou meu corpo.

Arregalei os olhos.

—Eles estão vindo. - Anunciei, me levantando rapidamente da cama e saindo da cela, gritando por Rick.

Mas era tarde demais. Um estrondo foi ouvido, e logo um barulho de motor chegou até nós. 

Corri até Beth e Bravinha, dando um abraço nas duas e as empurrando até a saída mais discreta da prisão, seguida por Carl e Hershel. Dei boa sorte a eles, e implorei que ficassem seguros . Senti meu coração partindo ao ver Judith se afastar , mas não deixei o medo me dominar.

Era hora da ação.

 

Rick ja estava la fora quando fui correndo abaixada para o lado de fora, com as armas em mãos. Por sorte, tínhamos planejado tudo, e estavamos todos em posição. 

—Rick , Rick. - A voz do governador ampliada em um autofalante foi ouvida, e encarei Maggie, com os olhos arregalados. 

—Que merda. -  Resmunguei, jogando uma arma para Maggie e Glenn, além de pegar alguma para mim.

Não pretendíamos ter uma luta corpo a corpo, mas mesmo assim preferi levar algumas facas minhas. Quem sabe né? 

—Michonne, vamos!- Sussurrei para a morena, que segurava uma semi metralhadora, além de sua katana.

Dei uma última encarada a Daryl, que era direcionado para o outro lado, e finalmente me movi, me protegendo atrás de uns palanques de madeira.

Tínhamos combinado os lugares certinhos para ficarmos, então logo avistei Maggie no topo de uma das torres, com a nossa sniper mais precisa. Respirei por um momento, sentindo a grama fria tocar meus tornozelos nus, e finalmente levantei, focando na visao a minha frente.

Rick estava na base do final da grade, encarando o governador na frente de um carro. Eles tinham feito uma espécie de barreira com os veículos, e consegui observar pelo menos 30 cabeças atrás. Eles estavam dentro do maior campo, porém ainda tinha mais uma grade entre nós.

—Que merda - Resmunguei, erguendo minha sniper na altura da cabeça, ja me preparando. Imagens da confusão no laboratório vieram a minha cabeça, e eu torci para não surtar.

Não avistei Miltom.

—Estamos em vantagem, fique tranquila. - Michonne falou, posicionada ao meu lado. Olhei para ela, e assenti. 

Eles não sabiam que Maggie e Daryl estavam bem posicionados, conseguindo atirar atrás dos carros.

Meu coração estava a mil, e ignorei totalmente o que eles estavam falando. O governador veio pronto para um massacre, eu sabia disso, nao adiantava conversar. 

Ai, o governador atirou. Meu coração parou. 

Gritei ao ver Rick caído no chão, e comecei a atirar freneticamente, sabendo que tinha atraído toda a atenção para nós. Consegui acertar três dos capangas do governador, e corri, me aproximando mais e me escondendo atrás de uns barris. 

Eu sentia o sangue pulsando em minhas veias rapidamente, e tive a sensação que o mundo parou ao meu redor . Avistei Rick escondido a alguns metros de nós, atirando, e sorri para ele, revigorada.

Ele estava com um colete a prova de balas.

Voltei a atirar. 

O ambiente estava confuso e perturbado, e o clima frio. Uma leve névoa percorria ao nosso redor, piorando o cenário caótico. 

Percebi que muitos dos que estavam no time contrário eram novos, e a maioria estava com muito medo. Não sabiam atirar. Suspirei. Imagino que Philip tenha os obrigado a lutar.

Finalmente tive coragem e olhei o governador, que me encarava impassível no meio de toda a confusão. Seu único olho fixava o exato local que eu estava, e percebi uma fúria vindo dele.

Mas, ele sorriu.

O filho da puta sorriu para mim. 

Imagens do laboratório percorreram minha mente. 

Ergui minha arma, pronta.

—Alexa! - Ouvi Carol gritando não sei de onde, a tempo de sentir uma mão fria segurando meus ombros e me puxando brutalmente.

Errantes.

Eles tinham entrado.

Me joguei no chão e o matei com uma faca, voltando rapidamente para cima. No caminho, eu acabei cheia de sangue. 

—Merda. - Rosnei ao voltar. O governador ja tinha sumido.

Arrombaram o segundo portão.

—Rick, Plano B. - Gritei, atraindo a atenção do xerife, que assentiu. Fomos todos discretamente para o prédio da prisão, fechando a porta e nos espalhando. Torci para todos terem entendido que era hora da segunda parte.

Tudo estava em silêncio. Eles tinham percebido que não estávamos mais atirando.

Encarei Carol, do outro lado do corredor, e ouvimos o som da porta do prédio ser arrombada . Sorri. 

Eles tinham atingido a isca.

Achavam que estavamos mortos ou foragidos.

Ouvimos os varias combatentes entrando no prédio, incrédulos, analisando todos os cantos , em busca de qualquer sinal que estaríamos la.

E ai atacamos.

Eu e Carol jogamos bombas de fumaça em cima deles, e logo os gritos começaram. A cegueira momentânea ja foi suficiente para desesperar o grupo .

—Vão embora, filhos da puta. - Gritei, atirando no escuro enquanto eles corriam para fora. Eu sentia a adrenalina pulsando em mim a cada tiro dado, e eu não queria admitir, mas estava amando isso. 

Ouvi outros tiros, e logo o salão estava vazio, mas a luta continuava ali fora. Corremos para a ponte, e avistei Maggie e Glenn protegidos pelos metais, aturando que nem loucos nos que tentavam fugir.

—Eles estão recuando. - Gritei , ficando ao lado de Maggie e atirando. 

E tão rápido quanto começou, acabou.

Silêncio.

— Conseguimos?  - Ouvi Glenn gritar,tirando o capacete , e logo observei todos se juntando. Suspirei de alívio. 

—Conseguimos sim, afastamos ele. - Glenn falou, quando nos encontramos na saída da prisão . Observei meus amigos. Todos estavam ensanguentados e pareciam cansados, mas todos felizes . Nenhuma baixa. 

—Não por muito tempo, eles podem se reagrupar . - Daryl disse, ainda com a besta pronta para atacar. 

—Temos que acabar com isso de uma vez.- Carol falou, segurando uma arma.

—O que? Querem voltar para Woodburry? Quase não voltamos da última vez! - Maggie falou, incrédula. Ela ja estava sem o capacete .

—Eles tem razão, precisamos acabar com isso de uma vez. - Falei, olhando para as grades destruídas e imaginando como seria se fossemis atacados de novo. Me aproximei de Daryl, e pegando levemente sua mão , e instintivamente ele me colocou perto de si.  

Ainda não tinha acabado.

Entramos rapidamente no prédio, nos encontrando com Beth, Carl e Hershel, que seguravam a bravinha. Sorri feliz , e abracei Beth. 

—Você foi ótima. - Falei, acariciando seus cabelos, ela sorriu.

No final, apenas eu, Daryl , Michonne e Rick fomos para Woodburry, e fui na moto de Daryl, ansiosa.

—Conseguimos. - Resmunguei, apoiando- me nas costas do caçador. Me deixei relaxar por alguns segundos, mas logo me prontifiquei novamente. 

—Eu falei que conseguiríamos.

O carro de Rick parou depois de alguns minutos, e eu arregalei os olhos ao ver o porque.

Vários carros usados no ataque jaziam estacionados no meio da estrada, comi se tivessem sido abandonados a pressa. Porém, o mais assustador foi a quantidade de corpos no chão.

Estavam todos mortos.

Pessoas vivas a alguns minutos atrás, mortas a sangue frio. 

—Que porra aconteceu aqui. - Perguntei ao ar, chocada enquanto matávamos alguns errantes que comiam os mortos. Reconheci alguns .

Suspirei. Tantos corpos, tantas vidas perdidas em vão. Provavelmente eles foram mortos por que não queriam lutar, só queriam ir pra casa. Mas agora estão mortos. Eu odiava essas coisas. Sabia que a maioria deles não eram pessoas ruins. 

—Uma chacina. - Rick respondeu, encarando a situação. Assenti, ainda olhando para os corpos. 

Então, um baque surdo foi ouvido atrás de mim, e olhei incrédula, apontando uma faca, para o que era.

Uma mulher de cabelos pretos, totalmente assustada, nos encarava por trás do vidro de um dos caminhões. Abaixei a arma, receosa. 

—O que aconteceu aqui? - Perguntei para ela, enquanto a ajudava a descer do caminhão. Daryl me olhou, desaprovando a decisão, mas eu sabia que ela não ia me machucar. Estava na cara que ja estava cansada disso. 

—Ele...matou todos. Pirou. - A mulher contou, chocada, enquanto a levávamos para o carro.

Olhei para Michonne e Rick, que olhavam a moça de maneira confusa. Dei de ombros, eu sabia que ele poderia fazer uma coisa assim . 

Ele era louco mesmo.

—Karen. - Falei, depois que ela disse seu nome, botando confiança em nos . - Você pode nos levar até Woodburry?- Pedi, e ela assentiu. Percebeu que todas as merdas que o governador disse a eles, era pura mentira. 

Fomos correndo até la, meu coração batendo mais forte a medida que chegávamos perto. Fomos recebidos com balas, mas eu sinceramente ja imaginava. Eles não eram burros. 

—Tyresse! Sou eu, Karen!- Ela gritou, escapando dos braços do Rick e levantando as mãos, se pondo em risco. 

—Karen? - Eles pararam de atirar, e suspirei aliviada. - Cade os outros?

—Mortos, ele matou todos! Estão todos mortos . - Falou, e senti a dor emanando de sua voz como se fosse minha. Suspirei. Não tinha o que fazer agora.

—O que você esta fazendo com eles? - Perguntou, e avistei duas cabeleiras negras por baixo das proteções. Imaginei que eram uma família . 

—Eles me salvaram. - Gritou, e finalmente os dois levantaram, nos deixando entrar. Tinham contado que Andrea saiu pelo portão falando que o governador nao era o que pensavam, e que iria pra prisão . Ela nunca chegou la. Um sentimento ruim percorreu meu corpoz 

—Ela ainda pode estar aqui- Daryl falou, enquanto Sasha e Tyresse nos explicavam as coisas . Tinham confiado na gente mais rápido do que imaginei. 

—Insano do caralho. - Rosnei, enquanto adentrávamos Woodburry a procura de onde fui presa da última vez.

—Era aqui que me testavam.  - Falei, recebendo um olhar surpreso de Tyresse.

—Ele prendia pessoas? - Perguntou, e sua irmã nos olhava chocados. Soltei uma pequena risada. As pessoas realmente não sabiam como era o verdadeiro Philip. 

—Isso é uma das mínimas coisas que ele fez . - Daryl rosnou, e eu assenti. Ele tinha feito coisas demais.

Depois de alguns minutos, conseguimos achar Andrea. Ela estava no chão, totalmente ensanguentada, segurando uma chave de fenda, com um corpo aos seus pés. Era Miltom.

—Ah, não. - Falei, me afastando. Eu nunca quis o mal dele, nem de Andrea. A única pessoa que merecia esse destino, era a porra do governador. 

Daryl segurou forte meu braço, e me aproximei, sentindo o calor dele ao meu lado. Era reconfortante. 

Andrea sorriu para nós. Estava com uma mordida funda no braço, e lágrimas vieram aos meus olhos. O mundo era uma bosta mesmo. 

Michonne decidiu permanecer com ela, e esperamos do lado de fora.

Um únco tiro foi ouvido.

Soltei um soluço, mas logo o engoli. Eu precisava aprender a não chorar mais.

Depois disso, o dia foi uma confusão.  

Karen, Tyresse e Sasha nos ajudaram a falar com o pessoal, e todos nós sabíamos que não poderíamos deixar eles aqui. Encarei o pessoal reunido na praça, estranhando a nossa presença inusitada por lá. 

A quantidade de crianças e idosos era imensa, além de várias mães e pessoas com problemas, e alguns combatentes . Suspirei e olhei para Rick. Seus olhos estavam determinados.

Não iriamos deixar eles aqui. 

Juntamos tudo que conseguimos, e não precisou de muito esforço para as pessoas nos acompanharem. Eu sabia que isso seria bom, quanto mais gente, melhor. Era sinônimo de sobrevivência.  

—Vamos ter um longo caminho pela frente. - Falei ao ar, me aproximando de Daryl e Michonne enquanto as pessoas entravam no ônibus. Eles me olharam, concordando. 

O céu estava totalmente azul, e eu ri para mim mesma ao pensar na situação tensa que ocorreu embaixo desse lindo azul. O mundo é realmente engraçado. Me deixei infectar pelo ar fresco da manhã, que tocava minha pele quente pela ação.

Sorri para algumas crianças que passavam por nós, alheias a confusão , e torci fielmente para que ninguém questionasse sobre as minhas mordidas. Na realidade, eu sei que teríam dúvidas . 

Obvio que eu me sentia um pouco tensa de aceitar tanta gente nova em um grupo que antes era mínimo, mas, tanto como a gente, essas pessoas merecem uma chance. Era nítido a incapacidade de algumas de se protegerem, e pode ter certeza que mudariamos isso.  

Fechei os olhos, apenas apreciando o leve barulho de pessoas conversando tranquilas, evidenciando a paz momentânea. 

Observei Rick direcionando as pessoas, ainda com as roupas cheias de sangue e sujeira, e fiquei admirada. Ele tinha sim características de um líder, e eu sabia que todos seguiriam ele sem questionar. 

Podíamos não ter achado o governador, mas pelo menos sabíamos que ele não era mais uma ameaça.

Pelo menos por enquanto.  


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Notas finais do capítulo

Gente, eu sei que esse capítulo foi uma confusão entre muitos detalhes e poucos detalhes KAKAKAK mas paciência! Semana q vem é o último enem, depois vem o meu vestibular, dai sim vou conseguir me organizar melhor.

Para o próximo capítulo: estou na dúvida se continuo de onde parei ou se faço outro FlashBack da vida de Alexa, o que acham?

Por favorr, me avisem se acharem algum erro!

Comentem anjos , muito obrigada por terem lido até aqui ♥, opiniões são muito bem vindas!



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