Foi tudo um sonho.

Será que foi mesmo um sonho?

Reze para que tudo realmente tivesse sido um sonho.

Ninguém suportaria que fosse real.

Além disso, é muito mais simples acreditar na ilusão.

…

Eu me sentia péssima, mas finalmente havia acordado. Naquele momento, o homem chamado Richard, o mesmo que tinha um rosto estranhamente familiar, me acompanhava pelo jardim de manhã, em direção ao lado de fora onde meu pai e minha madrasta esperavam para finalmente me levarem para casa.

— Você se lembra de alguma coisa, Angel? - perguntou Richard, com curiosidade. Pensei um pouco antes de responder

Drogar uma pessoa com alucinógenos. Matá-la e ressuscitá-la dezenas de vezes durante a indução de um coma não parecia um procedimento legalmente aceito. Meses antes, quando Richard soube dos meus problemas unicamente psicológicos, eu havia escutado uma conversa atrás da porta...

Meus pais me aguardavam.

— Não, não me lembro de nada. - respondi com um sorriso e me despedi de Regulus.

No caminho, observei dois garotos. Um estava sentado na grama, brincando com dominós, enquanto outro apenas observava de pé. Coloquei minha mão no bolso da calça e senti as três peças antes de me dirigir na direção deles.

— Aqui. - disse eu ao mais novo, entregando as três peças. - A Ovelha, o Lobo e a Criança.

Os dois apenas me observavam enquanto eu me afastava.

— Ah, a propósito! - gritei, antes de desaparecer de vista. - Espero ver você por aí, Mark!

O garoto sorriu e se despediu com um aceno, um pouco confuso.

Afinal, o garoto nunca havia me dado aquelas peças.

Afinal, eu nunca havia conhecido qualquer um deles.

E é assim que minha história começa.