Eu estava morrendo. Não, não via a vida passando pelos meus olhos como nos filmes. Eu me sentia entorpecida, já havia me acostumado com a dor e me entregado a escuridão. Meus sentidos já não estavam mais funcionando direito, não ouvia, nem via nada.

Quem diria que logo eu, que não gostava de super-heróis, me apaixonaria por um, seria filha de outro, me tornaria amiga de vários e, no fim, morreria os salvando tornando a mim mesma uma heroína? É, o mundo dá voltas.

E pensar que tinha todo um futuro planejado. Nada saiu conforme eu queria, mas mesmo assim foi tudo mais perfeito do que poderia imaginar. Sorri, chorei, fiquei com raiva, amei, fui amada...

Valeu a pena cada segundo. Nem nos meus sonhos eu acabava tão feliz. Talvez a graça da vida seja que ela não segue qualquer planejamento. Ela segue seu próprio rumo sem se preocupar com o dia de amanhã.

Eu com certeza vivi. Bem, você não deve estar entendendo onde quero chegar com todo esse discurso sobre a vida e heróis.

Acho, que para você entender, teremos que voltar tudo, desde o começo da minha vida monótona, e também falar sobre como ela mudou de maneira tão repentina.

Vai ser uma longa história. Tudo o que peço antes de começar é que você não julgue ninguém antes do fim dela, nem mesmo a mim, porque, para ser sincera, isso provavelmente vai acontecer. Não é muito difícil me odiar, ainda mais depois de me conhecer melhor.

Bem, tudo começou quando eu ainda era criança e vivia no orfanato Santa Luzia...