Na Mira da Fama: Um Bom Motivo Para Sorrir escrita por BeaFonseca


Capítulo 6
Capítulo 05 - Lembranças




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Eu me sentia uma idiota neste momento. Usada e invadida – não no sentido literário. Andei de um lado para o outro no quarto do hotel. Meu coração ainda acelerado, e duvidava muito que tivesse alguma coisa a ver com a raiva que eu estava dele, o que me gerava mais irritabilidade com essa possibilidade.

O que aconteceu?— Sook entrou no quarto, preocupada. Nem havia percebido que ela tinha chegado.

—  Jimin recebeu uma missão muito suspeita, que tinha a ver comigo.— Comecei, mal percebendo que estava falando em coreano. Eu estava nervosa demais para lembrar que Sook entendia português. – Eu descobri sua missão e ele não parecia decepcionado. – Comecei embolando as palavras.— Quer dizer, porque ele parecia feliz por ter perdido? Era de interesse dele que eu pedisse algo? Não faz sentido, Uni. – Pela primeira vez, chamei Sook de Uni.— A missão era muito específica. Porque? – Sentei, finalmente, na beirada da cama. Cansada.— E depois do beijo, eu me dei conta de como foi fácil...

— Você beijou o Jimin? – Sook sentou ao meu lado, parecendo surpresa. Corei.

         Me levantei novamente, incerta sobre o que tinha dito. Ela não precisava saber disso, mas no momento, era a única que eu confiava. Mexi as mãos agitada e colei uma na outra, nervosa.

Na verdade, foi ele quem me beijou.— Tentei me defender, mas era inútil quando você sabia, e o outro percebia que um beijo não era exatamente um beijo quando não era permitido. – Bem, isso não importa, porque ele me enganou!

Perdão?— Sook não parecia entender.

Ele inventou aquela missão idiota pra me fazer de idiota.— Bufei e me sentei novamente na beirada da cama. - É uma brincadeira de muito mal gosto.

Querida...— Sook tocou meu ombro. – Jimin não inventou nada.— A encarei, confusa. Ela sorriu. – Sou eu quem crio as missões, e a dele era fazer alguém sorrir.— Ela se levantou, suspirando, e parecia que estava prestes a confessar algo. – Na verdade, ele poderia escolher qualquer pessoa pra essa missão, mas talvez eu tenha sugerido a ele que você seria um bom desafio.— Ela me encarou, sentindo-se culpada. – Não me entenda mal por isso. Mas é que seu irmão já conversou tanto sobre o fato de está preocupado com você, porque a queria ver sorrindo novamente...— Suspirou. – Eu só achei que, por Jimin ser quem era, poderia conseguir te deixar feliz.

Não sei o que dizer.— De fato, eu não sabia, porque meus pensamentos borbulhavam. Eu sabia que deveria ficar irritada por isso, mas eu não conseguia, de forma alguma.

Espero que me perdoe por isso, não achei que fosse ter uma enorme repercusão como esta.— Ela parecia realmente arrependida. – Foi bastante inocente da minha parte essa atitude.

Tudo bem.— Foi a única coisa que eu disse. Eu precisava refletir melhor sobre isso. 

         Todos pareciam preocupados com o fato de eu não ser feliz. O que não os culpo por isso, afinal, eu geralmente fazia questão de ser a chata e infeliz pelos cantos. Eu não sabia que Tony realmente se preocupava com esse fator, o que me deixou surpresa. Ele ter revelado isso pra Sook, só mostrava o quanto ele já havia desabafado sobre isso.

         Sook não havia feito por mal, é claro, e imagino que ela não teria adivinhado o que iria acontecer. Eu não poderia culpá-la por isso. Quanto a Jimin, eu não sabia até que ponto ele estava sendo verdadeiro com o beijo, mas com a missão, ele não me enganara. Talvez seja como Sook havia falado. Por ele ser quem era, deveria gostar de ver todos ao redor sorrindo, e por isso, esteja empenhado a me ver também. O que era idiota, na verdade, mas confesso que fofo. O beijo, talvez, tenha sido culpa minha e só agora parei para analisar melhor. Eu praticamente me joguei em seus braços quando comecei a encarar sua boca. Qualquer idiota teria percebido o que eu estava pensando.

Mil vezes uma tola! – Pensei.

Sook, eu preciso me desculpar com o Jimin.— Falei, e Sook parecia aliviada com minha repentina expressão de surpresa. Ela sabia que eu não estava mais com raiva.

Se não me engano, eu o vi cruzando a quinta porta deste mesmo corredor.— Ela disse, pensativa. Antes que eu pudesse sair do quarto. Ela me chamou. – Me chame de Uni, Sophie. Eu gosto.— Foi a única coisa que ela disse.

Está bem, Uni.— Repeti, fazendo ela sorrir. Eu ainda estava sem graça por soltar sem querer essa expressão. Eu não era obrigada a isso, porque não cresci na coreia. Porém, já que eu estava na chuva, era para se molhar.

         Caminhei sorrateira pelo corredor, percebendo o silêncio ambiente. Ninguém ainda havia voltado do restaurante do hotel. 

Quinta porta do corredor. Direita ou esquerda? Fiquei alí, parada e pensativa.

— Droga! – Seria incoveniente se eu batesse na porta errada.

         Antes que eu pudesse arriscar, ouvi Jin e Rap Monster se aproximando. Eles me encaravam surpresos.  

Está perdida, Sophie?— Jin perguntou, preocupado.

Psicologicamente estava, mas eu não precisava dizer isso a ele.

Não, Oppa.— Respondi. Mas que tipo de pergunta idiota. Era um corredor com 5 portas.  E fazem dois dias que estamos aqui neste hotel. Eu não iria me perder de repente.

Observei que eu estava usando muito a palavra idiota.

Está procurando o seu Oppa?— Isso depende de quem eles estavam falando. Mas o que eu estava dizendo? É óbvio que eles falavam do meu irmão.

         Sinceramente, essa história de Oppa era confusa, e as vezes eu realmente me embananava.

Eu estou procurando o Jimin Oppa. Preciso falar com ele.— Expliquei, e os dois fizeram expressões de quem havia entendido.

Ele está no da direita.— Rap monster respondeu.

Obrigada, Oppa. – Falei, esperando eles virarem a esquerda e entrarem.

Como era irritante falar Oppa.

         Bati na porta três vezes e nada. Acho que ele não estava no quarto. Esperei apenas alguns segundos a mais, até desistir. Quando virei de costas, ouvi outra porta se abrindo e Jungkook sair correndo e rindo. Quase me atropelou.

Desculpe, Noona. – Ele disse, surpreso por me ver.

Ta querendo me matar, Jungkook?— Coloquei as mãos na cintura, fazendo referência ao dia do incidente com os cabos elétricos. Ele ficou envergonhado.

         Sugar saiu do quarto, e estava até sorridente. O que era estranho pra mim.

Está querendo falar com o Jimin?— Ele foi direto. Abri e fechei a boca várias vezes, imaginando se ele sabia de algo.

Sim.— Decidi responder apenas isso.

         Depois que ele chamou o V, e o J-hope e os arrastou junto com Jungkook corredor a fora, notei que Jimin estava na porta, e estava envergonhado. Eu estava do mesmo jeito, pra falar a verdade.

Quer entrar?— Ele foi cauteloso ao perguntar, e percebi que me avaliava. Talvez ainda procurasse algum sinal de raiva.

Eu vim pra me desculpar. – Falei, de uma vez, não respondendo a sua pergunta. Ele ficou surpreso e aliviado. – Uni me explicou sobre a missão. Não foi justo eu ter te acusado daquela forma.

Tudo bem, eu que não fui muito prudente.— Falou, ficando ainda mais envergonhado. – Me desculpe também...— Pós a mão na cabeça. – Pelo beijo.

Oh...— Olhei para todos os lado do corredor. – Ninguém precisa saber.— Pedi. Ele concordou, mesmo parecendo decepcionado.

         Sem mais, entrei no quarto, analisando a bagunça. Parecia que um Furacão havia passado por aqui.

Desculpa a bagunça.— Ele riu, e o Jimin sorridente voltou.

Eu sabia que quarto de meninos era uma bagunça. Mas parece que teve um terremoto aqui.— Afastei um travesseiro com o pé. Em seguida, alcancei a cama e me sentei na beirada. Não havia percebido que estava realmente cansada.

Ele continuou rindo e sentou na beirada da cama ao lado. Nos encarávamos.

Olha, isso não precisa ficar mais estranho do que já ta.— Decidi quebrar o gelo. – Podemos fingir que nada disso aconteceu e recomeçar do zero, que tal? — Sugeri.

Me parece uma boa ideia.— Ele concordou.

Uni me falou que você gostaria de me ver sorrindo, porque é isso que você faz ...— Apontei pra ele. – Fazer todo mundo feliz.— Ele fez careta, dando de ombros, concordando mais uma vez. – Decidi te contar porque essa carinha aqui — Apontei para meu rosto. — Não vê um sorriso sincero a um bom tempo.

         Jimin se ajeitou na cama, interessado na história. Pensei em como começaria. Eu nunca tinha conversado sobre isso com ninguém, apenas com meu irmão. Era estranho, e ao mesmo tempo, eu sentia conforto com isso.

Desde os meus 5 anos de idade, eu frequentava aulas de dança e música. Era a única coisa que me deixava realmente feliz. Até que em 2011, com 14 anos, eu já dava aulas de dança e já tinha conhecimento com quase todos os instrumentos musicais. Eu estava decidida a conseguir uma bolsa de estudos na academia de dança mais famosa do Brasil. Era minha chance...— As lembranças eram realmente boas, e Jimin ouvia tudo atentamente com uma expressão curiosa.

Em 2012, as inscrições iniciaram. Fantasiei todas as minhas apresentações futuras, certa de que eu passaria. Meus pais estavam muito orgulhosos de mim.— Suspirei.

— Você conseguiu? – Jimin perguntou, empolgado.

Eu não fui aceita. – Olhei para ele, e em seguida olhei para minhas mãos que começavam a tremer, talvez por raiva.—  E para piorar ainda mais a situação, descobri que a maioria das candidatas eram indicações de patrocinadores, o que era um claro sinal de que nada era real... Ninguém tinha uma chance real de ganhar a bolsa. Era tudo uma farsa para conseguirem mais patrocínio e prestígio. Eles destruíram o sonho de muita gente naquele dia, inclusive o meu. — Uma pontada de amargura me apertou.

— Nós passamos por muitas coisas também antes do Debut.— Jimin se referia ao grupo. – Tivemos que mudar muitos comportamentos e hábitos em prol de patrocínio. — Torceu o nariz, com a lembrança.  

 – Como se fossemos um bando de marionetes. – Completei.

O que aconteceu depois?— Perguntou. Mas eu não sabia se estava pronta para contar o resto da história. Respirei fundo. Eu não precisava guardar essa dor por mais tempo. Eu precisava senti-la, e mesmo que Jimin não fosse meu melhor amigo ou meu irmão, eu tinha que começar por alguém que talvez tenha buscado meios de me ver sorrindo. Talvez fosse valer a pena contar pra ele.

De algum modo já estava na hora de virar a página, e só agora havia me dado conta disso.

— Na volta pra casa, meus pais tentavam me consolar de todas as formas. Dizendo que eu ainda tinha chances de entrar em outras academias de dança, que não haveria problema e que estavam sempre ao meu lado pro que der e vier.— Revirei os olhos, já ciente de que as lágrimas desciam. – O carro desgovernado bateu no carro dos meus pais naquele mesmo dia, e quando me dei conta, eu estava em um hospital, sem meu pais e com uma quase paralisia nas pernas. – Soltei o ar que prendia. -  Quase um ano para eu me recuperar do choque da perda, e recomeçar diversas sessões de fisioterapia intensiva. Eu não voltei como era antes, tive medo de recomeçar minha vida, e desde então, vivo presa nessa maldita reclusão interna. – Levei minhas mãos ao rosto.—Porque eu havia perdido qualquer esperança ou motivação pra ser feliz.

         Eu não precisei olhar para Jimin pra saber que ele estava com pena de mim. Minhas lágrimas caiam sem parar, e eu não fiz nada pra evitar. Era a primeira vez em anos que eu realmente chorava com todas as forças que eu tinha. Meu irmão sabia como eu me sentia, e fazia de tudo para me ajudar, mesmo sendo das piores maneira possíveis.

         Senti um abraço me envolver e não impedi. Era bom ser reconfortada e naquele dia, eu não me esconderia em uma máscara novamente.

Eu não sou a melhor pessoas para dar conselhos. Mas sou muito bem em fazer as pessoas esquecerem seus problemas...— Ele enxugou minhas lágrimas. – Você só precisa deixar que te ajudem, sabe...?

        Fiquei refletindo sobre isso, e levei um bom tempo até parar completamente de chorar. Eu nunca deixei ninguém se aproximar tanto a ponto de me ajudar. Tony tentava a anos e nunca conseguiu. Eu não sei como Jimin poderia me ajudar... Não sei se havia alguém que poderia. Pensando nisso, soltei um riso fraco.

Eu sou um turbilhão problemático.— Confessei, e ele sorriu, entendendo o que eu quis dizer. – Mas você não precisa se envolver nisso.

— É só o que eu sei fazer. — Ele riu, e de alguma forma, me fez rir também. – Viu? Não é tão difícil.— Fiquei surpresa com isso.

Você realmente é bom nisso. Talvez tivesse chance com a missão, se não fosse tão óbvio.— Brinquei, e notei que eu ainda sorria.

Não sou conhecido por ser discreto. – Rimos mais uma vez. Na verdade, eu gargalhava.

         Pela primeira vez, em anos, eu estava rindo com algo bobo, e sem maldade ou intencional. Eu não me lembrava de ser tão bom assim.

         Depois de um longa conversa, Jimin e eu acabamos nos tornando mais próximo. E eu me sentia muito melhor. Ele era um bom amigo, e eu estava disposta a dar uma chance pra essa amizade.  Eu até já estava ouvindo histórias suas de infância.

Acho melhor eu ir. – Falei, finalmente finalizando nossa conversa e olhando a hora. Já era tarde, e meu irmão já devia está no seu quarto. Os rapazes não voltaram, o que era estranho.

É, além do mais, esse quarto nem é o meu.— Ele confessou.

Os rapazes devem tá furiosos com a gente.— Me levantei indo rapidamente até a porta, acompanhada de Jimin.

Tudo bem. Devem ta no quarto dos Hyungs conversando sobre o show amanhã. Eu vou até eles.— Jimin disse, e acabamos nos despedindo, sem antes darmos um simples abraço.

Boa noite, Jimin Oppa, e...— Cumprimentei. – Obrigada.

Boa noite, Sophie.— Ele sorriu.

É... Em uma noite, meu mundo virou de cabeça pra baixo, e em poucos dias, quebrei minha promessa mais preciosa: Nunca sorrir por motivo algum.


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Notas finais do capítulo

Oi gente!! As coisas vão começar a andar pra Sophie. Ela tirou um enorme peso nas costas, e vai valorizar a ajuda das pessoas ao redor.

No próximo capítulo, Sophie se encontra num enorme problema, onde uma revelação poderá prejudicar o cargo do seu irmão, e acabará com a nova música do BTS. Mas antes disso, ela tem uma brilhante ideia.

Bjss... Porfavor, não deixem de comentar! É muito importante e motivador tbm. Já tenho mais dois capítulos prontos. Me ajudemmmm!!!



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