A Última Guerra de Percy Jackson escrita por Avassalador


Capítulo 3
Nada que seja muito animador


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo. Esses primeiros servindo apenas como desfecho para o desenvolvimento

Explicações maiores surgirão



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3.

 

Os semideuses estavam embasbacados com aquela transformação repentina. Afinal, o que estavam enfrentando? Percy e Frank rinoceronte estavam prontos para agirem quando um grito ensurdecedor cobriu toda aquela área. Era como se uma torcida comemorasse um gol decisivo de futebol.

— Pelos deuses e por Roma!

De repente, dezenas dos campistas romanos surgiram de trás das árvores que ainda permaneciam em pé. Percy reconheceu até mesmo Dakota, com  sua boca manchada provavelmente de Kool-Aid. Annabeth percebeu que Reyna já não estava mais ali com eles e entendeu na hora do que se tratava. Era um ataque surpresa. A pretora apareceu montada em seu Pégaso, dando voltas pelo ar enquanto atirava com um arco de madeira talhada. Os outros arqueiros pareceram seguir seu exemplo e diversas flechas foram disparadas. Jacques recém transformado não demonstrou preocupação, no entanto, era claro que não esperava por isso. Flecha após flecha o seu corpo branquíssimo ia ficando cada vez mais acumulado de ferimentos. Ele estava sendo acertado como se fosse um jogo de tiro ao alvo e não dava a mínima. A tranquilidade de Jason ao notar que as defesas do acampamento ainda estavam resistindo se esvaiu.

— Ele não está sangrando - observou Hazel.

Esse contra-ataque não durou por muito tempo. Aquelas quatro asas se ergueram para o alto e desceram com ferocidade, causando um forte vendaval. Graça a isso, todas as flechas que o haviam acertado e as que ainda estavam no ar, retornaram. Não houve tempo de reação e muitos campistas foram acertados pelas próprias flechas. Várias outras iam para diversas direções diferentes: norte, sul, leste, e oeste.

— Recuar! - gritavam os líderes das Coortes - Para trás das árvores, rápido!

Algumas iam na direção de Percy e o teriam acertado, mas antes que isso pudesse acontecer o Frank rinoceronte se pôs entre eles.

— Frank! – gritou o filho de Poseidon vendo o heroico sacrifício.

Ele apressou-se para o outro lado de seu amigo a fim de checar a situação. Felizmente apenas duas das flechas conseguiram penetrar na carcaça dura e cinzenta de Frank.

— Droga, isso será um problema quando você voltar ao normal – disse Percy preocupado enquanto examinava a ferida e via sangue escuro escorrer pela lateral do corpo animal.

Frank se limitou a mexer as orelhas. Já não era mais necessário que um agradecesse ao outro. Ao decorrer de tantas batalhas o laço de amizade entre os semideuses da profecia se fortaleceu ao ponto de se preocuparem uns com os outros como se fossem uma mesma família. Não que eles já não fossem, afinal de contas eles tinham laços divinos de parentesco, mas aprenderam da pior maneira que esse tipo de relação nunca impediu ninguém de matarem uns aos outros. Agradecimentos eram dispensáveis. Poucos metros de distância dali Annabeth e os outros se levantavam do gramado sujo. Deitar foi a opção que encontraram para se protegerem das flechas. Mesmo Jason, que ainda tinha seu estômago doendo, foi bem rápido em se abaixar.

— Espera, tem algo de errado – comentou Hazel enquanto tocava com sua mão no chão mais uma vez.

— Qual o problema? – questionou Piper.

— As flechas – respondeu ela – os números não batem.

Ela disse aquilo como se fosse explicação suficiente.

— O que quer dizer? – perguntou Annabeth chegando mais perto.

— O número de flechas que ele lançou de volta é muito superior ao número que de fato o acertou – explicou.

Diversos campistas estavam caídos gemendo de dor. Todos os que conseguiram escapar da saraivada retornaram para trás das árvores, assustados. De vez em quando um ou outro se arriscava em ir para a área aberta e arrastar um de seus colegas feridos para ficarem em segurança. A filha de Plutão sentiu seu coração ficar pesado. Aquele também era seu lar e estava sendo destruído cada vez mais.

— Isso quer dizer que... – começou Jason.

— ... Ele devolveu o ataque numa potência maior – completou Piper.

— Parece que sim – concluiu Hazel.

Annabeth fixou os olhos no inimigo. Realmente aquela era uma transformação muito bizarra. A semideusa não se lembrava de já ter visto algo parecido antes nem mesmo em algum livro. Jacques deixou seu sorriso morrer e já parecia estar ficando entediado novamente. Percy, sem mais nem menos, passou por Frank rinoceronte e apontou contracorrente para a criatura. Todo aquele brilho branco já estava começando a o irritar. A lua no céu escuro servia como uma espécie de holofote dramático.

— Você é um monstro? – perguntou – Foi mal, mas não acho que saiba o que você é.

Jacques, que agora procurava entreter-se olhando para as próprias enormes unhas, olhou na direção dele. Seu brilho diminuiu um pouco e seu olho tremeu. Aparentemente se o olho da criatura mudou em alguma coisa Percy não notou, mas viu que algumas veias se ressaltarem em sua testa. Ele estava ficando irritado com algo.

— Um monstro? – indagou calmamente sem se mover.

Percy tentou lembrar-se se haveria algum lago por perto. Seria útil que tivesse água para que usasse a seu favor. Isso o fez pensar que mais tarde teria de usar seus poderes para apagar os incêndios, as chamas ainda consumiam os edifícios e algumas das árvores do acampamento. Ali naquela mesma área o chão estava coberto de crateras, relevos, e desabamentos. Não importa para onde olhasse veriam destruição. Seria um trabalho árduo para que o Acampamento Júpiter voltasse a ser belo.

— Um monstro? – falou novamente levantando a cabeça – Um monstro?! – gritou.

Rapidamente ele levantou um de seus longos e brancos braços na direção de Percy. Nesse momento as dúvidas de antes foram confirmadas. Vendo de perto era óbvio que se tratava da mesma onda de luz azul causada pelo outro homem mais cedo no quarto. Percy, já esperando por isso, desviou para o lado esquerdo. O ataque passou direto e foi acertando e perfurando várias árvores ao fundo. Percy correu até ele aproveitando que o espaço que o separavam era curto. Jacques muito rapidamente já levantou o outro braço. Ele teria disparado mais uma vez, no entanto hesitou. Naquela distância também seria muito perigoso e talvez também saísse prejudicado.  Usando as quatro asas ele tomou impulso e se distanciou alguns metros para trás. O semideus ainda assim continuou correndo com todo fôlego em sua direção. Com um golpe astuto, e se esticando o máximo que conseguia, usou contracorrente para cortar um dos braços de Jacques que se mantiveram estendidos à sua frente e prontos para atacarem. A criatura olhou para seu longo braço direito rodar em pleno ar e cair logo em seguida. Os dois pararam. Geralmente quando Percy cortava o membro de alguém essa pessoa virava pó. Isso não aconteceu e começou a mexer com seu psicológico. "Eu machuquei um humano? - pensou temeroso, com o coração batendo acelerado - Não! Contracorrente teria passado direto por ele, esse cara não é humano". Jacques manteve-se inexpressivo, sem demonstrar que pudesse estar sentindo qualquer dor. Percy, sem esperar qualquer reação, avançou e tentou acertá-lo no peito magro. Jacques havia ficado mais alto depois da transformação, tanto que precisou mirar sua espada para cima. O bronze celestial entrou e saiu pelo corpo dele fazendo um som afiado. Conseguiu atravessa-lo bem onde deveria estar o coração. Jacques não se importou novamente e com o braço esquerdo - o único que restara, pois a palma de sua mão a centímetros de distância do rosto de Percy que ficou boquiaberto. Por mais que tentasse e fizesse força para retirar Contracorrente o esforço era inútil.

— Um monstro? – gritou mais uma vez, sem comentar sobre seu braço arrancado ou a espada atravessada em seu corpo – Como ousa comparar uma criatura tão pura quanto eu com um monstro?!

— Percy, pule, rápido! - ele ouviu o que parecia ser a voz de seus amigos dizerem ao longe.

Sem muitas alternativas, e prestes a ter sua cabeça estourada, fez o que foi dito. Apoiou um de seus pés no joelho bovino de Jacques e tomou impulso para cima. Em seguida apoiou-se novamente mas dessa vez nos ombros, era como se estivesse fazendo parkour em um corpo. Talvez fosse o pulo mais alto que fizera apenas com o próprio esforço em sua vida. Agradeceu mentalmente as antigas aulas de escalada e olhou para baixo. Então entendeu o porquê de terem dito para que pulasse: Frank rinoceronte avançou com toda velocidade e fúria na direção em que estava. Pela segunda vez naquela noite o chifre de seu amigo o salvou. Jacques foi arremessado para trás e só não caiu porque conseguiu se estabilizar com suas asas. Graças a esse golpe o ataque de energia foi desviado para o céu, como um veloz sinalizador. Percy caiu sentado em cima do animal. Nunca se imaginou montado em um rinoceronte, ainda mais naquelas circunstâncias.

— Você gosta de pegar as pessoas desprevenidas, não é? - Jacques perguntou se dirigindo a Frank.

Ele tinha várias aberturas e ferimentos de flecha e espada no corpo mas continuava a falar com uma normalidade assustadora. Annabeth checou se Jason já estava em condições de lutar e andou até se aproximar de Percy e Frank com os outros em seu encalço. Jacques observou a movimentação atentamente e sem fazer nada. Seria melhor que todos o enfrentassem juntos.

— Bela montaria - disse Piper elogiando.

Frank emitiu um som engraçado e arrastou as patas no chão. Com os olhos cinzentos fixos na criatura Annabeth suspirou frustrada. Estava muito curiosa para saber com quem estavam lidando, a autoria e motivo daqueles ataques. Por um momento houve apenas silêncio cortado apenas pelo som do vento. Nem mesmo as chamas consumindo madeira não muito longe dali eram audíveis. Percy desceu de cima de Frank e passou a encarar Jacques juntamente com os amigos. Hazel teve a impressão de que a luz da lua estava mais forte que nunca. Por que estava se sentindo daquele jeito? Aquela sensação de impotência e pressão a fez recuar dando um passo para trás sem que os outros percebessem. Algo estranho estava acontecendo com ela, talvez fosse a influência de alguém.

— Pode ser que meus incríveis ouvidos tenham me enganado mas perguntarei mesmo assim - anunciou Jacques - você foi chamado de Percy?

Ele olhava diretamente para Percy dessa vez. O semideus se lembrou que seus amigos gritaram por ele quando o avisaram para pular. Deve ter sido nessa hora que Jacques ouviu. Porém, não via o porquê do interesse repentino em saber disso. Se eles tivessem se encontrado antes explicaria o motivo da destruição do Acampamento Júpiter, afinal se trataria de um velho inimigo. Mas de algum jeito sabia que esse não era o caso. Annabeth arqueou a sobrancelha e estava pronta para dar uma resposta dura no lugar dele. Poderia ser tão impertinente quanto o namorado quando realmente quisesse.

— Sim, sou eu. Percy Jackson – ele respondeu tomando a dianteira.

Silêncio. Mais uma vez o vento se fez presente, dessa vez um pouco mais gelado. Só então Percy percebeu que Jacques, apesar de ser realmente bizarro, tinha alguma distinta beleza na aparência. Seu corpo muito branco não era algo fácil de desviar o olhar, era chamativo e as quatro asas tomavam proporções elegantes, lembrando uma borboleta. Seu torso esguio era explícito como a juba em um leão. Se ele não estivesse ferido e sem um braço talvez fosse mais nítido sua peculiaridade. Jacques abriu um sorriso tão branco quanto o resto de si.

— Ora, mas por que não disse antes? – vociferou.

Seu brilho branco de antes voltou com tudo. Suas asas se abriram grandiosamente e jogou sua cabeça para trás dando uma gargalhada.

— Ele está... feliz? - questionou Jason para ninguém ao certo.

Jacques curvou-se um pouco para frente de maneira um pouco desajeitada graças aos seus cascos. Só então notaram que era um tipo de saudação. Levantou a cabeça novamente e voltou para sua postura graciosa.

— Mas que honra eu estar lhe enfrentando, me regozija que você seja meu adversário! – exclamou em deleite - Mas você estar aqui me faz pensar: Vladik falhou em lhe entregar a mensagem?

Percy franziu a testa.

— Vladik? Se você estiver falando do cara que destruiu o meu quarto fico feliz em ressaltar que ainda vou acabar com ele – respondeu também sorrindo – ele é amigo seu?

Jacques fez um ruído de desgosto.

— Amigo? Céus, oh não – tratou de dizer - Um cavaleiro do exército de Vossa Majestade como eu jamais seria amigo de alguém com patente inferior.

— O que você quer dizer com patente inferior? - quis saber Jason mais atrás, temendo que se trata-se uma hierarquia pois isso significaria mais deles.

— Que pergunta fútil, semideus – Jacques fechou os olhos e balançou a cabeça dramaticamente – isso é óbvio. Já deveria ter concluído que não sou o único a servir Vossa Majestade.

Jason soltou um muxoxo, era justamente o que não queria ouvir. Annabeth aparentemente seguiu a mesma linha de raciocínio pessimista já que ficou tensa. 

— E de quanta gente estamos falando? – Percy indagou.

Jacques abriu mais o sorriso e inclinou-se para frente. Dessa vez não parecia estar fazendo alguma reverência. Seu corpo brilhou novamente, assim como quando ele se transformou um pouco mais cedo. Todos tamparam os olhos imediatamente. Até mesmo Frank decidiu voltar para a forma humana e colocou seus braços em frente ao rosto. Da última vez somente suas pálpebras puderam ser usadas já que um rinoceronte não consegue levar as patas até o rosto.  Infelizmente agora ele estava ferido no lado de sua barriga por conta das duas flechas que o acertaram. O brilho forte durou cerca de dez segundos. Quando abriram novamente o olho, e se acostumaram com a claridade da lua, viram que Jacques estava agora com dois braços ao invés de um.

— Ele se regenerou! - observou Piper estupefata.

Mas como se não fosse o bastante também ficou duas vezes maior e esguio. Atingia seis metros de altura facilmente. Passou a língua em volta dos lábios e sorriu divertidamente ao ver a expressão dos semideuses. Era como uma metamorfose. Por fim, resolveu responder a pergunta que lhe fora feita.

— Um exército – respondeu banalmente.

Percy engoliu em seco.

— Não é muito animador, não acham?

Ninguém respondeu.


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Notas finais do capítulo

É isso!



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