A Última Guerra de Percy Jackson escrita por Avassalador


Capítulo 15
Muito barulho


Notas iniciais do capítulo

Voltamos dessa vez com os acontecimentos por parte da outra equipe.
Aproveitem e comentem!
(comentários são muito incentivadores)



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15.

 

Quando Jason se deu conta já havia acontecido. Juntamente com Piper e Nico ele caía de uma distância de muitos metros acima do chão. Não era nem de longe a primeira vez que enfrentava uma queda, mas se não tivesse sido rápido o suficiente, e pego seu amigo e sua namorada dentro do tempo, teria sido um fim desastroso. Nico tinha avisado que era a primeira vez que transportaria alguém diretamente para o Mundo Inferior e que algo poderia dar errado, no entanto não estavam esperando que fossem aparecer no meio do ar. Puderam soltar a respiração depois que Jason os colocou gentilmente em solo firme. Nico sentou-se na grama negra e deu um suspiro.

— Eu sabia que deveríamos ter usado a entrada do Central Park.

Piper harmonizou dizendo que precisavam ser rápidos e que valeu o risco.

— Então... Em que lugar do Mundo Inferior estamos exatamente? – perguntou Jason.

Ele olhou em volta e não conseguia ver nada além de uma vasta área com decorações e esculturas luxuosas em pontos aleatórios. Se ele forçasse a vista poderia enxergar grandes rios ao longe. Os três pareciam ter caído na parte baixa de um morro, pois havia uma grande elevação ao lado.

— Acho que sei onde estamos – disse Nico olhando para cima – se subirmos por aqui poderemos ver o palácio do meu pai logo atrás.

Piper não se sentia nada bem estando ali. Aquele lugar era tão... morto. Havia várias árvores que ela reconheceu sendo choupos, mas eram tão escuras quanto a grama no chão. O vento era morno e úmido, como se estivessem em uma caverna gigante ou em um pântano. Ela estremeceu e fez um gesto com os dedos no peito, como se estivesse afastando o mal. Pensou se seria possível que um fantasma poderia pregar uma peça nela. Mas pensando bem nenhuma alma que vivesse por ali teria o mesmo senso de humor que os Lares no Acampamento Júpiter. Ninguém riria em um lugar como aquele.

— Vamos subir! – exclamou Jason indo para cima. 

Nico e Piper iam juntos às costas de Jason.

— Então seu pai manda nisso tudo? – comentou Piper – É impressionante!

Ela não estava mentindo. O lugar apesar de melancólico era enorme, e comandar todas as centenas de mortos que surgiam dia após dia não devia ser tarefa fácil nem mesmo para um deus.

— Bom, mais ou menos. A parte do Mundo Inferior que ele governa é conhecida como a Casa de Hades, você sabe. Mas existem áreas além dessa que fogem de jurisdição – Nico explicou.

— Como o Tártaro – disse ela.

— Sim, como o Tártaro – concordou – muito raramente ele desce lá embaixo, mas a maior parte daqui é dele mesmo. Inclusive meu pai vive reclamando do trabalho.

Piper lembrou-se do pai, ator famoso de cinema. Às vezes ele reclamava da vida de astro e todas as suas consequências: fãs enlouquecidas, paparazzis, entrevistas, etc. Mal ele sabe das dificuldades que seria cuidar do reino dos mortos, uma verdadeira profissão trabalhosa e exaustiva. Se soubesse talvez não reclamasse de mais nada durante toda sua vida.

— Ei, venham ver isso! – Jason chamou de cima do morro.

Quando os dois o alcançaram tiveram um deslumbre do grande palácio de obsidiana. Eles estavam à esquerda da fortaleza e não podiam ver os portões de entrada, somente as muralhas externas. Olhando para ao longe na direita, onde é a frente do palácio, viram três filas enormes. Uma delas não estava tão longe de onde se encontravam.

— Estamos perto dos Campos de Asfódelos, por isso o clima morno – explicou Nico.

Jason seguiu a fila com os olhos até passar por uma cabine e ver um grande campo com massas de pessoas vagueando. Uma outra fila levava até um grande deserto onde viu cães infernais perseguindo gente. Isso o fez lembrar-se de uma coisa.

— Nico, eu não vi a Sra. O’Leary no acampamento. Ela também estava no Bunker? – perguntou.

— Até pensamos nisso, mas ela não caberia – respondeu Nico – Hermes levou-a para outro lugar, mas não sei onde.

Piper ofegou ao lado.

— Abaixem-se, rápido!

Mesmo com o aviso ela os puxou para baixo. Os dois a olharam assustados.

— O que foi? – quis saber Nico.

— Levantem a cabeça com cuidado – sussurrou ela.

Ainda bem que o morro era grande o suficiente para tampa-los da vista do palácio. Quando os três olharam por cima do topo, e com os corpos deitados na beirada, tiveram um deslumbre inesperado. Viram três pessoas saindo pelos portões da frente, todos com um uniforme militar branco. Os Cavaleiros estavam ali.

— Isso é um problemão – resmungou Jason.

Só conseguiam vê-los de lado devido a localização, porém, era o suficiente para enxergarem com precisão. Um dos Cavaleiros usava um manto branco que se arrastava pelo chão e ia andando a frente dos outros dois. Ele se virou para trocar algumas palavras com os de trás e depois ele... Entrou nas sombras? O Cavaleiro parece ter feito o mesmo que Nico já fizera diversas vezes.

— Pelo Estige, o que está acontecendo? – disse Nico perplexo.

— Pensei que só filhos de Hades e alguns monstros pudessem viajar nas sombras – falou Jason.

Nico não respondeu. Os dois Cavaleiros que ficaram deram meia volta e adentraram novamente na fortaleza.

— Precisamos dar um jeito de entrar e descobrir o que aconteceu com meu pai.

— Existe alguma outra entrada além daquela? – perguntou Piper.

— Sim, mas geralmente ficam guardadas pelos soldados mortos. Considerando que não vi nenhum na entrada principal é bem provável que não haja por lá também – respondeu Nico – vamos dar a volta.

Os três desceram o morro e começaram a contornar paralelamente o palácio de longe. Passaram por outros bosques de choupos e fizeram uma curva para se virarem na direção da parte de trás da fortaleza. Andaram através das muralhas externas e se encontraram de frente para um portão de bronze com a altura de dois andares. Jason olhou para cima e viu baluartes no topo da parede. Já no portão havia diferentes gravações de imagens e acontecimentos. Ele preferiu não se atentar demais a esses detalhes.

— Como nós entramos? – Piper indagou.

— Difícil dizer, esses portões se encontram sempre fechados – respondeu Nico.

Jason o olhou com cautela.

— Você não poderia... hã... nos levar lá pra dentro com as sombras?

Nico fez uma expressão de tristeza.

— Seria o ideal, mas algo está me impedindo. Vocês não precisam acreditar em mim, mas quando nós viemos parar no meio do ar depois que eu nos trouxe não foi culpa minha. Tem alguma coisa atrapalhando meus poderes, algo deixando as coisas confusas.

Piper pôs uma mão em seu ombro.

— É claro que acreditamos em você, Nico. Muita coisa estranha tem acontecido ultimamente – disse ela.

— Talvez seja magia – sugeriu Jason.

— Sim, é magia – falou uma voz de trás deles.

Todos os três se viraram já em posição de combate. Nico com uma espada negra, Piper com sua adaga, e Jason com sua espada de ouro imperial. O filho de Hades relaxou um pouco depois que viu quem era. O homem tinha a pele escura e um grande cabelo negro amassado de um lado, como se tivesse acabado de acordar. Usava um largo roupão amarelo e bem cuidado, parecia ser bem confortável. Piper não deixou de reparar no quanto aquele homem era lindo. Ele simplesmente tinha uma beleza invejável e natural, mais que o seu próprio pai Tristan McLean já pensara ter.

— É você, Hipnos – disse Nico.

— Desculpe tê-los assustado, eu não costumo fazer muito barulho então acabo causando sustos quando apareço – falou Hipnos.

Ele pronunciava cada palavra de uma forma arrastada e preguiçosa, dava a impressão de que bocejaria a qualquer instante.

— Este é Somno? – perguntou Jason.

— É a minha forma romana – respondeu o deus – sou mais energético quando estou nela. Gosto de pregar peças e afins. Talvez eu devesse usar essa forma mais vezes.

Nico embainhou sua espada.

— Por que está aqui? Só te vi acordado uma vez antes.

Hipnos jogou a cabeça para o lado.

— Então você não sabe do que está acontecendo? O inimigo está aqui – ele apontou para o portão – aí dentro para ser mais exato.

— Sabemos disso, vimos um deles indo embora. Parecia ser o líder ou alguma coisa assim – disse Nico.

— Talvez fosse a Majestade – observou Piper.

Hipnos bocejou e negou com a cabeça.

— Não, ele não veio aqui.

Jason estreitou os olhos.

— “Ele”? No masculino?

— O importante é que o Exército Branco está dominando tudo aos poucos. Está tudo uma zona lá fora, todos os monstros estão se dirigindo para o oeste. Ciclopes, lestrigões, e muitos outros. Logo a Califórnia se tornará ainda mais perigosa do que já é. Sorte do seu acampamento que Apolo está lá agora, jovem Grace.

— O quê? Por que estão indo para lá? – quis saber Jason.

Hipnos bocejou outra vez.

— Parece que querem ficar o mais longe possível de Nova Iorque. Os Cavaleiros têm matado monstros o tempo todo e agora estão se concentrando por lá. Aparentemente um grande ataque está vindo – explicou.

— Um grande ataque – murmurou Piper.

Nico arregalou os olhos.

— Espera aí, em Nova Iorque? Isso significa que... – ele deixou a frase morrer.

— Acho que começaram a entender – disse Hipnos.

— Hã... Senhor Hipnos – falou Piper colocando o máximo possível de charme em sua voz – o senhor disse que os Cavaleiros têm matado monstros. O senhor tem certeza disso? Por que os inimigos declarados do Olimpo fariam algo assim?

Hipnos fez um sinal de desdém.

— Eu não sei. Recebo as informações de meu filho Morfeu, então não conheço detalhes. Mas posso dizer uma coisa: ser contra o Olimpo não necessariamente quer dizer ser a favor do mal, e os monstros são maus.

Jason cerrou os punhos.

— Está de brincadeira? Esses caras atacaram os dois acampamentos dos semideuses. Pessoas morreram, talvez crianças. Não há chance de eles serem bons.

Piper segurou sua mão e lançou-lhe um olhar de advertência.

— É, talvez você tenha razão – Hipnos disse virando-se de costas para eles – eles trancafiaram Hades dentro do próprio palácio. Foi uma batalha cheia de alvoroços, por isso eu acordei. Entrem aí e resolvam.

— Espere! – gritou Nico – Você precisa nos ajudar.

Hipnos parou.

— Eu tentei coloca-los para dormir e não consegui. Parece que nós deuses não temos influências sobre eles, isso é o que dificulta as coisas. O máximo que posso fazer é coloca-los lá dentro.

Piper deu de ombros.

— Bom, já é alguma coisa.

Hipnos continuou a se distanciar. Sem olhar para trás ele levantou um dos braços e estalou os dedos.

 - Ah, tentem não fazer barulho.

Então os três sentiram um forte formigamento nos estômago. O mundo girou diante de seus olhos e, quando deram por si, estavam de pé em uma passarela junta à parede. Logo acima de suas cabeças estava o teto, então se inclinaram na borda da passarela e olharam para baixo. Lá embaixo, na sala do trono, estavam os dois Cavaleiros. Um deles tinha um olhar afiado e desafiador, quase coberto pela franja de seu cabelo castanho escuro. Esse estava sentado no chão, praticamente meditando a respeito de alguma coisa. O outro estava em pé e de braços cruzado, parecia estar bem zangado pela carranca. Tinha uma barba curta que se unia com o cabelo pelas laterais de seu rosto. Era musculoso e parecia-se com um gorila.

— Por que não podemos nos sentar nesses tronos? É ridículo e indigno ficarmos no chão! – reclamou o grandão.

O outro deu a ele uma olhada de lado.

— O líder disse que não seria uma boa ideia. Eu não gostaria de arriscar, mas se está tão incomodado assim vá em frente.

Ele bufou em resposta e continuou calado. O trono de ossos de Hades estava como sempre, e ao seu lado igualmente estava o trono de Perséfone.

— Venham comigo! – sussurrou Nico de maneira quase inaudível.

Eles percorreram o restante da passarela até chegar à parede do lado oposto da sala. Nico colocou a mão na parede e fechou os olhos de maneira bem concentrada. Ele se virou para os amigos depois de alguns segundos.

— Acho que a magia que estão usando não é forte o suficiente para me impedir de usar as sombras para o outro lado dessa parede. Provavelmente se concentraram mais em cuidar para que ninguém entrasse aqui dentro – sussurrou.

Jason agradeceu a Hipnos mentalmente, já que sem ele teria sido mil vezes mais difícil entrar no palácio.

— Temos que tentar – respondeu Jason no mesmo tom.

Piper assentiu. Os dois colocaram as mãos nas costas de Nico que voltou a se concentrar na parede. Alguns segundos depois os três estavam na passarela da sala ao lado. Nico quase caiu de cansaço, mas Jason foi rápido e o segurou.

— Você está bem? – indagou.

— Sim, foi só uma recaída.

Eles se apoiaram na borda e olharam para baixo. Um homem com um manto de seda preta andava de um lado para o outro. Ele era pálido e resmungava muito.

— Deixe-me adivinhar, esse é seu pai – disse Piper.

Nico assentiu.

— E ele não parece estar tendo um bom dia.


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Notas finais do capítulo

É isto!
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