A Última Guerra de Percy Jackson escrita por Avassalador


Capítulo 14
Completamente deuses


Notas iniciais do capítulo

One More Chapter.

A partir do próximo já passo o ponto de vista para a segunda equipe que foi para o Mundo Inferior. Sei que tem gente curiosa querendo saber o que se passa por lá.

Aproveitem!



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14.

 

Para a surpresa dos quatro, não foram parar no mesmo lugar de antes. Estavam agora em uma pequena clareira. Ainda estava à noite então a escuridão dava um ar fantasmagórico para as árvores, como se monstros fossem sair dali a qualquer instante e sombras tomassem formas. No meio de toda a vegetação, de frente para eles, uma grande fogueira que alcançava muitos metros de altura era quem clareava o ambiente. Ela era tão grande que fez Hazel se lembrar do gigante Alcioneu no Alasca, e de como aquela fogueira seria propensa para alguém da altura dele. Olharam em volta a procura de Pomona, mas não a viram. Annabeth tensionou e começou a pensar no pior. Talvez estivesse errada e tudo aquilo na verdade era uma armadilha. Se fosse esse o caso, teria que se desculpar muito com seus amigos por ter os encorajado dizendo que o plano da deusa não envolvia prende-los ou mata-los. No momento em que abrira a boca para dizer algo, vieram de trás da fogueira dois vultos. Eles se aproximaram e as chamas iluminaram o rosto de Pomona e de um homem ao lado dela.

— Hã, oi – disse Frank.

— Oi! – o homem respondeu simplesmente.

Pomona deu um passo à frente.

— Heróis, este é Triptólemo – disse ela erguendo um braço para apresenta-lo.

— Trip... Espera, o quê? – falou Percy.

Annabeth olhou bem para o homem. Pouco a pouco sua visão foi se tornando mais clara graças ao fogo da grande fogueira. Ele usava uma camiseta regata branca e luvas de jardinagem. Provavelmente também usasse botas de couro.

— Acho que conheço você – afirmou ela – é de um dos mitos de Deméter.

O homem fez uma expressão de desgosto.

— E pensar que ainda há semideuses que usam a palavra “mito”. Mas sim, estou relacionado com Deméter. E é justamente por isso que estou aqui – disse ele.

— O que ele quer dizer? – Frank sussurrou para Annabeth.

— Triptólemo foi transformado em deus por Deméter após tê-la ajudado com o desaparecimento de Perséfone – respondeu Pomona.

Hazel nunca teria dito que aquele homem era um deus. Chutaria que fosse um caipira ou um jardineiro qualquer. Ele usava uma palha na boca e isso não parecia lá uma atitude muito divina.  Preferiu simplesmente abaixar sua cabeça em respeito do que duvidar.

— O negócio é o seguinte – ele tirou a palha da boca por um instante – precisamos fazer vocês se tornarem imortais e eu sei como.

— Espera! – disse Percy.

Ele se aproximou até ficar de frente para Triptólemo.

— Antes de tudo eu quero ouvir da boca de vocês exatamente o motivo pelo qual estão fazendo isso. Não é apenas por não gostarem do inimigo, não é?

Percy alternava o olhar entre Triptólemo e Pomona. A deusa bufou enquanto fixava o olhar nas chamas.

— Porque somente assim para recobrarmos o respeito que merecemos – falou brevemente.

Annabeth trocou um olhar com Percy. Então ela estava certa afinal, ufa. Tratava-se de depositarem confiança nos quatro para que honrassem suas ações diante de todo o Olimpo. Para Percy aquilo era o suficiente. Ele assentiu e se afastou para que Triptólemo falasse.

— Muito bem, acho que vocês já têm ideia do que faremos para que se tornem imortais – disse ele.

Ninguém respondeu.

— Pelas barras de cereais, é sério que vocês não fazem ideia?

Hazel tinha um palpite, no entanto não estava a fim de dizer algo absurdo. Acontecia a mesma coisa na Academia St. Agnes para Crianças de Cor e Indígenas. Às vezes, ela sabia a resposta para alguma das perguntas de sua professora, mas seu receio da zombaria dos outros alunos caso errasse não permitia fazê-la se arriscar. Já perdera muitos pontos fáceis por conta disso. Se tornar-se imortal significava a coisa que estava pensando então teria muito que meditar mais tarde. Viveu muitas décadas vagando com os espíritos no Campo de Asfódelos e agora recebera uma proposta que tornava inviável sua volta para lá. No mínimo, era tudo muito empolgante e assustador.

— Nós vamos transformar vocês em deuses, é claro! – exclamou Triptólemo – Vocês serão como nós.

E 10 pontos para Hazel, ela estava certa. Olhou para o lado, a fim de checar as reações dos outros. Frank parecia ser o único surpreso. Percy e Annabeth estavam agitados, mas era como se já estivessem esperando por algo assim. Frank olhou de Hazel para eles exasperadamente.

— O quê? Vocês já sabiam? – perguntou.

— Não é como se houvessem várias opções sobre como se tornar imortal – respondeu Annabeth solenemente.

— Além disso – disse Percy – meu pai fez menção disso quando falei com ele. Ele disse que a mesma proposta já foi feita para mim antes... tornar-se um deus.

— Sim, foi – confirmou Triptólemo – a notícia de que Percy Jackson recusara a imortalidade se espalhou mais rapidamente que fertilização aérea. Alguns ficaram felizes, outros insultados, especialmente os Olimpianos.

Pomona bateu palmas.

— Mas agora iremos adiante. Vocês conseguiram derrotar os gigantes com a ajuda dos deuses, mas agora vocês mesmos precisam desses poderes para seguirem adiante. Com isso prevalecerão e os deuses menores finalmente receberão o reconhecimento que merecem – disse ela convictamente.

Annabeth percebeu naquele momento algo que não havia pensado antes. Sendo deuses menores, poderiam recrutar as outras divindades de iguais para iguais. Tudo seria mais fácil. Inclusive poderia viver para sempre com Percy e seus amigos quando tudo acabasse, presumindo que tudo terminasse bem. Entretanto, outra coisa que não tinha passado por sua cabeça veio à tona. E quanto à outra equipe que foi para o Mundo Inferior? Também eram seus amigos, seria injusto que não recebessem a mesma possibilidade de vida interna. Balançou a cabeça para afastar os pensamentos, isso teria que ser um assunto para se tratar mais tarde. Pomona bateu com um pé no chão repetidas vezes. Várias raízes começaram a se formar no sol, e grandes flores emergiram da terra bem abaixo de seus pés. A deusa foi sendo levantada até estar quase ultrapassar o topo da fogueira. Quando estava suficientemente em uma altura desejável, olhou para baixo.

— Venham, está na hora!

De repente, vários outros vultos começaram a sair da clareira de trás da grande fogueira. Vieram pessoas dos dois lados, todos olhando atentamente e com curiosidade para eles. Pareciam ser homens e mulheres normais, com diferentes roupas e estilos. Era como se tivessem se perdido das calçadas e acabaram entrando ali por acaso.

— Deuses menores – falou Triptólemo – todos eles.

Ele dizia a verdade, Annabeth e Percy reconheceram alguns rostos. Já os tinham vistos no Olimpo anteriormente. Deveria haver no mínimo uns quinze deuses em volta. Frank riu pelo nariz tentando imaginar qual seria a esfera de poder de alguns deles. Será que o deus da ferrugem ou o deus da lama estavam presentes? Poucos segundos depois ele estava sentindo-se mal por ter pensado algo assim.

— Por que eles estão aqui? – indagou Hazel.

Triptólemo suspirou e se aproximou de Frank.

— Deixem-me explicar. Primeiro preciso que vocês entendam o seguinte: sendo semideuses têm 50% de sangue humano e 50% de sangue divino, como bem sabem.

Ele colocou um dedo no busto de Frank e imediatamente o corpo do garoto passou a brilhar. Seu corpo foi divido ao meio em duas cores. A metade da esquerda exalava uma aura vívida e dourada enquanto a metade da direita exalava uma aura azul. O grandalhão engoliu em seco.

— Vêm? Essa é a essência de cada um de vocês. Para transformar alguém em deus é necessário que a aura humana – ele apontou com o queixo para o lado azul – seja completamente destruída.

— E... como fazemos isso? – perguntou Percy.

O deus olhou para Percy com uma expressão de desdém. Com a palha ainda em sua boca, respondeu:

— Fogo!

— O quê? Fogo?

— Sim, fogo – ele apontou para a grande fogueira.

— O fogo queima os mortais, mas é inofensivo para os deuses. Ele queimará a essência humana que divide vocês de nós – disse Pomona lá de cima.

Annabeth interviu.

— Mas espera aí, o fogo é tão mortal para um humano quanto para nós – falou levantando a cabeça para fita-la.

— Sim, o que você diz é verdade – confirmou um dos deuses menores.

Ele tinha a aparência de um rapaz nos seus vinte e dois anos.

— Mas tem mais – disse uma mulher alta e esbelta do outro lado – vocês morrem com o fogo pois ele destrói completamente 50% de vocês e é impossível que fiquem metade vivos e metade mortos.

— É necessário que algo preencha esses 50% perdidos, no caso mais essência divina. Por isso estamos aqui – explicou bondosamente um deus em forma de velho.

Triptólemo assentiu.

— Isso mesmo, Filotes. Iremos controlar o fogo para que vá substituindo cada pedaço de parte humana por parte divina. Ao final, serão completamente deuses.

Frank estava muito assustado. Não esperava que o método fosse algo como se queimar. Odiava fogo e qualquer outra coisa que pudesse causar combustão, e naquele momento estava sendo convidado a fazer o que sempre estivera evitando que acontecesse para se manter vivo. E pior, estaria fazendo aquilo justamente para que não morresse. O destino era mesmo muito irônico.

— Aprendi esse método com Deméter, afinal eu era um simples humano antes de me tornar deus – Triptólemo disse – completamente mortal. E devo dizer que o tempo em torno desse processo seria de algumas horas durante três ou quatro dias para um humano, devido a delicadeza da essência. Como vocês são semideuses e já possuem grande aspecto divino, esse tempo cai para um dia.

— Não temos um dia! – reclamou Annabeth.

— O Exército Branco está em algum lugar por aí fazendo o que bem entende, e ainda não concluímos nem mesmo o primeiro item da lista. Quíron e Lupa estão desaparecidos, são os próprios Olimpianos quem tomam conta dos acampamentos no momento – falou Percy.

— Aliás, nenhum de vocês teria alguma informação sobre esses dois teriam? – quis saber Annabeth olhando para os deuses menores.

Eles se olharam e ninguém respondeu. A loira deu um suspiro infeliz e olhou para Triptólemo.

— Não podemos esperar um dia todo, ainda mais pra cada um de nós.

— Sim, eu entendo. Guerra declarada ao Olimpo não é um assunto que possamos nos dar ao luxo de colocar em espera. E sinceramente nenhum de nós aqui é tão poderoso quanto os outros deuses que você precisa recrutar, filha de Atena. Nossa influência hoje em dia é quase nula e despercebida. Porém, unindo nossos poderes em volta da fogueira poderemos acelerar ainda mais o processo. Será questão de poucas horas até que as chamas desenvolvam vocês o máximo possível.

Frank crispou os lábios e estufou o peito. Não que fosse algo necessário já que ele era robusto o suficiente.

— Eu serei o primeiro! – anunciou bravamente.

— O quê? Nem pensar - disse Hazel.

Percy tocou o ombro do amigo.

— Tem certeza, cara? Eu ainda não estou totalmente seguro e poderia ir primeiro. Eu demoro um pouco mais para pegar fogo por ser filho de Poseidon, então se for uma armadilha...

— Percy, eu não pude proteger o meu próprio acampamento – lamentou – um Pretor deveria sempre zelar pela segurança da legião e sequer fui capaz de derrotar o inimigo. Pior que isso, nem mesmo você ou o Jason conseguiram. Eu não estava brincando quando disse que queria ficar mais forte. Eu vou primeiro.

Ele assentiu e deixou que Frank se aproximasse mais das chamas.

— Pelos deuses, Frank. Apenas tome cuidado – pediu Hazel.

Pomona abriu os braços e olhou para baixo. Ela parecia um grande inseto em cima daquela flor gigante.

— Escutem todos vocês! – clamou ela – Está na hora do primeiro passo rumo ao reconhecimento que merecemos, mas nunca tivemos. Esses heróis salvarão o Olimpo da ameaça que deseja guerra e essa vitória será reivindicada em nome de cada um aqui. Finalmente seremos os salvadores desse mundo, finalmente teremos voz e lugar. Façamos isso! Juntemos nossas forças!

Os deuses menores gritaram, com exceção de Triptólemo que preferiu continuar mordendo a palha. Eles ergueram os braços na direção da fogueira que tremeluziu e foi ganhando uma coloração verde esmeralda. As chamas continuaram a dançar altas e ameaçadoras. Percy viu que parecia uma cena bem elaborada com efeitos especiais da Disney. Frank tremeu sem sair do lugar. Seu nariz a poucos centímetros do fogo.

— Vá, filho de Marte! Entre nas chamas – disse Pomona lá do alto.

Frank deu uma última olhada para trás e seus olhos encontraram o de Hazel. Ele teria que protegê-la aconteça o que acontecesse. Esse pensamento fez seu coração se encher de coragem, ou – como ele mesmo achava – uma estúpida vontade de não ser tão idiota. O semideus entrou na fogueira de olhos fechados e esperou. Felizmente nada aconteceu, ele ainda estava vivo. Formigando bastante, mas vivo. Tudo o que enxergava era um mar de labaredas verdes dançando a sua volta. Ele sentou-se com as pernas cruzadas e se pôs a esperar. Sairia dali como um deus ou talvez nem saísse.


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Notas finais do capítulo

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