Entre o Coração e a Honra [Em Hiatus] escrita por Carol Stark


Capítulo 4
Anseios de um chanceler


Notas iniciais do capítulo

OLáa novamente! Desculpem a demora, mas esses meses tô concluindo um curso e tá o maior corre-corre. :)
Pensei pakas se voltaria à postar... Vocês também fazem falta, sabiam? Não estão me incentivando :'(
Bom, vou postar um capítulo que havia guardado. BOA LEITURA e não me abandonemmm!!



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Passaram-se dois dias desde o início da cruel batalha e vestígios ainda eram vistos pelos campos em todas as partes. Fora um rápido embate. Não demorou muito e parte da família Zhou fugiu enquanto outra parte foi dizimada.

Momentos antes, pois, ao adentrar as fortalezas dos Zhou junto a alguns de seus melhores soldados, o grande Qin realizou uma difícil luta contra o próprio Zhou, ferindo-o. Porém, Zhou mais jovem e forte, manteve sua força inabalável e avançou com sua espada contra o oponente Qin atingindo-o no peito. Ao verem seu líder caído no chão, soldados das tropas Qin vingaram o velho homem, antes impetuoso e agora, mais um entre tantos mortos.

***

Terminada a guerra, que adentrou duas luas, o Chanceler anunciou para os sobreviventes espalhados pelo campo que fora palco da batalha, a morte de Qin Shihuang, o conquistador. Em seu cavalo, Li Si segurava a flâmula dos Qin à medida que chegava ao palacete de seu antigo senhor. Muitos homens perplexos permaneciam imóveis com o comunicado, enquanto outros já endurecidos pelas tantas guerras resgatavam os seus para serem cuidados e organizavam preparativos para os mortos.

 - O grande conquistador Qin Shihuang está morto! – Gritava o chanceler Li Si – Porém, foi pela sua bravura que vencemos esta guerra! Ajudem os feridos e recolham os mortos. Honrem a memória do grande Qin Shihuang, pois agora começa um novo governo! A Dinastia Qin se inicia!

Alguns soldados, de expressão sombria, questionavam a bravura do líder Shihuang e eram contra sua sede de poder e tirania. Outros apenas seguiam as ordens.

— Inicia-se a Dinastia Qin e a unificação da China, senhor Chanceler, mas com Shihuang morto, quem irá nos reger? – Questionou um soldado. Muitos olharam-no concordando em apoio.

— Isto ainda será discutido, soldado! Mas presumo que não fará diferença para vocês as nossas decisões políticas. – Respondeu-lhe arrogante Li Si.

Provocados e tomados ainda pela tensão da recente guerra, a maior parte dos soldados atiraram pedaços quebrados de armas e pedras ameaçadoras.

— Não queiram que EU seja o novo imperador! – Esbravejou em ameaça, num misto de ira e medo o chanceler, agora instigando seu cavalo a uma corrida mais rápida.

Enquanto chegava o chanceler, o general Quon era cuidado no palacete pela princesa Min Chong.

 - General, você ficará bem. – Pronunciava baixo a princesa, limpando a área ferida do general.

Quon desacordado nada sentia.

— Alteza Min Chong! – Chegara o soldado Yin reverenciando-a. – Alteza, tenho um comunicado gravíssimo!

— O que aconteceu, soldado? – A princesa sobressaltou-se virando-se do leito para o soldado.

— Creio que deva colocar-se em seu lugar, soldado Yin. – A voz do Chanceler Li Si ecoou pelo imenso corredor do palacete que dava para o aposento em que se encontravam. Ele chegara.

Yin o fuzilou com os olhos. O Chanceler era intragável.

— O que quer, Li Si? – Inquiriu a princesa – Onde está meu tio?

— Sobre isso que vim falar-lhe, Alteza. – Começou Yin caminhando em direção ao leito de seu líder, o general Quon – Mas, o que aconteceu com ele? – Falou mais para si mesmo o soldado Yin ao ver o general desacordado e enfaixado.

O momento, porém, requeria a atenção da princesa ao Chanceler que anunciou:

— Vencemos a guerra, Alteza. – Li Si pronunciou sem floreios em uma vênia à Min Chong.

— Onde está meu tio, Chanceler? – Repetiu a pergunta a princesa.

— Seu tio lutou bravamente, princesa. Disso tenho certeza... – Não sabia como dar aquela notícia à bela mulher.

Min Chong sentiu o pesar na voz do Chanceler e permitiu-se chorar silenciosamente. Seus olhos encheram de lágrimas.

— Meu tio... Morto? – A princesa olhou agora do Chanceler para Yin que meneou a cabeça positivamente – Não pode ser... – Levou a mão à boca sentando-se em uma cadeira próxima.

Os homens nada falaram. Yin saiu do aposento.

— Princesa, presumo que tenhamos que tomar decisões agora. A Dinasta Qin se inicia, são novos tempos e precisamos de regentes... – O Chanceler olhou-a profundamente arqueando uma sobrancelha.

— O que quer dizer com isto, Chanceler? – Min Chong levantara-se impondo sua voz.

Min Chong, jovem ainda com seus dezenove anos de idade, já próxima do seu vigésimo aniversário, era madura para a idade e exalava sua beleza interior com sua altivez.

De estatura média, a princesa prendia os cabelos em uma trança que, enorme, precisava ser parte enrolada para não arrastar ao chão. Sua pele pálida lembrava uma porcelana de delicados traços. Seu olhar profundo era marcado com um traço negro na pálpebra superior. Usava adereços Reais que realçavam sua beleza. Uma fina tiara em pérolas e aço segurava parte de seu cabelo em um penteado no alto da cabeça e brincos longos brilhantes dançavam aos seus movimentos. As vestes, molduradas em uma seda amarela e branca, eram cumpridas e elegantes.

O Chanceler observou a princesa misteriosamente e encarando-a falou:

— Presumo que seremos ótimos imperadores, Alteza.

— O quê?! – Vociferou ácida a princesa – Retire-se daqui, agora, Chanceler. Eu tomarei as decisões aqui e nomearei quem desejar como o novo imperador da Dinastia Qin!

— Alteza, sempre fui o Chanceler do grande Qin, seu primeiro-ministro e braço direito. Este império também é meu. – Li Si mostrava traços de sua também loucura por poder – Esperei todo este tempo para suceder seu tio-- - Foi interrompido por Min Chong:

— E EU sou a sucessora do trono por direito, Chanceler! Poderia em seu cargo ser qualquer outro, mas em meu sangue corre o sangue imperial! Isso você não tomará nunca!

Yin, na sala do palacete Real, ouviu as vozes alteradas dessa discussão e ficou em alerta.

— Jamais quis tomar seu lugar, Alteza. – Falou misteriosamente Li Si – Mas sempre desejei desposá-la e dividirmos o trono... – O Chanceler falou lentamente aproximando-se de Min Chong Shihuang, a verdadeira e única sucessora do trono Qin.

— Afaste-se, imundo! Nunca me terá! – A princesa viu-se assustada.

Quon, após as passadas duas luas, mexeu-se em seu leito.

Li Si sobressaltou-se.

— O que está acontecendo aqui? – Yin voltou ao aposento.

Li Si, o Chanceler, olhou da princesa para o soldado Yin e com um riso discreto foi-se para sua própria casa a norte dos territórios Qin que, a partir de agora, se expandiria para além das fronteiras Qin.

Num profundo suspiro Min Chong olhou para Yin e falou-lhe o que havia acontecido.

— Alteza, não iremos permitir isto! Jurei lealdade ao general Quon e ele jurou protegê-la. Não se preocupe, princesa. – Yin reverenciou-a.

A princesa desviou o olhar para o general observando-o em um misto de pesar e admiração.

Quon lentamente abriu os olhos.

— General Quon! – Yin falou em alívio.

— Deixe-nos a sós, soldado Yin. Agradeço sua lealdade e cuidado. – Ordenou a princesa.

— Claro, Alteza. Irei falar com os guardas deste palacete para reforçarem a segurança e se for de seu desejo, posso informar-lhes que impeçam a entrada aqui do Chanceler Li Si.

— Sim, faça isto. Obrigada soldado Yin. - A princesa sentiu-se grata e este se retirou.

Voltando-se para o leito:

— General, como se sente?

O homem tentou levantar-se, mas foi tomado por uma aguda dor próxima as costelas.

— Alteza! – Quon sentiu-se envergonhado deixando-se cair pesadamente de volta a cama – Alteza, perdoe-me por não haver lhe protegido!

— Calma general. Estou a salvo e quem precisa de cuidados agora é você. – Ela esboçou um minúsculo sorriso. O que há tempos não fazia.

O general Quon percebeu e logo desviou o olhar para o lado.

— Princesa, se me permite perguntar-lhe.., Quanto tempo fiquei aqui desacordado?

— Dois dias, general.

— E a guerra? O que aconteceu? – A voz do general ressoava grave pelo aposento

— Vencemos, Quon.

Diante da rápida resposta da princesa, Quon não soube como continuar com suas perguntas, porém, inquiriu ainda reticente:

— Bem, - não sabia onde pôr o olhar – como cuidaram de mim? Estávamos em meio a uma guerra e... Ficamos encurralados aqui. Lembro-me do soldado Zhou que invadiu este palacete... E depois lutamos. – Deu uma pausa ao lembrar-se do momento da luta – Buscar ajuda, Alteza, presumo que teria sido perigoso por pôr em risco a vida de um dos guardas além de sua própria vida... – Quon não encaixava bem os pensamentos.

— Algumas ervas foram colocadas no seu ferimento, general. – Min Chong falava séria com o olhar perdido em lembranças – Porém, durante estes dois dias desacordado, as ervas não faziam efeito e o local do corte foi costurado.

O general sentia-se tranquilo ao som da voz da princesa que quase nunca se expressava. Admirava-a compenetrado.

— Alteza, agradeço-lhe as explicações e queira me desculpar, mas quem fez tudo isso? – Quon olhou agora para a faixa que cobria todo seu tronco por sobre sua roupa aberta.

— Eu. – Min Chong deu-lhe as costas.

Surpreso, Quon tentou novamente levantar-se e ouvindo a tentativa, a princesa logo ordenou:

— Deite-se.

Quon enrijeceu obedecendo.

Ming Chon parecia abalada, Quon logo percebeu que algo a perturbava, mas não ousou perguntar-lhe nada. Ainda.

Aproximando-se do general, a princesa afastou a faixa do local do ferimento observando o que havia feito. Buscou rapidamente as ervas que estavam preparadas e passou no local da ferida agora costurada. Seu toque era leve, porém preciso e em uma imensa agitação interna por estar naquela situação, o general mal respirava.

— Princesa... Alteza, deixe-me... – Sua voz era entrecortada. Ele sentia enorme impulso em sair dali, porém, apreciava seu toque e sua firmeza, mas temia seus próprios sentimentos. Ele era apenas um general e ela a grandiosa imperatriz chinesa da Dinastia Qin.

Ela encarou-o em silêncio e seu olhar era neutro. Deu-se conta também da situação e imediatamente levantou-se dizendo:

— Não faça nada, general, enquanto se recupera. Creio que faria o mesmo se fosse a situação contrária.

— Alteza, claro! Não compare, por favor, a importância da minha vida com a sua!

Min Chong o observou novamente. O homem sentiu-se desconfortável.

— Obrigado, Alteza.

— Que isto tudo não se repita! Não posso vê-lo sucumbindo novamente! – Saiu batendo a porta.


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Notas finais do capítulo

E então?... O que acham que pode acontecer?



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