Entre o Coração e a Honra [Em Hiatus] escrita por Carol Stark


Capítulo 2
Decisões


Notas iniciais do capítulo

Decisões são tomadas e as consequências são inevitáveis.....
O que resolveu fazer o grande Qin Shihuang?



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— Mas, general Quon, não podemos antecipar a guerra! Membros representantes de algumas famílias ainda estão sendo chamados e alguns soldados estão planejando pontos estratégicos a nosso favor para o dia da batalha. Tudo isto estará pronto em até três luas. – O soldado Yin informou aflito.

Yin era o braço direito de Quon e ambos estavam agora na casa do general, improvisada em madeira e pedras para aquele período de mudanças. A casa era ampla, porém não luxuosa.

— Estamos na madrugada de mais um dia, Yin, e logo seu prazo acabará. Temos então, segundo seus planos de preparo, duas luas à frente... Ainda? – Quon inquiriu pensativo e inquieto.

— Sim, senhor. Não vejo como ser de outra forma.

— Compreendo, porém é arriscado. Algum informe sobre os Zhou?

— Uma águia me foi enviada, senhor, ontem à noite quando saí de sua tenda de reuniões.

— O que dizia? – O general mostrou-se ansioso.

— Tropas do rei Zhou foram vistas pelos nossos espiões em campinas a noroeste daqui. Ele sabe o que o aguarda, senhor e nosso ataque será violento.

— Fui chamado ontem pelo grande Qin Shihuang... – Quon deu uma pausa, caminhado para a sala de acesso aos fundos da casa. Yin o seguiu com uma expressão de espanto ao ouvir o que o general dizia.

— O que falou o grande conquistador Shihuang, senhor? – Questionou Yin arregalando os olhos indiscretamente.

Quon o encarou e prosseguiu:

— Povos nômades e dentre eles, hunos.

— Como?! – Quase gritou o soldado Yin.

— Informantes do chanceler Li Si avistaram hunos nas proximidades da nossa fronteira. Estamos enrascados, Yin. Shihuang quer antecipar a guerra para ainda hoje com os soldados que temos.

— Não podemos!

— Sei disso, Yin. – Quon tocou o ombro do outro. – Sei disso, mas não vejo tantas escolhas, e esperar também será arriscado. Este é um péssimo momento para a luta em busca deste novo império.

— Os hunos podem invadir a qualquer momento, senhor, e não sabemos se eles possuem aliados. – Desabafou preocupado o soldado Yin.

Quon o olhou respirando fundo e nada disse. Seguiu em direção ao simples pátio aos fundos da casa e apoiando uma das mãos no muro ao lado, observou o sol que nascia.

O general era um homem de poucas palavras. De estatura alta, costumava usar seus negros cabelos, que chegavam até abaixo do ombro, metade presos no alto da cabeça e metade soltos, caídos pela armadura que desenhava os músculos do guerreiro. Uma peça em aço fino e desenhado cobria parte de sua testa passando por detrás das orelhas para sustentar o capacete de guerra quando o usava. Suas palavras eram vezes ríspidas, vezes calmas espelhando profundos pensamentos.

— O senhor se sente bem, general Quon? – Observou Yin.

— Sim, soldado. Apenas enxergo passos à frente de meu presente.

— O que o senhor quer dizer com isto, senhor?

— A batalha é inevitável. Se vencermos os Zhou, mais cedo ou mais tarde, provavelmente, teremos que lutar contra os hunos. Agora vá. Finalize os preparativos para a batalha no campo Hao, o território inimigo.

— Sim, senhor.

***

— Não posso esperar mais nenhum segundo! – Falou consigo o grande e temido Qin Shihuang - Li Si! – Chamou-o.

— Sim, senhor. – Aproximou-se o chanceler.

— Vamos à batalha. AGORA!

— Sim, senhor!

Em seguida, o próprio Li Si saiu a cavalo solicitando a todos os soldados e gritava a todo pulmão:

— Infantaria: posicionem-se à frente da fortaleza dos Zhou! Arqueiros: ocupem os rochedos laterais! Cavalaria: à base! Artilharia: retaguarda! – Seguiu ordenando o chanceler, enquanto os soldados marchavam rumo ao território Zhou.

Ouvindo a movimentação na concentração de treinamento, Yin logo seguiu em seu cavalo rumo à casa do general:

— General Quon! – Bateu a porta abrindo-a pelo golpe.

— O que está acontecendo, Yin? – Inquiriu sobressaltado o general.

— O chanceler... – Começou sem fôlego – O chanceler está recrutando soldados. Já estão marchando rumo aos territórios Zhou. A guerra começou.

— Não pode ser! Vamos! – Quon então subiu em seu cavalo e a apressados galopes foram ambos ao palacete real.

***

— Desfaça essa ordem, meu tio! Todos estes infelizes soldados morrerão e o senhor sucumbirá!

— Cale-se, Min Chong! As ordens já foram dadas e não serão desfeitas! Não vou esperar um ataque, seja lá de qual lado for! Preciso agir!

Em um grito de furor a princesa derrubou taças que se encontravam na mesa próxima e esbravejou:

— Isto também me diz respeito! Serei eu sua sucessora e as decisões política também me cabem!

— Não teria mandado à nossa última guerra seu valoroso pai, meu irmão Chang, se ainda desejasse seus conselhos! – Confessou em ameaça Qin Shihuang.

— O QUÊ?! – Min Chong deu um passo à frente aproximando-se cada vez mais do tio com um olhar injetado de raiva – Traidor!  Minha mãe morreu de desgosto e meu pai se foi em guerra por sua culpa! Por sua culpa perdi minha família! – Lágrimas escorriam pela pálida e macia face da princesa sem que ela se apercebesse.

Em seguida, um estalido foi ouvido ecoando palacete adentro e com isso, marcas vermelhas de dedos brotaram no rosto de Min Chong.

Ela por sua vez, sustentada por sua ira permaneceu imóvel encarando o tio. Foi impossível descrever se ela irromperia em lágrimas ou esbravejaria em raiva.

— Senhor Shihuang! – Invadiu os aposentos o general Quon seguido do soldado Yin que logo ajoelhou-se – Alteza! – Cumprimentou surpreso o general ao ver a princesa e logo curvou-se.

— Guardas! – Chamou Shihuang – Prendam estes homens, já!

— Ora, soltem-me! – Lutava o general contra os guardas do palacete.

— Senhor Quon, não foi uma boa idéia termos vindo até aqui! – Confessou o soldado Yin também na tentativa de livrar-se dos guardas.

Neste instante, também tomado pela cólera, saiu palacete afora o então futuro imperador Qin Shihuang agitando suas cumpridas vestes em dourado e azul marinho e, assim, rumou à batalha que se armava a quilômetros dali.

— Soltem-os e saiam daqui! – Ordenou a princesa aos guardas.

Assim o fizeram e em vênia e se retiraram dos aposentos.

— Alteza, queira nos perdoar. – Proferiu educadamente o general com sua voz grave, curvando-se à princesa. O mesmo fez Yin que falou:

— Viemos aqui para impedir o grande Shihuang de efetivar esta batalha antecipada. – A voz do soldado mergulhou-se em angústia.

— Levantem seus rostos, homens. – Ordenou seriamente Min Chong tocando o queijo do general Quon que em reflexo deu um passo atrás. – Olhem para mim. – Ordenou ela.

— Não podemos, Alteza. Assim diz a lei. Apenas o rei pode direcionar o olhar à rainha ou à princesa, caso contrário, seremos mortos, Alteza, por termos violados em tão pouco tempo tantas leis. – Explicou-se Yin com a voz urgente.

Quon o olhou de lado na tentativa de repreendê-lo.

— Sei as leis que regem nosso povo. Muitas delas meus antepassados que criaram. Os ritos e cerimônias constantes me aprisionam e me obrigam também a aprender tais leis. Estou exausta disso tudo. Tantas guerras, e leis... E mortes. Preciso que me ajudem.

Nesse instante, Quon vislumbrou-a novamente em breves segundos e pôde sentir a firmeza daquela bela mulher de corpo esbelto e longos cabelos que arrastavam ao chão.


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Notas finais do capítulo

Será que foi a melhor decisão a antecipação da guerra? E o que deseja a princesa Min Chong? O que estão achando dela?

#Dois destinos estão cada vez mais próximos de serem traçados...

Vamos aos comentários! \o



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