BabyDoll escrita por NightMist


Capítulo 21
Capítulo XXI - Perdas




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Pov's Melanie

 

Sean olha para mim e Nathan confuso, aliás, todos a nossa volta nos olhavam assim. Eu encaro Nathan e ele me encara de volta com um sorriso, ele não parece nada com o garoto na foto do escritório do Sean, ele está mais alto, seu cabelo escuro está bagunçado, não penteado que nem na foto, e por mais que tenha um sorriso no rosto não vejo o brilho em seus olhos, o brilho que irradiava no dia que a foto foi tirada, ouso pensar que ele pode ser igual a mim.

— Vocês se conhecem? – Sean pergunta, pendo minha cabeça para o lado e olho para Nathan.

— Sim – É a única coisa que ele diz antes de pegar minha mão e me tirar dali deixando todos ainda mais confusos, ou melhor, quase todos, Simon, pai do Sean, nos olhava correndo para fora dali com um sorriso no rosto, não havia confusão em seu rosto.

Nós passamos por uma porta que está aberta, ouço risadas e conversas, o som da lenha queimando, garrafas de cervejas sendo abertas, sinto o aroma do churrasco, sinto a felicidade irradiar de todas as pessoas presentes nesse cenário.

Nós subimos dois lances de escadas até chegar ao suposto sótão, onde fica seu quarto, olho em volta notando os troféus espalhados nas prateleiras, roupas jogadas perto da cama, que ele faz questão de jogar dentro do armário para esconder. Pôsteres estão colados nas paredes e estrelas pintadas no tento, perto de sua escrivaninha pendurado na parede tem um mural com várias fotos presas com tachinhas verdes e azuis, ele com um time, que considero ser futebol, ele com um cachorro, ele com o Simon e Camille, pais do Sean, seus avós, ele com quem considero serem seus pais, essa está no topo de todas, a foto que vi na mesa do Sean também esta lá, vejo ingressos de jogos de hockey e de shows, anotações de datas.

— E então o que acha? – Ele pergunta encostado no armário, a ideia de que o armário explodiria com roupas se ele não estivesse ali me faz rir.

— Eu gosto daqui – Digo enquanto ando na direção da cama – É bem aconchegante – Me sento na cama, em seguida deitando meu corpo para trás ainda com as pernas no chão – Eu gosto das estrelas – Eu as olho, sinto Nathan andar para perto de mim e logo em seguida ele se deita ao meu lado.

— Minha mãe as pintou quando eu era pequeno, eu queria ir ao espaço, mas não podia então ela o trouxe até mim – Ele sussurrava, podia sentir a melancolia em sua voz, a memória feliz tinha um tom de tristeza, não entendia o porquê até ele explicar – Eu a perdi, há dois anos, ela teve distrofia muscular, seu quadril foi afetado primeiro, e isso se espalhou para as pernas e ombros, os braços começaram em seguida até que um dia tudo parou e ela não aguentou mais lutar – Eu virei meu rosto para ele, meus olhos lagrimejavam, imaginei que os dele também, já que os escondia com as mãos, não sabia o que falar então apenas o abracei e desejei que tudo melhorasse.

— Eu perdi meus pais também – Falei após um tempo, ele me olhou, respirei fundo antes de continuar – Eu tinha seis anos, nós estávamos voltando para casa, acho que tínhamos ido a uma festa ou algo assim, era bem de noite, tudo estava escuro, papai dirigia, mamãe e eu cantávamos uma música que tocava no rádio, papai ria de nós, e então em um segundo toda a felicidade acabou, um carro acertou o nosso a toda velocidade, o motorista era menor de idade e estava bêbado com dois amigos, a batida foi muito forte, mamãe e papai foram levados para o hospital, mas eles não resistiram – Ao chegar ao final da história não consigo mais segurar as lagrimas, Nathan também não consegue. Nós ainda estamos abraçados, nos confortando quando alguém bate na porta.

— Desculpa atrapalhar crianças, vim avisar que o churrasco já está pronto – Não reconheço a voz.

— Nós já vamos descer Abbie – Nathan diz e logo a porta é fechada – É melhor irmos, senão Sean vai achar que te sequestrei – Ele diz, o que me faz rir, e eu agradeço por isso.

— Tudo bem – Respondo, e nós ainda estamos nos abraçando deitados.

— Melhor levantarmos – Ele sugere, mas não me solta.

— Sim, precisamos descer – Digo, mas não o solto também.

E então aquele momento se estende até que finalmente criamos coragem de nós separar e descemos para onde acontecia o churrasco.

Aquela foi uma tarde onde pude me sentir especial. E perceber o quanto Nathan e eu somos mais parecidos do que imaginei.


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