Contos Hiccstrid escrita por LauraClarimond


Capítulo 12
Epilogo Especial


Notas iniciais do capítulo

Desculpem, mas este conto não é focado em Hiccstrid.

Depois de 100 dias desde a publicação do final de ''O nascer de uma nova vida'', escrevo para vocês este epilogo.

Obrigada a todos

Beijos

Laura Clarimond



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Depois de horas cavalgando pelos arredores do castelo, decidi retornar a vila para encontrar com Stevan e acertar com ele alguns detalhes da exposição de suas pinturas que aconteceria amanhã a noite na festa de comemoração do vigésimo ano do reinado do Rei Haddock. Estava feliz por eu ter conseguido esta chance para ele, Stevan é muito talentoso e todos precisam conhecer seu trabalho incrível, que me fez ficar encantada, não só pela arte, mas por ele também.

Assim que entrei na vila, várias pessoas vieram até mim cumprimentar ou me presentear com flores do campo, elas eram dadas principalmente pelas crianças.

—Você é está linda princesa ! - Disse uma delas, me dando um buque feito de pequenas margaridas.

Mesmo depois de dezesseis anos, crescendo e ouvindo as pessoas me chamarem do termo ''Princesa'', nunca realmente consegui me adequar a ele, acho que devo isso a minha mãe que era uma simples plebeia e que me criou da forma mais correta que posso imaginar. Não que eu esteja reclamando a agradeço por isso mas quando ela me conta de como era quando criança, vivendo livre perto da floresta, sinto desejo de experimentar essa vida, uma vida calma. Agradeci a menina de olhos castanhos pelas flores e segui para o ateliê improvisado do Stevan, que ficava ao lado do estábulo de cavalos.

—Pensei que já tinha acabado essa pintura ? -Perguntei assim que o vi sentado e segurando um pincel em frente ao ultimo quadro que pintou. Seu cabelo loiro estava molhado, o que denúncia que tomou banho a pouco tempo. Eu tentava ao máximo que conseguia não ficar completamente vermelha quando o via, mas era impossível. Assim que eu me aproximei ainda mais dele percebi uma peça de roupa jogada no chão - Aquilo é seu ?

Stevan olhou a pelo que parecia ser uma blusa vermelha no chão, pegou e depois jogou para dentro de um cesto no canto da parede. Pelo que pude ver tive dedução de quem era a pessoa dona daquela blusa, mas mesmo já sabendo a resposta, precisava ouvir do próprio Stevan. Então o perguntei e sua resposta foi bem direta.

—A blusa pertence a Valentina. Ela passou a noite aqui.

Aquilo doía. Ouvir que eles estavam juntos noite passada era mais doloroso que as aulas de luta que minha mãe ensina a mim e meus irmãos.

—Pensei que não estavam mais juntos. Você tinha me falado que não a suportava mais.

—E não suporto mas não sei como explicar gosto dela. Ela veio me perguntar sobre a viagem, sobre uma possibilidade dela vir comigo.

—Viajar com a Valentina ?

Valentina e eu temos um desentendimento maior desde que conhecemos Stevan, que por obra do destino acabamos o vendo pela primeira vez ao mesmo tempo enquanto discutíamos na praça da cidade. Minha mãe brigou feio comigo depois que soube do escândalo que nós duas tínhamos feito em frente a todos.

Conheço Valentina a muitos anos, ela é filha da Heather uma antiga amiga da minha família, para todos incluindo sua própria mãe ela finge ser a pessoa mais pura e perfeita de todo o reino mas Valentina não me engana. Sempre se insinuava para Ragnar por ele ser o herdeiro do trono, meu irmão que nunca gostou dela sempre a rejeitava  e quando ele começou seu namoro com a princesa Yule, mesmo assim Valentina não desistiu dele. Foi em uma das brigas em que eu  a obrigava ficar afastada do meu irmão, que conhecemos Stevan, ele tentou separar nós duas.

—Sei que não gosta dela Helena. Sei disso desde que te conheci. Mas ela é uma pessoa legal

—Fala isso porque gosta dela. Mas será que ela gosta de você ?

—Gosta o suficiente para querer ir comigo. Admito que fazer essa viagem sozinho era meu plano inicial mas se ela vier irei gostar bastante.

—Tem muitas outras garotas nesse reino e foi justamente se apaixonar pela Valentina

—Que outra garota, você por exemplo ? A princesa. Sei que sente por mim algo mais do que amizade Helena mas desde o inicio fui sincero com você.

—Eu sei. Sou grata por sua honestidade comigo, é admirável, outro qualquer teria tentado me enganar. Eu apenas não confio nem um pouco em Valentina.

—Sei me cuidar.

—Bom, vim aqui para acertar os detalhes sobre amanhã. Todos os quadros que vai levar para expor já estão prontos ?

—Ainda falta esse. O que acha ?

Olhei para o quadro, varias pessoas observavam uma linda dança, as diversas cores faziam com que a tela quase criasse vida. Estava simplesmente perfeito.

—Está perfeita. Não precisa de mais nada. - Pegando  - Sabe vou sentir muito sua falta quando for embora. Então fiz isso para você. - Tirei a pulseira que tinha feito noite passada - Isso é para você não se esquecer de mim.

—Não irei, é literalmente impossível. - Stevan se levantou do banco que a pouco tinha sentado e vendo minha lágrimas caírem me abraçou. - Sei que conhecerá alguém que possa te dar um futuro aqui onde nasceu como deseja sei que ama esse reino mais que tudo. Essa pessoa não sou eu infelizmente, quero conhecer o mundo, absorver inspiração de todos os lugares em que eu for. Quero ser um grande artista.

—Você será tenho certeza - Falei ainda abraçada a ele. - Tem certeza que não vai planejar nada da sua viagem.

—Não teria sentido se eu planejasse tudo Helena. Vou deixar que o destino me guie.

—Sendo bem sincera, não gostaria de andar por ai sem saber exatamente para onde estou indo, é loucura.

—Sabe muito bem que sou meio louco. Me prometa que vai ao cãs se despedir de mim.

—O problema é que eu não quero me despedir de você - Disse o abraçando mais forte ainda

—Mas vai ser necessário.

Não queria responder, pelo simples fato que eu não o queria longe de mim. Enquanto ainda estávamos um nos braços do outro lembrei do que minha mãe tinha me dito na conversa que tivemos ontem, com sua palavras ela disse ''Helena, perder uma pessoa que gosta muito é difícil e doloroso, sei muito bem disso mas no seu caso, você terá a chance de dizer adeus a ele, então aproveite essa oportunidade''. Como sempre minha mãe está certa.

Assim que estávamos nos desfazendo do abraço escuto a voz do senhor Knut, um dos empregados que trabalham no castelo.

—Vossa Alteza, seus pais estão a sua procura, pedem que vá ao castelo imediatamente.

—Aconteceu alguma coisa Knut ? - Perguntei preocupada, mesmo que tudo possa parecer que está bem, sempre pode acontecer algo.

—Eu não sei ao certo Vossa Alteza. Apenas estão chamando a senhorita

—Estou indo então. - Olhei para Stevan que já estava com o pincel novamente em sua mão - Acho que o verei apenas na comemoração amanhã. Me procure.

—Eu vou.

Não resisti e o abracei mais uma vez e deixei um beijo em sua bochecha. Pensar na sua partida já é bastante doloroso, sei que será ainda mais quando ele realmente ir embora. Minha vida mudou quando o conheci e irá mudar mais uma vez agora sem ele.

Quando cheguei no castelo, encontrei os gêmeos correndo todo sujos pelo jardim. A babá deles a senhora Siv, coitada tinha que ficar correndo atrás desses pestinhas o dia inteiro. Só se aquietavam  mesmo quando a nossa mãe aparecia, pois sabiam que acabariam levando uma bronca por mau comportamento. Alcís e Hilde se jogaram na fonte que ficava do outro lado do jardim e ficaram jogando água um no outro.

—Meninos temos que ir para dentro seus pais estão chamando - Gritou a pobre babá indo em direção a fonte.

—Não - Responderam ambos. Vendo aquela cena sabia que tinha que ajudar.

—Alcís, Hilde - Eles me olharam com atenção. - Imagina o que a mãe vai fazer quando vir os dois assim. Vai acabar proibindo vocês de irem a feira semana que vem.

—Não queremos ir a feira - Disseram ambos.

—É chata - Retrucou Alcís.

—Mesmo, pensei que iriam querer ver o magico Tandens, ouvi dizer que nesta próxima feira ele fará um novo número completamente diferente de tudo aquilo que ele já fez, todos estão comentando sobre isso no vilarejo, mas que pena que não querem ir ver.

—O que ele vai fazer ?

—Não sei, ninguém sabe terão que ir a feira se quiserem saber. - Não demorou mais que dois segundos e os gêmeos saíram correndo de dentro da fonte para o castelo.

—Obrigada Vossa Alteza

—Eles tem sete anos, é difícil lidar com esses dois, não custa ajudar um pouco. - Falei enquanto me abaixava para pegar o calça do Hilde que fez questão de tirar - Sabe onde estão meus pais senhora Siv ?

—Estão reunidos no grande salão, também esperam pela senhorita

—Obrigada.

Quando entrei pela porta tive a surpresa de encontrar a princesa Yule. Estava parada bem ao lado do meu irmão. Usando um lindo vestido azul. Mãe e pai estavam sentados em seus tronos. Pela educação que me foi dada durante todos esses anos, fui cumprimentar primeiramente meu pai.

—Na vila novamente ? - Perguntou quando me aproximei

—Também, mas antes fui dar uma volta pelos arredores, e depois fui a vila ver Stevan. Ele Estava terminando seu último quadro que irá trazer para a exposição amanhã. - Disse agora cumprimentando minha mãe

—Você está bem ?

—Só um pouco triste por ele ir embora mas Irei ficar bem mãe.

Depois, abracei meu irmão. Nessa semana que se passou, ele foi ao reino Ghalltach ao leste daqui onde a princesa Yule vive com seu irmão o rei Deeren I. Para mim pareceu anos que ele estava fora. Senti muita falta dele. Dentro do castelo Ragnar é mais que meu irmão é meu melhor amigo mas quase não tem tempo para mim desde que começou a namorar Yule. Que cumprimentei em seguida. Os gêmeos apareceram com roupas limpas e secas alguns minutos depois e foram para o colo dos nossos pais.

—Então o que era tão urgente - Perguntei sem ter a mínima ideia do porque essa reunião foi necessária.

—Não sabemos filha, foi seu irmão que pediu essa reunião de família

Olhei para Ragnar, podia ver que estava nervoso. Conseguia até enxergar uma gota de suor descendo pela sua testa. Yule segurou em sua mão e ele tomou uma longa respiração.

—Eu pedi a mão da Yule em casamento.

—Casamento ! - Disse minha mãe espantada com a noticia que acaba de receber - Isso não vai acontecer.

—Mãe escuta... - Ragnar tentou falar mas ela não queria ouvir

—Não é nada contra você Yule, você é uma pessoa incrível meu filho tem sorte de ter você mas Ragnar, você é muito novo tem apenas dezenove anos. Acabou de completar dezenove anos, você também Yule fez dezoito a menos de um mês, não acham que devem esperar um pouco mais.

—Você e o Papai não esperaram muito para se casar.

—Eu sei disso filho mas....

—Ele me disse que não quis esperar muito tempo para pedir a senhora porque não queria perder mais tempo sem tê-la em sua vida. Sinto o mesmo por Yule mãe. Não quero perder tempo. 

Eu não conseguia falar nada apenas presenciar o que acontecia. Minha mãe olhou para meu pai, mesmo depois de tantos anos juntos podia se perceber o quanto ainda se amavam. Era lindo o que tinham. Ela sorriu para ele mas em seu olhar podia ver um pouco de tristeza.

—Bom, então devemos fazer o anuncio na festa amanhã o que acham ? - Perguntou minha mãe com um sorriso tímido.

—Então concorda  mãe ? Você também pai ?

—Sim filho concordamos. - Confirmou

—E você irmã ?

Ainda não conseguia falar então apenas o abracei. E com aquele gesto, ele sabia que eu concordava, embora eu também concorde com minha mãe, ainda são muito novos. Mas se isso os fará feliz e sei que sim, não vejo como dizer algo negativo sobre isso.

Um almoço foi feito para comemorar. Na mesa todos menos eu e os gemeos conversavam sobre como fariam o anunciamento na festa. Estava feliz por Ragnar mas ainda triste por Stevan. Sai da mesa mesmo sem terminar de comer tudo que estava em meu prato. Beijei minha mãe, meu pai, meus irmãos e abracei Yule.

Já no meu quarto, fiquei olhando para para o jardim, o quarto que hoje é meu pertencia ao meu pai quando era mais novo. tinha uma linda varanda que dava para ver a fonte do jardim. Minha mãe contou para todos nós do que aconteceu ali naquele local. O dia em que ela matou o governador. Tenho certeza que algumas pessoas ainda tem medo dela até hoje.

Enquanto observa as estrelas a batida uma vez na porta seguida de mais duas batidas e depois quatro, denunciaram que meu irmão estava pedindo para entrar.

—Está muito triste, pude perceber desde que te vi hoje, é por causa de Stevan não é?

—Sim.

—Eu lhe falei para não se envolver muito com ele. Ele é bem mais velho do que você.

—Idade não importa Ragnar !

—Importa quando ele tem vinte e você apenas dezesseis. Para mim importa e para mãe e o pai também.

—Logo irei fazer dezessete e eu não consegui não gostar dele.

—Sinto muito por você irmã, não quero lhe ver sofrer de forma alguma.

Por mais que tenhamos brigado como um cão e um gato quando éramos pequenos, ele sempre soube deixar toada a nossa birra de lado e me ajudar quando estava precisando. Ragnar me abraçou e me contou sobre sua viagem ao reino Ghalltach e ao reino de Bròn que apenas passou para manter o bom laço que temos com todos um reinos, uma visita bem rápida. Odiei a última vez que tive que pisar naquele lugar.

—Eu não gosto nem um pouco daquele reino. As pessoas lá são bastantes rudes, parecem muito infelizes e chateadas.

—Infelizmente minha irmã, o rei Richard não trata as pessoas que compõem seu reino como o nosso pai é com seu súditos. O rei os trata como lixo. E nem podemos interferir ou estaríamos provocando uma guerra.

—É muito triste - Ragnar falou mais sobre sua viagem aos dois lugares, falou tanto sobre tantas coisas que acabei caindo no sono.

Durante o resto do dia tentava colocar na cabeça que meu irmão iria se casar. Eu ainda estou tentando processar isso. Desde pequeno sempre que alguém tocava nesse assunto, ele encontrava alguma forma de sair de perto. Não gostava nem um pouco sobre esse tipo de conversa. Passou anos dizendo que nunca se casaria. Mas no dia em que nossa família convidou o recente rei coroado Deeren I, irmão de Yule, para um jantar em sua homenagem, esses dois não tiraram o olho um do outro durante toda a noite. E no dia seguinte já estavam andando juntos pelo jardim. E isso já foi a cinco anos atrás e agora se casarão.  Não sou contra só não quero meu irmão longe de mim.

Quando já era noite, decidi sair um pouco. Troquei de roupa, coloquei um vestido de um tecido que esquentasse mais pois já se passavam das dez horas e estava muito frio e sai para caminhar pelo jardim do castelo.

Enquanto andava pelas passagens abertas pelas flores plantadas ao chão, pensava em tudo que estava acontecendo com Stevan e Ragnar. Suas vidas iam aos poucos tomando um rumo. Eu ainda não tinha encontrado o meu. Não tinha muitos desejos além de ter uma vida mais calma, vivendo afastada um pouco dos muros do castelo. Mas eu olho para todos os lados desse lugar e eu sei que aqui é o meu paraíso. Eu cresci nele. Não é todo mundo que tem esse privilégio.

Quando cheguei ao pequeno lago que tinha sido finalizado apenas a alguns meses, me sentei em frente a ele. Observei os peixes indo e vindo nunca parando completamente. Estava perdida nos meus pensamentos, quando senti uma mão tocando meu ombro. Fiquei tão assustada que por reflexo acabei dando um soco na pessoa. Foi quando percebi que era apenas um dos guardas do castelo.

—Desculpe não foi minha intenção, quer dizer foi sim minha intenção mas...Me desculpe. Está doendo ?

—Tudo bem Alteza e sim doí um pouco. Tem mais força do que eu já imaginei que uma princesa teria - Falou o guarda com a mão no nariz. Não consegui o ver bem, pois estava um pouco afastado.

—É porque você nunca sentiu o soco da minha mãe. - Disse com orgulho - Ela que me ensinou.

—E ensinou muito em Princesa. - O guarda se aproximou de mim, então pude vê - ló com clareza. Ele era tão alto, tinha cabelos castanhos bem diferentes do meu que era ruivo como o do meu pai. Seu olhos eram azuis que me olhavam dos pés a minha cabeça - Eu a vi aqui sozinha e já está muito tarde, a senhorita está bem ?

—Sim, apenas vim pensar um pouco. Irei retornar agora.

—Irei lhe acompanhar por segurança.

—Obrigada.

Caminhamos de volta conversamos um pouco. Ele me disse que se chamava Érico e que tinha sido aceito a poucas semanas na guarda real, contou que escolheu a guarda para ficar mais perto de seu pai. Antes trabalhava na defesa do castelo e do reino. Mesmo não estando em guerra com nenhum outro reino, meu pai fazia questão de sempre ter uma forte e bem armada defesa por precaução.

—Obrigada por me trazer aqui e Érico me desculpe mais uma vez. - Falei parando em frente ao corredor que dava ao meu quarto.

—Está tudo bem Vossa Alteza.

—Pode me chamar de Helena, prefiro assim. Boa noite.

—Boa noite Helena

Quando o dia seguinte chegou, parecia que uma tempestade havia passado por dentro do castelo. Meus irmãos é claro, sempre que nossos pais estavam ocupados demais, corriam e quebravam muitas coisas, esse foi o motivo de todos os vasos decorativos terem sido retirados de todas as alas. Mas mesmo com a confusão que aprontaram logo no começo da manhã a decoração da festa estava ficando belíssima.

Todos iriam comparecer. A área reservada para expor os quadros de Stevan foi separada. Cuidei para que fosse um lugar bem visível. Stevan chegou com seus quadros bem cedo. Eu infelizmente não pude recebe-lo pois sempre pelas manhãs eu ia até a biblioteca do castelo ler para as crianças que todos os dias vinham pegar alguns dos milhares de livros que existem aqui. Me sentava ao redor deles, porem antes sempre me davam flores. Todo o reino sabia o quanto eu adorava flores e depois, quando já estavam acomodados eu lia alguma história para eles. Eu nunca me cansei de fazer isso, eu amava ler.

Quando terminei a leitura Stevan já tinha voltado para casa. Fui até a área ver as pinturas e não contive um suspiro. Meu pai também estava lá admirando as telas.

—Stevan é realmente um bom pintor. Tenho que admitir filha não tive muita confiança quando disse que você queria expor as pinturas de seu amigo aqui. Pensei que era apenas algum garoto com um talento, mas isso é extraordinário, é incrível - Disse meu pai assim que percebeu a minha presença

—É eu sei, é apenas simplesmente incrível.

—Ira cavalgar hoje ?

—Sim pai. Por que pergunta ?

—Quer companhia ?

—O senhor quer vir comigo ? - Perguntei surpresa pois ele sempre estava ocupado com suas responsabilidades.  Feliz por ele querer me acompanhar nem o deixei responder e logo o puxei em direção a saída do castelo. Fomos andando até os estábulos que ficavam na parte externa e pedimos os cavalos para a montaria. Alguns súditos cercavam meu pai o parabenizando.

Depois do passeio de horas com meu pai pelos arredores do castelo, já estávamos de volta ao castelo, precisávamos nos preparar para a festa. Mas assim que chegamos minha esperava na porta e não parecia estar nem um pouco feliz.

—Vamos ter problemas - Disse meu pai descendo do cavalo e indo falar com aminha mãe.

Durante todos esse anos nunca tinha visto nenhuma briga realmente séria entre os dois. Se tinham, brigavam bem escondidos do todos nós. Depois da minha mãe dar uma bronca no meu pai, ele falou algo em seu ouvido e sua expressão mudou completamente. E os dois agora sorriam um para o outro. Espero um dia encontrar um amor como o deles.

Segui para dentro do castelo, mas assim que cheguei ao meu quarto percebi a porta aberta. Pensei ser uma das empregadas arrumando alguma coisa, porém tive a infelicidade de encontrar Carter lendo algumas das anotações que eu deixei em cima da minha mesa.

—Princesa - Falou quando percebeu minha presença.

—Vagabundo. Pensei que não o veria tão cedo. Estava bastante feliz quanto a isso. Saia daqui.

—Por que eu faria isso ? Gosto daqui e não é como se eu nunca tenha estado aqui antes.- Disse se sentando na minha cama - Senti sua falta.

—Soube que sentiu, e que matou um pouco dessa saudade com a Leona, não foi ?

—O povo desse reino é muito falador. Inventam mentiras.

Carter era o filho da antiga empregada da minha mãe a senhora Meire. Depois de anos trabalhando para ela, Meire se aposentou a apenas alguns meses atrás devido a uma doença em suas pernas que não a deixavam andar muito bem e foi com sua família morar em um vilarejo.

Carter e eu éramos muito amigos quando crianças. Mas com os anos se passando ele foi se tornando um perfeito cafajeste. E colocou na cabeça que sentia algo por mim.

—Carter eu estou cansada e preciso me trocar para a festa.

—Tudo bem, foi bom te ver princesa - E com um beijo na minha bochecha ele saiu do meu quarto.

A festa havia começado, pessoas dançavam, conversavam, bebiam. Tudo estava maravilhosos. Os gigantes lustres com suas centenas de velas estão iluminado o local.  Podia ver ao descer a escada que todos que chegavam conseguiam ver as pinturas de Stevan. Ele estava elegantemente vestido conversando com alguns dos convidados.

Chegando ao final da escada, algumas pessoas me olhavam. Meu vestido esvoaçava com o vento que vinha dos jardins e entrava pelas grandes portas. Sem perceber Carter estava bem na minha frente ao lado de sua mãe a senhora Meire que conversava com minha mãe. Ele com o pequeno resquício de educação que ainda existia dentro dele, veio até mim e estendeu seu braço.

—Linda como sempre princesa.

—Cala a boca Carte. - Falei apertando o braço dele o suficiente para causar dor.

—Até que seu namoradinho pinta bem - Sussurrou

—Ele é apenas meu amigo. - Confirmei

Fomos até nossos pais. Senhora Meire estava sentada perto deles, usava assim como todos naquela noite uma roupa elegante o suficiente para a ocasião. Me cumprimentou falando o quão eu já estava crescida e bonita e Carter é claro aproveitou a situação para dizer mais besteiras.

Assim que consegui sair de perto do Carter, que foi um completo alívio, fui surpreendida por Stevan ao meu lado quando fui parada por uma menininha que queria me conhecer e me abraçar e claro me entregar um flor.

—Quer dançar ? - Afirmei com a minha cabeça e ele me levou ao centro do grande salão e os músicos começaram a tocar uma das minhas valsas favoritas.

Quando começamos a dançar as pessoas pararam de falar com quem estavam conversando e passaram a prestar atenção em nós. Essa não é a primeira vez que eu dançava com Stevan na última feira que aconteceu a quase um ano atrás dançamos juntos no último dia.

—Valentina não vai comigo. - Falou ao meu ouvido

—Por que não ?

—Ela apenas me disse que mudou de ideia, então irei sozinho como planejado.

—Espero que retorne um dia.

Iria me lembrar daquela festa por muitos e muitos anos. Mais tarde naquela noite depois de todos terem desejado vida longa ao meu pai, tivemos o grande anúncio do noivado do meu irmão com Yule. Assim que isso foi falado percebi o descontentamento de muitas jovens solteiras inclusive de Valentina. Por todos os outros habitantes a notícia foi recebida com alegria. Mais um motivo para se comemorar.

Todos os quadros de Stevan foram comprados, as pessoas simplesmente adoraram e ficaram tristes em saber que ele partiria em breve, mas esperançosos por quando ele voltasse para que pudesse pintar quadros exclusivos.

E exatamente uma semana depois, pela manhã bem cedo me despedi dele. Escolheu uma passagem para o sul, não sabia exatamente o que encontraria por lá. Nunca o tinha visto tão feliz como agora e mesmo estando triste, sua felicidade me contagiou. Valentina também veio dizer adeus e em um grande navio chamado Horizonte ele partiu. 

Voltei ao castelo naquele dia apenas horas depois. Fiquei um tempo no cais vendo o navio desaparecer no mar aberto. Minha família, a senhora Meire, Carter e até Yule estavam sentados ao redor de uma grande mesa que foi montada bem no jardim. Todos riam, com certeza por causa de alguma piada que Carter devia estar contando. Aquela cena fazia meu coração bater forte de pura felicidade.


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