Psi-Cullen (Sunset - pôr-do-sol) escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 29
Capítulo 28


Notas iniciais do capítulo

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25 de novembro de 2007

No dia seguinte ao quase incidente quando voltávamos para casa depois da minha última consulta com o dentista, eu acordei me sentindo esquisita. Eu sei ao que essa sensação se refere, mas eu não posso estar... Não pode ser. Será que eu estou...?

Mesmo depois de tanto tempo, voltou. Seria nesse dia mesmo caso não tive havido uma pequena pausa. Mas por quê? Será que porque eu convivo mais com uma mulher que não tem mais hormônios e por isso não tem mais seu ciclo menstrual para que o meu se sincronize com o dela? Mas porque isso aconteceu algum tempo depois de eu ter vindo morar com eles e não quando eu cheguei?

Bom, talvez esse assunto Carlisle saberia explicar melhor, eu não entendo porque meu corpo demorou tanto para entender isso. Para o meu corpo se adaptar primeiro tinha que passar o ciclo que já estava em andamento quando vim morar com meus pais adotivos em setembro, eu acho.

Olho para o lado e vejo Esme perto de mim e se ela está aqui talvez eu não esteja sangrando. Às vezes dá uma sensação parecida, mas é alarme falso. Vou ao banheiro e minha calcinha não está manchada. Ou pode ser que ela esteja do meu lado apesar disso, pois ela com certeza deve sentir o cheiro. Isso quer dizer que ela não se incomoda ou que tem de se esforçar muito para ficar comigo.

— Bom dia, mãe – ela sorri ao meu cumprimento e me responde.

— Bom dia, filha!

— Mamãe, eu não estou... – minha voz fica mais baixa nessa palavra, ainda tenho um pouco de receio de falar disso com ela. Sei que Esme é minha mãe, ela escolheu e sabia que isso acontecia comigo porque eu sou humana. – menstruada, estou?

Ela sabe que eu sei que ela saberia pelo meu cheiro característico nesses dias. Esme me encara tão contente que ela sairia gritando para todo mundo saber se ela não soubesse que caso fizesse isso iria me matar de vergonha.

De certa forma isso me lembra quando minha mãe humana soube da minha primeira menstruação e também me faz lembrar de como ela disse que foi a própria menarca dela. Ela sabe como eu ficaria constrangida, pois ela ficou quando a mãe dela contou para todos os vizinhos e amigos. Mamãe não faria isso comigo também.

— Sim, você está. Depois de tanto tempo em suspensão seu ciclo voltou ao normal. Isso não é maravilhoso, querida?

— Ah sim – reviro os olhos teatralmente, dessa vez sem fazer questão de disfarçar para ela não ver.

Lamento ter de destruir assim a sua felicidade, mas não é ela que vai ter de aguentar as cólicas e a sensação de estar suja porque tem algo constantemente escorrendo de dentro de você. E sem você ter qualquer controle ou nem ter pedido para passar por isso. O que nos resta é apenas remediar e prevenir um vazamento para evitar que os outros riam de nós. Não deveriam rir, deveriam é respeitar e agradecer que eles, homens, não tem de passar por isso todos os meses. Uhg! Isso é desconfortável, para dizer o mínimo!

— Com licença - digo me levantando da cama num salto e indo ao banheiro do quarto tomar um banho.

Encosto a porta do banheiro e me escoro nela. Minha barriga já está doendo muito, mas no começo as cólicas são mesmo mais intensas. Depois diminui conforme diminui o sangue a ser expelido. Eu não vou dizer nada ainda para meus pais até quando a dor não for mais suportável e eu não tiver mais alternativa a não ser tomar um paracetamol para suportar as contrações.

Tiro a roupa e ligo o chuveiro deixando a água cair bem em cima do meu abdome na tentativa de minimizar um pouco a dor. Dá certo e por hora vai ser assim que vou lidar com isso. Ensaboo-me, depois me enxugo com água limpa e por fim me seco com a toalha.

Coloco a muda de roupa que fica no banheiro para casos de emergência como esse e volto para o quarto. Vejo que a minha cama está completamente arrumada, não apenas arrumada, mas trocada todas as roupas de cama. O lençol, suponho, já que não dá  par ver sem tirar as cobertas de cima, e as cobertas são outras que estavam guardadas  no meu guarda-roupas.

E nem sinal de Esme, então ela deve estar no térreo e eu desço para a cozinha.

...XXX...

 

Encontro mamãe no quintal estendo uma das minhas cobertas na área, pois o dia hoje está com cara de que vai chover, e a roupa vai ter que secar na sombra, só com o vento.

— Não precisa fazer isso, mãe – ela com certeza não foi surpreendida com a minha presença. Diferente da minha mãe humana que se assustava com qualquer coisinha.

Esme estava murmurando uma canção e vira para olhar para mim quando eu cheguei:

— Tudo bem sweetie, isso não me incomoda nenhum pouco. Não se preocupe, não é trabalho nenhum. Eu gosto de lavar roupas, sempre gostei. Me lembro que também gostava de fazer isso quando era humana. Agora não é sempre que precisamos fazer isso lá em casa porque nem sujamos as roupas que usamos...

— Vocês não suam então? – depois que falei me dei conta da bobagem que disse. É claro que eles não suam Carol; eles estão mortos e onde é que já se viu morto suar? Cadáveres não possuem qualquer metabolismo, obviamente.

— Não, querida. mesmo se corremos não cansamos. – Esme me responde pacientemente secando as mãos em uma toalha, ela não parece nervosa ou irritada com minha pergunta idiota.

Ela certamente percebeu que eu me dei conta da tolice que falei, mas não ficou brava comigo por causa disso. Seria um desperdício de energia, mas isso meu pai nunca entendeu. Meu pai humano já teria perdido a paciência comigo, se é que ele tinha alguma paciência. Claro ele achava que tinha energia de sobra e que nunca faltaria. Às vezes eu sou tão boba e outras sou tão esperta!

Oh pavio curto o dele! Em casa eu vivia em tensão permanente. Nunca se sabia quando ele iria explodir então eu devia estar pronta o tempo todo. Meus nervos eram constantemente exauridos. É como viver na corda bamba, numa montanha russa ou loteria tudo ao mesmo tempo, sem saber o que iria acontecer depois. Dependendo da sorte, literalmente. Ele era imprevisível. Não sabia o que fazia que poderia provocar sua ira. Ou era algo que esqueci de fazer. Literalmente por tão pouco fazia uma tempestade em copo d’água. Sempre reagindo de forma desproporcional e isso me assustava.

— Ah claro! - Digo tentando me redimir e pedir desculpas, por que eu acho que deveria saber que eles não sujam a roupa como nós humanos.

— Quando as roupas já foram usadas algumas poucas vezes,  minha filha Alice já compra roupas novas para nós. Ela não gosta que repitamos o look.

— Mas então não podemos ter uma roupa favorita?

— Claro que podemos sim, querida. Eu mesma tenho algumas blusas, vestidos e sais que não irei me desfazer porque gosto deles.

— Você também gosta de roxo, assim como eu mãe? – agora eu percebo o casaco roxo dela.

— Sim. E também gosto de cores claras como branco e creme.

Sem mais o que dizer apenas me viro para ir até a cozinha preparar alguma coisa para mim.

— Pode deixar que eu faço alguma coisa para você comer, querida – Esme me diz e eu subitamente paro de andar ficando como uma estaca no lugar em que foi cravada. Não movo um músculo sequer, exceto meus pulmões para respirar é claro e o meu coração que bate mesmo sem eu ter qualquer controle sobre isso. Fico paralisada como na brincadeira de estátua, mas eu não pareço uma estátua nem de longe por causa da beleza e sim por causa de estar parada em meio a um movimento.

Esme manda e eu faço quase tudo que ela pedir exceto me matar porque não acredito que ela pediria para eu fazer isso, mas se eu tivesse que dar a vida por ela eu daria. Eu vou dar o resto da minha vida e a eternidade para ela. Quero ser uma vampira para viver com ela para sempre e nunca nos separarmos. Nem sequer por causa da morte.

Minha vida já pertence a ela porque se não fosse por ela eu já estaria morta. Ela me salvou.

Mas enquanto eu for humana sempre haverá esse empecilho entre nós, como um abismo que nos separa. Ela me concederá o presente da imortalidade, eu creio que ela me ame o bastante para isso. Eu a amo também, eu já falei para ela meu desejo e agora é com ela. Não irei mais insistir. Pode parecer, mas eu não desisti.

Estou apenas dando tempo ao tempo. Claro que eu não poderei esperar muito para ela decidir, pois eu não vou viver para sempre, não como humana e ela sabe disso. Essa é a minha maneira de pressioná-la sem pressioná-la diretamente. O tempo está entre nós e enquanto eu for uma humana estará contra nós.

— Eu posso me virar, mãe. Mas se você realmente quiser fazer isso eu agradeço – ela passa por mim correndo e vai para a cozinha.

Quando eu chego lá, apenas dois minutos depois, já vejo um pote com cereais preparado para mim encima da bancada. Eu me sento em uma das três cadeiras. Esme e Carlisle quase nunca sentam nas deles, mas nós temos em número que combine com os moradores da casa para não levantar suspeita de alguém se aqui vier.

Coloco a colher no pote e pergunto antes de pegar a primeira colherada:

— Papai vai demorar hoje, mãe? – peço para Esme que estava no balcão guardando a louça que eu havia lavado ontem à noite. Eu deixei escorrendo, mas não havia enxugado. Agora já está seca.

—Sim, meu bem. Hoje ele vai chegar perto do meio-dia – ela me responde ainda de costas para mim.

— Ah! – suspiro em resignação.

— Por que você perguntou, filha? Você esta sentindo alguma dor? – Esme vira imediatamente como se tivesse levado um tiro e me encara tentando ver na minha expressão se eu estou sentindo algo. - Se quiser tem remédio lá em cima no escritório de Carlisle e eu vou buscar para você agora.

— Não, mãe. Não precisa, eu estou bem – garanto para ela para detê-la antes  que ela suba as escadas e volte antes que eu possa piscar. Tomara que ela não perceba que eu estou mentindo e não sendo sincera como costumo ser na maior parte do tempo. É melhor falar a verdade, ao menos para mim, porque eu sempre menti muito mal. Sou uma péssima atriz ao menos nesse quesito, porque se for drama ou tragédia eu merecia um Oscar. Sou como a mocinha sofredora de uma novela mexicana.

— Tem certeza, querida? – ela fica me analisando por alguns minutos até me deixar constrangida e eu ter de baixar o rosto por timidez.

Parece que ela entendeu que eu não preciso do remédio ou ela sabe que eu estou faltando com a verdade e ela quer ver até onde eu vou aguentar. Ela sabe que mais cedo ou mais tarde eu vou pedir os comprimidos. No tempo dela não tinha analgésicos e as mulheres tinham de suportar essas dores no útero. Hoje tem e eu não precisaria sofrer, mas se eu quero...

Eu tento não tomar muito remédio para não ficar dependente de remédios para suportar e também para que as cólicas não fiquem cada vez mais fortes por causa dos analgésicos que eu tomo.  Seria um efeito colateral indesejado.

— Sim mãe, ainda não preciso.

— Quando precisar é só dizer. Você não esta tentando ser forte tendo que passar por sofrimento desnecessário, está?

— Não, mãe – digo sem conseguir olhar nos olhos dela porque sei que é mentira e se eu a encarasse ela veria nos meus olhos. Por isso ela percebe que estou mentindo, pois não consigo olhar em seu rosto, mas ela não me obriga a nada mesmo que saiba que não estou dizendo a verdade.

Eu me sinto mal por ter que mentir para ela, mas não vou prejudicá-la, eu acho, só vou fazer mal a mim mesma. Mas isso é sim como fazer mal para Esme, me ver padecer mesmo que por minha própria vontade, mas eu não pensei nisso naquele tempo e por isso não me senti tão envergonhada por me comportar daquela forma.

...XXX...

 

Tomo meu café-da-manhã em silêncio, Esme senta no sofá da sala e fica me vigiando esperando que eu termine. Quando eu acabo, me levanto para lavar o meu prato e minha xícara:

— Pode deixar que eu lavo, sweetie— Esme aparece de repente na minha frente.

Isso não me assusta mais. Faz parte de quem ela é e em casa eu não quero que meus pais tenham que se reprimir só por minha causa. Eu sei o que eles são de verdade, não precisam se esconder no único lugar em que podem ser livres para agir ‘normalmente’.

—Pode deixar que eu mesma posso lavar, mãe.

— Tudo bem, querida – ela percebe minha expressão resoluta no rosto. – Vou esperar em seu quarto, então. Você quer, não?

— Sim, mãe. Não estou com medo de ficar perto de você só porque estou menstruada. Já passei uma vez e agora não tenho medo mais.

— Eu sei, querida. Mas cada vez é uma vez, não sei se você teria medo novamente.

— Eu estou bem, mãe. Pode me esperar lá no meu quarto que já vou subir.

— Gosto muito quando você deita no meu colo – Esme me diz para que eu saiba.

— Eu também gosto muito de ficar em seus braços, mãe. Mas não tem problema para você o cheiro de sangue agora?

— Não querida. É como explicamos para você...

— Sim, eu sei sangue "sujo".

— Sim, exatamente.

— Mas não deixa de ser sangue.

— Não, mas não é o mesmo sangue que se você se machucasse lavando a louça agora. Por isso tenha cuidado – ela diz subindo as escadas como um raio e desaparecendo antes que eu responda.

— Terei – eu digo mesmo que pareça que eu falei com as paredes tenho certeza que Esme pode ouvir.

...XXX...


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