Psi-Cullen (Sunset - pôr-do-sol) escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 20
Capítulo 19




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23 de Setembro de 2007

Eu não tive coragem de dormir no colo de Esme nos últimos dois dias. Além de não ter coragem, eu não queria submetê-la a isso. Seria demais, eu acho. Ninguém merece ser torturado dessa maneira e eu não faria isso. Talvez ela teria sim resistência suficiente, mas eu optei por não me arriscar. Assim foi melhor para mim e para ela. Pois certamente Esme ficaria ainda mais tensa em não me machucar.

Eu sei que sendo humana ainda há sempre o perigo de ficar próximo dela, mas sangrando ainda, é demais. Não posso fazer isso com ela. Ainda se eu tivesse me machucado intencionalmente, mas não. Carlisle explicou que não é tão tentador quanto eu imagino, mas eu não consigo evitar ficar receosa.

Esme também me respeitou esses dias não querendo me assustar ainda mais do que eu já estava. Ela é tão compreensiva! Ela e Carlisle são demais para mim, e eu sou ingrata ao fazer eles dois sofrerem. Eu queria nunca mais ter de passar por isso, ai que ódio, meu Deus!

Eu também tinha que levantar a cada duas ou três horas para trocar o absorvente, porque eu detesto a sensação de estar suja, e isso certamente atrapalharia Esme devido as microondas do telefone. Não queria fazer isso com ela. Eu sempre colocava meu celular para me acordar quando fosse necessário. Nos primeiros dias eu tenho que levantar cinco ou quatro vezes por noite, depois vai diminuindo até não precisar mais e poder dormir a noite toda.

Eu sei que morando com dois vampiros não importa o quanto eu quisesse ficar longe, nem que eu trancasse a porta do quarto a noite, eles poderiam me atacar. Carlisle não preocupa muito, mas exatamente por isso é preocupante porque ele não aparenta, mas ele é um vampiro apesar de médico e os anos de prática que ele tem, não posso evitar 'ficar com um pé atrás' com ele; Esme não está há tanto tempo vivendo na dieta vegetariana como ele. Talvez seja paranoia da minha cabeça, mas dessa forma eu não apenas me ajudo, mas também os ajudo.

Essa noite eu decidi ter coragem e chamar Esme para dormir comigo. Carlisle vai trabalhar todas as noites e ela fica sozinha. Sinto pena dela. Ainda mais agora que eu não quero mais ficar perto dela e praticamente a expulsei do meu quarto. Eles dois evitam se aproximar de mim menos de dois metros. Carlisle é mais compreensivo quanto a isso, mas dá para sentir o quanto isso é doloroso para Esme. Embora ela entenda racionalmente que deve ficar longe de mim para minha própria segurança, a mãe dentro dela fica ressentida.

— Mãe – digo ao me preparar para dormir.

— Sim, querida! – os olhos dela brilham tão intensamente que meu coração se aperta pelo meu comportamento nos últimos dias.

Mas o que eu podia fazer? Eu estava com medo dela. Não posso dizer diferente. Era isso mesmo. Mesmo que ela seja uma vampira boa. É exatamente por isso que ela não merecia passar por tanto sofrimento comigo nos braços.

— Você quer vir dormir comigo hoje?

— Você tem certeza, filha?

— Sim. Vou acordar algumas vezes à noite, espero que isso não a incomode... – e amanhã cedo eu preciso que ela me chame porque tem aula. Não posso faltar pois tem prova.

— Tudo bem filha. Eu entendo perfeitamente.

...XXX...

 

Esme senta na cama e eu me deito no colo dela, sobre seu estômago. Não é tão duro e nem tão frio. Me sinto estranha deitando na barriga dela:

— Tudo bem eu deitar aqui, mãe?

— Claro que sim, sweetie — ela olha nos meus olhos e percebe porque estou tão nervosa, pensando se estou sendo inconveniente. – Você quer dizer que não deveria estar assim sobre meu ventre? Porque? Isso a incomoda?

— Se está tudo bem pra você, está bem para mim. Eu só pensei que... Você perdeu um bebê e essa região é muito íntima, sensível... Entende o que eu quero dizer?

— Ah, querida! Obrigada por sua preocupação. Mas não tem problema você deitar na minha barriga, não me incomoda, nem me entristece. Pelo contrário, eu fico feliz.

— Feliz, mãe?

— Sim. Eu já superei a morte do meu primeiro filho. Guardo ele com carinho na minha memória.

— Como era o nome dele mãe?

— Collin.

— Collin... Uhm tem algo a ver com o Dr. Cullen?

— Exatamente, querida. Você descobriu rápido.

— Você realmente ficou fascinada por papai. Eu posso compreender, acho. Eu também adoro muito você, mãe.

— Ah filha, obrigada. É verdade quanto a Carlisle. Enquanto todos me olhavam com censura por eu já ser quase uma moça e ter caído de uma árvore, algo que meninas não deveriam fazer, pois escalar em árvores era coisa de menino; Carlisle apenas olhava para mim com curiosidade por eu ter feito uma coisa tão atrevida como essa.

— Você disse que você era quase moça, mamãe, quando você se tornou uma moça e isso aconteceu pela primeira vez com você? – espero que Esme entenda minha alusão, não gosto de falar diretamente sobre isso.

— Foi poucos dias depois de ser tratada por ele... – Esme percebe meu olhar travesso. - No que você está pensando, querida? Você acha que tem algo a ver?

— Eu acho que sim.

— Bem... eu devo dizer que concordo com você. Acho que a impressão que ele me deixou foi tão forte que despertou a mulher em mim. - Esme sorri. - Naquela noite eu sonhei com meu marido, embora não soubesse que iríamos nos casar. Eu não sabia o nome dele só sabia o sobrenome, por isso chamei meu filho de Collin. Ficava imaginando meu nome e o sobrenome dele: Esme Cullen. Fica bonito, soa respeitoso, solene.

'Na manhã seguinte eu acordei me sentindo numa poça de lama e gritei pela minha mãe. Ela logo veio me acudir. Com a perna quebrada e engessada eu não podia me mover sozinha e ir ao banheiro verificar o que tinha acontecido.

'Ela ficou muito feliz quando viu do que se tratava e eu a princípio fiquei atônita, sem entender nada. Fiquei indignada que eu estivesse sangrando, para mim eu estava machucada, e minha mãe estava alegre. Orgulhosa. Não entendi no começo o motivo. Como ela podia me trair daquela forma?

'Depois ela me explicou o que estava acontecendo, dizendo que eu era já uma moça e que poderia me casar e ter filhos, então eu entendi tudo. Pedi para ela não contar para o papai, nós mulheres temos esse receio de falar disso abertamente com os homens, e isso ainda era embaraçoso para mim. Mas ela ignorou meu pedido e contou para todo mundo que conhecíamos, parentes e vizinhos. Nunca senti maior vexame na minha vida!'

Consigo imaginar Esme envergonhada, coitada dela!

— Hoje eu entendo que ela tinha que compartilhar a boa nova, eu entendo minha mãe e como ela se sentia diante do acontecido. Mas no momento eu fiquei profundamente chateada, pois para mim os vizinhos não tinham que ficar sabendo disso. Todos eles foram me felicitar.

(Será que ela sente o mesmo por mim e agora entende a atitude da mãe?)

'Já era constrangedor o suficiente ter de depender quase que inteiramente da minha mãe para me limpar, eu me sentia como se tivesse voltado a ser um bebê de colo. Foi um drama... Não seria tão ruim se eu também estivesse inconsciente, mas decidi deixar ela cuidar de mim e suportar com bravura. Imagino como era difícil para minha mãe ter de cuidar de uma menina que supostamente poderia se virar sozinha, mas não podia pois estava com a perna imobilizada, e ainda pior, devido a uma travessura. Ela não esperava ter que fazer isso tanto quanto eu não queria, porém ela teve paciência e até parecia gostar de ter que cuidar de mim de novo. No fundo uma mãe sempre vê os filhos como crianças.

'Papai começou a procurar um homem para me casar, mesmo sem eu saber. Eu só pensava em quando poderia rever o Dr. Cullen e agradecer. E alguns meses mais tarde quando me recuperei conforme ele disse, eu preparei um bolo e levei até o hospital; mas qual não foi a minha decepção ao saber que o Dr. Cullen não mais trabalhava ali e havia ido embora há meses! Por alguns anos eu cheguei a imaginar que a causa era eu... Absurdo. Eu não poderia ser o motivo, poderia?

(Parecido com a história de meus irmãos, Bella e Edward.)

— Sua historia é tão parecida com a minha, mãe. A minha mãe humana também ficou contente ao me ver sangrando. No começo era um sangue preto, parecia que eu não tinha me limpado direito depois de ir ao banheiro. Foi quase igual o que aconteceu com você. A diferença é que eu não havia quebrado a perna. Mas foi tão constrangedor para mim quanto para você.

— Entendo querida.

— Contando essas histórias você parece tão humana, mamãe. Fica mais próxima da gente.

— Eu era humana, filha. Não tenho vergonha disso. Eu luto para me manter o mais próximo da minha humanidade, mesmo depois de tantos anos sendo uma vampira.

— Eu também quero ser assim quando eu for uma vampira.

— Que bom ouvir isso, querida. Você será uma boa vampira.

— Mamãe... eu não sei como dizer o que quero dizer de maneira que você entenda.

— Pode falar, vamos ver se eu entendo. Não tenha medo.

— Eu, bem... Eu não incomodo ficando com você assim. Quer dizer você deveria estar livre para ficar com o papai. Eu não atrapalho?

— Claro que não, querida. A decisão de trazer você para casa foi de nós dois. Como quando os pais decidem ter um filho. Você foi desejada. Queremos ter você aqui. Você não veio por acaso, mas foi por nossa vontade. E sua também, claro. Fiquei muito feliz que você tenha concordado.

— Eu não poderia perder a chance, eu gosto muito de você, mãe. Eu te amo!

— Eu também amo muito você, sweetie... Carlisle fica a noite no hospital, não tem problema nenhum ficar com você. Eu quero estar aqui. É até bom que você me faça companhia. Eu ficava tão só quando você não estava conosco ainda!... Agora durma meu bem que amanhã você tem aula e precisa acordar cedo.

— Sim, boa noite mãe!

— Boa noite, querida, sonhe com os anjos!

Ela beija o topo da minha cabeça e eu me aconchego em seu colo. Minutos depois ela comenta, em voz alta então ela quer que eu responda:

— Há tanto tempo que eu não tinha uma criança dormindo no meu colo assim, e você me trouxe isso de volta. Agora entendo perfeitamente o que meu filho sentia quando Bella dormia no seu peito quase todas as noites.

— Mas e Renesmee não dormia no seu colo, mamãe? - digo meio entorpecida pelo sono.

— Sim, mas ela é diferente. Ela não é completamente humana e por isso não tinha medo em dormir em nossos braços, como você é ainda e meu filho era. Meu filho dormia no meu colo sem dificuldade, porque eu ainda era humana, mas você... Mesmo sabendo do que sou ainda se esforça para conseguir. É admirável!

— Não é esforço, mãe. Eu amo você e quem ama não tem medo daquele que ama. Assim eu decidi não ter medo, claro que há sim um pouco de temor, mas eu quero ficar perto de você. Você cuida para não me machucar... Eu confio em você. Eu decidi confiar.

— Se algo desse errado e eu me descontrolasse com você tão perto... Eu jamais iria me perdoar se a matasse, querida.

[Ela não é um 'lobisomem' jovem que não consegue controlar sua ira]

— Tudo bem, mãe. Eu morreria feliz em seu peito... - eu bocejo de sono.

— Você não sabe o que está dizendo, filha... De qualquer modo eu espero que nunca aconteça nada de ruim. Vou me esforçar para isso.

(Ela vai ter que me 'matar' para me mudar mesmo. No entanto, eu sei que não é matar de verdade como seria se algo desse errado.)

— Eu sei, mãe. Acredito em você.

Lentamente vou caindo no sono...

...XXX...


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