Psi-Cullen (Sunset - pôr-do-sol) escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 19
Capítulo 18


Notas iniciais do capítulo

Fotos do capítulo 18:
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1299632360072044&set=pcb.1299632960071984&type=3&theater
também inspirado pela resposta de Carlisle a essa pergunta: http://esmeslovingfriendforevercaroline.tumblr.com/post/159674713729/ok-they-have-all-this-concern-and-they-freak-out



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21 de Setembro de 2007

...Falando nele eis que ele aparece. Claro que antes de entrar no meu quarto ele bate na porta e pede permissão e espera eu me vestir para entrar.

Como eu não percebi o carro dele chegando? Eu estava tão distraída que nem notei. Isso vai ser um enorme problema quando eu for uma vampira porque meus pais me disseram que vampiros se distraem muito facilmente. Eu sou inteligente, mas também me disperso facilmente.

— Bom dia minhas queridas – Carlisle cumprimenta Esme com um rápido selinho e depois volta-se para mim e me vê com o uniforme. – Aonde você pensa que vai, mocinha? – ele tenta parecer autoritário, mas não consigo ver ele assim. Não é ele. Sei que ele pode ser bravo, mas não é assim geralmente. Eu sei que ele está fingindo. Ou não? E como ele pode estar assim porque eu estou pronta para ir para o colégio? Não é isso que eu deveria fazer? Estou atordoada.

— Eu tenho que ir para a escola, preciso entregar um trabalho. – digo para me justificar.

— Eu posso entregar para você - propõe Esme. Agora conhecendo ela há alguns anos eu sei que ela faria tudo que pudesse para apaziguar qualquer conflito.

— Você não pode sair assim desse jeito. Você não está bem – diz Carlisle.

Papai está certo, eu sempre me sinto mais fraca nos primeiros dias em que desce o fluxo de sangue, eu acho que perco vários litros todos os meses. se já fico assim perdendo sangue sem motivo imagine se eu doar quando puder, aí que eu ficaria pior ainda. Por isso não posso doar, e também porque eu nem vou chegar aos 18. Ou o meu desejo seria não chegar a essa idade, mas cabe a Esme decidir se vai me transformar ou não.

Eu fico imaginando se nos EUA é comum as meninas ficarem em casa nesses dias e são respeitadas por isso. Seria um sonho poder ficar em casa. É tão inconveniente, isso é um incomodo e só atrapalha nossa vida. Por isso que não queria passar por isso. Continuar a ser menina, mas sem ter que passar por isso todo mês. Quando poderemos viver? Só quando formos velhas? Aí não poderemos mais aproveitar tudo que a vida tem a oferecer.

É para poder ter filhos diriam. Bah! Porque os homens não tem de passar por isso. Ah claro, eles não ficam grávidos. Não entendem. Não quero, obrigada. é arriscado demais. Não entendo qual apelo que essas criaturinhas tem em algumas mulheres. Claro que eu sinto uma ternura por crianças. Confesso que alguns dias ouvir um bebê chorando me irrita, e em outros fico consternada. Sei lá porque. Mas eu não tenho instinto maternal, digamos. Não tenho esse dom. Não nasci para ser mãe, nasci para ser filha. Eu serei a filha e Esme será minha mãe. Será eternamente assim. Ambas ficaremos felizes.

— Eu estou bem – mentira deslavada, eles dois percebem na hora. Eu nunca consegui mentir.

Mas digo isso porque não gosto de faltar aula sem necessidade. Bem, nesse caso teria justificativa e eu poderia ficar em casa, mas eu não estou morta. Só faltaria se estivesse morta. Eu estou ‘morrendo’, mas ainda não estou morta.

— Não seja tão dura consigo mesma, criança – Bingo. Carlisle acertou em cheio, agora ele conhece meu temperamento de verdade, mais do que a primeira vez que nos encontramos. Claro que nos primeiros dias ele pode supor algumas coisas, mas não tudo. – Se você não quiser me obedecer por bem eu terei que mandar você ficar em casa... Isso mesmo, você está proibida de sair de casa até segunda-feira.

Apenas abaixo a cabeça. Naquela época não entendi como hoje tenho uma melhor compreensão do ocorrido. Carlisle só estava pensando no meu bem-estar. Meus pais humanos nunca se importaram assim comigo. Na verdade, eu nunca disse quando estava menstruada. Não queria que eles soubessem, mas tenho certeza que eles sabiam. Eu que não gostava de falar no assunto. Minha mãe humana certo dia até disse que eu não reclamava. Não para ela ouvir, mas eu sempre odiei isso. Talvez por isso eu ame tão profundamente Esme porque também sou capaz de detestar tão intensamente alguma coisa.

Fico emocionada com o cuidado de Carlisle por mim, talvez seja por causa dos hormônios que eu estou mais sensível. Ele não é meu pai, não precisava fazer tanto por mim, mas mesmo assim ele zela por mim como meu pai humano nunca havia se importado comigo.

— Não precisa sair, filha. Eu compreendo você, como médico eu compreendo pelo que você está passando – essas referências indiretas ao assunto eu entendo. Talvez eles dois fazem isso porque sabem que eu não gosto de falar abertamente sobre o tema. É normal, agora eu sei, mas na época eu não me sentia confortável para falar disso abertamente com meus novos pais vampiros.

Como eu imaginava, Carlisle não parecia sentir qualquer diferença pelo fato de eu estar sangrando. Eu sabia que ele poderia lidar com isso melhor do que Esme. Para ele foi normal esse tempo como conviver comigo todos os dias dessa semana passada.

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— Ai, papai! Você é tão bom para mim! - o abraço e lágrimas escorrem pela minha face. Acho que nesses dias eu ficava ainda mais sensível do que sempre sou. Nunca tive TPM acho, não que eu notasse alguma mudança significativa no meu comportamento, mas acho que tinha alguma coisa nesses dias propriamente. Ficava mais sonolenta e sensível, claro.

 - O que você precisa que eu entregue, filha? – Esme me pede.

Vou até a mochila e pego meu texto, o trabalho já estava pronto desde a semana passada. Sempre preferi fazer as coisas logo que o professor pede para ficar livre depois:

— Aqui mãe. Obrigada – digo quando lhe entrego.

— Não precisa me agradecer, sweetie— ela toca de leve meu rosto. – Não custa nada, faço de coração.

— Sei disso, mamãe. Mesmo assim sou grata e quero que você saiba.

— Eu sei.

Esme e Carlisle saem do quarto e me deixam sozinha para que eu possa me trocar de novo e colocar uma roupa para ficar em casa. Depois eu vou descer para tomar o café da manhã.

Agora eu vejo o bilhete que Esme deixou para mim:

Fui até a farmácia. Volto logo, antes de você acordar.

Beijos, Esme.

Também percebo que as cobertas estão manchadas de sangue e vou tirando uma por uma para lavar e vejo que o lençol também está sujo. ‘Droga!’ Tiro tudo e amontoo no chão para depois eu levar lá para baixo e limpar – não vou deixar Esme fazer isso para mim, não quero dar trabalho e sei quanto seria difícil se eu deixasse ela se submeter a isso. Seria um comportamento muito mesquinho da minha parte. Não. Jamais faria isso com ela. Eu cuidarei disso. Eu lavava a roupa em casa e sei como devo agir.

Vou até o banheiro da minha suíte para pegar uma esponja e um frasco de shampoo – já que não tem detergente aqui em cima, vai shampoo mesmo – para lavar o colchão. Após terminar de tirar a mancha, abro a janela do quarto para deixar o vento e a luz do sol secarem o molhado.

Quando reflito sobre isso, fico abismada ao constatar que Esme e Carlisle tiveram que suportar o cheiro. É claro que eles foram muito educados e não disseram nada, mas a verdade é que o cheiro estava lá e eles tiveram que passar por isso. Não vou me perdoar nunca por ter feito isso.

‘Eles não eram obrigados. Que foi que eu fiz?’— balanço a cabeça me recriminando.

Ou talvez eles prenderam a respiração? Talvez Esme sim, Carlisle não.

Ajunto as cobertas e saio do quarto. Caminho vagarosamente até chegar na escada e desço lentamente. Deixo a trouxa de roupas para EU lavar depois que comer na lavanderia e encontro Carlisle na cozinha preparando um café-da-manhã para mim. Isso é tão gentil da parte dele, mesmo eu não sendo nada gentil com ele e Esme. Eu não mereço tudo que eles fazem por mim.

— Papai, não precisava... – eu digo assim que entro na cozinha e vejo ele fazendo um sanduíche. Eu iria me virar fazendo alguma coisa para comer, posso fazer isso. Não estou tão debilitada assim.

— Oi, filha – ele diz se virando para mim como se não tivesse percebido minha chegada e estivesse surpreso em me ver. Como se eu pudesse surpreendê-lo, sei que isso seria impossível. – Está tudo bem, querida, não se preocupe comigo. Você está melhor? Se sentir algum desconforto é só me dizer que eu vou te dar um analgésico.

Carlisle tem tamanha generosidade! Além de ser muito compassivo, ele é inteligente, bonito, sensível... Tem tantas qualidades. Mamãe tem muita sorte em ter casado com ele. Eles dois são um casal perfeito. Eu adoro ambos e não poderia mais viver sem eles dois.

— Eu estou bem, papai. Obrigada pela preocupação. Eu não estou com cólica ainda – Parece meio estranho –e é mesmo– falar disso com um homem, mas Carlisle não é qualquer um. Ele é homem claro e isso inibiria qualquer mulher de falar abertamente sobre esse assunto, ainda mais se fosse tão tímida quanto eu, mas ele é médico. E por mais que seja vampiro ele é um médico e então entende sobre essas mudanças no corpo feminino. Ele entende e respeita nosso 'segredo' e por isso eu me sinto à vontade, mais ou menos, em falar disso com ele.

Ao contrário de com a minha mãe humana e com meu pai humano. Jamais eu iria falar disso com ele. Não gostava quando a minha mãe tocava no assunto, sempre preferi ser mais discreta sobre isso. É problema meu e ninguém tem nada a ver com isso. Eu que me vire. Não pedi, mas eu tenho que suportar isso. Me dê ao menos um pouco de privacidade. Se não pode entender ou ter compaixão ao menos me deixe em paz.

Eu suportava em silêncio e às vezes tomava remédio por conta quando a dor era demais.

Eu sei que se sentisse alguma dor eu até me esforçaria para me fazer de forte, só mesmo se eu sentisse uma cólica muito forte eu iria recorrer a remédios. Afinal, ninguém é obrigada a sentir dor.

— E a mamãe? – pergunto de Esme.

— Ela já foi para a escola, criança – meu coração sempre tem um descompasso quando Carlisle me chama de criança. Eu adoro isso e ele sabe. - Hoje Esme trabalha porque é sexta-feira.

— É mesmo, havia me esquecido! – eu digo mais aliviada por não ter de faltar muitos dias. Acho que segunda-feira já estarei bem melhor e poderei ir para a aula. Geralmente os dois primeiros dias são os piores. Eu fico tão mal que devo ficar só 40% de cem.

— Pronto - diz Carlisle colocando um prato com o pão na minha frente sobre o balcão da cozinha.

Em seguida ele também coloca ao lado uma xícara com chocolate quente com leite para mim.

— Pai – eu pergunto enquanto espero o chocolate quente esfriar um pouco, pois ainda dá para ver o vapor saindo do copo.

— Sim, filha? – Carlisle me olha com olhos tão inquisitivos que me deixa constrangida e eu enrubesço levemente.

— Me desculpe – sussurro, quase esquecendo o que eu queria dizer devido ao olhar devastador de papai. Acho que é assim que as enfermeiras ficam caidinhas por ele.

Carlisle percebe o que está fazendo comigo mesmo sem intenção e desvia os olhos.

— Pelo quê, querida? Você não fez nada errado que deveria ser reprovado.

— Eu não... – respiro para recuperar o fôlego e a razão. – Eu não queria fazer você e mamãe sofrerem porque eu sangro.

— Não precisa pedir desculpa por isso filha. Você é humana e nós dois sabíamos que isso iria acontecer um dia.

— Vocês sabiam? – nem eu sabia, mas eles já sabiam. Não poderiam ter me avisado. Me pouparia tanto ter ficado zangada comigo mesma e o medo que eu senti.

— Sim, nós já sabíamos que poderia ocorrer algum dia dessa semana – por sorte ocorreu numa sexta feira. Prefiro que seja assim no final de semana, pois eu nunca fui muito de sair nem no sábado e nem no domingo. Assim é melhor, eu acho. Para mim é.

— Como vocês sentem o cheiro? – Esme já me falou, mas eu quero ouvir Carlisle confirmar.

— Nós percebemos pelos hormônios. Esme já te explicou como isso funciona – Ele percebeu minha intenção e foi direto ao ponto. – Na minha profissão isso é muito útil.

— Vocês poderiam ter me avisado...

— Poderíamos, mas não iria fazer muita diferença.

— Eu iria ter ficado menos nervosa e menos brava comigo mesma por fazer isso com vocês...

— Não se perturbe, filha. O cheiro não é tão mal quanto você imagina. Não é um cheiro ruim, não que você esteja ‘fedendo’. Ou melhor dizendo, não é um cheiro bom que nos atiça. – Carlisle percebe que era bem essa a minha preocupação, ele acertou bem no alvo. - O cheiro desse tipo de sangramento não é o mesmo de um corte. Esse sangue não é, digamos, ‘limpo’. Além do sangue tem várias substancias como tecido uterino descartado, muco vaginal...

— Papai...! – eu coloco a mão no rosto envergonhada.

 - ...é um sangue ‘sujo’, 'morto', digamos. Não é como aquele que circula nesse momento em suas veias e artérias.

— Como assim ‘sujo’? – levanto o rosto ainda me refazendo do constrangimento.

Sei que Carlisle não fez de propósito, mas eu acabei ficando envergonhada porque sou sensível demais, principalmente nesse assunto. Ou ele também teve um pouco de culpa devido a falta de tato em falar sobre o tema tão diretamente quase como um soco no estômago. Ele deveria saber que eu não sou tão aberta no que diz respeito a isso.

— Quer dizer que não é puro como sangue que sai do seu coração nesse momento, filha, portanto não precisa se preocupar em nos provocar qualquer mal-estar. Nós dois estamos bem, querida. Não se culpe e nem se preocupe conosco, nós lidamos com isso. Deixe conosco. Confie em nós.

Vou dar um voto de confiança para eles e espero que não me arrependa. Se me arrepender, não haverá segunda chance porque eu não sobreviverei para lhes dar outra oportunidade. Vou arriscar e espero que tudo de certo.

— Eu não queria perturbar vocês. Vocês dois são tão bons para mim eu não devia retribuir dessa forma...

— Não fique assim, criança – Carlisle sabe que quando ele me chama de criança me acalma mais do que qualquer outra palavra. Ele me abraçaria mas se contem no meio do gesto porque talvez isso me assustaria. – Nós estamos bem, não se preocupe.

Termino minha refeição e depois vou à lavanderia lavar minhas roupas de cama. Não quero dar trabalho para Esme e não vou deixar isso para ela fazer. Eu não sou uma menina relaxada nem mal-educada. Vou aproveitar agora de manhã que eu ainda não estou ‘morrendo’ de dor, porque sei que a tarde 'o bicho vai pegar'.

...XXX...


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