Algum idiota deixara um véu jogado no chão, quase escondido sob o banco. Como descobri mais tarde, pertencia a uma mulher que, por traficar drogas, fora encontrada e presa no dia de seu casamento.

O passo seguinte era claro; consegui passar minhas mãos para a frente do corpo. As algemas não me incomodavam tanto quanto as cordas que eu fora obrigado a suportar na infância. 

Enfiei os dedos na fresta da divisória e a forcei para o lado discretamente, mas aquele imbecil não teria percebido nem se eu a quebrasse. Nunca havia visto um homem tão inútil. Algo dentro de mim parecia querer que ele me pegasse, que comprovasse as suspeitas, que acabasse de vez com tudo aquilo, mas nada aconteceu.

Acredito que tenha sido a morte mais fácil de todas; bastou puxá-lo pelo pescoço com o véu e segurá-lo até que a respiração cessasse. O carro não virou, como nos filmes, apenas derrapou e bateu num poste. Andávamos devagar; não tive um arranhão. O policial, por sua vez, não estava assim tão bem.

Ainda mais simples foi fugir de lá, mas eu não o teria feito se soubesse o tormento que estaria por vir. Tolo outra vez, Nick.