Mente de Coordenadora Pokémon escrita por Kevin


Capítulo 27
Odeio Pokémon. Mas, e os meus?


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me por não postar a semana passada, mas estava fora e quando cheguei banho e cama era a única coisa que queria.
Mas, hoje... encerramos nossa penúltima saga e cá entre nós, com algo que muitos queriam!!



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Dizem que existem conversas difíceis. Existem algumas altamente complicadas, outras instrutivas, algumas são até intuitivas. A maioria deveria ser divertida e agradável na concepção de algumas pessoas, mas para a Mirian a maioria era difícil, até as mais simples conversas.

 

— Bem… -

 

Se pokémon tivesse habilidade de falar, ou se Mirian tivesse habilidade de entender os pokémon, ela saberia que a expressão entendiada de seu Farfetch’d queria dizer que se ela falasse “Bem” novamente ele se mataria. Já era a sexta vez que ela tentava iniciar aquela conversa com seus dois únicos pokémon, mas parecia que não tinha ideia de como onde começar.

Pediu um quarto só para ela, já que não tinha se preocupado em ficar em quarto diferente de Laris até aquele momento. Após um longo banho, uma janta silenciosa e uma caminhada solitária ela retornou para o centro pokémon, sentando-se no chão do quarto de frente para as duas pokebolas que demorou cerca de dez minutos para resolver abri-las.

Encarou sua rosada pokémon Audino que parecia bem impaciente em saber porque foi chamada ao mesmo tempo encarava seu amigo penoso que parecia sempre pronto para uma briga, mesmo que fosse com ela. Talvez a ave ainda tivesse respeito por sua coordenadora, mas rata gigante não.

 

— Diino! -

 

Audino berrou para que Mirian reagisse, mas não esperava que fosse receber u olhar gélido. Chorar, se assustar, abaixar a cabeça e se desculpar, talvez até tagarelar falando tudo de uma vez. Mas, olhar com desprezo não imaginou.

Audino olhou para Farfetch’d que já estava olhando para sua companheira pokémon com uma expressão surpresa. Eles olharam em volta, procurando algo que pudesse desencadear aquele olhar em Mirian, mas não havia nada além dos dois ali no quarto. Por isso, voltaram a olhar para Mirian que continuava a olhar de forma fria para os dois pokémon.

 

Ela levantou-se sem nada dizer, chegou a porta do quarto e a destrancou deixando-a entre aberta. Os dois pokémon observavam a menina silenciosa tomar aquela estranha atitude até que ela parou diante deles.

 

— Eu odeio os pokémon! - Ela disse sem mudar a expressão, mas percebeu que eles ainda olhavam como se ela não tivesse dito nada. - Não finjam que não escutaram ou que eu tenha falado algo errado! Vocês sabiam desde o momento que me viram ou são mais idiotas do que eu! -

 

Os pokémon piscaram parecendo ainda duvidar que não viria uma risada ou alguma mostra de confusão da parte da azarada menina que acompanhavam em jornada.

 

— Por causa dos pokémon minha mãe ficou doente, meu pai abandonou a família e meu irmão se meteu com a bandidagem. Ainda que eu conte todos os detalhes desta minha explicação, vocês dois ainda aceitariam como desculpas para o que farei em seguida... - Ela olhou-os por alguns instantes e logo após olhou a porta que deixou entre aberta. - Odeio pokémon e isso não vai mudar. Não consigo me preocupar com vocês o suficiente e estou a poucas horas de ir enfrentar as pessoas que me colocaram na prisão e tentaram matar minha mãe e talvez tenham matado meu pai. - Ela parou pensando no que estava acabando de falar. - Vocês podem ficar ou podem ir embora. Vão e sabe-se lá o que acontece ou fiquem e morram comigo. -

 

Mirian foi para a cama e deitou-se enquanto os dois pokémon permaneceram olhando para ela esperando que ela fizesse alguma trapalhada, ou se tocasse do que estava falando. Mas, mesmo que esperassem, nada acontecia.

Os dois pokémon se olharam questionando-se o que teria acontecido.

 

<><><><>

 

Meu nome é Mirian Miller e tornei-me coordenadora pokémon para conquistar uma taça para minha mãe. O problema é que odeio pokémon por eles serem o motivo de tudo de ruim que aconteceu com minha família. Tenho uma meia irmã e um melhor amigo pronto para matar para nos protegerem de uma sociedade secreta que está nos ameaçando e nos matando por interferir no jogo deles.

Não sei se volto para casa e deixo tudo nas mão deles, ou se continuo e entro de cabeça nesta briga.

 

 

Mente de Coordenadora Pokémon
Episódio 27: Odeio Pokémon. Mas, e os meus?

 

Eu nunca gostei de pokémon, cresci vendo minha mãe chorar porque não podia mais realizar seus sonhos de coordenação. Quando pequena eu não tinha muito ideia do que significava sonhar com algo pela vida toda, mas sabia que não realizar significa chorar. Eu odiava que os pokémon existissem, pois se ele não existisse minha mãe não sofreria. Eu era pequena, mas tentava de todas as formas afastar os pokémon de mim para não chorar como ela. E se eles se aproximavam eu tacava algo neles. É curioso pensar que eles nunca revidavam e isso me deixava ainda mais convicta de que pokémon não tinham sentimentos e eram apenas criaturas que os humanos usavam para seus fins.

Sentia falta de um pai que nunca conheci e todos falavam que ele havia ido realizar seu sonho com os pokémon. Sonhos pokémon não podendo ser realizado fazia minha mãe chorar, sonhos pokémon sendo realizados faziam minha mãe chorar e meu irmão se revoltar. A presença da figura masculina para uma criança é importante sobre muitos aspectos, mas no meu caso significava eu poder ser eu. Como ele não estava a doença da minha mãe me obrigava a ser adulta muito mais cedo, a ser firme e não demonstrar o que eu queria, meu medo e tudo mais.

Meu irmão foi embora para ser treinador pokémon e me vi sozinha no pesadelo que era ter uma mãe doente. Minha mãe chora pelo sonho não realizado, pela dor, por meu pai ter ido embora e por meu irmão está se metendo em problemas. Eu não podia chorar, não podia ser criança, não podia ser eu mesma e no mínimo a culpa era dos pokémon.

Todos que amavam pokémon iam embora ou sofriam enquanto eu ficava sozinha. O sonho pokémon de todos significava fazer as outras pessoas sofrerem. Meu irmão se foi quando chegou a idade dele, assim como vários outros. Apenas Maurício sobreviveu ao meu lado por todo o tempo, amando os pokémon e me forçando a tolerá-los junto a minha mãe.

Tem direito de não gostar deles. Mas, isso não significa que pode dizer a todos sobre isso ou desprezá-los. Finja! Tolere o que se odeia minha filha. Não seja uma pessoa má!” Ela sempre dizia isso e me habituei a fingir que só não ligava para eles.

Sempre fui uma pessoa mediana por esconder meus sentimentos e viver fingindo a maioria das coisas. Pokémon eu odiava, mas o negócio era ignorá-los. Meus sonhos, minhas vontades, meus gostos? Eles vinham em segundo plano para acompanhar minha mae. Não odiava minha mãe ou sua doença, mas odiava os pokémon! Eu sabia que tinha potencial, mas tudo que eu fazia tinha que ter relação com os pokémon e isso não me estimulava. Se não tinha haver com pokémon eu não tinha tempo de me animar. Por isso gostava de ler e sonhava em ser escritora, não precisava de pokémon e eu podia criar histórias a qualquer hora, mesmo fazendo tarefa do lar ou acompanhando exames.

Mas, chegou o dia que minha mãe estava para morrer em uma nova cirurgia e senti que minha mãe morreria infeliz por causa dos pokémon. Meu irmão estava em casa então eu achei que sabia tudo o que precisava para vencer no mundo pokémon e trazer uma taça para ela. Simples e fácil. Planejamento, vontade e dedicação. Eram apenas criaturinhas burras que obedeciam cegamente as pessoas. Como eu era idiota e não sabia. Por dias fui chamado de idiota e eu apenas aceitava já que eu parecia ser a pessoa mais azarada do mundo, mas a verdade é que eu era idiota por causa dos pokémon.

Hoje eu entendo, o que me torna idiota e azarada numa jornada pokémon é o fato de que eu não gosto dos pokémon, não me importo com o que acontece ou se relaciona a eles e isso significa que eu consigo entrar num ninho pokémon mesmo todas as evidências que ali a coisa vai ficar feia. Até porque, sempre gritei e maltratei eles e eles se submeteram e correram. Os pokémon de minha mãe eram bonzinhos demais comigo. Sempre achei que pokémon era uma criatura boba que após entrar na pokebola se submetia aos humanos.

Eu nunca vou ser uma boa coordenadora ou aceitável com qualquer coisa que envolva pokémon porque eu não me importo com eles. Existem treinadores e outros profissionais que veem os pokémon como ferramentas, tratam-nos mal e outros mais. Ainda assim eles amam aquela vida e serem durões e impessoais com os pokémon é a forma deles seguirem em frente. No entanto, eles tem sentimentos reais por aquele mundo. É isso que eu não tenho e o que me faz sempre ser derrotada, fracassada, ficar perdida e não ter nenhuma fita até agora.

Mesmo planejando, sendo criativa, tendo um motivo nobre, eu não importava com o mundo pokémon e da coordenação, por isso não conseguia perceber o quanto eu poderia ser petulante em minhas ações para como modo como as coisas são feitas, o quanto eu chamava a atenção fazendo as coisas de forma tão excêntrica e o quanto eu era perigosa para os pokémon.

Mas, logo nos meus primeiros dias me debulhei em lágrimas ao quase ver um pokémon morrer por minha causa. Houndoom era incrível e me salvou de inúmeros pokémon pondo risco a própria vida. Eu me importei com aquele pokémon, o primeiro pokémon com o qual me importei. Acho que foi a primeira vez que percebia que eles tinha vida e podiam morrer.

Infelizmente curaram-no na minha frente e ele parecia não ter sofrido nada e isso me fez pensar que se o socorro fosse rápido estava tudo bem e que aquilo havia acontecido por Aries ser louco e aquele ser o mundo real. Mas, que nas arenas ou nos palcos, aquele tipo de coisa não poderia acontecer.

Quando me deram Audino eu chorei de emoção, porque estava realmente abalada que minha vida e meus planos dependiam de um único pokémon e como sofri sem ela. Odiava pokémon, mas aquela Audino me fez sentir algo que nunca pensei em sentir vindo de um pokémon. Ela me fez sentir esperança.

Mas, ainda que Audino me fizesse sentir esperança em dias melhores e na conclusão do meu plano de conseguir uma taça para minha mãe, eu ainda via pokémon como um mal necessário, um recurso. E a experiência com Houndoom me fez acreditar justamente que uma apresentação pokémon não teria riscos de vida. Com isso na batalha minha pokémon saiu gravemente ferida. Mas, como ela foi para o Centro Pokémon eu não me preocupei, não liguei.

Por que me importaria? O que mais eu poderia fazer além de levar ao médico? Passei um dia divertido e com muito aprendizado e no final descobri que ela estava ferida e nunca mais poderia batalhar. Me senti um lixo e senti a esperança ir embora, aquele sentimento que Houndoom me passou de que eles tinham vida voltar me fazendo responsável pela dor, pela deficiência que ela teria pelo resto da vida e por ela me odiar.

Audino me ensinou que pokémon também podiam ser como eu, podiam sentir muita raiva, odiar e desprezar. Estava pronta para desistir, mas a mesma pokémon que eu quase matei estava pronta para me estender a mão. Não era aquela bondade dos da minha mãe, sendo sonsas e burras, mas sim um elo meu com ela. Entendia que o quanto sou burra e idiota e que ela teria que ser o gênio por nós duas.

Odeio pokémon, mas Houndoom e Audino eram mais que pokémon para mim. Os sentimentos deles eram tão reais e intensos que eu não podia simplesmente ignorá-los. Acho que por isso a mega evolução aconteceu com Audino e Houndoom mais tarde veio a entender que nossa disputa foi por sentimentos fora de controle.

A intensidade dos sentimentos dos pokémon faz toda a diferença. Os dois têm personalidades tão fortes que eu acabei me ligando a eles e foi assim que acabei me ligando a Farfetch’d. Eu ainda escondia meus sentimentos, reprimia o que eu sentia e assim nunca tinha pensado no mundo pokémon como um todo, muito menos no que significava captura.

Lutei com a ave e no momento final percebi que o que eu estava fazendo era um sequestro. Se Houndoom e Audino pensavam como pessoas e sentiam como pessoas, então se aquele Farfetch’d guerreiro também devia pensar e sentir como uma pessoa e eu estava era sequestrando-o. Salvei-o de virar comida e logo depois o abandonei num canto qualquer ao sentir a pressão.

Farfetch’d era guerreiro e não servia para ser preso e talvez eu nunca entenderia isso se também não tivesse sido presa. Talvez com ele eu não tenha me afeiçoado, mas ele tinha meu respeito e eu o dele. Ainda assim mandei-o contra Maurício que prometeu matá-lo e iria matá-lo se ele não fosse bom por conta própria, já que eu em minha burrice teria deixado ele morrer. Achava que por ele ser guerreiro não precisava tanto de minhas instruções a julgar que na primeira luta eu não consegui comandar muito.

Odeio pokémon, não gosto deles pelo que fizeram a minha família e isso não vai mudar. Mas, confesso que conhecer alguns pokémon de personalidade tão forte me fizeram vê-los de forma diferente. Eles tem vida e não é justo que eu coloque-os em perigo, por isso deixei eles escolherem se vão comigo ou não, pois certamente vou morrer e não quero forçá-los a morrer junto.

Eu não gosto de pokémon. Odeio eles e tenho certeza que isso não vai mudar, a julgar que por causa deles querem me matar. Mas, reconheço que eles são importantes e me importo com os que conheço. Eu já sei o que vou fazer e por isso tenho certeza que não os quero comigo. Mas, aprendi a não mentir e tenho que parar de reprimir meus sentimentos. Me importo com eles e sei que vão morrer se forem comigo.

 

A noite foi mais longa do que Mirian acreditava que seria. Pensou que dormiria a noite inteira já que estava cansada e havia sido um dia puxado. Quando fechou os olhos torceu para seus pokémon abandonarem-na. Se ficassem eles morreriam, se ficassem ela teria que lidar com o fato que se importava com eles. Se ficassem ela teria que lidar com o fato de que odiava pokémon, mas que possuía alguns que não deveria odiar e talvez nem odiasse.

Os olhos se abriram e Mirian viu a porta de seu quarto escancarada. Suspirou fundo, os pokémon tinham escolhido ir embora. Achou que se sentiria aliviada, mas ficou se perguntando se eles foram embora a odiando.

 

Agora eu me importo com o que eles sentem por mim?

 

Foi um pensamento estranho, mas levantou-se e morreu de susto. Não tendo gritado, apenas porque perdeu o ar. Mas, havia uma pessoa amarrada e amordaçada no chão do seu quarto e aquilo era atormentador. Saltou da cama e então viu Audino dormindo próximo a pessoa amarrada e Farfetch’d alerta como um guarda esperando o inimigo já anunciado.

 

— Vocês não foram embora? - Mirian disse fazendo o amordaçado e Audino acordarem e Farfetch’d virar-se para ela. - Allan? -

 

Mirian reconheceu o rapaz amordaçado e resmungando coisas inaudíveis. Preparou-se para levantar-se e ajudar a Allan, mas viu que seus pokémon a olhavam com curiosidade e percebeu que não se lembrava deles conhecerem Allan.

 

— Vocês fizeram isso? - Mirian questionou e viu-os balançarem a cabeça confirmando. - Acharam que ele era uma ameaça? -

 

Uma confirmação por parte de Farfetch’d veio e Mirian ficou pensativa. Eles sabiam que iriam morrer, sabiam que ela não gostava de pokémon e ainda iria colocá-los em perigo. Ainda assim ficaram com ela.

Farfetch’d olhou confiante para ela enquanto Audino mostrava sua pedra de megaevolução. Mirian ficou sem ar e quase sentiu os olhos marejarem. Eles ficariam por se importarem com ela, iriam defendê-la e Mirian sentia isso. Ambos os lados se importavam com o outro, mesmo que não gostasse completamente e ficar era a forma de dizer que se importavam, enquanto mandar embora significava que se importava.

 

— Se querem morrer, vamos nessa! - Mirian sorriu levantando-se para abraçá-los, mas percebeu que Allan estava ali sacudindo-se como louco. - Céus! Esqueci de você! -

 

<><><><>

 

— Você o que? -

 

Laris parecia não acreditar no que acabara de ouvir. O café da manhã parecia ter sido preparado apenas para eles no Centro Pokémon. Se havia outros hospedados, como sabiam que existiam, eles pareciam ter feito isso bem mais cedo do que eles. Desta forma, o quinteto novamente estava em uma espécie de reunião sobre o que fariam.

Após Allan explicar porque desapareceu na noite anterior, onde foi verificar como Mirian estava e acabou encontrando a porta aberta e sendo atacado pelos pokémon da menina, Mirian passou a relatar como se sentia com toda aquela situação e a decisão de libertar seus pokémon, que não aceitaram tal coisa.

 

— Eu não quero mentir, não quero fingir. - Disse Mirian. - Chega de ser uma pessoa que não sou, não quero reprimir o que sinto e o que quero fazer. -

 

— Mas, não precisava mandar seus pokémon embora. - Disse Laris. - Alguém por favor, me ajuda! - Laris olhava para os demais.

 

— Ainda bem que eles tem bom senso. Você estava mandando milhões de pratas sair pela sua porta sem destino! - Aries olhou para Mirian lembrando-se de Farfetch'd. - Você vai parar de ser idiota? -

 

Mirian riu por alguns instantes fazendo todos ficarem sem entender bem o que havia sido aquilo. Era a primeira vez que alguém a chamava de idiota e ela sabia a razão de fazer as idiotices e finalmente não se arrependia delas. As risadas deveriam preocupar aos demais, mas estavam aliviados do visível abatimento da menina ter ido embora durante a noite, ainda que não entendessem bem como ou o que se passava na cabeça dela.

 

— O que faremos? - Questionou Dove. - Acredito que precisamos alinhar nossos próximos passos. -

 

— Não existe nós. - Disse Mirian olhando para a loira sorridente. - Se sobrevivermos e eu conseguir encontrar uma forma de encarar meus amigos que perderam entes queridos por sua causa... Então haverá nós. Antes disso, não. -

 

Dove assentiu com a cabeça concordando e não parecendo se sentir incomodada com aquilo.

 

— O que não muda o fato que precisamos alinhar o que nós vamos fazer. - Disse Allan. - Foi por isso que a arrastei até aqui. Não foi só reunião familiar, foi para me ajudarem a convencê-la de não fazer o que ela quer. - Allan apontava para Dove.

 

— Novamente, não existe nós. - Disse Mirian. - O que Dove decidir fazer ela vai fazer sem minha participação ativa. Ainda que eu esteja envolvida. - Comentou Mirian. - Não que eu não entenda ou não queira. Mas, não sou como ela, não vou ... - Mirian engasgou na palavra matar. - Eu não posso impedí-la de fazer o que ela acha certo. -

 

Dove olhou para Allan com um olhar de quem dizia "eu avisei". Allan após perceber que não conseguiu convencer Dove de parar sua onda de vingança e assassinatos, resolveu tentar conseguir ajuda para o mesmo e o melhor nome pareceu ser Mirian e seu elo familiar. Mas, Dove dizia que Mirian deixaria ela fazer o que ela quisesse. A loira estava certa.

 

 

— E o que você quer fazer Mirian? - Perguntou Aries. - Disse que não queria mais reprimir as coisas que sente ou que quer fazer. Está falando a Dove que não pode aceitá-la como irmã ainda e a Allan que não vai interferir nos planos de Dove, como ele queria. - Aries deu um sorriso debochado. - Então, o que você quer fazer? -

 

Mirian olhou para Aries durante alguns instantes e procuro algo em sua bandeja de café da manhã para se distrair, mas percebeu que tudo já havia sido consumido.

 

— Participar do Concurso Pokémon Especial de Alma. -

 

A resposta meio que pegou ao grupo de surpresa. Parecia muito claro que Mirian já havia se entendido sobre como ela se sentia ao Mundo Pokémon e que quanto mais tempo passasse na coordenação mais perigoso ficaria para ela e outros a sua volta.

 

— Eu não gosto deste mundo, mas estou atolada nele. Eu poderia simplesmente ir para casa e torcer, mas a verdade é que não consigo ignorar o que fizeram com minha mãe e meu pai. - Mirian parecia medir as palavras naquele momento. - Minha vida seria diferente, ou talvez eu nem existisse, caso eles não tivessem feito o que fizeram. Muitos caíram diante a eles sem ter a chance de revidar ou entender o que enfrentavam. -

 

Mirian olhou para Dove em um meio sorriso. Talvez a coisa mais próxima de um afeto a que a meina mandou a outra desde Saffron.

 

— Mauricio está indo contra eles sem necessidade... Eu não posso e não quero deixar ele se machucar por causa disso. - Ela ainda olhava para Dove. - Mas, como ele não me escuta no momento, vou ter que ir aos palcos falar com ele e mais perto agora é o Concurso Pokémon Especial de Alma. Sei que com isso vou estar me expondo, até porque terei que melhorar para ter chances de ficar no palco junto com ele. Mas, isso vai garantir que eles olhem para mim e se mostrem -

 

Dove assentiu com a cabeça compreendendo. Allan revirou os olhos questionando-se o quanto Mirian tinha noção do que acabara de fazer. Será que ela sabia que estava a ajudar Dove naquele momento.

 

— Você está louca? - Laris gritou. - Vai chamar a atenção deles de propósito? - Desesperada a menina apontou para Dove. - Isso é o mesmo que se juntar a ela. -

 

Aries agarrou Laris fazendo-a se acalmar e voltar a sentar-se enquanto Mirian não pareceu muito preocupada com a situação.

 

— O que quero é salvar Mauricio de não acabar como minha família. - Disse Mirian a Laris. - Se eu tiver que correr riscos e abraçar o mundo pokémon por algum tempo, tudo bem! Mas, Mauricio não vai me escutar fora dos palcos, então tenho que ir aos palcos por ele. Sei que podemos nunca nos enfrentar, mas tenho que arriscar! E enquanto eu tento parar o Mauricio de seu ataque suicida, eu posso dar a oportunidade dos outros dois suicidas acharem o caminho deles até os culpados, já que não tem como impedí-los. -

 

— Dois? - Dove pareceu confusa. - Tirando eu e Mauricio, quem mais tem está querendo uma guerra? -

 

Mirian sorriu e olhou para Laris que ainda estava agitada e não se convencia de que a amiga realmente ia para o concurso para correr riscos. Até ela própria já se perguntava se era seguro ir para o Concurso de Alma.

 

Não fosse seu estado atual, Laris talvez entendesse que Kenan Kornox era o outro suicida caçando o Lado Sombrio. Era difícil saber exatamente o que Kenan queria, mas Mirian acreditava naquele momento que o multicampeão queria o mesmo que Dove, vingança.

 

— O plano não é ruim. - Comentou Aries.

 

— Não é um plano. Se alguém se aproveitar de eu estar atraindo atenção indesejada, que bom. - Disse Mirian. - Mas, tenho que tirar Mauricio deste caminho. -

 

— E como vai fazer isso? - Perguntou Laris. - Ninguém dura dois minutos com ele nos palcos. -

 

— Como disse, abraçar o mundo pokémon por algum tempo. Eu não gosto de pokémon, mas tenho dois que se importam comigo e de alguma forma me importo com eles. Tenho que lidar com isso e saber até onde meus sentimentos por Mauricio e familia são mais fortes do que os sentimentos contra os pokémon. - Comentou Mirian. - Por isso vou me separar de vocês por alguns dias. -

 

Laris olhou para Mirian sem saber o que dizer e depois olhou para Aries. Tinha certeza que Aries não permitiria tal coisa. O rapaz reparou o olhar de Laris para ele, mas ele já estava a encarar Mirian.

 

— Você está mesmo falando sério em ficar sozinha por alguns dias, né? - Aries questionou e ela apenas balançou a cabeça. - Entende que eles podem estar apenas esperando você ficar sozinha, coisa que desde que voltou aos palcos, ainda não ficou? -

 

Mirian fechou os olhos absorvendo as palavras de Aries naquele momento. Era verdade de que o único momento em que estivera em um local sozinha e desprotegida veio a ser o ônibus de Vermilion para Saffron. Em todos os outros lugares o local oferecia alguma espécie de proteção ou companhia que seria muito improvável de ser manipulada.

 

— Eu sei. - Disse Mirian. - Mas, preciso ficar um tempo sozinha para me reencontrar e me preparar. Penso em partir depois do almoço e encontrá-los em Cinnabar em alguns dias para o Concurso Especial de Alma. -

 

<><><><>

 

— CORTA! -

 

O berro foi o mais alto e mais raivoso que as pessoas escutaram naquelas filmagens, mas não era para menos, era a filmagem de uma das principais cenas e ela já estava no final. Após sete exaustivas repetições envolvendo quase 100 pessoas, as coisas finalmente caminhavam para uma conclusão, mas alguém havia aparecido do nada em meio as filmagens.

Levantou-se da sua cadeira olhando fixamente para a intrusa, questionando-se esganava-a ou deixava que isso fosse feito pelas pessoas envolvidas na filmagem que agora teriam que repetir a cena. Mas, percebeu que ele precisava fazer algo, já que todos estavam com cara de assustados após sua reação.

 

— Você é idiota? -

 

Uma curta pergunta acabou sendo a solução para tentar entender o porquê Mirian Miller havia entrado em seu set de filmagens, no meio das gravações, sem permissão.

A garota parecia um pouco perdida, surpresa de ter entrado em meio a uma filmagem, jurava que aquele era o caminho que fizera da última vez, não lembrando que era um caminho onde filmagens aconteceriam.

 

— Arruinou uma cena de horas de trabalho! - Ele tentou controlar-se para não gritar, especialmente porque todos as pessoas que estavam próximas, inclusive atores, estavam assustados com o acontecido. - Espero que sua desculpa para este desastre cinematográfico seja algo que... -

 

Pierre parou de falar e virou-se de costas para confirmar que realmente era com ele. Todos estavam ainda mais surpresos que ele. Mirian estava com o braço direito erguido com uma pokebola expandida em sua mão a encará-lo com um olhar que ele só podia definir como intrigante.

Intrigante era o olhar, pois o restante da situação só dizia que ela era idiota ou louca.

 

— Está me desafiando para uma batalha? - Pierre pareceu não entender. - Parou minha cena por causa de uma batalha? - Ele berrou. - Com que propósito eu batalharia com você? -

 

— Se eu ganhar, Prinplup segue comigo para adaptar seus 3 primeiros filmes para os palcos. -


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
Espero que sim!
No próximo episódio começa a última saga e vamos ver muito mais de coordenação do que de drama!!



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