Mente de Coordenadora Pokémon escrita por Kevin


Capítulo 2
Reencontros


Notas iniciais do capítulo

Bom a nossa fic começa oficialmente aqui.
Espero que gostem deste capitulo!



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Mente de Coordenadora Pokémon
Episódio 02: Reencontros

 

— Qual você acha que ela vai escolher para começar? –

 

Era uma pergunta casual sem nenhuma mostra de sentimento escondido. A jovem treinadora sempre foi muito serena e mesmo diante a uma longa espera e uma certeza de que as coisas seriam no mínimo inusitadas ela parecia tão calma que Wanda precisou desviar sua atenção alguns instantes do que observavam para olhar a jovem.

Próxima de completar vinte anos de idade, feições delicadas e quase angelicais, seu cabelo longo e loiro era mais liso e brilhante do que se podia esperar para uma treinadora que vivia em viagem. Um cerca de um metro e oitenta, olhos azuis como o céu e um vestido branco junto a um cinto de pokebolas e sandália de couro da mesma cor do cinto. Certamente, ninguém diria que aquela era uma jovem treinadora pronta para se tornar campeã de Liga Pokémon.

 

— É uma escolha difícil. -

 

Wanda respondeu enquanto observava a jovem treinadora e se questionava se realmente sabia tudo o que precisava sobre ela. Afinal, estava diante não apenas de uma treinadora promissora, mas também de uma das sócias do Grupo Olimpo, empresa de atividades pokémon que estava prestes a falir e que ainda assim fez um contrato arriscado com uma garota nitidamente sem talento.

 

— Qual você escolheria? -

 

A loira virou-se para Wanda e percebeu que era observada. No entanto, não pareceu que Wanda estivesse preocupada em ser pega examinando-a. Já era uma senhora com seus quarenta e poucos anos, pele clara e cabelos castanhos. Ar cansado que muitos atribuiriam as grandes olheiras que apresentava, mas nem de perto tinham relação. A verdade é que Wanda estava admirada com a jovem e Angel estava percebendo isso.

 

— Não tenho a menor ideia, Angel. - Ela suspirou deixando que sua visão e atenção voltasse-se para a cena que acompanhavam. - Por mais cruel que seja dizer, jamais teria entrado numa situação como essa. -

 

— Finalmente demonstrando algum sentimento a respeito de tudo isso? - Questionou Angel de forma tranquila voltando sua atenção para a mesma coisa que Wanda observava. - Estava começando a achar que ela tinha alguma razão em te odiar. -

 

— Eu não compreendo as últimas atitudes e decisões de Mirian, então não consigo colocar-me no lugar dela para dizer qual pokémon escolheria. - Uma pausa foi feita. - Mas, não é assim que minha relação com ela funciona. Quando ela quiser se abrir, se abrirá. Tenho que compreender que hoje ela está tendo reencontros nada agradáveis e não é por conta própria. -

 

Angel apenas concordou com a cabeça, sem desviar seu olhar do que acompanhava.

Era um local bem tranquilo com restaurante rustico e uma boa área para descansar e deixarem seus pokémon livres, apesar de naquele momento não haver nenhum pokémon. Era nessa área que tanto a jovem loira quanto a mulher cansada mantinham suas atenções, acompanhando o desfecho de um encontro que diria muita coisa do futuro delas mesmas e da garota a qual observavam.

Talvez a cena não seria tão incomum, apesar do ambiente aberto em que estavam. Diversas crianças ficavam frente a frente com algumas pokebolas e precisavam escolher com qual pokémon começariam suas vidas pokémon. Mas, não era esse o caso de Mirian Miller, afinal ela já havia começado sua vida pokémon e o resultado foi um desastre épico, digno de virar Best Seller.

Sentada com as pernas cruzadas, em borboleta, Mirian observava pokebolas depositadas na grama a sua frente. Uma das esferas vermelha e branca continha sua pokémon inicial Audino e a outra continha o seu primeiro pokémon capturado, Farfetch’d. Não os via a cinco meses e reencontrá-los implicava em ter que explicar-lhes várias coisas as quais ela não estava preparada. Falaria sem problema sobre sua prisão e o que ocorreu com ela neste tempo, mas não saberia explicar a eles o que eles realmente gostariam de saber como o porquê eles foram abandonados em um centro pokémon e o que aconteceria agora que estavam reunidos de novo. Se Mirian soubesse responder isso ela talvez não estivesse a vinte minutos sentada encarando as pokebolas como uma novata que estava para escolher seu primeiro pokémon.

Não bastasse todas as respostas difíceis, Mirian nunca foi boa em se comunicar com os pokémon o que significava que por mais que superasse a parte do expor toda a situação para eles, talvez não viesse a ser compreendida. Sua inicial sempre teve um temperamento forte o que fazia a comunicação ser estressante entre as duas, já seu primeiro capturado nunca saíra da pokebola, diante dela, após ter sido capturado e isso significa zero de contato. Se nenhum dos dois quisesse ouvi-la ou mesmo que lhe dessem atenção não entendessem uma única palavra, ela não ficaria surpresa.

Fechou os olhos e levou a mão esquerda a pokebola da esquerda, escolhendo Audino para começar a difícil conversa. Fez o movimento com o pulso para que a pokebola se abrisse e então um raio branco foi emitido anunciando a liberação, mas não demorou mais do que 1 segundo para se tornar vermelho e nada se materializar do lado de fora da pokebola.

 

— Por essa eu não esperava! -

 

Angel passou a mão direita pelo seu cabelo, visivelmente surpresa com a cena da pokemon se recusar a sair da pokebola. Já havia escutado falar sobre aquilo, mas era a primeira vez que presenciava o ato. Aquilo tinha tantos significados que talvez fosse hora de interferir, mas ao olhar para Wanda, mãe de Mirian, a viu limitando-se a suspirar e resolveu se conter.

Mirian manteve a pokebola de Audino na mão esquerda por alguns instantes e de repente e reduziu de tamanho, apertando no botão central dela, guardando-a no bolso em seguida. Esticou a mão direita para a pokebola que sobrava e então fez o movimento de liberação permitindo que a criatura se materializa-se.

As luzes brancas deram forma a uma ave com traços verdes e marrons e que segura um galho de alho porró em uma de suas asas. Farfetch’d era realmente um pokémon ave diferente do habitual, era nítido que seu porte era mais elegante e seu olhar mais atrevido. Por alguns instantes ele fitou Mirian, mas logo começou a olhar em volta e pareceu farejar o ar.

— Bem... -

Mirian tentou dizer algo, mas foi surpreendida por um levantar de voo apressado e inusitado da ave que parecia ir em direção a mata. Ela estava fugindo diante aos olhos de Mirian. Seus dois pokémon estavam recusando-a.

 

— Hoje é um péssimo dia para reencontros! –

 

Aquele não estava sendo um bom dia para Mirian Miller e ela duvidava que fosse conseguir fazer algo para torná-lo melhor. Estava um clima ameno naquela parte de Kanto, tão próxima de Vermilion. Uma rota movimentada que possuía um fabuloso restaurante de estrutura rústica que muito atraia os turistas, especialmente pelos seus pratos exóticos.

Quando Mirian acordou no quarto de hotel, onde estava hospedada naquela manhã, imaginou que seria um dia agradável de viagem até Saffron, onde falaria um pouco mais de seu livro durante uma semana e então teria que tomar coragem e ir para casa e reencontrar todos os problemas da sua jornada que havia deixado para trás nos últimos dias. Mas, o jornal, que acompanhou seu café da manhã servido no seu quarto, já trazia a manchete “Reencontro avassalador da família Miller” reportando sobre como ela e sua mãe não pareciam se entender durante o momento em que elas conversaram no palco do programa Alma de Coordenadora Pokémon.

Como poderia um acontecimento bobo virar manchete do principal jornal de Kanto? Ela não tinha ideia, mas após conseguir vestir-se com seu moletom cinza rumou para o saguão do hotel onde os encontros daquele dia começaram. Primeiro um competidor de seu primeiro concurso estava ali e ela teve que escutá-lo por meia hora falando sobre seu desempenho em Tin. Após seu Editor lhe mostrou o jornal e disse que estava alterando a programação devido a aquela reportagem, pois temia que aquilo tirasse a atenção do livro e fizesse só haver dramalhão familiar.

Não bastasse aquele reencontro com a matéria, ao estarem para deixar o hotel depararam-se com Wanda e Angel que a forçaram a ir com elas para aquele restaurante almoçarem e reencontrar seus pokémon.

 

— Mirian! -

 

Mirian escutou seu nome sendo gritado por Angel e percebeu-a correndo com uma pokebola na mão na direção de Farfetch’d. Olhou de relance para sua mãe e percebeu que ela também estava preocupada, apesar de não ter se movido.

Uma pokebola voou após ser lançada com força por Angel e de dentro dela saiu uma espécie de raposa azulada, de pelos curtos pelo corpo, mas com grandes orelhas caídas que correu velozmente na direção de Farfetch’d.

 

— Tempestade de Gelo! -

 

Mirian ficou surpresa ao escutar o comando de Angel. Uma nuvem escura se formou no céu e uma ventania, cheia de neve surgiu se chocando contra o pokémon ave fugitivo o jogando para longe da mata.

 

Ela liberou Glaceon, um dos seus mais fortes pokémon contra Farfetch’d?

 

— Deixe-o em paz, Angel! - Gritou Mirian levantando-se. - Ele não quer ficar comigo! -

 

Angel parou estática ao escutar aqueles gritos de Mirian. Olhou na direção de Wanda, que estava próximo a uma das portas do restaurante e viu sair de lá algumas pessoas curiosas com os gritos e a mudança brusca de clima no local.

 

— Você é alguma idiota? - Questionou Angel dando as costas para Mirian. - Glaceon, temos que abatê-lo antes que tenhamos companhia, não o machuque demais. Use Tempestade de Gelo novamente para mantê-lo no chão. - Angel comandou rapidamente voltou a olhar para Mirian. - Recolha-o! -

 

Um grito. Mas, não um grito de raiva ou recriminação, era de urgência. A menina tentou entender o que aquilo significava. Viu a Tempestade de Gelo aumentar enquanto algumas pessoas entravam apressadas de volta para o restaurante e estranhou aquilo, pois sequer o vento gelado chegavam neles.

O pato não conseguia manter-se voando e por isso saiu correndo com seu bastão de Alho Porró, brilhando em verde, para combater Glaceon que o impedia de fugir. Uma tentativa de golpe que fora facilmente desviada, mas parecia ter sido apenas uma distração, pois a ave saltou junto com seu adversário, fazendo seu bico brilhar e acertando com o Ataque de Bico.

 

— Rabo de Ferro seguido de Raio Aurora! - Comandou Angel!

 

Enquanto era bicado freneticamente o pokémon de gelo conseguiu girar o corpo e com sua calda banhada por um brilho acinzentado acertou Farfetch’d jogando-o para trás, por alguns metros. O giro de corpo foi finalizado com um imediato uma luz multicolorida que foi expelida por sua boca. A ave ainda estava quicando pelo chão quando o Raio Aurora o atingiu, fazendo-o ser lançado por mais alguns metros e cair bem abatido, mas ainda consciente e querendo fugir.

 

— Pare Angel! - Mirian gritou novamente. - Eu quero libertá-lo! -

 

— Você quer é matá-lo! - Angel disse de volta.

 

Mirian revoltou-se com o que ouviu e foi se pôr na frente Farfetch’d, mas então escutou um estampido. Ela parou assustada, certa de que aquilo era um tiro. Ela aprendeu a reconhecer o som em sua antiga jornada e ao reconhecer não conseguiu ter outra reação.

A jovem Miller escutou a gritaria, viu Glaceon saltar e mandar um outro Raio Aurora agora na direção do restaurante enquanto Angel parecia correr em sua direção dizendo algo que ela não conseguia entender.

Seu coração palpitava e em sua mente o som do tiro era reproduzido várias vezes, até que sentiu seu corpo ser chacoalhado e conseguir sair de seu estupor. Olhou para Angel que gritava com ela procurando algo em volta.

 

— Tem que recolhê-lo! Tem que recolhê-lo! Cadê a pokebola? -

 

Mirian olhou para cima, de onde agora vinha a gritaria e viu dois homens com armas de caça, pessoas tentando segurá-lo, umas delas sua mãe, e muita confusão.

 

— Caçadores? -

 

Um estalo ocorreu na mente de Mirian e ela olhou para Farfetch’d caído e com a asa sangrando. Ela já tinha vivido uma situação parecida e foi desta mesma forma que havia capturado, sem querer, aquele pokémon pato que agora estava caído ferido. Aquele era um pokémon raro de carne suculenta que pessoas pagavam milhões para comê-lo. Ela o capturou, lutando contra um caçador, justamente para impedir que aquele Farfetch’d fosse capturado e entregue a um restaurante.

 

— Quando deixei ele fugir propondo liberá-lo eu não lembrava que ele valia milhões e que estávamos próximo a um restaurante rústico que poderia tentar capturá-lo. - Ela comentou mais para ela mesma, quase que em choque por ter feito aquilo. - Ele não tentou fugir de mim. Só sentiu o cheiro da comida e talvez de coisas de caça e ficou desesperado. -

 

— Cala boca e acha a pokebola! - Gritou Angel.

 

Mirian olhou e viu que outros dois caçadores estavam tentando passar por Glaceon para pegar Farfetch’d.

Olhou em volta, desesperada procurando a esfera que havia caído de sua mão durante o momento de pavor com o tiro. Sabia que ela estava ampliada, pois não havia a minimizado. Saiu do lugar e percebeu, havia caído em cima dela, minimizando-a. Pegou ampliando-a em meio ao tremor de seu corpo e apontou rapidamente para o pokémon.

O feixe luminoso vermelho alcançou o pokémon ferido que rapidamente foi envolvido pela luz e recolhido para a pokebola. Mirian suspirou aliviada assim como Angel, mas sirenes foram escutadas e as coisas não iriam ser nada boas.

 

— A polícia? Sério? Eu vou me reencontrar com a polícia hoje também? -

 

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— Odeio policiais. -

 

Alguns reencontros são melhores do que outros. Reencontrar sua mãe talvez tivesse sido o pior de todos os reencontros do dia, mas após quase ter causado a morte de seu pokémon e ter que novamente dar explicações a polícia, após fazer isso durante quatro meses, ela já não tinha ânimo para mais nada naquele dia. No entanto, poderia continuar negando conversar com sua mãe, mas não poderia mais negar ignorar Angel.

 

— A primeira experiência que a vi ter com policiais não foi muito boa mesmo. -

 

Angel comentou sorrindo ao sentar-se perto de uma encolhida e resmungona Mirian. A dos cabelos castanhos endireitou seu corpo e apenas olhou para Angel, esperando para escutar o que ela tinha a dizer.

 

— Eu teria muita coisa para te contar e conversar, mas acho que você é inteligente o suficiente para saber metade das coisas que eu diria e apenas não quer aceitar. - Angel parou e inclinou a cabeça para Mirian demonstrar que ela estava certa, mas não veio resposta. - Por exemplo, sei que não preciso explicar que não a visitamos enquanto estava presa porque só ficamos sabendo na semana que estava sendo liberado. -

 

— É uma ótima desculpa. -

 

Mirian resmungou não aceitando aquilo. Um dos vários motivos de não querer falar com Angel e sua mãe, Wanda, era justamente o fato de ninguém ter ido visitar enquanto presa e não ter conseguido notícias de ninguém durante o período. Talvez não importasse a justificativa, o fato era que ela havia se sentido abandonada no momento de maior sofrimento de sua vida.

 

— Bom... - Angel levantou-se. - Vou resumir para liberá-la para seguir para o Centro Pokémon de Vermilion onde estão tratando de Farfetch’d. -

 

Miller naquele momento abaixou a cabeça consentindo a situação. Ela não daria o braço a torcer quanto ao que ela pensava sobre sua mãe e sua amiga Angel. Mas, existiam duas coisas que, mesmo chateada com quase todos que conhecia, não poderia ignorar. A primeira era o fato de que naquele momento seu pokémon estava ferido e fora ela quem deus os primeiros socorros e em seguida conseguiu que a polícia o socorresse. A Segunda era a situação que Angel era sua amiga, mas também era sua chefe, já que ela era sócia do Grupo Olimpo, empresa que a assessorava na sua carreira pokémon, por mais desastrosa que tivesse sido.

Aquele detalhe era justamente o que Angel queria falar e Mirian já estava preparada. O contrato previa que o pagamento de Mirian pelos serviços recebidos do Grupo Olimpo seriam pagos com a exploração de sua imagem de Coordenadora Pokémon, como ela foi presa a imagem dela estava completamente arruinada e mesmo que pudesse ser recuperada, estavam em Agosto e ela não queria mais fazer parte do mundo da coordenação.

 

— O contrato era bem claro quanto os deveres e obrigações de cada parte... –

 

Angel havia começado a falar, mas viu Mirian levantar-se e esticar a mão pedindo um momento para ela. A loira não compreendeu a situação, mas viu que ela se preparou para falar.

 

— Quebrei o contrato ao abandonar a jornada, ao destruir minha imagem sendo presa e claramente não há mais tempo de me classificar para o Grande Festival de Kanto. - Mirian começou a falar como se palestra-se. - Não lembro exatamente dos valores envolvidos, já que deve haver alguns reajustes de juros e inflação, mas creio que com o dinheiro do meu livro poderei saldar essa dívida por completo, mas apenas a partir do final de Novembro. Então peço encarecidamente que espere até o final do... - Mirian parou ao perceber que Angel havia começado a rir.

 

A risada aumentou tornando-se em gargalhadas que até chamavam a atenção de algumas pessoas em volta, inclusive de Wanda. No entanto, ninguém pareceu querer se aproximar das duas para entender o que estava acontecendo, muitos ainda davam depoimento à polícia e um dos gerentes do restaurante tentava desculpar-se com alguns clientes que ficaram horrorizados com o ocorrido.

 

— Podem me cobrar juros de hoje até novembro. - Disse Mirian já constrangida com tantos risos. - Não parece tão idiota eu pedir um prazo para pagar o que devo, parece? -

 

— Espera, espera... - Angel esticou uma mão pedindo um instante enquanto ela tentava se acalmar. - Eu repreendia meu irmão toda vez que ele dizia ter tido crise de risos com alguma atitude sua, mas agora eu entendo. Você realmente é uma pessoa avoada! -

 

Mirian esboçou uma indignação, mas acabou por rir da situação também.

 

— Veja, o contrato era bem claro quanto os deveres e obrigações de cada parte e nós fomos os primeiros a quebrar o contrato. -

 

— Como é? - Mirian exaltou-se naquele momento. - Como assim? –

 

— No contrato diz que você teria uma pessoa do grupo para estar te acompanhando e orientado em sua jornada. Quando você se feriu ao capturar Farfetch’d o idiota do meu irmão deixou-a sozinha em um Centro Pokémon. Mesmo que você tivesse ficado lá esperando-o em vez de ter ido embora e abandonado jornada e pokémon, ele já teria quebrado o contrato pois a decisão de deixá-la sozinha foi unilateral, o que não poderia ser permitido. - Angel viu que Mirian parecia surpresa com aquilo. – Lógico que o abandonar da jornada pesa contra você, mas juridicamente falando, você foi presa quatro a cinco horas depois de sair do centro pokémon, então não teria como realmente acusá-la de abandonar a jornada, pois um advogado razoável alegaria que você não abandonou a jornada. -

 

Mirian escutou aquilo com certa incredulidade. Significava que ela não estava devendo nada e na verdade ela é quem receberia?

 

— Você não quebrou o contrato ao ser presa. Sua imagem não foi destruída. - Angel viu que Mirian quase surtou ao escutar aquilo e por isso pediu um instante para conseguir terminar. - Sua prisão sequer foi noticiada. Ninguém realmente sabe onde você estava nesse tempo todo. Oficialmente você se trancou num escritório para escrever seu livro, então a imagem está mantida. -

 

— O que isso significa? Que o contrato foi desfeito? - Mirian parecia confusa. Não sabia o que pensar naquela situação. Era boa com essa parte contratual, mas pega de surpresa após os acontecimentos das últimas horas não tinha certeza se estava conseguindo acompanhar. -

 

— Não totalmente sem efeito. Nossa quebra de contrato, ao abandoná-la em jornada, não desvalidaria o contrato, afinal você naquele momento já havia usufruído de muitos recursos do mesmo sem ter dado nenhum retorno. O Contrato permanece até agora, mas o objetivo final dele, para ambos, já não poderia ser alcançado nos moldes atuais. -

 

— Eu não poderia chegar ao Grande Festival e vocês não teriam um Coordenador campeão para explorar a imagem. - Comentou Mirian. - Então como vamos fazer? Fazer um acordo para que ambas as partes sejam reparadas de seus gastos? –

 

— Não estamos no prejuízo, na verdade estamos lucrando. - Angel sorriu. - E lucraremos muito mais desde que você volte aos palcos. -

 

Mirian piscou algumas vezes sem conseguir entender como ela presa poderia ter gerado lucro. Como tantas faltas contratuais poderiam gerar lucro. Ela sequer entendia como ela voltar aos palcos poderia gerar lucro se ela era uma péssima coordenadora e só havia conseguido participar de dois concursos.

 

— Sua prisão foi arbitrária. Além de não acionarem os seus responsáveis legais, sua mãe e nós como seus especialistas pokémon, você foi privada de inúmeros direitos e foi física e mentalmente machucada dentro do presídio. – Angel parou ao perceber que Mirian arregalou os olhos. - Não sei dos detalhes, mas quando conseguimos descobrir o que havia acontecido com você nosso setor jurídico entrou em ação e conseguiu toda a ficha médica e estamos processando o Governo e já começamos a ganhar. -

 

— Estão ganhando dinheiro em cima do que sofri na prisão? -

 

— Tem processo também por danos a sua carreira que, alguns podem achar que estava patética, mas quando foi presa estava sendo uma das coordenadoras mais comentadas. Ou seja, visivelmente te impediram de crescer e faturar, então podemos pedir compensação por isso. - Angel sorriu sem graça. - Mas, para isso preciso que volte aos palcos e ganhe ao menos uma fita para mostrar que te roubaram a chance de ir ao Grande Festival. Depois não importa o que vá fazer de sua vida, pois alegaremos que a prisão foi traumática. –

 

— E foi mesmo! - Mirian reclamou. - Mas, eu não quero voltar aos palcos. O motivo pelo qual eu estava em jornada se mostrou uma farsa. - Mirian olhou para Wanda ao longe por alguns instantes. - Eu sei que isso vai ajudar vocês a salvarem o Grupo Olimpo, mas não quero voltar para os palcos. -

 

— Bom, a decisão de voltar é sua. Algumas aparições suas ajudariam, mas acho que seria pedir demais após sua mãe ter concedido adição de um coordenador no contrato. - Angel pareceu calma diante a desistência de Mirian de sua carreira de coordenadora. - Vou processar o restaurante pois pelo menos dois dos caçadores eram garçom do restaurante e isso deve dar um dinheiro a mais. -

 

Mirian deu uma risada quanto a abordagem que o grupo Olimpo estava tendo para conseguir o dinheiro para quitar as dívidas que estavam tendo. Eles pareciam desesperados a ponto de processar a qualquer um que pudessem. Mas, parou ao se dar conta do que Angel havia falado.

 

— Espera, adicionaram um coordenador ao meu contrato? Minha adicionou? – Ela parou sem compreender. – O contrato afinal está de pé ou será cancelado? –

 

— O Contrato ainda é válido, as faltas contratuais de ambos os lados inviabilizariam o contrato. Mas, sua mãe propôs que adicionássemos um novo coordenador ao contrato, além de você, com a promessa de que ele faria o que você estava se propondo a fazer. Por isso estamos pegando leve e não exigindo nada de ti. Se este Coordenador Pokémon conseguir Conquistar o Grande Festival, você terá serviços do Grupo Olimpo pelos próximos cinco anos, ou enquanto conseguirmos ficar de pé. –

 

— Minha mãe mexeu no meu contrato? – Mirian parou por alguns instantes tentando acreditar naquilo. - Tudo bem que ela é minha responsável legal e na minha ausência ela poderia o fazer. Mas, vocês aceitarem algo tão idiota? É por isso que você está junto com ela? Ela é a nova coordenadora? Sabia que ela é uma fraude? -

 

Angel olhou para Mirian por alguns instantes e virou-se e observou Wanda ao longe. Suspirou balançando a cabeça negativamente e voltou-se para Mirian.

 

— O novo coordenador do contrato não é sua mãe. Ele se chama Maurício. –

 

— Como é? -

 

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Reencontros são complicados e extremamente desgastantes. Eu não saberia dizer se o pior de um reencontro e tudo o que você tem para dizer para a pessoa e não consegue devido aos sentimentos do momento, ou a falta do que dizer devido aos sentimentos do momento. Reencontrei Angel do Grupo Olimpo e ela fez meu mundo girar de cabeça para baixo. Reencontrei meus pokémon e fui ignorada por um e quase matei o outro. Reencontrei minha mãe e não consegui esquecer de que ela me enganou a vida toda.

Talvez o pior disso tudo é reencontrar-me com esse nome depois de tanto tempo. Maurício dizia que eu me arrependeria de ter saído em jornada sem ele e sinceramente me arrependi amargamente, mas agora ele está tentando fazer a mesma loucura que eu ia fazer anteriormente e não tem motivos para que ele se proponha fazer isso ou que o Grupo Olimpo aceite-o. O que afinal de contas aconteceu enquanto eu estava presa?


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