Mente de Coordenadora Pokémon escrita por Kevin


Capítulo 11
Sequestros


Notas iniciais do capítulo

Fala galerinha... passando para desejar uma feliz pascoa e trazer para vcs um belo episódio! Como falei no episódio anterior, vamos começar a sair desta fase Dark a caminho da luz... ao final veremos uma Mirian como nunca vimos antes e vamos entender tudo o que ocorreu na prisão.

Então... Vamos com tudo!



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— Acompanha o movimento da minha boca, Beta! - Mirian parecia totalmente revoltada. - Eu estou com medo! -

 

Mirian estava começando a ficar irritada com Beta. Entendia completamente as boas intenções da nutricionista, mas a pressão em cima dela estava começando a fazê-la chegar próximo de um colapso. Era o fato de querer esconder ter sido presa, fazer uma jornada despreparada, saber que sua mãe poderia morrer a qualquer momento devido a uma doença, acreditar que a mãe poderia estar sendo ameaçada por um grupo oculto de coordenadores que manipulavam os resultados dos concursos e que ela mesma estava a ser ameaçada pelo, saber que as pessoas queriam roubar seu pokémon e que a matariam por isso, e, ainda tinha uma antiga prisioneira perambulando por Saffron sabe-se lá com quais intenções.

Não bastasse tudo isso, lembranças do seu tempo presa estavam indo e vindo com mais frequência, deixando-a com a sensação de não ser apenas medo de que algo poderia acontecer, mas sim questão de tempo até que as coisas se concretizassem.

 

— Por isso precisa vir comigo. - Disse Beta. - O ginásio é seguro, mas não vai se distrair. Agora, você precisa de segurança e distração e a festa para qual vou essa noite é perfeita. Só tem elite, muita gente educada e com segurança completa. Nada vai acontecer com você lá e de quebra vai me fazer companhia, para podermos rir dos chiques e esnobes! -

 

Beta falava fazendo gestos com as mãos, de forma animada. Após terem ajudado Mirian a mandar Farfetch’d para o Grupo Olimpo, Drun, Allan e Bruno se foram, deixando Beta tentando convencer a menina de que deveria ir com ela a festa naquela noite.

 

— Qual a parte de que estou com medo você não entende? - Questionou Mirian.

 

Beta olhou para Mirian de cima a baixo. Ela já estava com vestido preto longo, brincos de perola, cabelo escovado, sandália com um pequeno salto e segurava os convites da festa junto com uma bolsinha preta de mão.

 

— A parte que você se produziu toda não querendo ir? –

 

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Meu nome é Mirian Miller e me tornei uma Coordenadora Pokémon para conquistar uma taça em homenagem a minha mãe que está doente. No entanto, fui tão mal em minha jornada que acabei presa, através de uma armação, acusada de ser caçadora ilegal e falsificadora. Depois de sair da prisão, retomei minha jornada para descobrir as pessoas que armaram para que eu fosse presa.

Agora estou em Saffron e acabo de encontrar uma de minhas algozes!

 

 

Mente de Coordenadora Pokémon
Episódio 11: Sequestros

 

As pessoas haviam se reunido ao redor da arena do ginásio de Saffron, animados para ver como aquela situação terminaria. Já passava das oito da oito e no geral ali só estariam ou poucos funcionários e convidados, no entanto a confusão que começou as seis e meia da noite havia se durado até aquele momento e tudo só terminaria numa bela batalha.

Era próprio da maioria dos treinadores resolverem suas diferenças cruzando pokebolas e para Blue, que tinha sido treinador pokémon até o ano passado, deixar velhos hábitos de lado não era fácil. Até mesmo Allan admitia que o melhor era realizar uma batalha para que a briga parasse de uma vez.

 

— Então será um contra um. Se você ganhar, saio está noite, de novo, com você e só voltamos quando o sol raiar ou eu ficar com alguém, mas se eu vencer, você vai passar o resto do festival sem me atazanar com isso, ok? -

 

Allan já estava com sua pokebola na mão. Usando sua camisa social e grava preta de tira fina e ele estava confiante em suas habilidades de batalha para derrotar a Blue. Afinal, o jovem agora era um coordenador e só estava hospedado no ginásio, junto com sua irmã, pois anos atrás, quando enfrentou Sabrina, conseguiu vencê-la de uma forma impressionante, ganhando a simpatia da líder.

 

— Vai ser a noite mais divertida de sua vida. - Diz blue animado. - Vamos come... -

 

Blue parou no momento em que ia lançar sua pokebola e olhou para o lado. Demorou dois ou três segundos a mais, mas todos acabaram virando-se em seguida. As quase trinta pessoas no local pareceram incertos sobre o que pensar ao ver a líder local, Sabrina, parada junto a porta de entrada da arena.

 

— Achei que já teria ido para a festa. - Comentou Allan desconsertado. - No que posso ajuda-la neste momento? –

 

— Não achei que Blue fosse conseguir te estressar tanto a ponto de querer resolver isso na arena. - Comentou Sabrina ainda olhando séria, enquanto Blue dava um sorrisinho brincalhão enquanto algumas pessoas tentavam segurar a risada. - De qualquer forma, estou indo dar uma volta na cidade. Vou comprar algo para comer, já que Hina parece não ter feito o jantar com ficou de fazer. – Sabrina virou-se para sair. - Boa partida para vocês. –

 

Mais uma vez ela não vai a festa a qual confirmou presença. Isso vai dar um trabalhão amanhã na hora de enviar os pedidos de desculpas pelo não comparecimento.

 

Um suspiro longo, mas conformado. Allan era aprendiz de Sabrina a dois anos e muito havia aprendido com ela sobre batalhas, mas muito mais havia aprendido sobre ser um assistente pessoal e o funcionamento do mundo político. Sabrina era convidada para diversos eventos e enviada pela prefeitura como representante de Saffron a vários locais, mas ela detestava tudo aquilo e no geral sempre acabava tendo que redigir alguma carta pedindo desculpas pelo não comparecimento.

 

— E aí? Vai liberar seu pokémon ou ficou com medinho? -

 

Blue exibia seu Wartotle já liberto e pronto para a batalha. Allan sorriu, havia previsto a escolha do adversário como sempre. Ainda que não conseguisse a vitória, pretendia fazê-lo lutar a madrugada inteira. Derrota não doeria tanto em Blue, mas perder uma noite de festival perderia.

 

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O Festival dos Milhões de Saffron era um evento para todos. Não importava se era jovem, idoso, sua cultura ou seu poder aquisitivo, se tivesse um pouquinho de disposição de andar em meio à multidão encontraria algo que agradasse. Talvez hospedar-se fosse uma aventura a parte, mas festas e diversos eventos aconteciam dentro do festival o que significava que todos tinham seu cantinho.

Se fosse um treinador pokémon encontraria arenas com filas de outros treinadores para batalhar, em meio a comida, músicas e pessoas que estariam ali só para torcer. Se fosse um coordenador encontraria alguns galpões onde coordenadores estariam exibindo suas performances num aquecimento para o famoso Concurso dos Milhões que ocorria dentro do festival.

Se fosse alguém como Blue, que estava ali para a azaração, mas não queria rodar por toda a cidade atrás de presas fáceis, podia ir para alguns barzinhos que faziam a identificação das pessoas logo na entrada entre solteiros atrás de alguém e solteiros sem interesse em ninguém.

Para pessoas como Sabrina que não tinham interesse na grande agitação bastava andar um pouco mais próximos das áreas residenciais e encontraria lanchonetes e restaurantes aconchegantes e com um número de pessoas reduzidos.

Se estivesse com problemas financeiros para acessar qualquer local pago, a rua tinha muito movimento, com carros de som e palcos espalhados. Se não quisesse ficar em meio à multidão ainda havia alguns lugares entre uma rua e outra que acabavam se tornando ótimos locais para curtir algum artista famoso sem ingresso, ficando do lado de fora dos estabelecimentos.

Para todos os estilos, um local com festa diferente. Desta forma, estar num local que não te agradava durante o festival era apenas questão de opção.

 

— Não estou gostando do ambiente. - Comentou Mirian. - Parece com a festa da editora em que tive de participar. -

 

As vezes as pessoas não possuíam tantas opções, mas ainda aproveitariam o ambiente se não estivessem tão contrariadas como Mirian. A festa era toda sofistica, todos estavam com ternos visivelmente caros, enquanto as mulheres usavam vestidos e joias que certamente comprariam carros e casas que metade da população do mundo sonharia em ter.

 

— Duvido que a sua editora tenha feito uma festa como essa em algum momento. - Comentou. - Não falo do quanto foi gasto, mas sim do ambiente. Olhe em volta e me diga o que vê, coordenadora. -

 

Fazia uma hora que estavam ali e não havia outra coisa que Mirian fizesse a não ser reclamar. Claro que Beta estava adorando o jeito relutante de Mirian de apreciar o ambiente, não apenas era engraçado o jeito como Mirian comentava as coisas como também era nítido que seu sumiço de cinco meses não se devia só ao livro, mas muito tinha haver com os milionários.

Mirian olhava em volta seguindo as instruções de Beta, de uma forma casual. Estava sim irritada e pouco à vontade. Mas, admitia que era mais pelo medo de perder Farfetch’d ou ser atacada.

 

— Pokémon? -

 

Mirian parou um tanto quanto surpresa ao perceber pokémon andando de um lado par ao outro na festa; Eram eles que serviam os convidados, além de parecerem servir de segurança e começou a perceber que talvez eles também estivessem fazendo parte da orquestra.

 

— Finalmente percebeu. - Beta sorriu. - Contando que pegou dois canapés e este maravilhoso coquetel nas bandejas que lhe foram oferecidas, você nitidamente parece tê-los ignorado até agora. –

 

Mirian olhava estupefata em volta. Eram diversos tipos de pokémon, alguns que ela nunca havia visto antes. Nunca havia pensado em usar pokémon daquela maneira, servindo, cozinhando, limpando, sendo seguranças e tocando. Eles quase passavam despercebidos diante ao ambiente elegante e milionário onde estavam, sem nada dizer, sem nada fazer.

 

— Por que os pokémon estão fazendo essas tarefas? - Questionou Mirian.

 

— É a tarefa deles. -

 

Uma voz respondeu a Mirian de repente. Ela virou-se e viu Drun próximo a ela. Ele estava com um terno preto, mas não parecia realmente passar por um convidado.

 

— Ela não consegue ver a diferença de coordenadores e treinadores, então não consegue entender os pokémon nessas tarefas, apesar de ter se apresentado com sua pokémon realizando uma dessas tarefas. - Beta comentou para não parecer ignorar a Drun. - Por sinal, estou surpresa que não esteja sem camisa. -

 

Drun olhou Beta por alguns instantes, mas evitou qualquer comentário a respeito da camisa.

 

— A maioria dos coordenadores tem essa miopia prática sobre as habilidades pokémon. - Comentou Drun que viu Mirian parecer confusa.

 

— Coordenadores são, em sua essência, exploradores da arte. No entanto, a cada 10 coordenadores, apenas um realmente entende o conceito de arte e a cada 1000 apenas um realmente tem talento para fazer qualquer coisa ser arte. Os demais sempre se baseiam no que as pessoas dizem ser belo. - Beta teceu o comentário rapidamente. - Desta forma, coordenadores acabam vendo seus pokémon como extensões suas para apresentações, acreditando que eles devem fazer apenas suas ações artísticas. Somente treinadores conseguem ter essa visão de que um pokémon pode servir mais do que para batalhas e apresentações. -

 

— Usar pokémon para outras tarefas que não batalha e exibição é algo que o mundo pokémon grita a todo momento. Como meio de transporte, proteção, terapia, baterias auxiliares, uso medicinal e tantos outros. - Complementou Drun. - A empresas que baseiam toda a sua força motriz nos pokémon, passeios submersos, entrega de pacotes, guias e muitos outros. Aqui você está vendo uma empresa de serviços de festa movida a pokémon. -

 

Mirian pareceu compreender o que eles falavam e principalmente quanto a miopia dos coordenadores. Realmente a maioria dos coordenadores sentiram-se ofendidos quando no passado ela realizou uma apresentação baseada em sua pokémon lavar pratos no meio do palco. Os coordenadores achavam-se elite e não admitiam a ideia de fazer, ou colocar suas estrelas para fazer, trabalhos braçais. Então não conseguiriam realmente pensar em fazer algo com pokémon que não fosse se apresentar. Treinadores por outro lado tinham essa visão aberta de usar pokémon para diversas tarefas, talvez pela necessidade que passavam ao decorrer de suas jornadas por trilhas e outros mais, já que coordenadores evitavam essas viagens a pé, usando de transportes diversos para suas jornadas.

 

— Entendo. - Comentou Mirian. - Parece-me estranho ver esses pokémon fazendo esses trabalhos. Mas, é bom vê-lo por aqui, Drun. –

 

— Confesso que incialmente também achei estranho a ideia de pokémon fazendo todos esses serviços de festa, mas aos poucos me acostumei, é um empreendimento lucrativo depois de um tempo. -

 

Mirian parou com surpresa e olhou para Beta que também estava surpresa.

 

— A empresa de serviços de festa com os pokémon é meu. Cada um treinado para realizar uma determinada tarefa de festa, com todo o cuidado necessário para os ricaços. - Ele sorriu. - Inicialmente, parece exploração, mas a medida que você treina pokémon você descobre que alguns não tem vocação para batalhas, ou palcos. Alguns gostam de cozinhar, outros de criar músicas, alguns apenas de estar perto das pessoas e poder ajuda-las. Não se diferenciam muito dos humanos. – Ele fez a dupla observar o salão percebia que por momentos quase ignoravam que eram pokémon ali servindo na festa. - Não deixam de ser pokémon, mas são contratados justamente por serem pokémon. -

 

— Mais baratos e exóticos? – Perguntou Mirian.

 

— Você realmente é inocente, não é queridinha? - Brincou Beta. – Contratam empresas com pokémon para manter o sigilo. –

 

Drun olhou para Beta e concordou sorrindo. Ele visivelmente não gostava de homossexuais como deixou claro durante a tarde daquele dia, mas isso não significava que não podia apreciar a inteligência de um.

 

— Todos esses que estão aqui e seus convidados tem muito a esconder. Então, se eles conversam, não querem se preocupar com garçons escutando o que não devem, músicos cantando algo num letra estrangeira que ofenda algum convidado, ou cozinheiros que cuspam em sua comida. E se bebem demais, e derem algum showzinho a parte, não vão se preocupar com julgamentos. – Drun disse calmamente em tom mais baixo. - Eles pagam para que quem os sirva não tenha como falar sobre o que viram na festa. -

 

— Como pokémon não falam. - Mirian pareceu entender deixando sua mente vagar entre as diversas profissões que existiam usando os pokémon e ao mesmo tempo que tipo de gente pagaria tão caro para que pokémon os servissem mantendo assim seus segredos. – Mas, se você precisa estar na festa, então você vê e escuta tudo isso, né? -

 

Drun meneou com a cabeça e pensou em explicar que aquela festa era um acaso e que normalmente ele pode deixar os pokémon ali e voltar na hora marcada para recolhê-los que seus pokémon saberiam se virar em quase todos os quesitos, principalmente se precisassem lutar para defender alguém ou a si mesmos. Mas, acabou por desistir ao ver um dos convidados acabando de se aproximar.

 

— Sou Rovan, Eduardo Rovan. - Disse apresentando-se. - Você é Mirian Miller, se não estou confundindo as pessoas. -

 

A menina apenas confirmou com a cabeça, um tanto quanto surpresa com a abordagem. Desde que chegara sentia alguns olhares sobre ela, inicialmente imaginou que era por ser desconhecida no meio deles e logo depois imaginou que fosse por estar acompanhando Beta.

Mas, beta estava comportando em sua vestimenta, passando facilmente por um homem bem vestido em seu blazer caro e calça sociais caros e sapatos Oxford preto. Então a única explicação era ela estar chamando a atenção, a deixava desconfortável. Com um corpo pouco chamativo, seu vestido básico que nada mostrava, havia conseguido fazer seu corpo sem grandes atributos chamar. Até se sentiria lisonjeada e com ego massageado em outras situações, não fosse a idade dos que a olhavam. Talvez Rovan, o homem que acabara de abordá-la, fosse o mais novo daquela festa, na casa dos vinte e cinco a vinte e sete anos, todos os outros teriam idade para pai e alguns facilmente chegariam a seus avôs.

Sendo Miriana mulher a mais nova da festa ela imaginou que manteriam certa distância dela.

 

— É ela mesma. - Comentou Drun percebendo que Mirian havia ficado um tanto quanto congelada. - Mas, perdoe-a senhor Rovan, seu nome não parece ser conhecido dela. -

 

Era um jovem de cabelos pretos e longos até ombro, um rosto fino e um terno elegante e justo, com alguns adornos que indicam que talvez ajudasse as pessoas a identifica-lo em seu ramo de atuação.

 

— Com certeza ela não deve me conhecer. - O rapaz sorriu. - Dificilmente coordenadores sabem nome das pessoas que assistem suas apresentações e escritores tem consciência das pessoas que estão lendo seu livro. -

 

Mirian envergonhou-se naquele momento. Ainda não havia aprendido a lidar com as pessoas reconhecendo-a a todo momento e após sua experiência na prisão, ver um homem a abordando do nada a deixava com um pé atrás.

 

— É um prazer conhece-lo. - Disse Mirian tentando dar um bom sorriso. - Realmente demorei um pouco tentando imaginar de onde nos conhecíamos. -

 

— Tivemos algumas oportunidades de um encontro, mas não tive o prazer. – Comentou Rovan fazendo Mirian imaginar em que apresentação de se livro ou concurso ele esteve, pois não lembrava de ninguém com tanto dinheiro em nenhum dos eventos. - Mas, hoje pode conceder a um fã, o prazer de uma dança enquanto falamos de sua performance. -

 

Mirian ruborizou-se no momento em que ele acabou de dizer e estendeu a mão para ela. Não sabia o que dizer, ou tão pouco estava interessada em dançar. Apesar que se tivesse pensado um pouco conseguiria responder que, verdadeiramente, não sabia dançar. Olhou rapidamente para Drun e para Beta, como quem pedia socorro, mas rapidamente se tocou que não havia como nenhum dos dois impedir aquele convite. Drun estava trabalhando na festa e poderia acabar criando uma confusão para sua empresa, enquanto Beta era Beta. O que para Mirian era ótimo!

 

— Eu adoraria dançar, mas acabaria deixando minha, que está ignorando, sozinha. -

 

— Não se preocupe comigo! - Disse Beta animada para ver onde aquilo pararia. Se tinha algo que ela sabia era que Mirian tinha todo um jeito e ar de sonsa, mas não tinha como ser sonsa para tudo. - Fique à vontade, Drun me fará companhia até você voltar. -

 

Drun olhou para beta como se estivesse pronto para soca-la. Mas, a atitude de Rovan o deixou desconsertado. Ele havia olhado para Beta por alguns instantes e pareceu demorar para acreditar que a figura a sua frente não era exatamente um homem.

 

— Mil perdões! - Ele disse. - Realmente deixei meus modos de lado ao reconhece-la. - Virou-se para Drun de repente. - Meu caro senhor, se incomodaria de que eu roubasse essas duas damas de sua companhia por alguns instantes? -

 

Duas damas? Drun limitou a dar um sinal de que não havia problemas. Estava a trabalho e não seria ele a impedir aquela dança, a não ser que a própria Mirian assim o pedisse. Além disso, qualquer coisa que saísse de sua boca seria um questionamento quanto a chamar Beta de dama.

Mirian ficou olhando perplexa enquanto Rovan virava-se para beta em uma pequena reverência e estendia a mão para ela.

 

— Permita-me corrigir meus modos tirando-a para dançar antes de sua amiga, cara... - Rovan parou de falar, esperando que beta falasse seu nome.

 

Hein? Beta olhou em volta procurando entender aquela situação. Se ainda estivesse no Hotel Hannay não estranharia ser tirada para dançar por um jovem, ambos se reconheceriam como homossexuais e nenhum dos dois realmente estaria constrangido, ou mesmo o público ficaria constrangido. No entanto, não era o salão de festas do Hannay e Rovan era um dos jovens milionários mais cobiçados de Kanto, não chegando a ser um Don Juan, mas estampava sua heterossexualidade com frequência.

 

— Você sabe que eu sou... Você não é... - Beta tentava formular alguma frase, mas parecia procurar as palavras para não ser ofensiva. - Está tão interessada em Mirian que dançaria com um gay para consegui-la? –

 

— É uma dança. - Disse Rovan sorrindo. - Aposto que não tiraria um pedaço da minha masculinidade. -

 

— Queridinha, você vai dançar com ele depois de mim. - Disse Beta saindo com Rovan.

 

Drun e Mirian ficaram olhando perplexos eles irem até a pista de dança. Algumas pessoas olharam curiosos aquelas cenas, uns permanecendo dando sorrisinhos debochosos e outros deixando de lado o que estava acontecer.

 

— Às vezes eu esqueço que os ricos são excêntricos e tem gostos estranhos. - Diz Drun segurando uma careta.

 

— Acredite, estou acostumada a gostos estranhos desses ricos. - Comentou Mirian. - Mas, é bom que esteja aqui. Ainda não passou o susto da ideia de que vão tentar me roubar aquele pokémon. - Disse Mirian evitando falar o nome para ter certeza que ninguém a identificaria.

 

— Não parece tão assustada. Se já fez sua consulta e não vai participar do concurso, deveria ter ido embora o quanto antes. Bem, agora está presa aqui. - Drun encarou-a. - Por que não foi embora? -

 

— Sabrina me desafiou para uma batalha para compensar minha estadia lá. – Mirian disse desanimada. - O que a líder iria querer lutando comigo? Eu sequer sei batalhar direito. –

 

— Bem... - Drun pensou durante alguns instantes. - Não tenho ideia. Sabrina e seus alunos psíquicos são completamente esquisitos. Não entendo o que eles pensam que são. -

 

Mirian olhou para Drun e ficou tentando entender o que ele quis dizer com psíquicos. Não parecia estar falando dos pokémon e sim das pessoas, mas aquilo era possível?

 

— Eu diria que você veio a pior lugar para se proteger. - Disse Drun preparando-se para voltar a suas atividades. - Aqui estão reunidos as pessoas que tem dinheiro para pagar o prato que seria feito do seu pokémon e não se importariam em pagar adicionais para que roubo e morte acontecessem de forma silenciosa. -

 

Mirian olhou para Drun e um pensamento louco passou por sua cabeça. Os olhares que recebia naquela festa chique poderiam ser por ser uma intrusa no meio deles, poderia ser de estranheza por acompanhar Beta, por ser objeto de desejo de alguns, por reconhecerem-na como coordenadora ou talvez como escritora. Mas, agora a possibilidade que se apresentava era forte candidata, estavam a vendo como a dona de uma iguaria sem igual.

 

— Sua vez! – Disse beta voltando sorridente. – Tome cuidado, eu acho que ele morde! -

 

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O corpo nunca esteve tão pesado ao acordar. As dores musculares eram tantas que tinha quase certeza ter feito uma maratona antes e nem chegou a dormir, apenas apagou em algum canto. Os olhos se abriram com a cabeça meio rodando, a claridade chegou a ferir os olhos, obrigando a voltar a fechá-los e não levou a mão à frente do rosto para se proteger, unicamente por não conseguir se mexer divido as dores.

Voltou a abrir os olhos com mais calma e viu sua imagem no espelho a sua frente. Franziu o cenho por alguns instantes, tentando decifrar aquela imagem embasada, até que conseguiu perceber estava no quarto de hospedes do ginásio pokémon de Sabrina. Sorriu ao ver que seu relógio agenda marcavam ainda algo próximo a seis da manhã, poderia arriscar mais alguns minutos. Fechou os olhos e passados alguns instantes, abriu-os assustada e saltando da cama. Caiu, devido a sentir o corpo pesado enquanto as lembranças vinham a sua mente.

Participou de uma festa chique acompanhada de Beta. Encontrou Drun na festa, como um dos empregados da festa. Percebeu que muitos estavam a observá-la, alguns com olhares atrevidos para seu corpo e outros que nitidamente queriam seu pokémon para cozinha-lo. Saiu para dançar com Rovan. Passaram a noite na companhia do jovem rapaz milionário que a todo momento fazia-lhe um gracejo. Foram de volta ao Hannay na limosine do rapaz. Entraram no quarto de Beta os três. Beta e Rovan despediram-se de Mirian que trancou a porta do quarto e despiu-se para dormir na cama de beta. Beta e Rovan saíram para curtir o resto da noite.

 

— Como acordei no ginásio? –

 

Mirian rapidamente olhou-se, estava usando um pequeno conjunto de moletom rosa, o mesmo que usará na primeira noite em Saffron. Tinha certeza, havia dormido apenas com uma blusa de algodão que Beta cedera para ela.

Levantou-se e despiu-se o mais rápido que pode, na frente do espelho, procurando qualquer marca ou hematoma diferente em seu corpo. Mas, não conseguira identificar nada de anormal, além das dores musculares de quem havia se exercitado demais. Aliviou-se, por alguns instantes ao perceber que nada havia lhe sido feito.

Foi até suas coisas e já tendo verificado que sua agenda relógio estava ali verificou que estava com sua pokebola de Audino segura. Cutucou o relógio diversas vezes, em busca da informação de que não havia, em nenhum momento, pedido Farfetch’d de volta através da agenda e conclui que naquele quesito estava tudo bem.

Sentada no chão, fechou os olhos repassando calmamente a noite, procurando algo que justificasse ter adormecido no Hannay e acordo no ginásio, mas não tinha lembranças de ter vindo sozinha para lá. Levantou-se para tomar um banho e procurar um dos telefones para poder ligar para Beta, mas escutou uma gritaria.

Seu quarto, assim como vários outros, ficavam de frente para uma sala de socialização onde as pessoas tomavam café, assistiam televisão e, de acordo com Hina, Sabrina costumava dar algumas instruções do dia. Era cedo para as instruções, mas a gritaria estava alta. A jovem Miller apressou-se em recolocar seu pijama e abriu a porta dando de cara com um Blue aos gritos contra um homem com roupa de segurança que parecia transtornado.

 

— O que está... - Mirian tentou gritar para se escutada, mas parou diante as cenas que apareciam na televisão.

 

Era uma reportagem de um telejornal de Kanto em chamada urgente. A legenda dizia chacina em festa milionária. E as imagens focavam em ao menos cinco corpos pendurados em janelas de um hotel chique de Saffron onde podia-se ler, cravado no corpo nu das pessoas, estuprador pedófilo.

Mirian caiu para trás aterrorizada com a cena e só assim conseguiu chamar atenção dos dois que pararam e lhe deram alguma atenção enquanto verificavam se ela estava bem. No entanto, Mirian não conseguia prestar atenção.

 

Aquele hotel! Aquelas pessoas! Aquela pessoa! Eu estive lá! Era a festa para onde Beta me levou. Aquelas pessoas, eu lembro delas lá! O corpo pendurado da ponta e do Rovan! Rovan! Mirian começava a respirar com dificuldades, arfando e sentindo o mundo rodar em sua volta.

 

— Mirian! Mirian! - Blue gritava e dava alguns pequenos tapas em seu rosto para tentar ver se ela saia do seu estupor. - Reaja, não venha criar mais problemas do que já temos. -

 

— De espaço para ela respirar. -

 

Allan apareceu na sala, desligando a televisão e fazendo sinal para o segurança e para Blue deixarem Mirian como estava por alguns instantes. Ficou parado recebendo um olhar de dúvida do segurança e um raivoso de Blue, mas ao fim ambos acabaram afastando-se um pouco de Mirian.

A jovem Miller respirava ofegante olhou para as coisas em volta, como quem começava a se situar.

 

— Como isso aconteceu? Não é possível isso! - Ela ainda assustada, levantava-se desnorteada e desesperada. - Já sabem que fez isso? -

 

— Eu preciso que os três se acalmem, pois precisarei dos três para resolvermos todo esse caos que está se instaurando em Saffron. -

 

Mirian estava desesperada, mas ao escutar aquela fala sem sentido de Allan e perceber que ele estava sério e nada sereno, tentou se acalmar. Fechou os olhos respirando fundo três vezes procurando se acalmar e afastar aquelas imagens que vira na televisão a instantes.

Allan fitava Mirian até ver que ela havia começado a se acalmar, olhou o segurança que já parecia refeito do baque que levara anterior a chegada de Mirian e por fim olhou para Blue que ainda estava com a face vermelha. Ficou a encarar o jovem gordo por algum tempo, certo de que dos três ele seria o mais difícil para se acalmar e dava toda a razão para o jovem estar naquele condição.

 

— Não vou me acalmar mais do que isso. - Disse Blue por fim, ainda estava agitado, mas não tanto quanto antes. - Estamos falando da minha irmã! -

 

— O que tem a Hina? - Mirian questionou assustada.

 

— Preciso que os três mantenham-se calmos, pois precisarei dos três para resolver tudo isso. - Allan repetiu em tom firme chamando a atenção de Mirian, para que a pouca paz que ela havia conseguido não se dissipasse.

 

Finalmente os três olharam para Allan, sendo que dois pareciam saber o que estavam acontecendo, mas estavam atrás de explicações, enquanto Mirian era a única perdida.

 

— Nesta madrugada uma série de pichações, assaltos, invasões, depredações, linchamentos, sequestros e assassinatos ocorreram por toda a Saffron. - Allan viu Mirian arregalar os olhos, mas não se deteve no passar de informações. - A polícia ainda está identificando e registrando todas as ocorrências e tentando evitar que a população venha a ficar sabendo dos mais sérios para evitar o caos. No entanto, essa que aconteceu no Hotel Mudiale vazou a pouco mais de uma hora, está sendo noticiado como chacina e muitas informações estranhas tem ocorrido. -

 

— Eu estive na festa naquele hotel a noite passada. - Disse Mirian. - A segurança era muito forte. -

 

— Exatamente por isso acionaram a SS. – Disse Allan que viu Mirian franzir o cenho. – SS é a sigla de emergência para acionar a Senhorita Sabrina. Ela é uma psíquica poderosa e as pessoas normalmente gritam as letras SS para pedir socorro para ela em emergências. Parece que todo o prédio gritava por ela quando isso correu. –

 

Então... Era isso que SS significava? Mirian lembrou-se do momento em que fora ensinada pela oficial Jane, em sua chegada a cidade, sobre a sigla, mas não conseguira compreender.

 

— Ligaram para cá a pouco mais de meia hora, para pedir ajuda a Senhorita Sabrina nesses diversos casos, principalmente os de sequestro, pois por toda a cidade, pessoas estão desparecidas. - Disse Allan. - Achávamos, inclusive que você estava. Hina, no entanto, não é vista desde ontem pela manhã após ela ter ido ao Hannay com você. -

 

Mirian sentiu as pernas fraquejarem novamente. Mas, desta vez, mesmo Allan tendo percebido o ocorrido, não deixou espaço para ela se refazer.

 

— Para completar nosso problema, Senhorita Sabrina se encontra em sono profundo. Não sei se ela entrou em alguma meditação prolongada sem aviso, ou se alguma coisa a está mantendo dormindo. - Comentou Allan. - Tentei de várias formas acordá-la, até mesmo usando alguns pokémon, mas não tive hesito. -

 

Um silêncio se fez na sala. A pequena reunião parecia ter informado a todos da situação em que Saffron encontrava-se. Blue e o segurança pareciam ter sentido o peso de todas as informações, especialmente da última, Mirian por sua vez ainda estava tentando se refazer e não conseguia alcançar o problema que era Sabrina estar inconsciente.

 

— Será que atacaram Sabrina também? - Questionou Blue. - O que vamos fazer? -

 

— Vamos manter a calma e resolver nossos problemas de dentro para fora. Por isso preciso de cada um de vocês, pois não posso fazer tudo sozinho e a velocidade para solucionarmos alguns problemas pode ser a chave da vida ou da morte de alguns dos desaparecidos. -

 

Allan percebeu que a escolha de palavras não fora boa, pois todos os três pareceram ficar mais tensos, especialmente Mirian.

 

— Tomem banho, tomem café e preparem-se para o dia mais longo de suas vidas. - Disse Allan. - Vamos ter que descobrir o que aconteceu com a Senhorita Sabrina, achar ao menos o rastro dos desaparecidos e que tenhamos sorte da polícia se organizar antes que chamemos a atenção de quem está fazendo isso. -

 

Blue e o segurança suspiraram entendendo que eles teriam que se arriscar para poderem resolver tantos problemas. Para Blue os motivos de se envolver era claro, sua irmã estava desaparecida e ele não era de ficar parado esperando. O segurança, por outro lado, tinha suas atribuições de proteger as pessoas do instituto que funcionava junto ao ginásio e tendo sua chefe, Sabrina, como uma possível vítima ele era obrigado a se envolver.

Mirian era a única que não era obrigada, por algum motivo, a participar. Por mais amiga que fosse de Hina, por mais que estivesse preocupada com a menina e certa de que se tivesse algo ajudaria como fosse, ainda estava atordoada com tudo aquilo.

 

— Espera! - Mirian gritou confusa. - Eu... Por que não podemos deixar para a polícia? Por que temos que nos envolver? -

 

Blue e o segurança olharam para Mirian compreendendo o medo da menina, olharam para Allan que cerrou os punhos naquele momento. Ele parecia decidido do que deveria fazer e parecia não acreditar nas perguntas de Mirian.

 

— Ou fazemos algo ao menos para garantir a nossa segurança ou ninguém fará. – Disse Allan por fim. - É uma informação extra oficial, mas a lista preliminar dos desaparecidos está contendo metade do efetivo da polícia destacada para o evento. -


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Notas finais do capítulo

O que será que rolou com Mirian para ela aparecer no ginásio?

E no próximo episódio vamos ter uma participação de coordenador dos leitores. Quem será que aparecerá?



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