Ana se admirou no espelho, ajeitando os cabelos, antes de entrar, no horário marcado, naquele restaurante sofisticado, com uma decoração requintada em vidro e aço, em um famoso hotel de luxo, que Raquel escolheu. Por conselho da amiga, usava o mesmo vestido preto, que comprou para aquela festa, onde conhecera Marcelo, há quase um ano atrás. E como sempre, foi a primeira chegar, perguntou sobre a reserva, mas foi informada, que a sua mesa ainda não estava pronta, era cedo e que poderia esperar no bar, achou que devia ter confundido a hora, assim aceitou a sugestão. Aquele seria um jantar de comemoração entre amigas, depois de tudo que se passou nesses últimos tempos com elas. Sem opção, sentou-se em um banco alto do bar, pediu uma taça de vinho branco e observando o ambiente, pensando se gostava ou não daquela decoração, para em seguida seus olhos caírem no copo a sua frente.

— Você está sozinha? – Ela ouviu aquela voz, sem poder acreditar, lentamente voltou o olhar na sua direção, não pode conter o sorriso que insistiu em aparecer, quando encontrou aquele rosto tão conhecido e desejado.

— Marcelo, o que faz aqui? – Arregalou os olhos, abismada.

— Olá, Ana. Eu estou apenas relaxando um pouco depois de uma reunião. E você?

— Esperando minhas amigas para o jantar.

— Posso esperar com você.

— Claro.

— Eu... – falaram ao mesmo tempo e calaram-se, esperando o outro.

— Você primeiro – Marcelo disse.

— Eu soube do fim do seu noivado. Eu lamento muito.

— Não se lamente, porque foi melhor para nós dois, mesmo que Mariane demore entender isso. Eu queria contar para você naquele dia no telefone.

— Por que você não me contou?

— Porque você pediu para não a procurar mais.

— Eu tinha medo de sofrer ainda mais, não sabia do fim do seu noivado.

— Foi por sua causa, pois mesmo que não ficássemos juntos, não poderia me casar com Mariane pensando em você, por que eu a amo, Ana.

Ana deu um longo suspirou, atônita com a declaração.

— Por favor, repetida isso.

— Eu te amo, Ana - E se inclinou para beijá-la, e ela não hesitou em corresponder com paixão.

Sílvia se olhou no espelho logo na entrada, gostando do seu recente visual do seu novo corte de cabelo, mais prático e moderno, sorriu confiante para si mesmo, e entrou naquele restaurante sofisticado, com uma decoração requintada em um hotel de luxo, no horário marcado para a comemoração com as suas amigas. Olhando ao redor procurando algum rosto conhecido, quando viu Ana beijando um homem no bar, reconheceu Marcelo imediatamente, e não quis interromper o clima entre os dois, ficou parada ali, meio escondida, esperando os outros chegarem.

Raquel se olhou no espelho, admirando a sua barriga já um pouco arredondada, estava ansiosa, para conhecer o rostinho do seu bebê, quando Otávio se aproximou, passando o braço em volta da sua cintura.

— Vamos, querida – Deu-lhe um carinhoso beijo no rosto, e entraram no restaurante.

— Sílvia! O que você está fazendo aí, escondida? - Raquel quis saber, surpresa, assim que chegou, encontrando a amiga atrás de um arranjo de flores na entrada.

— Olhe! – Sílvia apontou para dentro, com um sorriso feliz.

— É Ana com Marcelo.  Ela já está muito bem acompanhada! Vamos embora! – Raquel propôs, apressada.

— É muita coincidência eles se encontrarem aqui – Silvia observou.

— Coincidência nada, eu avisei a ele que Ana estaria aqui, ainda dei o horário antecipado para que eles se encontrassem antes.

 - Você está bancando o cúpido, Raquel?! – Otávio deu uma risada.

— Não, só estava cansada da história entre esses dois.

Então, Sílvia olhou para Raquel, pela primeira vez, depois de muito tempo.

— Raquel, sua barriga! – Ela exclamou, colocando a mão na barriga da amiga.

— Eu sei, está enorme! E, ainda, faltam alguns meses para ele nascer, estou louca para conhecer o meu...o nosso bebê.

— Você está linda, meu amor! – Otávio deu um delicado beijo nos seus lábios, Raquel o encarou com um brilho no olhar, depois, Silvia o cumprimentou.

— Você cortou o cabelo, Silvia, ficou ótimo! – Raquel se surpreendeu, passando a mão, carinhosamente, nos cabelos curtos de um jeito moderno da amiga, pois, desde criança, ela usava o mesmo estilo.

— Obrigada. Eu também gostei, ficou mais fácil de cuidar, principalmente, agora – Silvia respondeu, Raquel ficou intrigada com aquela colocação, mas perguntaria mais tarde.

— Vamos jantar em outro lugar, eu estou morrendo de fome! A gente passa uma mensagem para Ana. Ela não vai querer nossa companhia nesse momento - Raquel determinou, fazendo uma cara dramática, Silvia riu, nunca, a ouviu falar desse jeito, pois sempre estava em dieta.

— Só, mais um momento, porque estou esperando por alguém – Raquel ergueu as sobrancelhas em interrogação, já pronta para perguntar - Ah! Ele chegou! – Silvia anunciou, com um enorme sorriso. - Raquel, Otávio. Esse é Pete! - Ele cumprimentou o casal, depois, inclinou-se para dar-lhe um leve beijo.

— Já ouvi falar muito em você, Pete – Otávio revelou, apertando a mão dele, lembrando-se da reportagem, que ajudou a acabar com o empreendimento da empresa para qual trabalha.

— Ele acabou o trabalho aqui e está voltando para casa, em Amsterdã - Sílvia explicou.

— Então, ele veio se despedir? – Raquel deduziu.

— Não, ela vai comigo –Pete respondeu, como se fosse óbvio.

Raquel olhou para Sílvia, sem entender.

— Essa era uma surpresa, que ia contar para vocês, hoje. Vou para Amsterdã com Pete – Sílvia revelou, para o espanto de Raquel – Depois, iremos para Ásia. Pete fará uma série de reportagens fotográficas, por lá, você sabe? Vietnam, Camboja, Laos.

— E você vai com ele? E as escolas? Como você vai viver? – Raquel estava chocada.

— Sim, eu vou com ele, pedi demissão das escolas e vendi o apartamento e, ainda, tem o dinheiro que eu guardei para o casamento e meus pais, também, me deram o dinheiro que tinham guardado para a festa, apesar de acharem, que eu estou completamente louca. Eu quero ir para onde a vida me levar, sem planos ou compromissos, se der certo, deu, se não der, eu parto para outra – Silvia se revelou, cheia de determinação.

— É, você mudou muito, Sílvia! Eu mal posso reconhecê-la! – Raquel ficou admirada.

— Todas nós mudamos, Raquel. Descobrimos que a nossa felicidade, só depende, de nós mesma, e não da pessoa que está no nosso lado. – Silvia filosofou.

 - Acho que você está certa. Mas, agora, vamos jantar! Depois, marcamos um almoço com Ana, antes de você ir embora, Silvia. Estou morrendo de fome! E me conte mais sobre a viagem de vocês – ela exigiu, enquanto, os quatro saíam daquele restaurante.