Meu melhor erro escrita por Lisa


Capítulo 3
Capítulo 3




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Meses se passaram e eu fui tentando me acostumar a essa vida de mãe que trabalha, tudo ficava mais difícil quando ninguém sabia da existência de Danny, mas eu podia viver com isso, os dentes já começavam a aparecer e aquilo o irritava muito, às vezes ele mesmo acabava se machucando e abria o berreiro era de dar dó vê-lo chorando, eu pedia ajuda a Anny que além de ser minha amiga e madrinha dele era também minha vizinha e apesar de não ser mãe me tirou de muito sufoco.

Danny é um bebê que sempre chama atenção por onde passa, suas bochechas rosadas e seus cabelos castanhos que em contato com o sol puxam para um tom acobreado são a sua graça, mas o que todos sempre ressaltam antes mesmo de falar do resto são seus olhos azuis, ele estava assistindo um de seus programas favoritos os Teletubbies (confesso que eu até gostava) quando a campainha tocou, presumindo que seria Anny fui abrir a porta sem sequer perguntar quem era ou olhar no olho mágico.

— A senhora aqui?- perguntei surpresa ao ver a figura em minha frente.
— Posso entrar, Virgínia?- eu fiquei tão surpresa que deixei, sem nem mesmo perceber a burrada que fiz. Ela entrou e encontrou Danny com um mordedor na boca, assistindo atentamente ao programa.- Eu sabia.- ela se virou pra mim sorrindo.
— Sabia do quê, Sra. Stark?
— Que aquela sua licença não era por causa de seu pai e sim por ele.- ela falou ainda sorrindo e apontando para Danny, eu abaixei a cabeça e sorri e depois voltei a olhá-la.- Me responda uma coisa, ele é meu neto, não é?- eu não respondi apenas balancei a cabeça confirmando e por incrível que pareça ela veio me abraçar, por um momento eu achei que ela fosse me chamar de golpista ou algo do gênero.
— A senhora não está com raiva?
— Raiva de você? Não, minha querida você me deu um neto!- disse ela chegando perto de Danny.
— Como a senhora soube? Que ele é meu e do Tony?
— Uma vez ouvi Anthony conversando com James e ele falou que havia se envolvido com você.- quando ela falou isso devo ter ficado vermelha igual a uma pimenta, por que eu senti minhas bochechas queimando.- Ele falou que gostava de você, mas que não estava pronto para um relacionamento e que era melhor ter ficado assim do que te magoar, mas não se preocupe ele não contou detalhes sobre a noite, apenas encerrou a conversa e arrastou o pobre Jim para mais uma de suas farras, enfim, quando lhe vi naquele dia no escritório nervosa por querer a licença eu desconfiei, mas quando você retornou e na hora de ir embora passou por nós feito um raio apressada para vim para casa eu tive a certeza.- eu ri para ela e novamente ela me abraçou, mas aí um súbito pensamento veio em minha cabeça ela vai tentar levar meu filho embora, aflita me desfiz do abraço olhei para Danny e em seguida para ela.
— A senhora não vai levá-lo, vai?- perguntei com o coração na mão.
— Embora eu queira eu não vou, eu entendo os seus motivos apesar de tudo, mas vamos fazer um trato eu não conto para Howard e Tony se você prometer que vai me deixar vê-lo e que também vai me deixar ajudá-la nas despesas.
— Não precisa de trato para a senhora poder vê-lo, pode vim sempre que quiser agora sobre o dinheiro eu não posso aceitar.
— É esse o acordo ou você aceita os termos ou eu conto para Tony e Howard.- sem outra opção eu tive de aceitar.
— Eu aceito.- falei por fim.
— Ótimo.- ela sorriu ao ver Danny se despedindo dos Teletubbies que anunciavam que era a hora de dar tchau ele odiava essa parte, mas sempre se despedia.- Como é o nome dele?
— Daniel Potts.- eu falei sorrindo para meu filhote que estava babando o mordedor e agora olhando para nós.
— Senti falta de um Stark nesse nome.- eu ri e ela logo voltou sua atenção para ele.- Oi querido, eu sou a vovó, mãe do seu papai ele era igual a você sabia? Exceto pelos seus cabelos e os seus olhos azuis que são iguais aos da sua mãe.- ela disse brincando com Danny que pareceu gostar muito dela tanto que quando ela foi embora ele começou a chorar, porém, antes de ir ela me deu umas dicas e agradeci muito por isso, já que minha mãe não podia estar comigo.

Tínhamos combinado visitas e no começo eram visitas, mas depois que precisei que Maria ficasse com Danny por que nem eu e nem meus amigos podiam ficar com ele, ela tomou gosto pela coisa e me implorou para vez ou outra eu deixar que ela o levasse.

Sinceramente eu não pensei que daria certo essa loucura de levá-lo para a mansão, mas deu, é claro que toda vez que Maria vinha buscá-lo eu ficava com o coração na mão por temer que descobrissem meu segredo, mas quando eles voltavam e tanto ele quanto ela ostentavam a expressão de felicidade eu me tranquilizava e consequentemente também ficava feliz por estar proporcionando isso aos dois.

Eu vivi sozinha com meu filho por 2 anos e até pensei que ser só eu e ele era suficiente para mim, mas durante o feriado de natal que fui passar na casa dos meus pais eu conheci o homem que mudou isso, seu nome era Christopher, ele era o melhor amigo (por mim desconhecido) do meu irmão, os dois haviam voltado de mais uma incursão como fuzileiros para passar as festividades de fim de ano em casa, era a primeira vez que meu irmão via meu filho, era a primeira vez que eu via seu amigo e era primeira vez desde que me descobri apaixonada por Tony que eu senti meu coração bater tão forte.

(Tony)

O tempo e a vida haviam sido implacáveis como sempre, em um momento eu tinha uma família e no momento seguinte já não tinha mais, perdi meus pais em um acidente de carro, a dor da perda machuca todo dia, mas eu me fechei demais para deixar que alguém visse, meus amigos ainda estão aqui no meu pé cobrando que eu vire homem, que eu seja isso ou aquilo, mas eu não quero, tudo o que eu quero é ser o que sempre fui, assim tudo em minha volta não pesa tanto.

— Tony!- Pepper grita e eu pulo do sofá, ela vai me matar, um dia ela ainda me mata.
— Fala baixo, Potts.- peço enquanto olho ao redor, é, parece que a festa saiu do meu controle mais uma vez.
— Quando você vai crescer?
— No dia em que você parar de me encher.- eu respondo e ela se cala, me dá as costas, mas de repente volta furiosa e põe o dedo na minha cara.
— Quer saber, eu perdi a paciência! Cansei de...
— Pepper, o que é isso?- eu engoli seco, aquele tipo de anel naquele dedo não era bom sinal, pelo menos não para mim.
— Isso o quê?- ela me pergunta esquecendo que há pouco estava prestes a pular em meu pescoço.
— Isso no seu dedo. Você está casada, Potts?- ela olha para mão que antes estava parada no ar, a recolhe, olha para a mesma e em seguida para mim.
— Estou.- outra vez engoli seco, ela se casou.
— Não pensou em me dizer?- pergunto ainda em choque.
— Sabe aquelas coisas que a gente faz no impulso? Não tínhamos planejado nos casar agora, mas daí vimos que não tinha pra quê esperar e planejar sendo que tudo só importava pra nós dois, aí casamos.- ela me responde e eu fico alguns segundos fora do ar.- Tony, você tá bem?
— Tô, é que eu nem sabia que você tava namorando.
— Tony, eu estou com ele há 3 anos e eu lhe disse isso, lhe disse até o nome dele, você como sempre é que não prestou atenção.- tô pagando o preço por isso agora.
— É, tem razão.- respondo tentando transparecer bom humor.- Veio para me arrastar para empresa, não é?- ela assentiu.- Então me espere eu só vou tomar um banho e já vou.
— Por favor, não demore, tenho muito o que fazer.- eu subi com pulinhos e na parede do banheiro eu descontei toda a raiva por ter descoberto o que descobri, a minha vontade era de quebrar o mundo e depois gritar com ela, mas eu não fui capaz de cumprir nenhuma dessas vontades, tudo o que eu fiz foi me sentar ao lado dela no carro e encarar aquela aliança, ela tá casada, ela procurou e achou alguém que foi, e, é capaz de fazer por ela algo que eu nunca serei capaz de fazer.

Eu convivia muito com ela, seu trabalho exigia muito isso, mas o meu ciúme me fazia redobrar esse convívio, graças a isso foi inevitável não conhecer o marido dela, o tal do Christopher, em uma festa Pepper o levou não trocamos muitas palavras apenas um aperto de mão e o clássico ''como vai você'' e ''foi um prazer te conhecer", dali em diante não nos falamos mais tudo o que fizemos foi trocar olhares como dois rivais, eu não conseguia tirar os olhos deles, eu não conseguia parar de observar os dois que agiam como se o mundo tivesse parado e só tivesse eles ali, ele ganhou essa batalha e por mais que não seja do meu feitio eu aceitei, depois daquele dia eu parei com tudo, não mais abusei do horário e parei com as minhas indiretas sobre casamentos fracassados que ela sempre ignorava, Pepper era minha funcionária e minha amiga e era assim que as coisas iriam ser e terminaram sendo com o passar do tempo.

— Tony, eu quero minha demissão.- Pepper me faz bater a cabeça no carro que eu estava embaixo antes de sair e olhar pra ela que estava inquieta, com um ar de desespero e os olhos inchados.
— Pera aí, Pepper, se acalma.
— Não tem nada de se acalmar, Tony, eu quero minha demissão!
— O que foi? O que tá acontecendo?
— Cansei dessa vida, de você, de trabalhar com você, preciso respirar outros ares.- sua boca dizia uma coisa, seus olhos, sua cara, todo o seu corpo me diziam outra totalmente diferente.
— Tudo bem, eu te demito, faça o que tem de fazer.- ela respira fundo em alívio e me dá as costas.- Ei, antes de não te ter mais aqui posso te pedir um favor?- ainda de costas ela assentiu e eu me aproximei dela.- Será que por favor você pode me contar a verdade sobre querer ser despedida?
— Tony...
— É um último favor, prometo que depois disso não lhe encho mais.
— Chris...
— Ele te pediu pra se demitir? Qual é, Pepper, achei que você fosse mais...
— Ele morreu, Tony.- eu arregalei os olhos e no mesmo segundo parei, eu não sabia o que falar nem o que fazer já que agora ela chorava copiosamente na minha frente.- E eu tô grávida.- eu puxei o ar e senti meu corpo inclinar pra um lado como se eu estivesse tonto e se antes eu estava sem palavras agora é que eu realmente estou.
— Eu sinto muito, Pepper.- finalmente falei e a abracei, não ouvi nada naquela oficina a não ser os soluços dela que me abraçava apertadamente.- O que eu posso fazer pra te ajudar, Pepper?
— Me demitir, só me demita.
— Mas e o bebê? Como você vai cuidar dele sem estar trabalhando?
— Eu vou morar com os meus pais e com o dinheiro que eu receber da demissão eu me viro.- ela me diz depois de alguns minutos tentando controlar seu choro.
— Vamos fazer o seguinte, eu não vou te demitir vou apenas te afastar do cargo você vai continuar recebendo e quando estiver pronta e se sentindo melhor pode voltar, está bem?- ela assentiu e eu a apertei.- Quanto tempo você está grávida?
— 4 meses.
— Já sabe se é menino ou menina?
— Não. Eu nem tive a oportunidade de falar pra ele.- ela diz antes de deixar o choro a ganhar mais uma vez.
— Senhor, o estado emocional em que a Srta. Potts se encontra é prejudicial para o feto, sugiro que ela se acalme e em seguida descanse.
— Você ouviu o JARVIS, tente se acalmar.- ela respirou fundo incontáveis vezes até que aos poucos eu fui sentindo ela se controlar.
— Eu preciso ir.- ela me diz com a voz abafada e eu beijo meio de sua cabeça antes de soltá-la.- Obrigada, Tony.- rebato com uma piscadela e passo os polegares um pouco abaixo de seus olhos para enxugar as lágrimas que ainda banhavam seus olhos.
— Até mais, Srta. Potts, só não se esqueça de voltar.
— Até mais, Sr. Stark, não esquecerei.- ela se recompõe da melhor forma que encontra, me beija a bochecha e vai embora andando curvada como se o peso do mundo estivesse em suas costas, com a saída dela eu procurei logo uma garrafa de uísque para clarear a minha mente, eram muitas informações para processar em tão pouco tempo, acho que talvez duas garrafas e o Rhodes me ajudem a entender o que caralho foi que aconteceu.

(Pepper)

Os anos passaram tão rápido, Danny já tinha completado 16 anos e Kate logo mais chegaria aos seus 8 anos, meus filhos são tão lindos e parecidos respectivamente com seus pais, Kate apesar de ter herdado totalmente o meu ruivo me lembra o Chris até em sorrir ela sabia transmitir aquela calmaria que só ele sabia me dar, seu jeitinho meigo certamente faria Chris babar por ela, eu sinto falta dele todos os dias assim como ela e Danny também, ele está tão bonito, é tão charmoso e inteligente quanto Tony o lembra também quando vem em seus momentos de sarcasmo e ironia, porém mesmo não sendo filho biológico do Chris é tão integro, observador, responsável e amoroso quanto ele.

Não foi fácil criar os dois sozinha, não foi fácil ver minha filha desejando o pai que nunca foi capaz de conhecer, também não foi fácil ver Danny querendo seu pai de volta e negando veementemente a filiação com Tony, ele nunca quis aceitar que era filho biológico dele, admirava ele por ser um homem visionário, mas o desprezava pelo jeito como ele vivia e como se comportou quando seus pais morreram num acidente de carro no ano 2000.

Danny tinha 5 anos quando os avós morreram e ele ficou arrasado com isso, Howard o conheceu e apesar de achá-lo bastante parecido com alguém não se deu conta de que era seu neto, mas nutria um carinho especial por ele, Maria disse que ele era neto de uma amiga e por isso Howard nem desconfiou, ele era amado pelos avós apesar de um deles não saber da ligação que os unia e Danny sente o mesmo por eles, pena eles não estarem aqui hoje, todos os dias eu lamento por eles não estarem aqui, por Chris não estar aqui e ver o rapaz que ele se tornou e a mocinha que temos.

— Mãe, eu vou para academia.- ele me diz e eu desperto dos meus pensamentos, Danny sempre me avisava para onde ia e com quem e isso era uma das coisas que eu mais gostava nele.
— Tenha cuidado e por favor não quebre nenhum osso!
— Eu faço Wing Chun há 5 anos mãe, se eu tivesse de me quebrar isso já teria acontecido.- ele falou vindo em minha direção para me abraçar.
— Eu sei, mas cuidado nunca é demais.
— Sim senhora.
— Mãe, por que eu não posso fazer também?
— Já disse, Kate, quando você tiver 10 anos você faz.
— Até lá eu vou lhe ensinando algumas coisas, pode ser?
— Pode.- ele fez a brincadeira de lhe roubar o nariz que ela adora e sorriu gostosamente.
— Mulheres da minha vida eu já vou.- ele beijou nossas testas e foi embora.

Eu estava relaxada em meu sofá esperando o retorno de Danny quando recebi uma ligação de Rhodes me pedindo para ir na mansão saber de Tony já que o mesmo tinha que ir para o Afeganistão e até agora não estava no aeroporto, deixei um bilhete para Danny, pedi a Anny para deixá-la lá e fui para mansão, não demorei muito e logo cheguei e mesmo estando de folga tive de expulsar mais uma piranha de lá, e eu estava com tanta raiva que eu ia tirá-lo dali nem que fosse pelas orelhas.

— Tony.- chamei ele, mas ele parecia não me escutar me aproximei dele devagar e quando cheguei perto o suficiente gritei em seu ouvido.- Tony!
— Jesus! Quer me deixar surdo, mulher?!
— Não.
— O que você tá fazendo aqui? Hoje é sábado não é, JARVIS?
— Sim senhor.
— Vim te tirar daqui, você tem um avião pra pegar lembra?
— Achei que por ele ser meu, eu podia chegar a hora que eu quisesse.
— Até poderia ser, só que você tem a apresentação de um míssil para fazer.
— Ah, é o Jeremias.
— É Jericó.
— Tanto faz.
— Vai logo Tony, você tem que pegar um avião e eu não vou ficar perdendo o meu sábado aqui, já basta o resto da semana.
— Me expulsando da minha própria casa, Potts?
— Estou, e se apressa que eu tenho que voltar para casa.
— Tem algum compromisso, Pepper? Eu não gosto quando você tem compromisso.
— Mas eu tenho e você não pode fazer nada sobre isso.- eu disse finalizando a conversa e o arrastando daquela oficina, só saí de lá quando eu vi ele saindo também, fui para casa aproveitar o resto do meu sábado, meu filho chegou almoçamos juntos, fomos ao cinema, ao supermercado fazer algumas compras e depois voltamos para casa, o dia havia sido perfeito até aquele momento.
— Mamãe, seu celular.- ela me traz o celular que provavelmente ela estava usando pra jogar e vi que era o Rhodes, provavelmente me ligou para dizer que Tony fez alguma besteira.
— Pepper, eu não trago boas noticias.- meu coração quase parou quando ele falou aquilo.
— O que aconteceu, Rhodes?
— O comboio de Tony foi atacado e ele foi sequestrado.- quando ouvi aquilo senti meu coração doer e imediatamente eu comecei a chorar, fiquei paralisada com celular colado ao meu ouvido enquanto Rhodes falava alguma coisa que eu não entendia.


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