Fazia exatos três meses que eu e Peeta estávamos namorando, cada dia que se passava podia perceber o quanto ele estava mudando, sua dor também já não era a mesma. Como ele mesmo dizia; minha companhia juntamente com a música estava o renovando a cada momento. Apesar de nunca ter me dito “eu te amo” ele era o mais amoroso possível, estava sempre me tratando com carinho, me levando a lugares diferentes, me dando muito mais do que eu poderia imaginar. Eu sabia perfeitamente que, no estado em que seu coração estava, levaria bastante tempo para poder se reconstruir e me permitir entrar definitivamente nele. Mas a cada beijo, a cada caricia sua eu podia perceber que o “gostar” estava se transformando em algo mais forte, mais intenso e aquilo estava me deixando em um estado de completa felicidade.

Bom, dentre esses três meses o treinador Seneca colocou Peeta como capitão do time, e aquilo estava deixando-o bastante cansado, porque além dos treinos para o campeonato estadual, também tinham os ensaios para o show. Mas no final tudo acabou dando certo, nossa escola ganhou o campeonato e voltou a ficar em primeiro lugar na categoria de escola com mais títulos. Aquilo nos trouxe uma enorme felicidade. O que de certa forma foi um combustível para nos empenharmos mais nos ensaios para o show. E foi nessa onda de ensaios que o tempo passou.

Estávamos no último dia de novembro e hoje era o dia do tão esperado e aguardado Show. Nossas aulas já haviam acabado e juntamente com elas a formatura também. Recebemos nossos diplomas há dois dias e confesso, não consegui conter as lágrimas, afinal de contas foram maravilhosos anos de colegial, que agora haviam chegado ao fim. O show será o encerramento dessa fase de nossas vidas que de agora em diante, permanecerá apenas em nossas lembranças.

Estávamos nos bastidores do show enquanto ouvíamos o discurso do Diretor, para então darmos inicio ao espetáculo. Estava mais que nervosa, além de ter milhares de pessoas esperando para nos assistir, havia meus pais, que acompanharam todo meu desempenho e não poderia desaponta-los, mas acima de tudo havia também os olheiros de Juilliard. Eu estava uma pilha de nervos abraçada a Peeta que tentava a todo custo me acalmar.

— Hey, fica calma. — sorri docemente para mim enquanto acaricia minhas bochechas — Vai dar tudo certo. — beija a ponta de meu nariz.

— Como você consegue ficar tão calmo? — pergunto enquanto me aconchego em seus braços e repouso minha cabeça em seu peito.

— Bom, é fácil. Vou estar em cima daquele palco fazendo coisas que amo fazer, com meus amigos, com minha namorada... — ergo minha cabeça para encarar seu rosto — Então não há pra quê nervosismo.

— Meu sonho sempre foi entrar para Juilliard e essa é a melhor oportunidade que poderia existir. Tenho medo de errar algum passo, ou até mesmo esquecer as letras das músicas, tenho medo de não realizar... Meu maior sonho. — revelo cabisbaixa.

— Ei! Não fica assim. Se você achar que vai errar algum passo é só olhar para mim, ok? — pergunta e assinto — Quanto a você esquecer as letras das músicas acho impossível. Quando você canta se conecta de uma forma tão perfeita com a música, que mesmo sem saber a letra ela flui naturalmente de você. — fala sorrindo.

— De que mundo você veio, hein? — pergunto encantando com o poder que ele possui de me acalmar. Seu sorriso se torna mais encantador enquanto ele aproxima os lábios dos meus, até finalmente me beijar de forma lenta e tranquilizadora. Seus lábios são tão saborosos que meu desejo é de tê-los colados aos meus para toda eternidade.

— Ai que droga! — exclama Johanna nos tirando de nossa bolha — Eu já estou nervosa pra caralho e a porra desse diretor dos infernos ainda enrola mil anos na droga desse discurso? Eu juro que se ele não sair desse palco em cinco minutos eu atiro um desses violões nele! — completa enquanto anda de um lado para o outro, não consigo segurar o riso. É muito engraçado ver Johanna nervosa desse jeito.

— Calma Joh Joh. — Marvel tenta acalma-la.

— Joh Joh é o caramba! Se me chamar assim de novo te jogo de cima daquele palco! — fuzila Marvel com os olhos o fazendo encolher os ombros, enquanto nos rimos.

Minutos depois Angie veio nos avisar que o Show estava prestes a começar, então todos nós nos preparamos e ficamos em nossas posições. Segundos antes de as cortinas se abrirem olhei para Peeta, estava muito nervosa e precisava dele para me acalmar. Ele sorriu e sussurrou um “boa sorte” seguido de um beijo no ar, sorri também e repeti seu gesto.

Quando as cortinas se abriram começamos com a apresentação, pude ver meus pais sentados na segunda fileira juntamente com Effie e o sorriso deles só me deu mais confiança. Cantamos e dançamos uma parte em quê só continham os manequins e então chegou à parte em que o personagem de Peeta entrara em cena. Fizemos a troca de olhares de nossos personagens, mas apesar de estamos atuando ali, naquele momento, éramos Peeta e Katniss. Foi quando ele pegou o violão e sentou-se no banco da praça, que ficava em frente à vitrine dos manequins e começou a cantar. A música era a que ele havia composto para o Show, eu ainda não a tinha ouvido até aquele momento.

Para mi eres un Angel  (Para mim você é um anjo)
Que me viene a acompañar  (Que veio para me acompanhar)
Que bajó del cielo y su amor  (Que desceu do céu e com seu amor)
Me quiso regalar  (Quis me presentear)
Para mi eres un dia lleno de sol  (Para mim você é um dia cheio de sol)
Que le puso letra a mi vida  (Que acrescentou letras a minha vida)
Con su corazón  (Com seu coração)

Seu olhar estava preso ao meu, assim como o meu estava preso ao dele.

Y esta canción pudo ser mejor  (E essa canção poderia ser melhor)
Pero no tengo palabras  (Mas não tenho palavras)
Para poder decir te quiero  (Para poder dizer te amo)
Te quiero, es mejor decir te quiero  (Te amo, é melhor dizer te amo)
Que nada  (Que nada)

No habrá otro amor  (Não haverá outro amor)
Porque tu amor es el que sólo quiero  (Porque o seu amor é só o que eu quero)
No habrá otro amor  (Não haverá outro amor)
Por que ya no te irás  (Porque você já não se vai)
No habra otro amor  (Não haverá outro amor)
Este es el verdadero  (Esse é o verdadeiro)
No habrá otro amor  (Não haverá outro amor)
En ningún lugar  (Em nenhum lugar)

Tudo o que está ao meu redor some e passo a me concentrar somente na letra da música. Ela se conecta com minha alma, com meu coração de uma forma tão intensa que sinto todo o meu corpo de arrepiar.

Para mi eres el sueño  (Para mim você é um sonho)
Que no esperaba soñar  (Que não esperava sonhar)
Que toda mi vida cambió sin preguntar  (Que mudou toda a minha vida sem perguntar)
Para mi eres la alegría y la razón  (Para mim és a alegria e a razão)
Que llenó de amor mis dias  (Que encheu de amor meus dias)
Y mi corazón  (E meu coração)

Y esta canción pudo ser mejor  (E essa canção poderia ser melhor)
Pero no tengo palabras  (Mas não tenho palavras)
Para poder decir te quiero  (Para poder dizer te amo)
Te quiero, es mejor decir te quiero  (Te amo, é melhor dizer te amo)
Que nada  (Que nada)

No habrá otro amor  (Não haverá outro amor)
Porque tu amor es el que sólo quiero  (Porque o seu amor é só o que eu quero)
No habrá otro amor  (Não haverá outro amor)
Por que ya no te irás  (Porque você já não se vai)
No habra otro amor  (Não haverá outro amor)
Este es el verdadero  (Esse é o verdadeiro)
No habrá otro amor  (Não haverá outro amor)
En ningún lugar... (Em nenhum lugar)...

Termina de cantar e sinto meus olhos lacrimejarem tamanha a emoção que estou sentindo com a letra dessa música, mas não posso chorar, porque estou atuando e neste momento o manequim não chora. Mas de uma coisa eu sei, ele pode nunca ter me dito “eu te amo”, mas a letra daquela música valeu mais do que mil palavras. Continuamos com o Show, os meninos cantam e dançam, as meninas também e no decorrer da história chega minha parte de cantar o solo. As luzes diminuem e o suave toque do violão começa a soar por todos os lados. Aquela altura meu personagem já estava completamente apaixonado pelo de Peeta.

Por tu amor yo renací  (Por seu amor eu renasci)
Y eres todo para mi  (E você é tudo para mim)
Hace frío y no te tengo  (Está frio e não te tenho)
Y el cielo se a vuelto gris  (E o céu se tornou cinza)

Puedo pasar mil años  (Posso passar mil anos)
Soñando que vienes a mi  (Sonhando que vem até mim)
Por que esta vida no es vida sin ti  (Porque esta vida não é vida sem ti)

Canto enquanto faço alguns passos de dança interpretando um manequim, sendo seguida por Madge, Marvel, Johanna e Glimmer. Meus olhos prendem-se nos de Peeta, que passeia pelo palco interpretando seu personagem. Aquela letra dizia exatamente o que eu sentia por ele. Poderia se passar mil anos, mas eu sempre sonharia com ele vindo até mim, eu o esperaria para sempre.

Te esperare por que a vivir tu me enseñaste  (Te esperarei por que a viver você me ensinou)
Te seguire por que mi mundo quiero darte  (Te seguirei por que meu mundo quero te dar)
Hasta que vuelvas te esperare  (Até que  volte, te esperarei)
Y haré lo que sea por volverte a ver  (E farei o que seja para voltar a te ver)

Te esperare aunque la espera sea un invierno  (Te esperarei mesmo que a espera seja um inverno)
Te seguire aunque el camino sea eterno  (Te seguirei mesmo que o caminho seja eterno)
Mi corazon no te puede olvidar  (Meu coração não pode te esquecer)
Y haré lo que sea por volverte a ver  (E farei o que seja para voltar a te ver)

Termino de cantar e as luzes se apagam, olho de relance para Peeta e ele me lança uma piscadela me fazendo sorrir. O resto do show passa como um flash e quando me dou conta já estamos no final, onde meu personagem de tanto desejar acaba virando humano e se encontra com o personagem de Peeta.

— Você virou humana. — diz surpreso encarnando seu personagem.

— Sim. Meu amor por você é tão forte ao ponto de realizar desejos. — digo também encarnando meu personagem e ele sorri enquanto se aproxima. Segura firmemente em minhas mãos e encosta nossas testas.

— Nunca achei que algo assim fosse possível. — revela me olhando nos olhos, sorrio.

— Nem eu.

As luzes se apagam novamente, mas desta vez, dois feixes são direcionados a nós. Começamos a dançar mesmo sem música, apenas um leve e suave mover de corpos, enquanto de relance vejo os olhos da plateia fixados em nós. Então o suave e melódico som do violão começa a ecoar por todos os lados me fazendo fechar os olhos, enquanto sinto cada celular de meu corpo reagir à melodia. Começo a cantar.

When I look into your eyes  (Quando olho em seus olhos)
It's like watching the night Sky  (É como observar o céu à noite)
Or a beautiful sunrise  (Ou um belo amanhecer)
There's so much they hold  (Há tanto que eles carregam)
And just like them old stars  (E assim como as antigas estrelas)
I see that you've come so far  (Eu vejo que você chegou tão longe)
To be right where you are  (Para estar bem onde você está)
How old is your soul?  (O quão antiga é a sua alma?)

I won't give up on us  (Não vou desistir de nós)
Even if the skies get rough  (Mesmo que os céus fiquem furiosos)
I'm giving you all my Love  (Estou te dano todo meu amor)
I'm still looking up  (Ainda estou melhorando)

Movemos-nos em passos lentos, para lá e para cá. Ele segura em minha mão direita e me gira até eu estar em seus braços, viro meu rosto em sua direção, seu nariz raspando em minha bochecha enquanto sinto seu peito subir e descer em minhas costas conforme sua respiração. Ele começa a cantar a segunda parte da música.

And when you're needing your space  (E quando você precisar do seu espaço)
To do some navigating  (Para navegar um pouco)
I'll be here patiently waiting  (Estarei aqui esperando pacientemente)
To see what you find  (Para ver o que você vai encontrar)

Cause even the stars, they burn  (Porque até as estrelas, elas queimam)
Some even fall to the earth  (Algumas até caiem sobre a terra)
We got a lot to learn  (Temos muito o que aprender)
God knows we're worth it  (Deus sabe que merecemos)
No I won't give up  (Não, eu não vou desistir)

Viramos-nos um de frente para o outro, olhos nos olhos, enquanto seguíamos com os leves, porem precisos, movimentos. É tão incrível a sensação de estar ali com ele, sendo guiada por suas mãos, sendo levada pela bela melodia, pela bela canção que dizia tanto sobre nós. Ele segura-me pela cintura e me ergue no ar, girando-me de forma delicada. Quando meus pés encontram-se com o chão novamente ele me prende em seus braços, nos guiando por todo o palco. Começamos a cantar juntos.

I don't wanna be someone who walks away so easily  (Eu não quero ser alguém que vai embora tão facilmente)
I'm here to stay and make the difference that I can make  (Estou aqui para ficar e fazer a diferença que eu puder)
Our differences they do a lot to teach us how to use  (Nossas diferenças fazem muito para nos ensinar como usar)
The tools and gifts we've got yeah we got a lot at stake  (As ferramentas e os dons que temos, sim, temos muita coisa em jogo)
And in the end, you're still my friend at least we didn't intend  (E no fim, você ainda é minha amiga, pelo menos tínhamos a intenção)
For us to work we didn't break, we didn't burn  (Para funcionarmos, não terminamos, não queimamos)
We had to learn how to bend without the world caving in  (Tivemos que aprender a nos virar sem o mundo desabar)
I had to learn what I've got, and what I'm not  (Tive que aprender o que tenho, e o que eu não sou)
And who I am  (E quem eu sou)

Ele olhando bem dentro de meus olhos, segura em minha mão direita e gira-me novamente, mas dessa vez, em um leve movimente ele põe uma mão em minha cintura e a outra em minha nuca e lentamente vai me inclinando para trás até eu estar na altura de seus joelhos, ele se debruça sobre mim, e sorrindo deposita um delicado beijo na ponta de meu nariz me fazendo sorrir também. Depois me puxa para cima novamente enquanto continuamos a cantar.

I won't give up on us  (Não vou desistir de nós)
Even if the skies get rough  (Mesmo que os céus fiquem furiosos)
I'm giving you all my Love  (Estou te dando todo meu amor)
I'm still looking up  (Ainda estou melhorando)
I'm still looking up  (Ainda estou melhorando)

I won't give up on us  (Não vou desistir de nós)
God knows I'm tough, he knows  (Deus sabe que sou forte o bastante)
We got a lot to learn  (Temos muito o que aprender)
God knows we're worth it  (Deus sabe que merecemos)

Voltamos a nossa posição do inicio, mãos dadas e testas coladas enquanto cantamos a última estrofe da música.

I won't give up on us  (Não vou desistir de nós)
Even if the skies get rough  (Mesmo que os céus fiquem furiosos)
I'm giving you all my Love  (Estou te dando todo o meu amor)
I'm still looking up  (Ainda estou melhorando)

Peeta ainda com seus olhos presos nos meus, leva uma de suas mãos até meu rosto e me beija. Ouço os gritos, assovios e aplausos de todas as pessoas que estão presentes naquele show, mas todo aquele barulho se torna abafado e a única coisa que consigo ouvir é o coração de Peeta batendo no mesmo ritmo que o meu.

Separamos-nos, com sorrisos bobos nos rostos. Viramos-nos para a plateia e começamos a agradecer, aquele havia sido a última parte do show, a parte em que os manequins finalmente ficavam juntos. O resto do pessoal se juntou a nós para os agradecimentos. Não pude me conter e deixei que uma pequena lágrima escorresse por minha bochecha esquerda, aquele havia sido o encerramento de nossas vidas acadêmicas. Da-li em diante todos os momentos em que vivemos, desde o jardim de infância até a adolescência, seriam apenas lembranças. Lembranças que no futuro nos fariam chorar de saudade e ao mesmo tempo sorri por ter vivido aquela fase tão intensamente.

Quando em fim as luzes se apagam e as cortinas se fecham, voltamos para os bastidores. Estavam todos ali, alunos, professores, diretores e cada um deles continham lágrimas em seus olhos, inclusive meus amigos. Senti braços sobre meus ombros e ergui minha cabeça dando de cara com belos olhos azuis. Sorrio.

— E então? Como você está se sentindo? — pergunta quando paramos em frente a uma mesa com lanches.

— Feliz por não ter errado nenhum passo de dança e nenhuma letra de música. — ele sorri — Mas ao mesmo tempo me sinto estranha. — confesso enquanto bebo um copo de suco.

— Estranha? — pergunta franzindo levemente o cenho.

— Sim. Estranha por saber que todos esses anos de colegial agora só farão parte de minhas memórias. — digo em um suspiro. Ele se aproxima de mim e me envolve com seus braços, me aconchego enquanto inalo seu tão maravilhoso cheiro.

— Eu entendo. É e sempre será difícil dizer adeus, desapegar de coisas, pessoas ou momentos. — ergo meus olhos e o encaro, seu olhar está sereno, mas no fundo vejo que ainda à dor — Mas, as pessoas só se tornam mais fortes, porque elas têm memórias que não podem esquecer. — completa colocando uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha. Sorrio.

— Às vezes eu fico me perguntando se você é mesmo real. — confesso perdida em sua imensidão azul.

— Só há uma maneira de saber. — fala aproximando o rosto do meu.

— Qual? — pergunto em um sussurro e ele me responde com um beijo. E é incrível como, mesmo já tendo nos beijado milhares de vezes, a sensação continua sendo a mesma da primeira vez.

Separamos-nos com selinhos e decidimos ficar com nossos amigos. O diretor, assim como os professores, fizeram um pequeno discurso dizendo o quanto estavam orgulhosos de nós. O quanto se sentiam honrados por fazerem parte de nossas vidas e é claro que aquilo rendou boas lágrimas do pessoal.

— Joh você está chorando? — pergunta Madge fazendo, não só a mim, mas como também nossos amigos encararmos Johanna.

— Claro que não! — diz e passa discretamente a mão pelo rosto.

— Não precisa mentir pra gente Joh. Todos nós choramos. — diz Annie.

— É que... apesar de reclamar 95 por cento do tempo que odeio a escola...

— 95 por cento? — Marvel a interrompe com deboche e ela lança-lhe um olhar ameaçador.

— Como eu ia dizendo. Apesar de reclamar 95 por cento do tempo que odeio a escola, eu vou sentir muita falta desse lugar. Das fofocas, de fazer bagunça na aula, de irritar os professores... — solta um riso curto — E acima de tudo eu vou sentir muita falta de vocês. — completa deixando em fim, às lágrimas escorrerem por suas bochechas.

Todos nos aproximamos dela e damos um abraço coletivo. Essa seria uma das partes mais difíceis, dar tchau para nossos amigos tão queridos. Muitos de nós seguiríamos caminhos diferentes, estudaríamos em faculdades diferentes, mas prometemos uns aos outros sempre manter contado e nos reunirmos pelo menos duas vezes por ano para nos vermos.

Entre abraços e palavras de conforto nos separamos, mas foi então que algo meio inesperado aconteceu. Marvel segurou Johanna pela cintura e a beijou. Ficamos alguns minutos em choque e quando a ficha finalmente caiu começamos a gritar e assoviar. Era quase surreal ver Johanna e Marvel naquele maior amasso.

Quando finalmente se separam Johanna encara Marvel em estado de choque, enquanto ele a encaram com um enorme sorriso.

— Que é isso hein? Fiquei até com calor — debocha Finnick.

— Por que você fez isso?! — pergunta Johanna indignada.

— Porque você estava triste e não a nada melhor do que um beijo para curar a tristeza. — declara Marvel ainda com um sorriso idiota na cara.

— Eu odeio você! — exclama Johanna irritada.

— E eu amo você. — Marvel diz calmamente enquanto lança-lhe uma piscadela nos fazendo rir. Sempre soube que Marvel tinha uma quedinha pela Johanna, só não sabia que ele era tão louco ao ponto de enfrentar a fera.

— Se me beijar de novo eu te atropelo com meu carro! — fala raivosa enquanto sai. E nós, bem, ficamos rindo da cara do Marvel que parece ter ganhado na loteria.

Depois de um tempo todos nós seguimos para fora do auditório, onde todos o que assistiram o show nos esperavam para dar os parabéns. Enquanto caminhava abraçada a Peeta, fiz uma busca com os olhos e encontrei os olheiros de Juilliard conversando com o diretor. Um leve frio se passou por minha barriga, mas na mesma velocidade em que surgiu, ele se foi. Eu sabia que havia feito o meu melhor e se não conseguisse, paciência, porque a palavra desistir não existia em meu dicionário.

Quando avistei meus pais e Effie segui com Peeta até eles, enquanto nossos amigos foram falar com seus respectivos familiares.

— Filha! — minha mãe exclama quando nos aproximamos — Você estava magnífica! Na verdade vocês dois estavam! — diz e me abraça juntamente com Peeta.

— Peeta, querido. Eu estou tão orgulhosa de você. — diz Effie com lágrimas nos olhos e o abraça — Você também Katniss. Estava linda. — me abraça também.

Logo em seguida meu pai nos parabeniza e Prim fala o quanto ficou empolgada quando nos viu em cima do palco. Depois nos juntamos com nossos amigos e seus familiares e começamos a conversar. Horas se passaram até Peeta me arrastar até seu Mustang dizendo que queria me mostrar um lugar especial.

— Você não vai mesmo dizer para onde está me levando? — pergunto pela quinta vez.

— Katniss eu já disse que é surpresa. — repete divertido também pela quinta vez.

— Você mais do que ninguém sabe o quanto sou curiosa Peeta! Por favor, me fala. — imploro.

— Sinto muito Niss, mas não posso dizer. — fala me fazendo soltar um suspiro em completa derrota.

Ficamos em completo silencio. Cada um preso em seus próprios pensamentos. Eu é claro, tentando adivinhar para onde ele estava me levando. Vinte minutos depois senti que o carro estava parando.

— Chegamos? — pergunto na esperança de finalmente matar minha curiosidade. Ele solta uma leve risada.

— Você definitivamente é a pessoa mais curiosa que já conheci. E não, ainda não chegamos. — diz se virando para pegar algo no banco de trás que não consigo ver o que é.

— Então por que paramos?

— Pra isso. — diz sorrindo enquanto balança um lenço preto no ar.

— Não! Venda não. — seguro seus braços quando ele faz menção de se aproximar.

— Ah qual é Niss. Eu preciso vendar você, se não estraga a surpresa.

— Não! — nego mais uma vez ainda segurando seus braços. Ele se aproxima mais de mim e começa a distribuir vários beijos por toda extensão do meu rosto.

— Por favor, Niss.

— N-não. — minha voz sai entrecortada quando ele dá uma leve mordida em meu pescoço. Todo meu corpo se aquece.

— Eu prometo que você vai amar a surpresa. — completa agora mordiscando minha orelha e acabo me rendendo.

— Tudo bem. — falo e ele se afasta, solto um longo suspiro tentando controlar meu coração que está batendo como um louco — Você é bem persuasivo quando quer, hein senhor Mellark? — brinco enquanto ele coloca o lenço sobre meus olhos.

— Não tenho culpa de conhecer seu ponto fraco Sta.Everdeen. — sussurra em meu ouvido me causando arrepios.

— Quando eu descobrir o seu, você vai se vê comigo Peeta Mellark. — ameaço lhe fazendo gargalhar.

Mais alguns minutos se passam e confesso que minha curiosidade estava em um nível estremo. Já fazia mais ou menos uma hora que estávamos naquele carro, desde que saímos da escola, quando ele finalmente parou. Ouvi o barulho da porta do carro abrir e fechar rapidamente, segundos depois senti que agora a posta ao meu lado que estava sendo aberta. Peeta me ajudou a sair do carro e acionou o alarme do mesmo.

— Agora chegamos, certo? — pergunto ainda com a venda sobre os olhos.

— Certo. Mas temos que caminhar só mais um pouquinho, por isso você terá que aguentar ficar com a venda por mais alguns minutos, está bem?

— Sim. — afirmo e sinto seus tão macios lábios pressionados contra minha bochecha me fazendo sorrir.

Ele me abraça pela cintura enquanto me guia por um caminho meio complicado de andar, parece estar cheio de pedras. Ouço o leve e aconchegante som das ondas indo e vindo, e sinto minha curiosidade ser saciada por, pelo menos saber onde estamos. Mas segundo depois ela volta, pois ouso Peeta abrir uma porta e em seguida, já estou sendo guiada por degraus. Pergunto-me se estamos em alguma casa de praia ou algo assim. Depois de ter subido as escadas ouço o ranger de uma porta sendo aberta, passamos por ela e sinto o calor dos raios de sol tocarem minha pela. Ouço o som de algumas gaivotas, assim como também ouço o som das ondas, desta vez mais agitadas, se chocando contra algo. Não ouço som de pessoas, carros ou nada que remeta que estamos na cidade. O único som que escuto é o da própria natureza.

— Está pronta? — pergunta Peeta atrás de mim, sua voz se torna ainda mais bela junto ao som das ondas.

— Sim. — afirmo, sinto seus dedos subindo por meus braços deixando cada pelo de meu corpo eriçado, até chegarem ao nó da venda e quando ele a retira, meus olhos se arregalam com tamanha beleza que se encontra diante de mim.

É uma das imagens mais lindas que já cheguei a presenciar em vida. Estamos no topo do farol: Los Angeles Harbor Lighthouse, que fica em Long Beach. Gaivotas e mais gaivotas voam sobre nossas cabeças, enquanto o sol começa a se por, todas aquelas cores se mesclando enquanto são refletidas pelas ondas que se chocam contra as rochas. É um cenário digno de filme, de um belo e emocionante filme.

— E então? O que você achou? — pergunta-me Peeta enquanto me abraça por trás, coloco minhas mãos sobre as suas e repouso minha cabeça em seu peito.

— Incrível Peeta. O lugar mais belo que já vi. — respondo anestesiada por tanta beleza.

— Então valeu apena esperar uma hora e ainda por cima vendada? — seu tom brincalhão me faz rir.

— Valeu, muito, mais muito mesmo apena. — respondo ficando de frente pra ele. Passo meu braços por seus ombros e começo a acaricia sua nuca — Como você encontrou esse lugar?

— Google. — responde e não consigo conter a gargalhada e ele me acompanha — Estava procurando um lugar em que o por do sol fosse incrível. — revela.

— E achou. — digo e ele sorrir. Repouso minha cabeça em seu peito e começo a escutar as batidas de seu coração, que parece um pouco acelerado. Ele faz leves movimentos com as mãos, subindo e descendo, um carinho tão bom que me aconchego mais em seus braços.

— Eu gostaria de poder congelar este momento aqui, agora e viver nele para sempre. — fala ao depositar um suave beijo em minha testa.

— Eu também. — concordo.

E ficamos os dois ali, abraçados em silencio, sentindo a brisa gélida, porem aconchegante, do oceano. Vendo o sol deslizar pelo céu em um belo entardecer. Aquele lugar acabara de se tornar meu paraíso particular, nosso paraíso particular. O caminho para a felicidade poderia ser longo e difícil, mas valia a pena cada segundo se no fim você estivesse ao lado do amor da sua vida.

— Sabe? Depois que a Delly morreu, eu passei a dizer para mim mesmo que eu havia conhecido o amor da minha vida sedo de mais. — diz quebrando o silencio, ergo meus olhos mais uma vez para encara-lo. Seu olhar, diferente do que imaginei, não está cheio de dor, pelo contrario, está repleto de serenidade. Uma serenidade tão bela que pode ser comparada a de uma criança — Tudo pareceu estar fora do lugar, sem sentido. Eu queria acreditar que aquilo era só um pesadelo e que, em algum momento eu iria acordar e que tudo estaria bem. Mas conforme os dias foram passando a ficha foi caindo. Aquilo não era um pesadelo, aquilo era real. A partir daquele momento eu criei uma máscara. Para as pessoas eu aparentava estar bem, estar forte, mas por dentro eu estava desmoronando. — seus braços apertam com mais força minha cintura, em busca de apoio — Foi quando eu conheci você, que diferente de todas as outras pessoas, com um simples olhar conseguiu enxergar através da máscara de indiferença que eu havia criado. Conseguiu enxergar minha alma.  — sorri para mim — E mesmo sabendo de todas as minhas magoas você não desistiu, você continuou do meu lado me dando forças. Você pediu para que eu concedesse a você a permissão de reconstruir meu coração, minha alma e a partir do momento em que concedi a você essa permissão eu não fui mais o mesmo Katniss. Graças a você eu renasci das cinzas como uma fênix e vou ser eternamente grato a você por isso. — completa fazendo com que todas as minhas emoções trespassem em forma de lágrimas.

— Eu já disse que você não precisa agradecer Peeta, tudo o que fiz ou faço é por amor a você. — digo sincera e ele beija cada lágrima que escorre por minhas bochechas, fazendo com que os cantos de minha boca se ergam em um singelo sorriso.

— Eu trouxe você aqui, por que, essa será a primeira vez que digo isso depois de tanto tempo. É a primeira vez que digo isso a você e queria que fosse um momento mais que especial. — suas mãos vão para meu rosto, onde ele começa a fazer um leve carinho — Eu te amo Katniss.

Ao dizer isso sinto meu coração parar para logo em seguida voltar a bater com toda a sua força. Minhas pernas ficam bambas fazendo-me apertar com mais força seu casaco. Estou em estado de choque, depois de tanto ansiar por ouvir essas três palavras mágicas saindo de sua boca, agora que as ouso não sei como reagir.

— Eu te amo. — repete, desta vez com a testa colada na minha. E ali, olhando dentro de seus olhos, que graças ao entardecer adquiriu um azul tão límpido e belo, soube que não precisava dizer uma só palavra, que naquele momento a melhor maneira de mostrar-lhe tudo o que estava sentindo seria através de ações. Meus lábios roçam levemente nos seus antes de pressioná-los com desespero.

Seus lábios tão saborosos e macios deslizam sobre os meus, sua língua pede passagem ao qual prontamente cedo. Exploramos a boca um do outro com lentidão e paixão, minhas mãos, trêmulas por conta da emoção, brincam com seus fios loiros, enquanto as suas concentram-se com leves movimentos em minha cintura, me dando a sensação de estar flutuando. Nos separamos ofegantes pela intensidade do beijo, mantemos nossas testas colada enquanto tentamos normalizar nossas respirações.

— Eu também te amo. — falo sorrindo já com a respiração normalizada. Ele abre um belo e sincero sorrio e delicadamente deposita um beijo em minha testa, retribuo seu ato com um beijinho na ponta de seu nariz. E abraçados observamos os últimos indícios do por do sol.

                                                               +++

Quando o relógio marca dez horas entramos pela porta da casa de Peeta. Depois daquela linda declaração, ficamos bastante tempo naquele farol olhando o céu repleto de estrelas, olhando a lua que parecia estar colada na terra de tão grande que estava.

— Eu tenho mais uma surpresa pra você. — avisa fechando a porta da sala atrás de si.

— Outra? Vou acabar ficando mal acostumada. — brinco lhe fazendo rir.

— E como de costume, tenho que vendar seus olhos. — declara se pondo atrás de mim e cobrindo meus olhos com sua mão.

— A surpresa tem que ser muito boa hein, porque eu odeio ser vendada. — reclamo e mais uma vez ele rir.

— Pode deixar. Tenho certeza que essa surpresa vai permanecer em sua memória para sempre. — fala já me guiando pelas escadas, e não consigo evitar o frio na barriga com suas palavras. Quando chegamos ao topo da escada ele me guia pelo corredor, abre uma porta e entramos.

— Espero que goste. — diz e retira lentamente a mão de meus olhos.

Mais uma vez meus olhos se arregalam e minha boca se encontra aberta com o que vejo em minha frente. Estamos em seu quarto, ele está repleto de pétalas de rosas e a iluminação é a luz de velas, meu coração dá cambalhotas no peito ao constatar qual a intenção de tudo isso. Viro-me pra ele que está sorrindo.

— Você realmente sabe como emocionar uma garota.  — falo enquanto o abraço.

— Mas não é qualquer garota. É a minha garota. — diz dando ênfase na palavra minha e em passos lentos, vai nos guiando pelo quarto. Nossos olhos presos um no outro.

— Sua e somente sua. — declaro raspando meu nariz no seu.

— Por ser nossa primeira vez juntos, queria que fosse especial. — sussurra colocando uma mecha de meu cabelo atrás da orelha.

— Está sendo mais que especial. — murmuro com os lábios colados aos seus.

Sinto minhas pernas tocarem a cama e lentamente me sento. As mãos de Peeta se espalmam ao meu lado e ele se inclina em minha direção, juntando nossas testas e me fazendo deitar. Seus lábios macios vagam pela linha do meu queixo até a pele de meu pescoço, sua respiração quente eletrizando minha pele. Delicados beijos, lambidas e chupões são distribuídos de meu pescoço até meu colo fazendo com que um gemido baixo escape de meus lábios entreabertos. Entrelaço meus dedos em seus cabelos, puxando-o para mim, e o beijo vorazmente enquanto minha outra mão corre pelo seu peito, sentindo o seu calor ultrapassar o tecido de sua camisa. Meus dedos vão para a barra de sua camisa e ele se afasta, sentando com as pernas dispostas em cada lado de meu corpo, para que eu possa tirá-la. Livro-me da peça de roupa com rapidez, seus braços levantados para facilitar o meu trabalho, revelando seus músculos rígidos.

Jogo sua camisa em um canto qualquer do quarto e meus olhos analisam cada parte de seu belo corpo, até se prenderem na tatuagem em sua costela direita. Lentamente levo minha mão até lá e a contorno suavemente com meus dedos.

— Você é lindo. — murmuro encarando seus olhos. Sua beleza era algo incomparável. No mundo haveria muitos homens fortes, loiros e de olhos azuis, mas nenhum deles um dia sequer chegariam aos pés de Peeta.

Ele sorri de forma tímida perante meu elogio. Minhas unhas raspam suavemente em sua pele, antes de Peeta se debruçar sobre mim e voltar a beijar meus lábios. Entre beijos e caricias troco nossas posições, ficando por cima. Suas mãos encontram a barra de minha blusa e lentamente ele vai levantando-a, interrompo nosso beijo e sento-me sobre sua cintura para facilitar seu trabalho. Ele senta na cama, comigo em seu colo e termina de tirar minha blusa. E depois de mais um beijo quente e ardente que deixa meu corpo em chamas, ele retira meu sutiã, o único tecido que impedia nossas peles de se tocarem. Seus olhos escurecem tamanho seu desejo ao analisar meus seios livres, sua reação causa uma pontada em meu sexo.

— Você que é linda. — fala, olhando em meus olhos com um singelo sorriso. Ele se inclina e mordisca meu lábio inferior, depois faz uma trilha de beijos até meu ouvido — Você é perfeita. — sussurra em um sopro doce e aveludado que me deixa em êxtase.

Peeta vagarosamente vai distribuindo beijos pelo meu colo até abocanhar meu seio esquerdo, fazendo-me morder o lábio para conter um gemido alto. Com uma mão ele aperta minha cintura e com a outra ele massageia meu seio direito, levo minhas mãos até seus cabelos e os puxo enquanto jogo minha cabeça para trás com as sensações maravilhosas.

Depois de muitas caricias, nos encontramos completamente despidos. Peeta traça uma linha de beijos por toda minha barriga até chegar ao local onde mais necessitava. Minha intimidade. Sua língua fazendo movimentos circulares enquanto seu polegar acaricia meu clitóris, massageando-o em uma lenta e doce tortura. Ele escorrega dois dedos para dentro de mim e começa um movimento lento, que vai se intensificando aos poucos, assim como seu polegar em meu ponto sensível. Meus gemidos se tornam cada vez mais altos conforme meu corpo vai se contraindo, até eu atingir meu ápice. Minha mente fica nublada e não consigo raciocinar direito, minha boca está aberta buscando freneticamente por ar, enquanto meus olhos recobram o foco. Peeta volta a se debruçar sobre mim beijando delicadamente meus lábios e quando vai se afastar, agarro seus cabelos e intensifico o beijo. A temperatura do quarto parece estar a uns 50 °C e sinto como se fosse entrar em combustão.

Lentamente ele me penetra, arrancando um gemido alto de nós dois. Seus movimentos de vai e vem são leves, porem precisos. As sensações de prazer que ele está me proporcionando nunca senti em toda minha vida. Entro em um estado de torpor, onde só consigo gemer loucamente seu nome, onde só consigo sentir nossas peles se tocando como em um suave passo de dança. Meu nome é proferido diversas vezes por seus lábios enquanto arranho suas costas. Todos os sons que ecoam pelo quarto, os sons de nossos gemidos, de nossos corpos se chocando, de nossas respirações descompassadas e de nossos corações acelerados formam uma bela e encantadora melodia. Sinto-me completa, sinto-me realizada. Tê-lo ali, sobre mim, me dando todo seu amor, todo seu carinho, sinto que sou capaz de pular de um penhasco, sem nenhum resquício de medo, porque quando se tem o amor da sua vida ao seu lado, nada no mundo é impossível. Tudo se torna possível.

Fecho meus olhos ao sentir espasmos atravessarem por todo o meu corpo, me permitindo alcançar mais um intenso orgasmo, mas dessa vez sou seguida por Peeta, e em sincronia nos entregamos juntos. Ele cai sobre mim, cansado e suado, com a respiração entrecortada. Lhe abraço apertado enquanto tento normalizar minha própria respiração. Tê-lo ali em meus braços é tão reconfortante, tão bom que não consigo parar de sorrir. Sinto como se tivesse vivido somente para aquele momento. Minha consciência, que antes se encontrava nublada pelas sensações de desejo, aos poucos vai voltando. Lentamente abro meus olhos e dou de cara com sua imensidão azul me encarando com adoração.

— Obrigado. — agradece acariciando meu rosto com as pontas dos dedos e em seguida me dá um beijo casto nos lábios.

— Pelo quê? — pergunto confusa, porem apreciando bastante o carinho em minhas bochechas.

— Por me devolver a vida. — sorri e uma pequena lágrima escorre por minha bochecha tamanha emoção que sinto com suas palavras. Ele prontamente a seca — Você fica ainda mais linda corada, sabia? — seu comentário faz meu sorriso se tornar ainda mais radiante.

— Você também. — constato ao perceber que suas bochechas também estão coradas pelo esforço de minutos atrás. Ele sorri lindamente e faz menção de sair de cima de mim, mas o impresso — Fica. Por favor.

— Eu sou pesado Niss. Vou acabar te machucando. — fala ainda acariciando minhas bochechas.

— Eu não me importo. — insisto e ele solta um suspiro derrotado.

— Tudo bem, mas só um pouco. — avisa e lhe abraço com mais força, prendendo seus lábios nos meus logo em seguida.

Minutos depois ele sai de cima de mim e deita-se ao meu lado, me puxando para seu peito. Aconchego-me em seus braços enquanto ouso o som ritmado de seu coração. Levo minha mão, que estava em seu peito, até a tatuagem de sua costela e começo a contorna-la com as pontas dos dedos, enquanto ele acaricia meu braço. Depois de um tempo abraçados em silencio, ergo meu rosto para encara-lo, seus olhos encontram se fechados e sua respiração está leve e tranquila.

— Peeta. — chamo.

— Hum? — responde com a voz rouca e ainda com os olhos fechados.

— Vamos ser nada? — pergunto e sorrio ao ver seus belos olhos azuis se abrirem para me fitar.

— Nada? — pergunta confuso.

— É. Dizem que nada dura pra sempre. — revelo e vejo seu rosto passar de confuso para radiante.

— Então, vamos ser nada. — fala e com um sorriso nos lábios beija minha testa, para logo em seguida nos entregamos ao sono.