Perfect Soulmates escrita por Naylliw Freecs


Capítulo 4
Ameaça


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi, oi. Estou aqui no limite, do limite do prazo, então vamos lá. Obrigado novamente a todos que comentaram, amo vocês. De verdade.
Esse cap. vai pra quem tava com saudade de nossa joaninha querida yeh!
Nos vemos nas notas finais!



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— Ah não, Alya! – Resmunguei pelo que parecia ser a milésima vez naquele dia, a sala de aula já estava vazia e minha amiga esperava impaciente na porta, me observando por cima dos óculos com cara de poucos amigos.

— Ai amiga, não é todo dia que o seu príncipe encantado aceita sair num encontro com você não é? – Se encostou na porta e tomou apoio com o pé, largando a mochila no chão enquanto eu terminava de arrumar meus materiais.

— Comigo, com você e o Nino! Tem certa diferença... – resmunguei mais uma vez, um pouco baixo.

— Tá reclamando é? Que ingrata Marinette! Eu te arrumo uma oportunidade para ficar sozinha ao lado do Adrien e você só faz reclamar, mas que bela amiga você é! – Pôs as duas mãos no peito e fingiu estar indignada, como se tivesse levado uma facada no coração. Revirei os olhos para sua infantilidade e me dirigi à saída, lhe dando um soco de leve no braço quando passei por ela. Soltei uma leve risada quando ela tentou dar o troco, mas acabou esmurrando o ar.

— Fala sério amiga, você precisa sair para comprar uma roupa nova. Eu posso ir com você ao Shopping pra vermos alguma coisa. Melhor ainda, podemos comprar os materiais e você mesma fazer! – Tentou me convencer mais uma vez quando paramos à frente da saída da escola, o fluxo de alunos era quase nulo naquele horário, a maioria provavelmente já chegara em casa.

— Não é tão fácil assim, Alya! Eu não posso simplesmente criar algo da noite pra o dia, já vai ser amanhã! Nem que virasse a noite em claro conseguiria. – Suspirei triste, realmente queria ter tempo para fazer uma roupa que o Adrien pudesse admirar, queria que ele visse o meu talento, queria poder lhe mostrar o quanto era habilidosa, mas tempo era justamente uma das coisas que nunca tive. – Além de que, eu não me sinto bem em pegar o dinheiro dos meus pais só pra comprar uma roupa que vou usar apenas amanhã. Depois vai acabar ficando enterrada no meu guarda-roupa pelo resto de minha vida.

— Credo Mari, o que você tava pensando em comprar? Um vestido de gala? – Perguntou enquanto caia na gargalhada, pondo as mãos na barriga numa tentativa de controlar sua risada. – É uma coisa casual, amiga. Nem adianta discutir! Passo na sua casa às três pra irmos fazer umas compras!

— Mas...

— Sem mas, menos mas ou meio mas! – Respondeu pondo a mão em minha boca e me impedindo de falar. – As três! – Falou mais uma vez e tomou direção contrária a que eu tomaria. Me dei por vencida e comecei minha caminhada para casa. Mesmo não sendo uma caminhada longa, podia sentir o calcanhar cortado começar a arder, sabia que precisava trocar o curativo, mas assim que avistei um pequeno parque, não contive a vontade de sentar embaixo de uma árvore, apreciando sua sombra e a leve brisa de começo de tarde, observei por um tempo algumas crianças brincarem ao redor de uma fonte, tão despreocupadas... Fazia muito tempo desde que me permitira descansar dessa forma, conciliar minha vida tanto como Marinette, como Ladybug era algo que não estava conseguindo dar conta. O fardo carregado por ser a heroína de Paris era gigantesco, toda a população dependia de mim, de mim e de Chat Noir. As vezes, pensar em como toda aquela gente depende de nós é assustador.

— Marinette? Olá? Marinette! – A voz fina e aguda da Kwami me trouxe de volta à realidade, estalava os dedos freneticamente sem ao menos perceber e as pontas já começavam a ficar esbranquiçadas.

— Ah Tikki, desculpe! Qual o problema?

— Você esqueceu, não esqueceu? – Perguntou ela tentado manter uma aparência séria e raivosa, apenas para abrir um pequeno sorrisinho de lado, às vezes sentia uma vontade enorme de apertar o pequeno ser cor de rosa e só parar quando virasse uma pequena bolinha pontilhada.

— Ehr... Hã..., mas é claro que... sim, eu esqueci. – Cocei a nuca envergonhada, de fato não fazia a mínima ideia do que a Kwami poderia estar falando.

— O mestre Fu, Marinette! Você combinou de se encontrar com ele amanhã para que ele pudesse lhe dizer o que conseguiu traduzir do livro que achamos...

— Do livro que roubamos, você quer dizer. Aquele livro era minha ponte com meu príncipe encantado! – Choraminguei com as mãos tapando o campo de visão. Algumas crianças passaram correndo, mas não pareceram notar a pequena figura rosa flutuando ao meu lado. Tinha saudades de minha infância, de quando minha maior preocupação era o brócolis que era obrigada a comer no jantar, ou até mesmo o horário que devia voltar para casa depois de ir brincar no parquinho.

— Me desculpa! Mas aquele livro é uma conexão enorme entre o presente e o passado, todos os segredos que os antigos heróis coletaram ao longo da história foram inscritos naquele livro. Segredos obscuros Marinette, algo além da compreensão dos humanos, se algo naquela proporção caísse nas mãos de Hawk Moth seria o nosso fim. A derrota inevitável. Destruição do mundo como você o conhece, e de tudo que tanto nos empenhamos a proteger, entende a minha preocupação?

— N-Nossa Tikki! Não sabia da gravidade da situação. Por que você não me disse isso logo? Vamos ver o mestre Fu agora mesmo! – Me levantei tão rápido que acabei batendo a cabeça num dos galhos baixos da árvore, Tikki que havia se sentado em meu ombro deu algumas piruetas no ar antes que conseguir manter o equilíbrio.

— Tenha calma. Sei o quanto esse encontro é importante para você! Não estou aqui pra estragar sua vida, afinal somos amigas não é? Veremos o mestre logo após o encontro e sem desculpas, tudo bem pra você? – Ela exibiu um sorriso tão reconfortante e acolhedor que me derreteu a alma. Lhe peguei entre as mãos e a abracei com toda ternura que podia. Mesmo com toda a pressão para acabar com a ameaça do Hawk Moth, minha pequena parceira entendia minhas necessidades, sabia que as vezes precisava de um tempo, ou a pressão de meus deveres me sobrecarregaria e acabaria me subjugando.

— Te amo, te amo, te amo!

Quando me dei conta do tempo que se passara tomei novamente o caminho para casa, não demorou muito para a visão da pequena edificação preencher meu olhar. A padaria já abrira após o almoço e alguns clientes conversavam com os meus pais assim que adentrei o estabelecimento. Cumprimentei a todos rapidamente com um simples "Boa tarde", dando alguns beijos nas bochechas de meus pais e quando estava prestes a entrar em casa, minha mãe me chamou a atenção.

— Filha, sua amiga está lhe esperando no quarto! – Conferi o relógio, ainda faltava pouco mais de uma hora pra o horário marcado. O que diabos a Alya estaria fazendo aqui uma hora dessas? Subi as escadas que levavam ao meu quarto e abri a porta rapidamente, franzi o cenho quando não me deparei com minha amiga. Na verdade, ela era a última pessoa que esperava ver no momento. Apesar de estar de costas para mim, observando alguns esboços sobre a mesa de costura, poderia lhe reconhecer em qualquer lugar.

— Lilá? O que você está fazen...

— Calada. – Me cortou antes que pudesse terminar a pergunta. Trinquei meus dentes, sentindo a raiva inundar meu peito. Nosso relacionamento não era um dos melhores, mesmo que não soubesse, eu havia sido responsável por ela ter sido akumatizada. Na verdade, suas mentiras também possuíram um papel fundamental naquilo tudo. Resumindo, meus ciúmes causaram tudo. Fazer o que, ninguém é perfeito, não é? No entanto, todo esse problema fora causado por Ladybug e não por Marinette, pra falar a verdade, não lembrava de ter dirigido a palavra pra ela ao menos uma vez desde que fora transferida. Sua presença se passara despercebida por mim, desde o incidente causado por Volpina.

— Olha aqui, se você acha que pode vir na minha casa, se passando por uma de minhas amigas e ainda assim me tratar desse modo, você está redondamente enganada! Escute bem, ninguém, absolutamente ninguém manda que eu me cale dentro de minha casa, em meu próprio quarto! – Ela se virou e sorriu minimamente para mim, daquele modo arrogante e insuportável que geralmente me era destinado pela filha do prefeito. Foi como se quisesse provar algo a si mesma e já estivesse obtendo resultados.

— Parece que alguém resolveu mostrar as garras. – fiz a menção de falar novamente, mas ela ergueu a mão num pedido mudo de silêncio. – Escutei a conversa daquela sua amiguinha com o Adrien. Também não sou cega como o loiro e sei perfeitamente que tem uma queda por ele, é incontestável, vi a cena de hoje cedo na porta da sala, não negue, contra fatos não há argumentos.  Por tanto, só vou dizer apenas uma vez. Se afaste dele.

Senti um sorriso brotar de meus lábios, então era isso? Ela queria que eu me afastasse do garoto que eu amo. O sorriso se desfez e deu lugar a uma gargalhada, meus olhos se encheram de lágrimas enquanto uma carranca surgia em seu rosto, a veia de sua testa pulsava e parecia que iria explodir a qualquer momento.

Meus pulsos doeram quando ela os agarrou com força, soltei um gemido reprimido e encarei seus olhos. Poços de pura raiva e chama líquida, parecia pronta para me jogar no chão e me encher de tapas. Ainda com os pulsos presos fui empurrada contra a parede, o pé machucado se chocando contra a mesma me rendeu alguns palavrões mentalmente.

— Acho que ainda não entendeu o que eu quis dizer. Como se alguém como você pudesse entender algo tão facilmente. – Zombou com os olhos revirados, o típico sorriso de escárnio em seus lábios. – Não estou pedindo para você se afastar do Adrien, eu estou ordenando. Você não entende, não é? Tudo o que ele sente por você é pena. Acha mesmo que ele ainda não percebeu suas pífias tentativas fracassadas de lhe chamar a atenção? O que você acha que tem de tão especial garota?

— Ele... Ele disse que sou especial.... Disse que sou incrível, ele... ele me elogiou! – As palavras saíram num fio por minha boca, não passavam de um sussurro amargo, algo em que buscava acreditar com todas as minhas forças, mas no fundo, já começava a acreditar que Lilá estava certa.

— Pobre Marinette, ele é gentil demais para lhe falar a verdade, não concorda? Você é patética, um fracasso. Não percebe que alguém de uma classe tão alta como a dele nunca teria olhos para alguém tão inferior como você? Não adianta ter esperança alguma quando os fatos já estão jogados contra sua cara. Por que um modelo famoso, capa das melhores revistas e ainda por cima filho do incrível estilista Gabriel Agreste, teria olhos para você? Entenda de uma vez. Nunca conseguirá ter uma chance com ele, pois no fundo sabe que estou certa e no fundo também sabe que ele é tudo, enquanto você? Você não é nada!

Por um momento senti o mundo a minha volta se tornar negro, tudo desapareceu, não havia mais tristeza, não havia mais Marinette, não havia mais Lilá. Apenas um enorme mar de vazio, para todos os lados que olhava. Sentia a escuridão prestes a me sufocar, estava pronta para me entregar e acabar com aquilo, mas aí então eu o vi. Ele apareceu como um anjo, pronto para me salvar e preencheu toda a escuridão com sua luz. Consegui enxergar claramente onde estava, havia caído em sua frente na escola. Todos riam de mim, mas ele não. Ergueu sua mão em minha direção com um sorriso no rosto.

Vamos lá, Marinette. Você é incrível! Segure a minha mão.

A realidade me estapeou com força assim que nossos dedos se encostaram. Focalizei Lilá na minha frente, os olhos estreitos após ter falado tudo aquilo. Não me permitiria acreditar em suas mentiras, Adrien não era como ela, ou até mesmo como Chloé, ele era diferente. Tratava a todos como iguais e mesmo que não retribuísse meus sentimentos, devia ao menos tentar lhe demonstrar o que sinto. Já havia passado tempo demais nas sombras e agora, ele finalmente notou a minha presença, aceitou sair comigo. A coragem tomou conta de meu corpo a partir do momento que empurrei Lilá para longe, naquele momento a personalidade de Ladybug falou mais alto.

— Eu quero você fora de minha casa. Agradeceria se também sumisse de minha vida. Você não vai se meter em minha relação com o Adrien, pouco me importo para o que você acha, ou para suas palavras venenosas. Desapareça da minha frente agora mesmo!

— Você vai se arrepender disso. – Sussurrou antes de passar por mim em direção a saída do quarto e antes de sair fez questão de frisar. – Nem que eu mesma tenha que garantir!

Suspirei enquanto me dirigia a cama, meu calcanhar estava em brasas, precisava trocar aquele curativo o mais rápido possível. Lentamente retirei as bandagens e limpei a área com álcool, por um breve momento me lembrei de Chat e desejei que estivesse ali para fazer aquilo por mim. Da última vez, fora extremamente carinhoso e era inegável não dizer que desenvolvera certo afeto pelo gato. Quando estava prestes a terminar de enfaixar o pé, a porta do quarto praticamente explodiu das dobradiças e um vulto avermelhado passou por ela.

— AMIGA, ACABEI DE ME ENCONTRAR COM A LILÁ. VOCÊ TA ME TROCANDO POR ELA, NÉ SUA SAFADA! – Ela agitava os braços para cima e para baixo, algumas bolsas haviam sido largadas no chão no seu breve acesso de raiva. Me xinguei mentalmente, esquecera totalmente do encontro com minha melhor amiga.

— Mas é claro que não sua louca! – Soltei uma risada nervosa, não precisava preocupar Alya com ainda mais problemas pessoais, tinha de resolver aquilo sozinha. Podia dar conta de Lilá sem a ajuda de Alya. – Ela deve ter vindo na padaria. Sabe que eu te amo, não é? Nunca vou te trocar por nada!

— Ai Marinette, desculpa. É que eu sou meio paranoica mesmo. Você sabe que também te amo! Desculpa mesmo ami... Ai Meu Deus, garota, o que foi isso no seu pé? – Finalmente pareceu notar as bandagens que refazia e correu para minha cama pra dar uma olhada.

— Derrubei o abajur noite passada e acabei me machucando, não é nada demais.

— Que bom que esse seu desastre não machucou suas mãos, porque nós vamos costurar! – Ela correu de volta até as sacolas que havia largado e puxou um longo tecido vermelho de lá.

— Achei que houvesse explicado que não tenho tempo, Alya! Nós não...

— Não se preocupe! Já tenho o esboço de um vestido que você fez e não gostou, mas eu A-M-E-I. Ele é bem simples, casual, lindo e você vai usá-lo amanhã. Nem tente protestar porque eu só vou embora com ele pronto e não tente nem argumentar. Sabe que não vai conseguir me fazer mudar de ideia, não é? Ótimo! Já que sabe... Por onde começamos?

Sorri para sua agitação e euforia, me levantei e desci as poucas escadas em direção a máquina de costura, pegando o esboço de sua mão no meio do caminho. Ela só poderia estar de brincadeira comigo, sabia que simplesmente odiava aquele desenho e sabia muito bem o porquê. No momento em que abri a boca para protestar ela fechou a cara e apontou pra cadeira, onde me sentei derrotada. E apesar de começar o trabalho sem animo, logo me empolguei com o projeto, até mesmo adicionando detalhes extras que não faziam parte do desenho. Não demorou muito para que o som de nossas risadas preenchesse todo o local. E devo admitir. Minha mente nunca ficara tanto tempo sem preocupação alguma, fazia muito tempo que não me sentia assim. Tão bem, tão viva...

Tão completa.


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Notas finais do capítulo

Se alguém ficou na duvida, o livro que Tikki se refere é aquele do episodio da Volpina.
Por enquanto é isso!
Se querem um autor super felz, feixem seu comentário! Chat Noir agradece!
Até o prox. ;-)



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