Os vampiros que se mordam 2 escrita por Gato Cinza


Capítulo 23
Uivantes




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A noite das garotas realizado na casa de Elena começou ás sete horas da noite e só terminou ao nascer do sol. Caroline e Elena atualizaram Bonnie dos eventos de longos meses, muitas coisas haviam ocorrido, poucas das quais Bonnie se lembrava. Ter voltado no tempo e mudado os acontecimentos tinha modificado muitas coisas. A jovem bruxa ficou feliz por perceber que mesmo tendo alterado o destino de todos, os amigos eram capazes de lidarem com problemas complexos sem precisar de sua ajuda. E saciando a curiosidade delas, a bruxa explicou o seu afastamento. Antes de tudo, sua decisão de partir foi causada pelos conflitos emocionais que hora a fazia querer proteger os vampiros hora queria queimá-los vivos. Depois, seu reencontro com a mãe que lhe deu mais coragem de ficar longe, e se deu o direito de passar ao lado da mãe ao menos uma fase de sua vida. Por fim, revelou que no período que permaneceu com Abby e Jamie, ela conheceu e aprendeu meios de se controlar através de meditação.

A presença de Bonnie de volta ao lar atraiu atenção de Klaus que tão logo soube do retorno da bruxa, foi ao seu encontro exigir que ela desfizesse o que tinha feito com Elena. Apesar de saber que as ameaças do híbrido podiam ser cumpridas se ele assim o quisesse, Bonnie nada podia fazer.

— Eu nem sabia que ia funcionar – disse com sinceridade – Quando dei a poção para Elena tinha como intenção apenas tranquilizar á todos quando eu sumisse afinal ela estaria protegida.

— Está mentindo – afirmou Klaus ficando mais e mais furioso – Seja lá o que deu á Elena, sabia que ia torna-la inútil para mim.

— Sim, eu sabia disso. Mas achei que ia sair do organismo dela como se fosse sangue de vampiro ou verbena.

— Não saiu. Desfaça.

— Pra quê? Pra você ter um exército de híbridos que, como Tyler, se livrarão do seu domínio? Tem certeza que quer mesmo uma infestação de criaturas igualmente poderosas sobre qual não terá nenhum controle? Você já tem um exército, não o usa por que passa tempo demais fazendo planos mirabolantes para ter mais poder do que precisa.

Klaus estreitou os olhos ao ouvir que ele tinha um exército, e em tom de curiosidade, retorquiu:

— Se está se referindo aos meus irmãos como um exército, saiba que minha família desaprova meus métodos.

— Seus irmãos? Elijah e Rebekah que te trancariam como trancou o resto de sua família em caixões por mil anos? Não. Definitivamente temos conceitos diferentes de exército. Eu me referia á sua Linhagem.

— Minha Linhagem?

— Elena e Caroline me contaram o que aconteceu com seu irmão Finn e Sage e os amigos dela. Uma Linhagem. A Linhagem de Finn morreu quando o mataram. Imagine todos os milhares de vampiros criados por aqueles que você criou, um exército que se quiser permanecer vivo deve manter você em segurança.

Klaus se calou pensativo. Estivera tão compenetrado em ter seus híbridos que ainda não tinha pensado nessa coisa de linhagem. Diante da possibilidade...

— Isso também significa que meus irmãos tem seu próprio exército cada um.

— No seu lugar eu me adiantaria e reconquistaria a lealdade familiar antes que alguém mais perceba que o meio mais rápido de exterminar uma legião de vampiros, é matando um Original. Você tem muitos inimigos, alguns aliados e quase nenhum amigo. Mas família é sempre e para sempre.

Bonnie sabia o efeito que aquilo causaria nele, por isso optou por deixa-lo sozinho com seus pensamentos, mas antes de ir embora abriu a bolsa, pegou uma caneta e riscou um endereço na palma da mão do híbrido que hesitou em deixar ser tocado pela bruxa.

— O que é isso? – ele perguntou lendo o endereço rabiscado em sua pele com tinta azul.

— É a tumba onde Mikael passou os últimos quinze anos. Faça o que quiser com a informação.

Estava tendo algum sucesso nessa coisa de mudar o destino das pessoas, mesmo ainda pagando o preço por suas ações, tinha salvado alguns lobisomens de virarem híbridos e morrerem. Mas não tinha conseguido impedir o conselho de fundadores e o pastor Young de morrerem, o que significava que os acontecimentos que levavam á libertação de Silas ainda podiam acontecer, mas como? Ela tinha tomado todo cuidado para não chamar atenção errada, o que tinha errado? Qual fora a falha no plano? Com desprazer ela obteve a resposta quando entrou no Grill, numa tarde de sábado, alguns dias depois de seu retorno.

Shane conversava com Elena que prestava á ele uma atenção de discípula ouvindo o mestre. A primeira reação de Bonnie foi correr até eles e atacar o professor universitário, a segunda foi ir até eles e afastar Elena e a terceira lhe pareceu mais tentadora, fugir, voltar para a segurança da casa de sua mãe e deixar tudo para trás outra vez. E ia fazer isso quando, ao se virar, viu Hayley e Tyler conversando. Então lembrou qual foi a falha no plano, para derrubar o véu que separava a realidade do outro lado, Hayley que estava sendo usada por Shane, usaria Tyler. E foi na direção da dupla que jogava sinuca.

— Tyler! – ela o cumprimentou quando ele fez sua jogada – Soube que está livre.

— Eu estou jogando – disse ele sem entender direito.

— Falava de Klaus.

— Ah! Sim. Quem me ajudou nisso foi a Hayley – ele apontou a lobisomem – Graças a ela me livrei daquele monstro sádico.

Aproveitando-se da apresentação, Bonnie fez algo que sabia que ia lhe causar dor, compartilhou com Hayley visões sobre Nova Orleans; lobos observando do escuro, gritos de uma guerra sanguinária, a marca de nascença em forma de lua crescente, uma mulher sozinha num casebre no pântano e uma irreparável sensação de perda... Bonnie soltou a mão da lobisomem que tinha os olhos marejados e uma expressão atordoada. Tyler se adiantou a elas, preocupado pela expressão das duas.

— O que houve?

— Ela é uma Crescente – disse a bruxa, recomposta – Uma loba de Nova Orleans.

— Hayley? – Tyler olhou a jovem que ainda não tinha se recomposto da transferência emocional – Está enganada, Bonnie, conheci-a em Montana, é uma loba solitária.

— E eu sou uma bruxa que você conhece desde a infância, acha mesmo que cometeria um erro desses? Sei o que vi e se vi é porque significa alguma coisa.

— Mas o que foi isso? – questionou Hayley.

Em tom de inteira inocência, Bonnie explicou:

— Foi uma visão ou algo do tipo. Desculpe, mas não sei controlar essa coisa.

— O que foi que você viu? – Tyler perguntou deixando o taco sobre a mesa e cruzando os braços.

— Uma confusão de imagens da qual entendi que sua amiga é uma Loba Crescente.

— Os lobos Crescentes foram extintos, Bonnie.

— Há vinte anos? Ela devia ser uma criancinha, alguém deve tê-la poupado e a tirado daquela zona de guerra.

— Que guerra? Do que estão falando? – Hayley exigiu saber, agarrando o braço de Bonnie que a repeliu com um movimento brusco.

— Nem pensar que vou falar sobre isso... E Tyler você esteve em Nova Orleans, poupe sua amiga daquele hospício.

E deixando Hayley cheia de perguntas com um Tyler confuso e cheio de respostas, Bonnie foi embora. Não foi surpresa nenhuma quando na manhã seguinte, ao se encontrar com Caroline, descobriu que o lobisomem e sua amiga tinham ido para Nova Orleans.

— Onde está a Elena? – Bonnie perguntou notando a presença dos irmãos Salvatore no Grill.

— Ela disse que ia mostrar a cidade á um amigo. Deve estar achando que é guia turística.

— Que amigo?

Caroline deu de ombros informando com grosseria que não era babá de Elena. Conhecendo o temperamento da loira, Bonnie optou por não insistir em manter qualquer conversação. Em vez disso se encaminhou para onde os Salvatore conversavam com Alaric. Assim que chegou perto deles notou algo no pulso do caçador e de modo mecânico, afastou a manga da camisa revelando o antebraço do professor que tentou impedi-la de fazer aquilo, atraindo a atenção dos vampiros.

— Connor Jordan, qual de vocês o matou? – ela perguntou ainda olhando a tatuagem que lhe era visível por causa da magia.

— Por que acha que um de nós o matou? – Damon questionou imperturbável.

— Por que quando um deles morre, outro assume seu lugar. Alaric se tornou um deles e não tenho visto Connor Jordan vagando por aqui.

Damon sorriu, divertindo-se com um pensamento que lhe ocorreu e comentou em tom casual:

— Adoraria ficar com os créditos desse feito, mas o culpado por Alaric virar um fanático é do seu amigo híbrido original.

— Klaus! É claro, quem mais seria tão imprudente.

Ela se levantou, procurou com o olhar atento para as pessoas no estabelecimento e pediu á Stefan:

— Mantenha Elena longe do professor Shane, eu não confio nele.

— Quem é Shane? – Damon quis saber.

— Pergunte para Elena, agora eu tenho que caçar um morto de mil anos.

Elena foi para a casa dos Salvatore, atendendo ao chamando repentino deles. E depois de duas longas horas de conversa, ela contou para eles quem era Shane e a aparente ligação indireta que ele tinha com Bonnie. Segundo Elena, o professor de ocultismo estava pesquisando o sobrenatural na cidade através de poucos documentos encontrados em arquivos pessoais de Sheila. O professor conhecia magia e sabia muitas coisas sobre a magia dos vampiros, contou também sobre uma lenda á respeito de um imortal e uma cura para a imortalidade.

Não precisou nenhum esforço para notar o fascínio de Elena por esse Shane. E mesmo Elena dizendo que tinha sido convidada a assistir uma aula dele na universidade, e estendendo o convite a eles, os Salvatore não tinha certeza se deviam dar algum crédito para o professor.

— Afinal, como foi que esse cara chegou até você? – Damon questionou.

— Ele era amigo de Tia Jenna e quando ela parou de responder aos e-mails dele, ele veio ver se tinha acontecido alguma coisa. Aproveitou que estava aqui para conhecer os lugares mencionados por ela em suas conversas e quando soube que Tia Jenna tinha... Quando ele soube ficou tão triste que me compadeci e me ofereci para fazer papel de guia turística.

— Alguma razão para desconfiar dele?

— Um professor que ensina ocultismo e que foi amigo da avó de Bonnie? Por que você precisa desconfiar de todos, Damon?

Ele ia dizer que a desconfiança partiu da própria Bonnie, mas Stefan se apressou e disse:

— Não é desconfiança, é apenas cuidado. De qualquer modo irei com você assistir a aula dele para conhecê-lo e tirar minhas próprias conclusões á respeito de Shane.

— Eu também vou – Damon decidiu.

Impaciente, o moreno decidiu ir ao encontro de Bonnie para que ela explicasse suas desconfianças. Quando chegou ao bangalô da bruxa, ela se preparava para sair.

— Damon, boa noite.

— Bonnie. Precisamos conversar.

— Sobre o que.

— O novo amigo de Elena, Shane.

— Estou faminta, se importa em jantar enquanto conversamos?

Damon estudou a aparência da bruxa dos pés a cabeça, ela usava short azul, regata preta, um blazer azul-esverdeado e tênis. Concluiu que ela estava indo jantar sozinha, por isso aceitou o convite. Enquanto ela dirigia, sob os protestos dele que queria ir com seu carro e não no dela, Damon relatou as informações passadas por Elena á respeito do professor e sua opinião sobre o assunto. Bonnie parou diante de uma casa pequena com jardim bem cuidado esperando o vampiro terminar, então desceu do carro. Damon a seguiu, olhando ao redor. Quem morava naquela rua mesmo? Ainda tentava lembrar quando Bonnie bateu á porta da casa com jardim abrindo-a em seguida.

— Bonnie! – o homem de meia-idade negro e alto, bastante familiar ao vampiro, cumprimentou Bonnie de um modo formal – Não me disse que ia trazer o namorado.

Quando ele olhou na sua direção, foi que Damon lembrou quem era aquele homem.

— Damon não é meu namorado, pai. Só uma companhia agradável, pode convidá-lo á entrar?

— Companhia agradável? É assim que se chamam hoje em dia? Entre rapaz, tenho que voltar para a cozinha, Bonnie seja uma boa anfitriã.

Damon tinha ficado desconcertado por estar na casa do pai de Bonnie, mas diante da expressão constrangida que a bruxa tentava ocultar sem nenhum sucesso, ele relaxou.

— Se dissesse que ia me trazer para conhecer seu pai, tinha trazido uma garrafa de Bourbon, como se faz nos dias de hoje.

— Não enche.

O jantar foi bem agradável, conversaram sobre as funções públicas, sobre os problemas da prefeitura em manter o controle do sobrenatural na cidade – Sr. Hopkins tinha sido atualizado sobre o que ocorria em Mystic Falls por Carol Lockwood e Liz Forbes, mais com intenção de terem algum mínimo controle sobre as ações da bruxa do que por necessidade de um aliado. Quando terminaram o jantar, Damon tinha duas imagens caracterizadas sobre Bonnie. A primeira era da bruxa poderosa que se arriscava para proteger todos ao seu alcance sem se importar com as consequências. A segunda era da adolescente que fora criada pela avó e agora estava tentando se reaproximar do que restou de sua família.

Bonnie falou por um longo tempo sobre os projetos do pai para ela e como a maioria desses planos eram similares aos da mãe, não que ela tivesse alguma intenção de seguir os rumos traçados pelos pais, apenas gostava da idéia de tê-los por perto fazendo seus papeis de responsáveis depois de quinze anos. Ao ficarem sozinhos, com um pote de sorvete, sentados na namoradeira da varanda, observando a noite, Bonnie confidenciou que não tinha planos para longo prazo, o máximo que cobiçava fazer era terminar o ensino médio sem muitos arranhões de sua vida paralela.

— Seu pai é uma figura interessante – disse Damon, que ouvia a respiração do pai de Bonnie no andar superior.

— Não se entusiasme pela simpatia em excesso dele, o interesse que demonstra é superior ao que nutre.

— Quer dizer que ele estava fingindo?

— Quero dizer que ele estava te estudando, aprendendo sobre você.

— Pra que?

— Isso eu não sei responder.

Damon se calou, nunca foi bom em causar boas primeiras impressões e de repente percebeu que queria ter se preparado para aquela situação um pouco mais. Sido mais espontâneo, menos maquinal. Ter cuidado com o que disse em vez de dizer o que pensava. Por um instante pensou como seria se o Sr. Hopkins tivesse alguma autoridade nas relações de Bonnie, certamente que teria dito para a filha ficar longe daquele vampiro que além de ser má influência era um século e meio mais velho. Para afastar aquele pensamento inquietante, disse:

— Falamos sobre quase tudo esta noite, menos sobre Shane e sua desconfiança.

— Shane. Eu tive um mau pressentimento quando o vi com Elena – mentiu – Perguntei por ai sobre ele e mesmo depois de saber que ele era, continuo tendo uma sensação estranha em relação á ele.

— Que tipo de sensação?

— Perigo. Quando o vi senti medo, tristeza, dor e raiva. Meu primeiro pensamento foi arrumar minhas coisas e voltar para a casa da Abby, onde estaria segura.

Ela estava escondendo algo, isso era claro, mas na insistiu em saber. Deixaria que ela tivesse seus segredos, lidaria com eles quando chegasse a hora.


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