Kingdom Hearts: Motherland escrita por Kyra_Spring


Capítulo 21
Epílogo: Vida, uma promessa distante




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            Já parecia fazer muito tempo desde a última vez em que eles viram aquelas ilhas.

            Sora observava pela escotilha. A noite estava muito escura, sem lua. Mas era possível enxergar ao longe as pequenas luzes da cidade e a silhueta das ilhas. Tudo isso fazia algo crescer dentro do coração dele. Só naquele momento ele percebeu o quanto sentia falta de casa, e o quanto a idéia de voltar era maravilhosa.

–Eu sentia falta do mar... – Riku abriu um imenso sorriso – Nem acredito que estamos de volta!

–Ei, Cid, dá pra abrir a porta? – pediu Leene – Acho que dá pra pular aqui!

–Ficou louca? – censurou Kairi – Está longe demais da praia!

–Não vão fazer nada imprudente! – disse Donald, irritado – O rei nos fez prometer que nós faríamos vocês chegarem em segurança, então nada de brincadeiras perigosas!

–Não seja mesquinho, seu pato velho! – retrucou a loura – Por favooooor...

            Os outros apenas riram. Provavelmente, Leene não vira o mar muitas vezes, e queria aproveitar.

            A Celsius havia sido encarregada de levá-los de volta para casa. Donald, Goofy, Yuna e Rikku foram acompanhando-os, enquanto Cid (o pai de Rikku) ia pilotando a nave. Leene havia ido junto, a convite de Riku (“é melhor eu levá-la e apresentá-la oficialmente em casa como minha namorada, assim minha mãe vai demorar mais para me trucidar”, foi a explicação que ele deu). Mas agora eles estavam tão próximos... tão próximos que era quase como se já pudessem tocar o mar.

            Por fim, a nave aterrissou na areia. E a porta se abriu.

            Sora foi o primeiro a descer, já descalço. O contato da areia fina com os seus pés era tão maravilhoso... era uma prova viva de que, enfim, estava em casa. Os outros vieram depois, e apenas Yuna e Rikku ficaram na nave.

–Ei, desçam um pouco também! – disse Kairi – Aproveitem para conhecer a ilha, descansar um pouco.

–Ah, não – desculpou-se Yuna – Precisamos voltar logo. Mesmo assim, muito obrigada pelo convite.

–Não custa nada virem aqui! – insistiu Riku – Venham, por favor!

            Depois de muita insistência, as duas garotas enfim decidiram desembarcar também. Apenas Cid continuou na nave, para vigiá-la. Nesse ponto, pelo menos, ele era muito parecido com o Cid Highwind de Radiant Garden: os dois eram muito possessivos quando se tratava de seus “brinquedos”.

            O grupo seguiu caminhando em silêncio pela praia, embalado pelo som das ondas, até que...

–Ei... – era a voz de Yuna, e naquele momento os olhos dela estavam fixos no horizonte – Olhem...

            Todos se viraram na mesma direção. E se depararam com uma cena belíssima.

            Ao longe, o sol começava a se levantar e a tingir o céu e o mar, primeiro de púrpura, depois de vermelho, e depois de uma infinidade de nuances de laranja e salmão. E as cores do céu e do mar se fundiam e se diluíam entre si, e o mar começava a brilhar e a refletir a luz do sol, como um incêndio... todas as cores se encontravam, e se mesclavam, como uma aquarela natural.

–Uau... – murmurou Leene – Isso é tão... tão... caras, isso é lindo!

–Com certeza... – Yuna deu um sorriso nostálgico – Ver o sol nascer no mar é mesmo fantástico.

            Eles se sentaram na areia, e por alguns momentos ficaram apenas assistindo ao sol nascer, em silêncio. Já parecia fazer tanto tempo desde a última vez... tanto tempo...

            Então, Leene tomou uma decisão.

–Eu vou para a água, e o último que chegar é um chocobo manco! – ela arrancou os sapatos e correu na direção do mar – Tentem me alcançar, se puderem!

–Ora, sua... não tente superar os mestres, pequeno gafanhoto! – Kairi foi logo depois – Eu te mostro quem é o chocobo manco!

–Vamos mesmo deixar elas ganharem de nós? – Riku deu uma piscada para Sora, que respondeu:

–Mas é claro que não! – e, para os outros – Venham também, não é todo dia que vocês encontrarão a praia deserta e boa para nadar como hoje!

–Nah, não se preocupe conosco! – disse Goofy, com um sorriso – Podem ir vocês.

            Ele deu de ombros, e correu para o mar. A água estava fria, mas logo ele se acostumou, à medida que ia avançando e as ondas iam se chocando com o seu corpo. Ele se deixou submergir por alguns segundos, para logo depois voltar para a superfície, fazendo questão de, com isso, jogar um grande jato de água em Riku, que não deixou por menos e revidou. Logo, eles estavam jogando água uns nos outros, às gargalhadas.

            Enquanto isso, da praia, os outros apenas riam dessas brincadeiras. Era bom vê-los assim.

–Nossa, que bagunça é essa logo cedo? – então, eles perceberam vozes, vindas de algum lugar próximo dali – Acho que... mas o que diabos é aquilo??

–Uau – outra voz – Deve ser uma nave espacial ou algo assim, né? Será que tem alienígenas?

–Droga, a nave! – sussurrou Rikku – Não devíamos ter ficado aqui...

–Agora, se fugirmos, vai ser muito mais suspeito – disse Donald – A gente espera eles chegarem e tenta dar alguma explicação, sei lá.

            Então, os donos das vozes apareceram. Dois garotos e uma garota. Ela tinha cabelos castanhos e escovados para fora, um dos meninos era forte, ruivo e tostado de sol, e o outro era louro e tinha cabelos espetados...

            Yuna engoliu em seco. Aquele segundo garoto era muito familiar.

–Ei! Eeeeeeeeiii! – a garota acenou para eles, assim que os viu – A coisa de metal é de vocês?

–É a nossa nave – respondeu Goofy – Resolvemos dar uma paradinha por aqui.

–E vocês viajam pelo espaço com ela? – os olhos do garoto ruivo brilharam – Legal!

            Os três correram até eles. Eles pareciam fascinados. E logo se apresentaram:

–Eu sou Wakka – o garoto ruivo tomou a dianteira – E esses são Selphie e Tidus.

–Tidus... – Yuna e Rikku murmuraram ao mesmo tempo, e trocaram um olhar rápido. Logo, porém, a primeira se recompôs e disse – Ah, olá, é um prazer conhecê-los! Eu sou Yuna, esta é Rikku, e esses são Donald e Goofy.

            Ela percebeu que Tidus a encarava. E que ele parecia intrigado com alguma coisa.

–Ei... srta. Yuna? – ele disse, com a voz baixa – Nós não nos conhecemos de algum lugar?

            Ela teve que pensar por um instante, antes de responder, com um sorriso:

–Bem... talvez nos conheçamos de outra vida – de repente, ele corou, e ela riu. Ele era um garoto, afinal de contas.

–Ei, eu me lembro de vocês dois! – disse Selphie – Eu vi vocês na noite em que o Sora, a Kairi e o Riku foram embora! Vocês são amigos deles? – e, mais animada – Eles voltaram? Onde eles estão?

–Matando a saudade do mar, bem ali – respondeu Goofy, apontando – Vão lá falar com eles!

            Os três abriram um imenso sorriso, antes de também correr na direção do mar. O reencontro dos amigos foi animado e cheio de sorrisos e abraços. Era uma boa coisa de se ver. Yuna mantinha os olhos fixos naquela cena, até que Rikku a despertou, dizendo:

–Yunie, você acha que é... ele?

–Como eu disse, Rikku, eu sei que nos conhecemos de outra vida – ela sorriu – Eu reconheceria aquele sorriso em qualquer lugar. E só o fato de saber disso, e de ver coisas como aquela – apontou na direção do mar – já me deixam feliz, também.

            Então, eles perceberam que os garotos saíam da água, encharcados mas felizes. E que se aproximavam deles, também. Quando o olhar de Tidus cruzou o seu, o garoto corou. E, aparentemente, Sora percebeu aquilo, porque deu uma cotovelada zombeteira no amigo. Wakka também percebeu e disse, com um sorrisinho:

–Ei, o que acha de apresentarmos as ilhas a vocês? Tidus, você poderia mostrar as praias daqui para a srta. Yuna, que tal?

–E-e-eu? – ele gaguejou – Erm... tá bem... você... gostaria de vir?

–Seria um prazer – ela sorriu, e ele acabou sorrindo também.

            O grupo se afastou (e Sora ainda pôde ver Wakka fazendo um sinal de positivo para Tidus enquanto ele ia na direção das praias), deixando os quatro para trás.

–Pessoal, tem uma coisa que precisamos fazer – disse Riku, decidido – Vamos todos até aquela ilhazinha ali, está bem?

            Sora e Kairi sabiam o que era aquela ilha, e sorriram. Apenas Leene os encarou, intrigada:

–Mas o que tem lá?

–É uma surpresa, você vai descobrir quando chegar – foi tudo o que Riku disse.

            Uma ponte levava até uma pequena ilha, onde havia apenas uma única árvore de tronco inclinado. Olhando de longe, ela se parecia com uma palmeira, mas quando ela prestou atenção, havia frutas grandes e achatadas em forma de estrela. Ela parou um instante. Será que aquelas eram...

            Ele pegou uma das frutas, Sora fez o mesmo. Os dois ficaram em frente às garotas, e Riku disse:

–A lenda diz que, quando duas pessoas compartilham uma fruta paopu, seus destinos se tornam entrelaçados, não importa o que aconteça, não importa para onde elas vão – então, ele estendeu a fruta a ela. Havia decisão em seu olhar, e um sorriso em seu rosto – E então, Leene... você aceita entrelaçar o seu destino ao meu, daqui para frente?

            Ela sorriu também, surpresa e tocada pela gentileza daquele gesto. Ela tocou a fruta, e aproximou seu rosto dela, ao mesmo tempo que Riku. E foi se aproximando lentamente, até morder a fruta. Ela tinha uma consistência firme, mas suculenta. Ela tirou um pedaço da paopu, e começou a mastigar lentamente, mas...

–ARGH! – Riku fez uma careta, ainda mastigando seu próprio pedaço – Por que... é tão... azeda?

            Leene já havia provado limões mais doces que aquilo. A fruta paopu era incrivelmente azeda, e parecia travar e paralisar sua boca inteira. O sabor era tão forte que ela começou a lacrimejar. Olhando de relance para o lado, ela percebeu que Sora e Kairi também não haviam apreciado muito o sabor daquilo. Por fim, com esforço, ela conseguiu engolir seu pedaço.

–Acho que agora sei a origem da lenda – murmurou Kairi – Um casal que consegue compartilhar uma coisa dessas consegue encarar qualquer coisa.

            Os outros riram. Aquilo provavelmente era verdade.

            Então, os quatro se sentaram na borda da ilha. E, enquanto observava o oceano, Kairi disse:

–Nós prometemos não olhar mais para trás. Isso foi porque... porque nada vai voltar a ser como antes, não é?

–Sim – respondeu Sora – Mesmo que tentemos... não somos os mesmos que partimos daqui, há alguns meses. Mas não podemos pensar no que perdemos. – o olhar dele estava sério – Temos que pensar no que ainda podemos conquistar, no que ainda podemos fazer.

–E, de qualquer forma – acrescentou Riku – talvez não seja tão ruim assim não sermos mais os mesmos de antes. Agora somos mais fortes do que antes. E podemos enfrentar qualquer coisa.

Qualquer coisa – Leene pôs ênfase na última frase – Vai precisar de muita coisa para nos derrubar, daqui para frente.

            Aquilo dava a Sora uma sensação de calor e proteção. Como se... nada pudesse feri-lo.

            Nem mesmo ele próprio.

            Ele pensou em lembrar a Riku da promessa que ele tinha feito, mas mudou de idéia. Aquela não era a hora para cobranças. Não. Agora, ele tinha motivos para ter esperança, e podia se permitir enxergar um futuro em que aquilo não fosse necessário.

–É engraçado... – ele disse, por fim – Eu sinto que não preciso ter medo de nada com vocês aqui.

–Engraçado, mesmo – respondeu Kairi – Eu sinto o mesmo com você por perto.

            E ela sorria. E os outros dois também sorriam.

            Sim, ele pensou, sorrindo também. Não havia por que ter medo de nada.

            Ele estava bem. E seus amigos estariam ao seu lado.

            Tudo ficaria bem. Ele lutaria por isso.

            E, principalmente, ele acreditaria nisso. Até o fim.

FIM...?


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Notas finais do capítulo

Bem, acho que devo desculpas a quem estava acompanhando a fic por aqui. Eu a publiquei originalmente no orkut, e meio que deixei sem querer o Nyah de lado. Por favor, me perdoem. E deixem reviews. Beijos, obrigada de coração por lerem e até mais.
P.S.: ah, sim, fiquem aí. Tem uma surpresinha ainda, antes do fim, hehe.



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