Aceita um café? escrita por The Stolen Girl


Capítulo 1
Letícia


Notas iniciais do capítulo

Leti, fazia meses que eu não escrevia nada... Foi bem difícil conseguir 520 palavras, estou passando por um bloqueio criativo terrível. Porém, espero muito que você goste e que de alguma forma essa história possa alegrar um pouco seu dia. Amei ter tirado você!



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Ele tinha medo do mundo fora do seu quarto. Tinha medo das coisas horríveis que aconteciam além de seus muros. O frustrava não poder sair sem se preocupar, era terrível que não conseguisse aproveitar nenhum momento. Temia uma série de coisas, desde animais até objetos cortantes e socializar. Mas não teve medo dela. Não se aterrorizou por ela saber de todas as suas fraquezas, e não saiu correndo porque ela o entendia de uma forma que parecia impossível. Não se foi quando ela quis ficar, e ficou quando ela se foi. Não ficou porque o medo o impediu de ir, mas sim porque sentiu que, talvez, o papel dela tivesse sido aquele: trazer à sua vida algo que ele não temesse. Prendê-la teria sido um erro terrível, e quando se desse conta disso, poderia ser tarde demais para reparar.

Letícia foi pra ele o que o sol é para as flores: necessário. Lembrar-se dela causava-lhe um misto de nostalgia e carinho, e de alguma forma ele sempre soube que esquecê-la não era uma opção. Ela sempre seria sua estudante de letras preferida. Sua leitora de Edgar Alan Poe. Sua pessoa preferida no mundo.

Quando ela precisou ir, tudo o que ele sentiu foi pesar por ter de se afastar dela. Em nenhum momento sentiu raiva da garota, que havia ensinado a ele a importância de perseguir seus sonhos.

Conhecê-la foi um presente. Os encontros banhados a café preto e histórias permitiram-lhe entender Letícia, que sofreu tanto e reclamou tão pouco. Quando de repente já confiavam um no outro e ela contou sobre a morte de seu namorado, ele ficou mais triste que ela própria. Não conseguia imaginar como seria capaz de superar algo assim, de seguir em frente. De manter o brilho que ela sempre tinha nos olhos.

Ainda hoje consegue imaginar sua voz, melodiosa e firme, explicando a ele que a vida é assim mesmo, cheia de perdas, mas que tudo tem um propósito. Em alguns dias ele se esquecia disso e pensava o quão injusto era nunca mais ouvi-la dizer Aceita um café?

Ele aceitaria todos os cafés do mundo, se ela estivesse ao seu lado.

Ele não era doente, mas ela foi responsável por curá-lo. Curá-lo de suas incertezas, do seu medo absurdo de tentar. Mesmo que ela fosse insegura e certas vezes meio surtada, sempre sabia o que dizer e fazer por ele, até nos momentos em que sua neurose era tanta que a deixava meio doida. Ele amava os desenhos que ela fazia, e as palavras que ela escrevia. Ainda chora de emoção ao ler o texto que ela escreveu especialmente pra ele. Ainda tem gravada em sua mente a imagem do rosto de Letícia, com cada imperfeição que só a faz mais humana e mais dele.

Esperava que, onde quer a que a vida a tenha colocado, ela tenha sido capaz de preservar sua essência. Seu sorriso que chegava até os olhos e sua atitude que fazia todos se sentirem acolhidos. Porque Letícia o acolheu, e depois partiu. E tudo que ele mais queria agora era oferecer-lhe um café e sentir que nada mudou.


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