Na sala que Sara e Nick dividiam,  que antes era do antigo supervisor do turno da noite, os dois se preparavam para ver a filmagem que haviam recebido. E como nas encomendas anteriores, o envelope continha um DVD, no qual estava gravado as últimas e agonizantes horas da vítima e uma fita cassete. Segurando a pequena fita, Sara se perguntava se Müller havia gravado algo nela, as vítimas anteriores sim.

Com certeza ele tinha feito o mesmo.

Uma despedida para a sua família, amigos, talvez.

Nick pôs o DVD no notebook, antes de dar play, olhou para Sara.

Preparada? – Sara assentiu. Nick concordou.

Ela largou a fita de lado, escutaria o que "Sr. Caixão" havia gravado para Müller e saberia se ele havia deixado algo gravado.

Ver a vítima acordar atordoada, sem saber onde estava, logo depois o desespero estampar o seu rosto e corpo ao constatar que estava em um caixão debaixo da terra, tentar em vão sair da caixa transparente... Nick nunca conseguia ver até fim, era desesperador e ele sabia disso, sentiu na própria pele o que era estar naquela situação horrível, sentido que não sairia vivo dali e que só lhe restava duas opções. Mas com ele o motivo foi diferente, tudo por uma vingança, e poderia ter sido qualquer um de seus colegas, ali as vítimas eram escolhidas e todas tinha algo em comum.

E para piorar, o responsável por tal ato, gostava de filmar as suas vítimas, observar durante todo o tempo o sofrimento delas, as tentativas frustradas de sair, vê-las tirarem a própria vida ou que elas deixassem se esvair aos poucos, com a falta de ar.

Deus, aquilo era horrível!

Como alguém era capaz de gostar daquilo?!

Tinha que ser um doente, um psicopata!

Müller resistiu o quanto pôde, por várias vezes ele levou a arma a sua cabeça, a boca, mas não foi capaz de puxar o gatilho. Também não deixou nada gravado na fita, apenas ouviu a gravação deixada para ele, Sara conseguiu ler os lábios dele e tudo o que disse antes de desmaiar, devido a falta de oxigênio foi um, sinto muito Taylor!

Tudo ficou em silêncio e a câmera foi desligada.

Escrito fim apareceu logo depois a localização do corpo no fim da gravação.

Sara se perguntava quem deveria ser Taylor.

—Meu Deus! —Nick sussurrou. Incapaz de acreditar no que havia acabado de ver. 

Ele ainda ficava aterrorizado sempre que se deparava com uma nova gravação, com o Müller eram sete. Agora tinham que ir até o local e com certeza tudo o que encontrariam era o corpo e nenhuma evidência que levasse a um suspeito.

Assim como os anteriores! 

Sara ficava cada vez mais determinada em prender quem fazia isso, e frustrada quando não conseguia nada. Um psicopata estava dando um de Jigsaw, mas, diferente do filme Jogos Mortais ele sempre usava o mesmo método e não dava nenhuma chance as suas vitimas de escaparem, e ainda brincava com a polícia e os peritos de prenda-me ser for capaz.

Sara levantou, pegou o envelope. 

—Vou comunicar ao Braz. —Anunciou. Queria ainda esta noite ir até o local. —E antes de irmos, vou levar isso para Mandy para retirar as digitais.

Nick concordou, olhou novamente para o notebook a fim de desliga-lo. Quando uma voz deixou os dois paralisados.

"Olá Sara. Mais uma vez você terá a chance de me prender. Se isso vai acontecer? Eu acho que não! E não se preocupe, eu estou mais perto do que você imagina. Dessa vez, eu a verei trabalhar bem de perto!”

*****

Por volta das três da manhã, os dois peritos chegaram ao local no qual estava descrito no fim do vídeo, constataram que estavam no lugar certo devido aos vários carros de policia e o da pericia forense, que é responsável por transportar os corpos. Uma faixa amarela com a descrição de não ultrapasse, circulava o local e holofotes iluminavam a área que estava sendo cavada pelos colegas.

Antes de sair do carro, Sara notou mais uma vez o olhar preocupado de Nick, era óbvio que ele ficou assustado com a mensagem designada a ela e tentou convencê-la a ficar no laboratório. Ela também estava assustada, a ideia de que mais uma vez um psicopata estaria obcecado por ela era horrível, mas não deixaria de fazer o seu trabalho.

Se ele a observava, não demonstraria medo!

Saiu do veículo.

—Você não deveria ter vindo! —Nick falou ao se aproximar dela. —Não é seguro.

—O que ele pode fazer no meio de tanto policial? —Disparou. Embora preocupado, Nick não falou mais nada. —Vamos.

Ela não havia sido ameaçada. E diferente das vítimas, ela não estava sofrendo com depressão, ou tinha súbito desejo de tirar a própria vida.

Não.

Então não tinha porque se preocupar!

Procurando por Braz, Sara olhou ao redor, não o viu.

Então se deparou com um homem se aproximando deles, foi inevitável não admira-lo. Parecia bastante jovem para ser detetive, ele era loiro, usava uma calça jeans, sapato social, blusa social branca e um blazer.

Com um olhar e um tom sério, ele os cumprimentou.

—Prazer, eu sou o Detetive Nolan Blake. —Ele deu um leve sorriso ao encarar Sara. _Fui designado ao caso pelo Capitão Braz.

Sara estranhou por não ter sido avisada, mas se o capitão o designou, Nolan deveria ser competente.

Os três caminharam até o local isolado.

—Você é novo? —Nick perguntou. Nolan assentiu. —O que você sabe do caso?

—Você parece novo para ser detetive.

Sara comentou. Ele não deveria ter mais que 30 anos.

Nolan a encarou e sorriu.

—Não sou tão novo assim. Sou detetive há uma semana apenas, mas trabalhei em dois casos anteriores quando ainda era policial. —Voltou a encarar Sara. —Sei bem como agir em uma cena de crime. E sei como esse Serial Killer age.

—Tudo bem! —Ela concordou sorrindo. Nolan sorriu de volta.

Nick que até então estava calado, apenas observava a troca de sorriso entres os dois. Normalmente Sara não era tão receptiva com outros homens. Principalmente com um que havia acabado de conhecer.

—Eles já estão terminando de cavar. —Nolan avisou, enquanto erguia a fita para Sara e Nick passar.

Observavam, pouco depois ouviram a pá bater em algo e os homens terminaram de revelar o caixão com a mão.

Lá estava ele.

O corpo de Müller.

Nick abriu sua maleta, pegando o necessário para analisar o interior do caixão, enquanto Sara tirava fotos dá caixa transparente, antes de ser aberta, depois do corpo antes que David o movesse.

Com todo cuidado o corpo foi retirado de dentro, depois o caixão foi removido de dentro buraco. Tudo feito sob o olhar atento de Sara e Nick.

Então, Nick anunciou.

—Agora é a nossa vez!