Ônix escrita por LightB


Capítulo 3
Capítulo VII – Believe Or Not


Notas iniciais do capítulo

Hey meus wolfies lindos



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Capítulo VII

Hayley continuou a me fitar sem parecer disposta a dizer absolutamente nada sem que antes eu demonstrasse algum tipo de reação. Mas não sabia ao certo o que fazer, deveria ligar para um manicômio talvez? Pedir para interna-la com urgência?

Mas havia algo que me incomodava mais, e que não fazia o menor sentido, por alguma razão eu estava tentada a acreditar nela, a tentar buscar evidencias de que aquilo fosse verdade. Por mais insano que pareça, de alguma forma suas palavras começaram a soar verdadeiras em minha cabeça.

Talvez eu realmente devesse ligar para um hospital psiquiátrico e pedir para me levarem também, depois de tudo o que havia acontecido, até que fazia sentido enlouquecer.

—Não faz sentido – soltei sabendo que precisava dizer algo ou aquele silêncio continuaria – não acredito em você.

Havia contado tantas mentiras nas últimas semanas que estava realmente começando a ficar boa nisso, quer dizer, pelo menos esperava que sim.

—Claro que não – ela sorriu sabendo da mentira que havia acabado de contar, definitivamente eu não devia estar ficando melhor nisso – vejamos, nos últimos dias tem se sentido mais irritada que o normal, impulsiva e com as emoções descontroladas?

—Sim, mas...

—Isso é seus genes de lobo Liah – ela se inclinou para a frente apoiando os braços na mesa entre nós – por mais que queira acreditar que isso na verdade é pelo sumiço do Ty, que vai passar, não é, na verdade até que ative a maldição, bem, isso vai ficar cada vez pior.

Ativar a maldição, o que ela queria dizer com aquilo? Que maldição? Meu olhar questionador pareceu lembra-la de que eu não fazia a mínima ideia do que estava dizendo, e que precisaria de uma explicação melhor se quisesse que realmente acreditasse nessa insanidade toda.

E novamente meu cérebro teimava em querer acreditar naquilo, como se de uma hora para outra tudo em que sempre acreditei fosse apagado e minha mente estivesse aberta a novas crenças. Como se a uma hora atrás não estivesse achando ridícula a teoria de fantasmas na escola.

—Alguns de nós chama isso de maldição, não são todos que gostam de serem lobos – ela deu de ombros, como se não fizesse sentido que alguém não gostasse de se transformar em um animal.

—Você disse ativar? O que isso significa?

Por que eu estava questionando aquilo?

Não entendia a razão de ainda não ter me levantado daquela cadeira e ido embora quando aquele assunto começou, mas algo parecia me prender ali, de certa forma parecia certo ouvir tudo o que ela tinha a me dizer, por mais que não fizesse o mínimo sentido, apenas parecia certo.

—Para ativar é necessária uma morte por suas mãos, mesmo em um acidente, onde você não seja exatamente culpada, isso já é o bastante.

Aquilo me assustou, fiquei parada fitando seu rosto, a seriedade presente em seu olhar, ela estava sendo sincera, ou pelo menos era isso o que parecia. E apenas naquele instante minha mente pareceu raciocinar sobre o assunto.

Ela sabia muito, Tyler a havia mandado para me proteger, ele estava fugindo de uma pessoa misteriosa que não podia saber sobre mim. O que apenas podia significar que eles eram lobisomens. Por mais insano que aquilo pudesse soar, fazia sentido.

—Você... E Tyler...? – não consegui completar a frase, aquilo tudo era informação de mais para mim, e de menos ao mesmo tempo. Não conseguia mais colocar meu raciocínio em linha.

Minha mente havia acabado de se tornar uma bagunça maior que os corredores do colégio.

—Sim, nós somos – ela entendeu mesmo sem que eu precisasse dizer as palavras, o que era um alivio, Hayley fitou seu copo pela metade, pensativa - Foi um acidente, a cinco anos, durante o passei de barco.

Eu me lembrava daquele passeio, por mais parecesse que fazia muito mais tempo do que apenas cinco anos. Três pessoas haviam morrido afogadas, Tyler e Hayley estavam no barco e foram os únicos sobreviventes dos que estavam na água.

—Nós estávamos completamente bêbados quando Tyler me empurrou na água, eu não sabia nadar – ela ainda fitava fixamente o copo, parecendo reviver a memória – ele pulou atrás de mim, mas ele não estava bem o suficiente para salvar nós dois. Os outros pularam e três deles morreram afogados, por nossa culpa.

Aquilo me pegou de surpresa, jamais havia imaginado algo assim, Tyler havia me contado sobre isso, dizendo que eles estavam na água começaram a se afogar, o rio em que estavam era muito fundo e seu estado não ajudava em nada.

Lembrava de sua expressão de dor ao falar dos amigos mortos, de como haviam tentado salvar a todos, mas era tarde demais, estavam todos bêbados e sem forçar, podiam apenas se salvar. Ele conseguiu jogar a Hayley de volta ao barco, mas não teve tempo de ajudar ninguém mais.

Depois disso ele havia jurado a si mesmo que nunca mais beberia, e até onde sei se mantinha firme a essa promessa.

—Nós ativamos naquele dia - Hayley soltou um sorriso triste e me fitou – por isso muitos de nós acredita ser uma maldição, normalmente a morte é de alguém próximo a nós.

A tristeza em sua voz era tão cortante que senti um aperto no peito, tentando imaginar o peso de viver com a morte de seus amigos lhe assombrando.

Hayley suspirou e bebeu o restante de sua bebida em apenas um gole, batendo com o copo contra a mesa logo em seguida, um olhar determinado surgindo em seu rosto. Aparentemente ainda havia mais a me contar.

—Existe uma pessoa que caça lobisomens para transforma-los em seus escravos – ela soou verdadeiramente irritada, uma mudança brusca de humor que me assustou levemente – Tyler está fugindo dele para te proteger.

—Eu não sou como vocês, não preciso me preocupar com ele – soltei sem perceber, assumindo que eu acreditava nela e isso a fez sorrir.

Revirei os olhos esperando sua resposta e ela riu.

—Liah ele é perigoso, te forçaria a ativar apenas para ter você em seu exercito – Hayley pareceu assustada por um momento – todos os lobos estão escondidos e fugindo dele, mesmo que o ingrediente principal para criar híbridos esteja faltando.

Heyley me fitou por um momento, me analisando de uma forma nada normal, depois balançou a cabeça e riu levemente, como se algo a divertisse e assustasse ao mesmo tempo.

Estava prestes a perguntar quando ouvi a porta da entrada bater e meu olhar foi automaticamente desviado em sua direção. Erick havia acabado de entrar e sabia que logo ele me encontraria, afinal eu sempre sentava na parte mais vazia.

Ele não conhecia a Hayley e não sei se seria uma boa ideia apresenta-la como a amiga que meu irmão não tão morto assim enviou para me contar que na verdade eu tenho genes de lobisomens e que existe um homem caçando pessoas assim para, aparentemente, formar um exército.

—Erick está vindo – soltei ao perceber que ele me fitava e começava a caminhar em minha direção.

Em menos tempo do que deveria ser possível, ele já estava se aproximando de nós. Hayley me fitou curiosa mas não disse uma única palavra, parecendo entender que o assunto acabaria naquele instante. Afinal não é como se essa conversa não fosse insana ao ponto de sermos mandadas diretamente a um hospício.

—Hey Liah e...? – ele fitou a garota a minha frente, parecendo mais curioso que o normal.

—Essa é a Hayley, ela era amiga do Tyler – soltei a explicação antes que ele perguntasse, para adiantar a situação.

—Fiquei sabendo do que aconteceu com ele - Hayley continuou com a história, a fim de não deixar espaço para questionamentos - vim assim que pude, ele era um ótimo amigo, sinto tanto não poder ter vindo antes.

Definitivamente precisava fazer algumas aulas com ela, suas palavras eram tão convincentes, a dor em sua expressão, a maneira como se movia para dar ênfase as palavras, quase acreditei que era apenas esse o motivo de sua vinda.

—Hayley o que acha de jantar em minha casa hoje? – soltei de repente, a surpreendendo, mas eu sabia que ela havia entendido o que eu queria com aquilo, ainda faltava algumas partes que eu precisava entender.

—Seria ótimo Liah – ela sorriu docemente e se levantou pegando o casado na cadeira e se virando em nossa direção - mas agora eu realmente tenho que ir, nos vemos a noite.

Enquanto ela se afastava podia notar o olhar questionador do Erick sobre mim, por algum motivo ele não havia exatamente acreditado na historia dela de ter vindo pela “morte” do Tyler.

Aparentemente mais algumas mentiras seriam necessárias, afinal de contas, não fazia a mínima ideia de como começar a contar aquilo tudo para ele quando eu mesma não tinha certeza sobre mais nada em minha vida.

—O que ela queria? - Erick se sentou a minha frente e podia sentir seus olhos queimando minha pele em um olhar intenso.

—Ela veio por causa do Ty, Erick nem tudo é conspiração.

—Por que será que não consigo acreditar nisso? – Erick balançou a cabeça revoltado, eu sabia o quanto mentiras o incomodavam, mas não tinha outra escolha nesse momento - L. apenas diga a verdade.

—Não posso – fitei a mesa a minha frente sem ter coragem de olhar em sua direção, como a verdadeira covarde que me sentia.

Não podia dizer nada a ele, não queria envolve-lo naquela loucura e mesmo que tentasse sabia que nada que eu dissesse soaria como verdade a seus ouvidos, assim como sabia que ele não acreditava em mim sobre o Tyler estar vivo.

Ele apenas não queria me perder e eu entendia isso, mas cada vez se tornava mais difícil quando a cada segundo eu parecia mais e mais distante de tudo e todos ao meu redor.

Nanda estava certa, eu estava me afastando deles e alguma coisa me dizia que isso iria apenas piorar cada vez mais.

—Então é isso? - o meu silêncio respondeu por mim e no momento em que desviei o olhar eu sabia que ele não aceitaria mais nada daquilo.

Também sabia que aquele poderia ser o fim, de tudo, de nós dois e de nossa história juntos, mas eu também sabia que não podia envolve-lo, então apenas o deixei ir, era a única coisa que podia fazer naquele momento.

............................................. ⚜️.............................................

O jantar com meus pais e Hayley se desenrolou de uma forma melhor do que eu jamais imaginaria, eles pareciam verdadeiramente animados com sua presença, agindo muito melhor do que nas últimas semanas.

Quase como se nada tivesse acontecido, mas ainda havia uma sombra de tristeza pairando em seus olhares toda vez que desviavam para a cadeira vazia ao meu lado.

Sabia como era aquele sentimento, o vazio, mesmo sabendo que ele estava vivo, que de certa forma estava bem, isso não me fazia sentir melhor, pelo contrário, me irritava profundamente pois eu sabia que a razão de tudo aquilo era eu.

Era tudo minha culpa.

Desviei meus pensamentos de volta a mesa de jantar, onde meus pais não paravam de perguntar a Hayley sobre sua família, que havia se mudado no mesmo período em que ela foi embora, mas o assunto parecia incomoda-la, era tão visível que meu pai mudou o rumo da conversa falando sobre a faculdade, que na verdade ela largou a dois anos.

Aquilo estava saindo um pouco fora do aceitável, Hayley parecia se sentir cada vez mais incomodada com as perguntas e eles cada vez mais tentados a investigar sua vida. O que a levou a parar de comer antes de ter realmente terminado, minha deixa para sairmos dali.

Subimos a escada em silêncio enquanto o som dos pratos sendo retirados da mesa ecoava no fundo, as vozes dos meus pais soando em palavras incompreensíveis pela distância, Hayley bufou e eu quase ri. 

—Eles não parecem tão mal – o sarcasmo em sua voz me levou a olha-la por cima do ombro antes de finalmente entrar no quarto – o que? Estão exatamente como me lembro, se metendo na minha vida.

—Pais – revirei os olhos sabendo que aquilo era verdade, mesmo que atualmente eles não fizessem tanto isso, não havia forma de defende-los – de qualquer forma, quero que me conte mais sobre essa pessoa que está nos perseguindo, ou a vocês... Apenas me explique melhor.

—Seu nome é Klaus – ela se sentou em minha cama e me fitou de uma forma diferente, estranha - ele é um dos vampiro originais, sim vampiros existem, supere isso.

Fiquei com o ar preso e a boca levemente aberta graças a pergunta que ia fazer, mas que ela já respondeu de antemão, só me faltava ouvir que Unicórnios existem e que podemos cavalga-los pelo arco-íris até um belo pote de ouro.

O que definitivamente me levaria a me internar em um hospício e pedir tratamento intensivo.

—Bem, ele é um dos primeiros vampiros, assim como seus irmãos, mas ele não era exatamente como os outros, possuía genes de lobisomem, assim como nós, e ao matar sua primeira vítima a maldição foi ativada.

—Então além de vampiro ele também é um lobisomem? – meu ceticismo devia ser mais evidente do que esperava, Hayley deu de ombros e de repente seus olhos mudaram de verde para um dourado envelhecido que me fez paralisar no lugar – o que...

—Acredita agora? – seu sorriso presunçoso me irritou, seus olhos voltaram ao normal e voltei a respirar normalmente – continuando, pessoas que são ambas as coisas são chamadas de híbridos.

Logicamente falando, o termo se aplicava perfeitamente, já que ser duas coisas distintas torna algo hibrido, mas também no raciocínio lógico nada daquilo devia existir, quer dizer, por mais que eu acreditasse nela, em toda essa insanidade, por mais que eu mesma me questionasse, nada daquilo deveria ser real.

Mas ainda assim eu sabia que era.

—Klaus sabe que ao tornar um lobisomem em vampiro, usando seu sangue, pode criar novos híbridos – ela fechou os olhos fortemente, parecendo tentar se controlar, Hayley parecia verdadeiramente irritada com algo, mas não sabia exatamente se era com ele – mas esses híbridos acabam ficando ligados a ele, obedecendo a todas as suas ordens, por mais estupidas que sejam, morreriam por ele mesmo que não queiram.

—Isso é horrível.

As palavras ficaram presas em minha garganta, não sabia exatamente como expressar o que aquilo me fazia sentir, uma mistura de revolta e raiva, de medo. Era tudo intenso de uma forma desconhecida, quase como se me afetasse tanto quanto a ela.

Hayley se levantou respirando profundamente algumas vezes, andou até a janela e se apoiou no parapeito, parecendo tentar se controlar, não podia imaginar o que se passava em sua mente, mas algo havia acontecido a ela e envolvia o Klaus.

Estranhamente o nome Klaus me parecia de certa forma familiar.

—Eu vi meus melhores amigos serem transformados em maquinas sob seu comando – sua voz soou baixa e exausta, a tristeza me abalou de forma que não conseguia erguer meu olhar do piso de madeira – e eu também os assisti morrer por suas mãos por tentarem se libertar.

Sua voz se quebrou naquele instante, não contive o impulso de me levantar e a abraçar, Hayley correspondeu instantaneamente, me apertando contra si como se eu fosse um deles, como seu eu fosse algum de seus amigos perdidos.

—Como você ainda está viva? – perguntei me afastando com a duvida borbulhando em minha mente.

—Eu cometi alguns erros em minha vida dos quais não me orgulho – Hayley desviou o olhar – eles são a razão de eu ainda estar aqui, mas pelo menos pude salvar o Tyler a tempo, e agora posso proteger você.

Suas palavras me pegaram desprevenida, depois de toda aquela cena dramática, toda a dor que senti vinda dela, Hayley soava quase culpada, como se de alguma forma a morte de todos eles, de seus amigos, fossem sua culpa.

Não ousei perguntar mais nada, não sei se gostaria da resposta ou mesmo se ganharia uma. E no fim, eram muitas informações para apenas um dia.

Hayley foi embora logo em seguida, inventando aos meus pais que precisava dormir cedo pois tinha alguns compromissos logo pela manhã, de alguma forma eu sabia que ela não iria dormir, Hayley era alguém completamente desconhecido para mim, mas ainda assim, sabia que não a veria mais na cidade.

Pelo menos não tão rápido quanto ela fazia soar.

Voltei ao quarto disposta a não pensar em nada, focar minha mente em coisas superficiais como os exames finais que deviam acontecer a partir de quarta-feira. Não que não fossem importantes, apenas pareciam problemas muito menores se comparados ao restante.

Me joguei na cama, parecendo dormir quase instantaneamente, me sentia exausta mentalmente, havia sido um longo dia.

.............. ⚜️..............

Eu e Nanda andávamos calmamente em direção a escola, a manhã parecia anormalmente quente, o sol mais alto que o normal, mas Nanda parecia tão calma que devia apenas ser algo de minha cabeça.

—Nem acredito que vamos ter de estudar com esses caça fantasmas na escola - Nanda se queixou colocando as mãos nos bolsos do casaco, como se sentisse frio, o que não fazia sentido – como esta lidando com tudo? Seu irmão, Rachel e agora esse fantasma.

Ela ergueu as mãos enluvadas apenas para fazer as aspas sarcásticas e depois balançou a cabeça com a ideia, como se fosse completamente absurda e ela não fosse uma dos que haviam acatado aquela possibilidade imediatamente.

Algo estava errado.

—Eu não sei, é tudo tão estranho, acho que finalmente estou me acostumando ao fato de que Tyler esta morto – soltei sentindo o peso da mentira, odiava mais do que tudo ter de esconder a verdade dela, Nanda era minha melhor amiga desde sempre e parecia uma traição esconder algo dela.

Ela parou de andar, parei confusa, me virando para fita-la e a mesma bufou irritada, revirou os olhos e continuou a me fitar como se esperasse algo, permaneci na mesma posição, esperando que ela me explicasse.

—Qual é L., você é uma péssima mentirosa – ela começou a rir de uma forma estranha, mas parou ao notar minha expressão confusa – O que? Achou mesmo que eu não sabia? Tyler está vivo, eu sei.

As palavras se formavam em minha mente mas não pareciam chegar a minha boca, já que nenhum som saiu por ela, apenas continuei a fita-la. Havia algo muito errado acontecendo. Nanda nunca agia assim.

—E claro eu também sei sobre esses genes de lobisomem. Afinal você é minha melhor amiga, eu sei tudo sobre você – Nanda me fitava fixamente, de uma forma que chegava a ser assustador, voltou a colocar as mãos nos bolsos e dar de ombros, voltando a andar – uma morte não é? Nossa, o quanto isso não é excitante?

Definitivamente havia algo de muito errado. A começar pelo tempo estranho, o comportamento dela e sem dúvida suas palavras. Por um momento Nanda parecia eu, mas em uma versão muito mais assustadora.

Falar sobre morte como se fosse algo divertido? Ela tremia apenas de ouvir a palavra, jamais seria capaz de soar tão animada para algo assim. Sem esquecer que ela não sabia de nada, não podia saber.

—Nanda, o que esta acontecendo aqui? – falei puxando seu braço para que parasse de andar para longe.

Seu sorriso desapareceu e ela parecia triste, verdadeiramente magoada, por um momento repassei todos os últimos acontecimentos por minha mente, tentando ver se não os havia mal interpretado, ou talvez estivesse alucinando toda a conversa.

Certo, isso fazia muito mais sentido.

—Não acredito – sua voz me tirou de meus devaneios, parecia irritada, soando alta e aguda de mais, ela bateu em minha mão que ainda segurava seu braço e depois passou a me empurrar para trás, com mais força do que eu imaginava que ela possuía – Não pretendia me contar, não é? Claro, como sempre, você é mais importante que todo o resto. Seus dramas inúteis superam tudo e todos. Não se importa com ninguém mais, ou em contar a verdade as pessoas que se importam com você.

—Nanda pare – pedi, na verdade implorei, mas ela apenas soltou uma risada amarga e me empurrou mais uma vez, quase me desequilibrando com a força usada.

De onde havia surgido aquilo?

Ela não parou, continuou a me empurrar e gritar até que eu não aguentava mais, a cada nova palavra era dominada por um instinto incontrolável, uma fúria sem sentido, uma vontade insana de apenas calar sua boca por alguns segundos, mesmo que fosse necessário obriga-la a ficar quieta.

Eu a empurrei de volta, sem medir minha força, sem nem notar o que havia feito até ouvir o som de sua cabeça atingindo a calçada, o som oco de algo se rachando.

Parei imóvel fitando a cena.

Sua cabeça virou levemente, em uma posição nada agradável de se ver, mas ela não se mexeu depois disso, o cheiro que dominou o ar parado era o mesmo de sábado, ousei me aproximar e vi o liquido vermelho banhando seus cabelos negros, manchando seu moletom azul claro.

Cai de joelhos ao seu lado, sem saber como respirar, o que eu havia feito?

Acordei apavorada, engolindo um grito que havia ficado preso a minha garganta, olhei ao redor em completo desespero, tanto normalizar minha respiração, estava na minha cama, no meu quarto e o dia ainda não havia amanhecido.

Era apenas um pesadelo, nada além disso.

Mas eu sabia que não era um simples pesadelo, de alguma forma, bem no fundo, eu sabia que era algo mais.


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