No More Secrets: Segunda Temporada. escrita por CoelhoBoyShiper


Capítulo 17
Débâcle (Parte 3)




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Assim que essas palavras foram ditas, Wirt ergueu a mão, levando-a sobre o curativo enorme que tinha bem por cima da sua testa. Ele tirou a gaze e, por fim, todo o restante de dúvida foi sanado do resto dos presentes na cena. O que tinha por debaixo do curativo era longe de ser um machucado, mas sim algo que Wirt queria esconder, algo que provavelmente só fora aparecer recentemente, quando os poderes daquela criatura ficaram mais fortes: uma insígnia.

O contorno de uma ampulheta verde fluorescente. A mesma que fita na fita métrica do tempo.

— Time Baby... — Stanford reconheceu a figura. — A autoridade máxima, o ditador do Mindscape. — ele deu um passo adiante, penetrando o caos perigosamente. — Por quê? O que você quer aqui? O que quer de nós? — perguntou o que Dipper não podia perguntar, pois estava muito chocado com as revelações.

— Destruir a quem me destruiu. — respondeu. Nisso, estalou os dedos e, deles, surgiu uma corrente holográfica azul que se estendeu até o pescoço de Bill, prendendo-o numa coleira. Em seguida, olhou para o garoto mais uma vez e apontou: — Você, Dipper, você não devia ter alterado a linha temporal daquela forma!

— O que está tentando provar? — continuou Stanford aflito.

— Quando a merda do seu sobrinho resolveu voltar no tempo na linha temporal antiga e trazer os objetos para esse tempo, ele fez um estrago enorme: ele mudou toda a linha reativa de causas e consequências que modificou um acontecimento terrível no meu futuro.

— No seu futuro... — Dipper pôde, finalmente, dirigir a palavra num sopro nocauteado. — ... Você está dizendo o ano de 3012?

— Exato! O ano em que eu finalmente pude conciliar o meu Mindspace com o resto das dimensões, incluindo esta! O ano em que eu ascendi o meu poder e me tornei não só a autoridade máxima do Mindscape, mas de todo o universo e suas realidades! Estava tudo correndo bem naquela época alternativa para que aquilo acontecesse, porém, quando você resolveu fazer aquela idiotice e, literalmente, reescrever a história, o seu futuro também foi alterado: eu perdi boa parte dos meus poderes e da autoridade do Mindscape. Você arruinou o meu reino, desestabilizou as minhas normas e os meus planos, Dipper! Você, no intuito de salvar a si mesmo, acabou por destruir todo o resto! Acabou por me destruir! — ele dizia aquilo tudo com uma voz alterada, a voz de Wirt estava densa, como se tivesse mais de uma pessoa falando por ele, como se Time Baby usasse o garoto como o seu canal.

Ao ouvir essas palavras, a voz de Pacifica na ligação que ela havia feito a Dipper há dias voltou a cochichar no seu ouvido, a memória tomando forma e se encaixando perfeitamente no quebra-cabeça: “o shape-shifter também nos disse que a criatura maligna adormecida havia contado aos monstros que tinha vindo de uma linha temporal diferente...”, 3012... “e que ele havia ficado preso numa dimensão temporal devido a alguém que havia enganado ele, atrapalhando seus planos de dominação mundial ao alterar as regras do tempo e espaço...”, Time Baby com o Mindscape dali a supostos 1000 anos... “e esse alguém era você, Dipper.”

— Quem é você? Me refiro ao garoto, essa identidade que você assumiu, o Wirt... — Dipper precisava saber, o seu coração ainda estava quebrado.

— Quando você voltou no tempo e mudou tudo lá na frente, eu precisava fazer alguma coisa para impedir. Porém, eu estava muito fraco já que sua gracinha tirou boa parte da minha magia lá no futuro, o único poder que eu tinha era o que podia ser utilizado através do meu escravo. Então eu o enviei aqui, para essa época, para que ele reencontrasse o meu Poder e devolvesse-o para mim assim que eu voltasse, para que, desse modo, eu continuasse o meu plano de te caçar. No entanto, eu sentia que não poderia confiar tanto em Bill assim, eu já vinha desconfiando dele há muito tempo, então fiz um plano de precaução, eu criei Wirt de antemão para ser meu receptor por aqui.

— Por quê? — disse Dipper. — Por que não poderia confiar no seu próprio servente?

Time Baby sorriu mais ainda sob a máscara de Wirt, aproximando-se enquanto continuava:

— Wirt é só uma peça. Eu tive que quebrar as regras por um bem maior. Sabe, é proibido criar Índigos e similares no meu mundo, mas eu tiver que criar Wirt, pois se eu deixasse tudo nas mãos do meu escravo, correria o risco de piorar as coisas mais ainda, porque o Bill aqui fez um crime impensável, não é, Cipher?! — olhou para o seu servo com desdém, Evum se encolheu mais ainda, parecia uma criança receosa de apanhar do pai, quieta sem dizer mais uma palavra. — Bill Cipher se apaixonou por humanos. Ele acha que está perdidamente apaixonado e está tentando fazer de tudo para salvar essas pessoas, mesmo que isso implique em me desobedecer no processo. Não era esse o seu plano, Bill? — sacudiu a corrente, restringindo a coleira no pescoço do homem, obrigando-o a balançar a cabeça e confirmar.

Stanford e Dipper deram, ao mesmo tempo, arquejos de espanto e se olharam. Os corações batendo forte.

— Eu suspeitei que Bill estava tentando achar o Poder por aqui não para me dar, mas sim para mantê-lo longe de mim de vez e manter esses humanos a salvo. E eu tinha razão pelo visto. Bill estava tentando se aproveitar de que agora, desestabilizado pela mudança temporal, eu estava fraco, para que ele terminasse de tirar o resto do Poder de mim. Não era isso, pecinha?! — obrigou o escravo a assumir mais uma vez e, choroso, Bill assentiu, olhando, em seguida, para o fundo dos olhos de Dipper. Pines sentiu uma pontada violenta no peito, milhares de emoções ao mesmo tempo, o que o fez sentir-se entorpecido, sem nenhuma. O modo com que o superior dizia, usando o termo “pecinha”, era exatamente como Bill costumava falar de vez em quando, o que fez Mason pensar que, talvez, Time Baby também pudesse agir diretamente, tomando controle do corpo do seu escravo de vez em quando para realizar alguns feitos. “Era por isso que Bill falava sozinho mais cedo? A voz de Time Baby estava dentro da cabeça desse esse tempo todo?” — Ele queria se libertar da sua guarda também. Ainda bem que produzi esse receptáculo humano, senão o plano dele bem que teria sido um sucesso.

Mason podia ter notado tudo aquilo, ter notado bem mais cedo: o modo com qual, no dia do parque de diversões, Wirt havia cambaleado e ficado tonto assim que Dipper utilizara o Poder no tiro ao alvo, Wirt havia levantado a mão dor e sentido uma dor na testa (era a presença de Baby já se manifestando nele uma vez na presença dos seus Poderes); a maneira com a qual Bill havia se sentido abalado e evidentemente assustado assim que botara os pés dentro da casa de Wirt; do mesmo modo que Cipher estava claramente assustado e angustiado de ver Dipper na presença de Wirt pela manhã, e tentou, de todos os jeitos, afastar Pines do garoto; sem contar também a forma totalmente desconexa na qual Wirt aparecera na escola de Dipper, justamente no horário em que ele chegara, e o jeito que ele exigia a todo momento saber sobre ‘o que Dipper teria para contá-lo’. “Wirt/Time Baby estava me vigiando? Esse tempo todo? Tentando colher informações sobre mim?!”, cobriu a boca, os olhos a arderem, mas sem derramarem uma lágrima. “Bill Cipher estava tentando me proteger dele... ele estava tentando proteger a todos nós, e eu só dificultei tudo!”

Wirt estava começando a se transfigurar em Time Baby lentamente, e não rápido como Bill fazia quando ia para se apossar do corpo de humanos.

— Eu fui drenando toda a magia da cidade do Oregon — continuava ele com sua voz séria e suas pupilas ficando de uma tonalidade azul não natural na medida em que seu corpo era ofuscado pelas crescentes chamas detrás dele. — Drenei a magia do campo de contenção e das criaturas até que tudo fosse meu, e até que os monstros fossem corrompidos e não se tornassem mais nada a não ser cascas vazias que eu podia controlar. — ele estalou os dedos e as árvores obedeceram ao seu comando, ficando mais perto do seu mais novo mestre. — Fiz isso para que tivesse poder o suficiente para voltar para cá e, agora que estou aqui, vou terminar uma parte do que vim fazer: acabar com você, Pines. — a frase mandou arrepios espinha abaixo de Dipper e de Ford, desconfortável como se tivesse um parasita a se movimentar por baixo das suas peles. — Mas, primeiramente — virou-se para Bill no chão, com naturalidade, como se tudo aquilo que ele dissesse fosse apenas um acontecimento rotineiro a ponto de dar de ombros ao finalizar: —, tenho que fazer uma coisinha com esse traidor aqui...

Time Baby agitou a mão, e, como se puxasse o fio de nylon de uma marionete, Cipher foi erguido do chão violentamente, pairando no ar. Pelo fogo que emanava das suas pupilas semicerradas: ele queria Bill só para ele, e ele iria ter. O rosto de Evum não tremulou por um segundo sequer, continuou firme, forte e nobre, como se ele já tivesse aceitado um destino premeditado; como se ele já soubesse o que aconteceria em seguida há bastante tempo, e aceitaria isso, as consequências dos seus atos. — Eu já devia ter feito isso há muito tempo. — sibilou Wirt. — Agora vamos ouvir você gritar. — e bateu uma palma.

Mas Bill não gritou. Ele, dessa vez positivamente, era orgulhoso demais. Não dera esse gostinho ao dono. Ao invés disso, apenas olhou para os dois homens que estavam a alguns metros dele, os dois garotos que mudaram a sua miserável vida. E, assim, Stanford e Dipper conseguiram capturar o resquício de dor por detrás das irises altivas do demônio, o qual disse as suas últimas palavras apenas mexendo os lábios num sorriso desengonçado, todavia perfeitamente presunçoso:

— Eu amo vocês...

O corpo dele começou a ondular e retorcer, como se a magia de Time Baby o mastigasse por dentro, revirando suas entranhas. Não havia nada que Dipper pudesse fazer, quando ele percebeu o que acontecia, já era tarde demais. O encanto havia sido rápido. Numa explosão de vísceras, gritos e sangue, Bill Cipher havia partido.


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