— Venha, por aqui.

A CSI Julie Finlay caminhava até a sala de seu supervisor e amigo D.B., porém não acompanhada dele e sim de outra colega de trabalho e também amiga, a CSI Sara Sidle. As duas entraram na sala do supervisor e Finlay – ou Fin como todos conheciam – trancou a sala.

— D.B. chegará mais tarde hoje. Então poderemos conversar a sós aqui.

— Deve ser um assunto muito sério para me trazer até aqui. – Constatou Sara.

— É sim. – Confirmou Julie. – Você está estranha há duas semanas, está relapsa e um pouco nervosa também. Sara, você brigou até com o Greg...  – Falou visivelmente surpresa. – Tem tratado todos mau.

— Nós já nos acertamos. – Respondeu simples e um pouco mau humorada, pois já sabia qual era o rumo daquela conversa. Uma conversa que ela não queria ter e um assunto no qual não queria tocar.

— Você só ficou assim depois da sua separação de Grissom, então eu sei que tem algo acontecendo. Somos amigas Sara, sabe que pode se abrir comigo. Não importa o que tenha acontecido, eu não vou te julgar, eu vou te ajudar Sara. – Julie implorava com os olhos, era visível a preocupação que tinha com a perita, tinha medo que Sara cometesse uma besteira e não tivesse feito nada para impedir. – Eu sei que as coisas ficaram complicadas desde que todo mundo soube da separação, que você foi acusada de assassinato, mas todo mundo sabe que armaram para você, você está bem. Todos fomos seus amigos, todos nós te protegemos. Então se houver algo errado não esqueça que somos seus amigos, somos sua família. Fazem exatamente duas semanas que não te reconheço mais Sara. Eu preciso saber o que aconteceu com você, nem que eu tenha que descobrir isso sozinha... E sou uma ótima CSI. – Ela sorriu tentando descontrair.

— É... As coisas tem sido difíceis para mim Fin. Quando eu me envolvi com Taylor, não fora por despeito se é que me entende, eu estava carente, eu precisava de alguém para sair, me distrair, e sei lá, todos acharam que eu estava traindo Grissom. As vezes eu tenho a impressão que estavam mais preocupados com a minha traição do que com o fato de eu ser suspeita de um assassinato. – Ela respirou profundamente.

— Obviamente todos sabiam que você não havia matado ninguém Sara, mas todo mundo se surpreendeu pelo fato de você poder ter sido infiel. – Finlay tentou remediar.

— Não importa mais sabe. Remexeram minha vida, eu passei por momentos realmente constrangedores, e todo mundo me olhava como se eu tivesse ferido a Grissom, quando na realidade era ele quem me feria. – Ela baixou o olhar. – Nunca me importei tanto com o julgamento das pessoas, mas eram Nick, Greg, Brass, Albert, Hodges... Eram aqueles que se diziam minha família. – Ela fechou os olhos, tentando não chorar. – Eu, no entanto, só estava tentando esquecer Grissom, esquecer a dor que ele me causou quando pediu o divórcio. Eu o amava, na realidade, eu ainda o amo. – Confessou.

— Mas isso fazem meses Sara, o que mudou de lá para cá?

— Há dois dias Grissom me ligou, disse que irá voltar para Vegas. – Ela suspirou. – Há duas semanas eu finalmente tomei coragem e assinei a papelada do divórcio e encaminhei para os advogados.

— Por que Sara? Grissom te pediu isso? Você estava há quase um ano com esses papéis, mas nunca havia assinado.

— Não. Ele nunca me cobrou isso... Acho que ele deixou isso ao meu tempo, sabe. Ele sempre agiu assim: o que era para você, o que for melhor para você, da maneira que você se sentir bem. – Ela enumerou, passando a mão sobre os olhos tentando segurar as lágrimas que insistiam em querer cair. – Ele sempre tomou decisão por nós dois, pensando no melhor para mim, mas sem me consultar.

— E por que você assinou logo agora?

— Por que eu fiquei sabendo disso. – Ela então pegou um papel do bolso de sua calça e alcançou para Julie, que logo que pegou o papel e percebeu o conteúdo ficou espantada ou chocada. – Eu ando com esse papel em meu bolso todos os dias, há duas semanas, para quando eu achar que tudo é só um pesadelo, eu poder confirmar a realidade.