Sete Dias escrita por TheEpic


Capítulo 4
Terceiro Dia




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Sakura acordou no meio da madrugada completamente frustrada, já que ela não conseguiria dormir novamente. Ela teria que ir trabalhar daqui poucas horas.

Foi na cozinha pegar um copo d'água e acendeu a luz para poder olhar no calendário. Sorriu ao ver que era o seu dia de folga no hospital e que ela havia se esquecido completamente disso, agora mais motivada a voltar para a cama.

#

Gaara acordou com uma luz acendendo repentinamente no meio da madrugada. Ele era acostumado a dormir com a porta aberta no seu quarto em Suna, ele se esquecia sempre de fechar.

Com sede, foi pegar algo para beber na cozinha e, no portal entre o corredor e a sala, parou bruscamente. Ele sabia que Sakura estaria por lá por causa da luz acesa, mas não esperaria que ela estivesse se esticando para alcançar um copo em um armário alto, e o que estava por baixo da sua camisola, igualmente esticada, estivesse bem visível.

Sakura percebeu a presença do seu hóspede e, logo que conseguiu pegar o copo, se virou para ele.

— Está tudo bem, Gaara? Você está bem vermelho — ela perguntou — se estiver com febre, eu posso dar um jeito nisso.

— Não, está tudo bem — respondeu o maior, tentando parecer o mais neutro possível. Era bem difícil quando ele estava naquela situação e Sakura falava “eu posso dar um jeito nisso”, no entanto. — Eu acordei com muito calor e vim pegar um pouco de água.

— As noites em Suna são sempre frias, né? Eu vim fazer a mesma coisa. Deixa eu pegar um copo pra você.

Ah não ah não ah não ah não.

Sakura se virou para os armários novamente e voltou a se esticar para pegar mais um copo.

— Não! — ele disse, soando mais tenso do que ele podia deixar transparecer. Tentou ajustar o tom de voz antes de voltar a falar, quando Sakura virou o rosto para ele assustada com o seu tom de voz. — Pode deixar que eu pego. Você estava tendo trabalho para pegar o primeiro, não é?

Sakura pareceu ter aceitado a desculpa dele e foi encher o seu próprio copo enquanto Gaara entrava na cozinha para fazer o mesmo. Os dois prosseguiram em silêncio e Sakura logo se retirou, dizendo que aproveitaria mais algumas horas para dormir e que, caso ele quisesse algo, poderia usar a cozinha e o que tinha na geladeira como bem entendesse.

O rapaz acompanhou-a com o olhar até sumir de vista.

Roxo com preto. E rendado.

#

Quando Sakura acordou novamente, Gaara já não estava mais no apartamento. Ele deveria ter saído havia pouco tempo, porque o cheiro de café da manhã ainda não havia se dissipado.

Ao chegar na cozinha, se surpreendeu ao ver a mesa posta para um, a louça que Gaara havia sujado lavada e, o melhor de tudo, um prato com ovos mexidos, torradas e algum tipo de patê que ele havia feito, cobertos com papel filme.

Ele levou o que eu disse bem a sério, pensou a moça enquanto se sentava com um sorriso amplo.

Estava um pouco frio por culpa da demora dela para acordar, porém isso não fazia a refeição menos deliciosa. Sakura não sabia onde Gaara havia arrumado tempo para aprender a cozinhar no meio de todas as ocupações de Kage dele, mas wow, ele fazia aquilo muito bem!

Decidida a não ficar em casa o dia inteiro, terminou de comer, lavou o restante da louça e resolveu fazer uma visita aos seus pais. Antes de sair, no entanto, resolveu deixar um pequeno agradecimento para Gaara.

#

Quando Gaara voltou ao apartamento, não se surpreendeu ao não encontrar Sakura por lá. Com mais liberdade para observar o lugar, passeou os olhos por cada detalhe da casa, que tinha pequenos toques que lembravam Sakura e Naruto: as almofadas laranjas, os livros médicos, o vaso com flores típicas do verão, quadros com belas paisagens... E um porta-retratos.

O Kazekage se aproximou do pequeno objeto e tomou-o em suas mãos. Nele, era possível ver o Time Sete nas fotos típicas de primeiro dia como genins. Em um lado, estava Naruto, encarando Sasuke Uchiha com uma fúria recíproca por parte do moreno. Kakashi Hatake tentava apaziguar a tensão entre os dois meninos e Sakura, no meio e com os cabelos longos, parecia empolgada demais para ligar para toda a situação.

Deixando o porta-retratos de lado, ele finalmente reparou em um pedaço de papel em cima da mesa, onde ele havia deixado um prato com café da manhã para Sakura antes de sair. Ele poderia mentir que foi para agradecer a hospitalidade da garota, mesmo com Naruto longe, porém o sorriso dela na tarde anterior não saía de sua cabeça enquanto ele cozinhava. Apenas a memória já o fazia se sentir engraçado por dentro.

Ele, desde o intercâmbio de Sakura, nutriu uma atração discreta pela garota. Ele a achava bonita, inteligente, habilidosa e ela vinha ajudando muito as equipes médicas de Suna. No entanto, ele não se pegava pensando nela tanto quanto agora, não sentia uma sensação estranha na barriga a cada sorriso ou gentileza que ela fazia como agora. Se ele, no seu terceiro dia em Konoha, já estava procurando encontrar maneiras de agradar Sakura por motivos que nem ele sabia quais eram, como estaria então em seu sétimo?

Gaara caminhou até a mesa de madeira e pegou o papel, reparando na caligrafia feminina de Sakura.

“Muito obrigada pelo café da manhã! (coração) Os ovos e o patê estavam maravilhosos e você é um ótimo cozinheiro. Me lembre de também cozinhar algo que você gosta para eu poder retribuir, ok?”

A sombra de um sorriso tomou conta do rosto de Gaara enquanto ele levava o bilhete para o quarto e guardava em sua mala.

#

— Boa noite, Gaara. Desculpe chegar tão tarde, mas eu estava na casa dos meus pais e a minha mãe não me deixou sair até que eu comesse o jantar com eles.

Gaara estava sentado no sofá lendo o relatório da conferência que teve com Tsunade e os conselhos de ambas as vilas e mal notou que o tempo havia passado tão rápido.

— Eu trouxe um pouco para você, se quiser. Minha mãe faz um kimchi maravilhoso!

Dito isso, a garota depositou uma sacola com algumas vasilhas dentro e Gaara foi em direção a ela.

— O que são todos esses papéis que você está lendo? — ela perguntou, admirando o monte de folhas que se formava em um dos cantos do sofá.

— São relatórios da conferência de hoje. Preciso tomar conhecimento de todos os pontos de vista de cada um que esteve nela para podermos continuar amanhã.

— Ah. Não sei se é tão estressante para você quanto é para a minha Shishou, mas eu sempre a via beber umas três garrafas de sake depois de todas essas conferências acabarem — Sakura comentou, nostálgica. — Bem, eu não tenho um monte de álcool aqui, mas tenho o kimchi da mamãe que, com certeza, é bem melhor. Eu vou tomar um banho.

Sem esperar por resposta, Sakura foi em direção ao seu quarto e Gaara foi deixado na cozinha em frente a sacola com a comida da Senhora Haruno. Ele ainda não estava com fome, mas, mesmo assim, decidiu comer. Colocou uma das vasilhas cheias de kimchi em um prato e logo ouviu o barulho do chuveiro sendo ligado.

Logo que a primeira acelga foi mastigada, o apetite de Gaara abriu. Ele sempre gostou de comidas apimentadas e a mãe de Sakura parecia ter encontrado o ponto perfeito do tempero. Não ardia a ponto de ser insuportável, porém dava aquela sensação boa de formigamento na língua.

Alguns momentos após terminar a refeição, feita com calma, Gaara observou Sakura entrar na sala. Ela reparou na louça suja e sorriu para o maior.

— E então? O que achou? — perguntou.

— Sua mãe é uma ótima cozinheira. Fazia tempo que eu não comia algo apimentado tão bom.

O sorriso de Sakura se expandiu enquanto ela se sentava no canto desocupado por papéis no sofá com mais um de seus livros médicos. Gaara decidiu fazer o mesmo, se sentando a uma distância segura da kunoichi ao seu lado.

Infelizmente, logo que ele se acomodou no sofá, a pilha de papéis caiu para o chão. Ele murmurou um “droga” e Sakura interrompeu sua leitura para ajudá-lo a recolher a bagunça do chão.

— Eu não deveria ter deixado essas coisas aqui, me desculpe... — o rapaz começou a dizer para Sakura, porém parou quando percebeu que os seus rostos estavam a centímetros de distância.

Ela não se moveu e muito menos ele, porém as bochechas avermelhadas demonstravam que eles estavam plenamente conscientes do motivo pelo qual não recuaram imediatamente. Ambos pareciam apreciar as feições antes passadas despercebidas. Gaara se perdeu nas sardas que Sakura carregava nas bochechas, nos fios cor-de-rosa que modelavam seu rosto e nos olhos. Ah, os olhos. Eles pareciam ter um único tom de jade quando se observava de longe, porém era possível perceber as nuances de um verde mais claro ao redor das pupilas e um tom mais escuro nas bordas das íris.

Automaticamente, sua mão procurou contato com o rosto de Sakura, tocando-a primeiro em um dos lados de seu rosto. Se surpreendeu quando ela inclinou a cabeça para o lado, respondendo ao ato discreto e, ao ver os olhos da mulher se fechando para sentir melhor o seu toque, começou a passear os dedos pela sua testa, sobrancelha, bochecha, boca...

Ao sentir os lábios de Sakura se partindo e seus dedos sentirem sua respiração quente, voltou a deslizá-los, dessa vez tomando a nuca de Sakura com sua palma inteira. Os olhos verdes se abriram e, ao encontrarem os azuis, Gaara percebeu que aquilo estava indo longe demais.

Sem saber o que dizer, retirou sua mão da nuca da kunoichi e, murmurando um “me desculpe” e sem se lembrar que ainda não havia arrumado os papéis que estavam no chão, se apressou para ir ao seu quarto, deixando uma Sakura confusa para trás. No fim, foi ela quem recolheu o restante das folhas.


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