Isabella PDV

Eu estava me sentindo estranhamente e profundamente grata ao Edward. Sua força, determinação, preocupação e cuidado comigo tinham finalmente me feito ver que eu fui um pouco pré-julgadora e grosseira com ele. Claro, ainda é superestranho aceitá-lo e me convencer que tudo isso estava acontecendo, mas agradeci silenciosamente por alguém tão sem deveres por alguém como eu ter demonstrado tanta importância, e ter me mostrado que eu também me importo comigo, consequentemente, assim, me deixando ver que meus pais são os mais preciosos, que “não cabe, a mim, decidir pra eles” e que “a vida deles não é minha, mas a minha é deles”.

Olhei para Edward. Estávamos à margem da estrada. Ele estava abatido, com olheiras, descorado. Quando avistamos o jipe, pareceu que ninguém nunca poderia ficar tão feliz e aliviado como nós ficamos.

Meu nome foi gritado em algum lugar e eu reconheci a voz de primeira. Mas era como se eu não conseguisse crer que era verdade.

– Bella! Por Deus, o que houve com você? – Jacob gritou vindo até nós correndo. Estava com tênis, bermuda e sem camisa, do jeito que eu pensei que ele corresse todo o dia: natural, belo e selvagem.

– Jake... – suspirei aliviada, cedendo um abraço a ele. Mas não consegui segurar um pequeno grito de dor.

– Black, Bella precisa de um médico, urgente! – Edward falou, sem rodeios, mas ofegava cansado.

– Jake, Edward também precisa de cuidados...

Jacob olhou para nós dois e só agora pareceu reparar no nosso estado físico, com roupas molhadas e sujas de terra.

– Claro! Esperem aí! – Jake disse. Correu até o tal jipe e o trouxe pra perto de nós.

Edward me colocou no banco ao lado do de motorista, e foi se sentar atrás, naquele desconfortável banco sem apoio para as costas. Tente não me perturbar por causa disto, a final já estávamos a caminho do hospital.

Jacob estava visivelmente confuso, desentendido, chocado e desconfortável. Olhava para mim pelo canto do olho e disfarçava as olhadas que ele lançava ao Edward pelo espelho retrovisor. Algo me alertou que, entre estes dois, algo não bate muito bem.

Contudo, não dava pra me importar com muitas coisas, pois meu corpo todo doía e minhas costelas praticamente ganharam capacidade de gritar! Larguei minha cabeça pra trás dando brecha para que meu corpo sentisse a náusea febril que estava conseguindo tomar conta de mim, finalmente, depois de todo o meu esforço. A fraqueza pareceu que ia conseguir enfim me dominar.

– Bels? – Jake me chamou. Olhei para ele sentindo tudo girar. – O que... aconteceu?

Olhei para o retrovisor, vi Edward se segurando no jipe e admirando a paisagem, sua expressão perceptivelmente dizendo: “tudo bem, podem conversar, finjam que eu não estou aqui...”.

– Eu fugi para perto da praia ontem, - comecei, minha voz dava pena até em mim, – caí no mar e Edward pulou pra me salvar.

Olhei pelo retrovisor de novo e Edward não tinha olhado pra mim, mas uma leve e cansada expressão de sorriso pintou no seu rosto pálido. Enquanto isso, Jacob estava sério e surpreso e preocupado...

– E você passou a noite na praia, - ele concluiu.

– Edward me tirou do mar desacordada, ele não saiu de perto de mim e, agora que acordei, ainda estava me ajudando, mesmo sem saber nada daqui...

– Bella está com algumas costelas quebradas, por causa da queda na água. Eu estou bem. Bella precisa ser re-hidratada, - Edward disse, pareceu algo desconfortável pelo que eu dizia.

– Não se preocupe, tem um médico novo na cidade. Tyler se machucou na piscina e foi assistido por ele. Eu o vi. É um bom doutor. Vocês vão ser bem cuidados...

– Ahn... Jake! – chamei. Ele olhou pra mim. – Não fale nada pro Charlie ainda, nem pra Renné...

– Hum... A verdade, Bels, é que Charlie ligou pra mim ontem, mas como não fez questão de minha ajuda, não me intrometi mais. Estava preocupado. Liguei pra ele e ele disse que encontrou a viatura dele, que Edward tinha levado, junto com seu carro, na beira da floresta. Daí, o que eu pude fazer sem aborrecer o senhor Swan foi vir o mais perto possível de onde ele tinha me dito pelo telefone. Na verdade, eu ia me intrometer nas buscas, só...

– Não, não, não... Espera aí, Jake! – interrompi. – Meu pai está fazendo uma busca? Tipo, com os outros policiais e tudo?

Juro, nesse momento a tontura até se esquivou de foco.

Jacob oscilou um olhar pra mim, e apenas assentiu com a cabeça. Ele me conhecia, sabia que eu não gostava de enxame, ainda mais quando eu sou o ponto principal.

– Bendita maravilha! – exclamei.