Edward PDV.

O principio da volta da inspiração de Edward.

Não sei dizer exatamente o que ela tinha, mas Alice me encantou em todos os aspectos. Divertida, espontânea, gentil, delicada... Cada vez mais começo a crer que ter vindo pra cá não foi assim tão mal. Alice fez tudo valer a pena.

– Tudo bem, alunos, vamos começar! – senhor Molina, professor de biologia, começou a contagem dos alunos de forma tão mansa que dava sono. Tão mansa que, no ritmo que ia, a letra E demoraria um pouco a chegar.

Assim, baixei a cabeça pro meu caderno e comecei a rabiscar uns traços. Faz tanto tempo que não desenho que nem sei se ainda sou capaz de fazer o rosto de alguém. Concentrei-me então no rosto que não saia da minha cabeça, a dona daqueles olhos dourados perfeitos. Enquanto isso, Molina seguia em seu tom fúnebre:

“Ângela?”, ele chamou. Uma voz distante respondeu: “Presente!”. Passou um tempo, meus ouvidos captaram um nome conhecido: “Isabella Swan!”. Eu não esperava que ela estivesse na minha turma. Não estava em nenhuma até então!

Olhei em volta procurando pela garota, mas pensei que Molina estava enganado. Não havia Bella em nenhuma parte desta sala.

– Com licença! Cheguei! – de repente Bella invadiu a sala de aula.

Ela passou esbarrando pela garota perto da porta e encarou a turma toda, como se não se importasse com ninguém ali.

– Senhorita Swan! – Molina exclamou assustado pela entrada no mínimo chamativa da garota.

– É ela mesma! Em carne e osso! Dá licença! – a desvairada passou pelo professor dando um toque de mão nele e procurou um lugar pra sentar.

Olhou pra turma toda com um estresse evidente. Foi aí que ela olhou diretamente pra mim. Eu tinha que ser o único cara sem parceiro de bancada nessa sala inteira?

Prendi a respiração por reflexo quando percebi Bella se aproximando. Se fosse só isso, tudo bem, mas a garota se aproximava me encarando num misto de estresse, raiva e uma pitada de “tinha que ser você aí?”. Ela sentou do meu lado expirando pesadamente e prendeu a respiração também por um tempo. Depois de uns segundos, percebi o olhar dela pelo canto do olho ainda virado para mim.

Qual é a dela?

– Hum... Bella? – chamei. – Você pode me fazer o favor de passar a lâmina? Vamos terminar logo com isso tudo!

Isabella olhou pra mim como se eu tivesse falado grego. E continuou olhando. Os olhos azuis dela começaram a me desconcentrar.

– Hum... Bella?!

– Ah! Tá! Lâmina! – ela falou parecendo desorientada. Pegou a primeira lâmina da lista de exercício e olhou ela mesma no microscópio.

Tentei ignorar a estranheza que estava sendo encarar aquela aula com a parceria dela, mas pelo menos ela não parecia tão arisca quanto esta manhã. E posso dizer que foi até bem proveitoso: fomos os primeiros a terminar. Por incrível que pareça, Bella era boa naquilo.

– Você fazia biologia avançada? – perguntei curioso. Eu gostava dessa matéria, sempre adorei organismos vivos. Talvez a profissão de Esme tenha influenciado nisso.

– Sim. Você também? – Bella respondeu. Eu não acreditei: ela estava dialogando comigo?

– Lia os livros de minha mãe.

– Oh, interessante...

– Sério? – perguntei, tentando dar fluidez à conversa: ela estava mesmo conversando?

– Ah... Bem... Biologia é interessante não acha? Cá entre nós... - Bella curvou-se pro meu lado. Inclinei-me para ouvir – Molina é que a deixa um verdadeiro vômito! – ela confidenciou.

Por mais que não tenha sido realmente engraçado, não resistir e comecei a rir pela situação toda – Bella, a garota ranzinza, machão, cheia de vontades e estressada estava sendo leve e pacífica? – Para somar à minha surpresa, Bella começou a sorrir junto comigo. Por um tempo, reparei que ela tinha um perfume doce, tão doce que dava vontade de...

– Espero que já tenham terminado alunos risadinha! – senhor Molina falou com sua voz sonolenta, parando frente a nós.

– Na verdade, já terminamos sim, - falei, oferecendo nossa folha de exercício para ele.

Molina segurou-a e olhou torno para nós depois de um segundo de análise. Entortou o rosto numa tosca expressão de sorriso e disse:

– Certo. Vocês estão liberados...

– Obrigado, - respondi.

– AH! Finalmente! – Bella exclamou, recebendo um bocado de risadinhas da turma por sua falta de discrição.

Isabella PDV.

Pondo em prática os planos.

Levantei-me e escorreguei pra fora da escola, passando na frente de todos os lerdos que não demonstravam a mínima vontade de sair dali! Eu não acreditava: tinha acabado! Finalmente o primeiro dia de aula tinha acabado!

No estacionamento, Jasper e Emmet me esperavam perto do meu carro e do carro deles, lado a lado.

– Vamos pra casa! – Emmet exclamou feliz. Isso nós tínhamos em comum: fora o almoço, a hora de ir pra casa era a melhor!

– Com certeza! Vocês já estão sentindo fome? – perguntei, saudando Emmet. De novo ele me carregou e girou comigo.

– Sempre com fome, irmãzinha! – ele disse, colocando meu boné na minha cabeça.

Reparei que Jasper sequer sorria, estava pra baixo e seus olhos pareciam rasos. Bem, por mais que me doesse vê-lo assim, eu não podia fazer nada. Ora, por que é sempre tão fácil um garoto se apaixonar por uma garota a ponto de sofrer por ela? Bem, talvez não seja bem assim no geral. Mas comigo é assim. Gostar de mim é sempre um erro, pois eu sei que o garoto vai sair magoado...

– Tudo bem. Vamos pra casa, vizinha! – Emmet disse, me levando até a porta do meu carro.

– A gente se vê Jass! – gritei pra ele.

Jasper olhou pra mim e acenou um murcho tchau. Emmet me abraçou mais uma vez. Ele pode ser sempre o cabeça-de-vento, mas ele bem percebe as coisas... Também, suspeito que Jasper confidencie seus sentimentos para ele – Emmet sempre costuma saber do seu “irmãozinho” da casa ao lado!

– Desestressa Bella! – disse ele a mim. – Se prepare pra hoje à noite!

– Tudo bem, pode deixar!

Emmet correu até seu jipe. Jasper já tinha entrado no seu carro. Eu me enfiei na minha sucata forte e satisfatoriamente funcional e dei a partida, foi só então que vi que eu estava esquecendo o panaca do Edward.

O carro de Rosely passou pelo meu lado, desacelerou e praticamente parou, ficando eu, lado a lado com ela.

– Pronta para entrar em ação? – ela falou pra mim.

– Pode deixar! – respondi.

Logo, avistei Edward e Alice na porta do prédio principal. O vi com seu sorriso torto, enquanto se despedia da baixinha metida à fada. Sério, Rose talvez tenha razão: Edward e Alice não combinam. Talvez, ainda como Rose disse, nosso plano faça mesmo sentido, afinal, Alice merece alguém melhor e, com certeza, eu sei o que é melhor pra ela.

Edward finalmente deixou a mão da baixinha e correu pro meu carro. Logo, logo seria hora de por meu plano com Rose em ação. Só espero não estar com CULPA estampada na minha expressão.

– Desculpe o atraso, Bella. Não vai se repetir...

– Ta bom, tanto faz! Põe logo esse cinto!

Edward estava mesmo abobalhado. Em vez de falar algo pela minha grosseria, ele apenas sorriu o sorriso mais bobo que eu já vi!

Dirigi rápido (na medida em que meu carro podia) até em casa e estranhei Renné não estar lá. Procurei na cozinha, mas só tinha um bilhete preso ao ímã da geladeira, e dizia:

“Bel, querida, estou em Port Angeles, voi chegar pro jantar, trarei alguma coisa para comermos. Beijos, mamãe”.

Droga, isso é mal. Nos ultimos tempos mamãe tem ido a Pot Angeles e, das últimas vezes que a vi chegando, sempre escondia algo. Uma das coisas diferentes que notei, enquanto procurava meu suéter no guarda-roupa dela, foi que tinha uma mala nova lá. Uma mala que estava até com a etiqueta de uma loja lá de Port Angeles... Não, isso não era mal. Isso era péssimo!

– Dona Renné não virá? – Edward perguntou. Não tinha o notado bem atrás de mim.

Virei para encará-lo.

– É claro que ela vai vir! E isso não é da sua conta, Cullen! Não se meta nas nossas vidas! – gritei para ele, tudo para não desprender as lágrimas.

Nos últimos tempos tem sido assim. Evitar lágrimas pondo a raiva no lugar foi uma saída que achei. A outra saída eram os meninos, mas, aqui, na minha casa, a única coisa que me restava (e que agora nem isso mais) era o meu quarto! Todavia, corri até ele e me enfiei na minha cama, espancando o travesseiro.

Não era justo. Por que meus pais? Não! Céus! Isso não está havendo!

– Para com isso Bella! Desde quando você é de chorar? – falei pra mim mesma, piscando para engolir toda e qualquer lágrima. r10; Certo. Vamos lá. Você tem mais coisas a fazer do que isso!

Peguei minha agenda e disquei o número do Jasper no meu telefone. Ok, isso também não estava me ajudando a relaxar, mas era melhor tratar de todo o estresse de uma vez. (Fico só pensando... No que Rose está me metendo e por que eu aceitei isso?).

– Alô? Bella? – Jass respondeu.

– Hum... Jasper?

– Sim Bells. Algum problema?

– Não, não. Na verdade, eu só queria informar uma coisinha a você...

– Tudo certo. Pode dizer!

Céus, isso está começando a me fazer sentir culpa!

– A gente achou melhor jantar naquele restaurante dentro do shopping lembra? Naquela vez, na surpresa no dia do aniversário da Rose! – mordi meu lábio pra não entregar o nervosismo.

– Ah, vai ser lá?

– É sim. Eu sei que você gosta de lá...

– Não sabia que Jacob gostava de comida japonesa... – Jass falou com um tom baixo e engasgado. Céus! Eu não estava pronta pra ouvir um comentário dele sobre isso!

– Na verdade não gosta! Sei lá! Nem sei se ele vai... – menti (mais ainda). Minha voz tinha começado a ficar fraca demais. Mau sinal!

– Tudo bem. Então a gente se vê lá! Às sete!

– Certo. Um beijo Jass! – não esperei que ele falasse. Eu não ia aguentar. Desliguei o telefone com tudo!

Uma coisa é certa: Rosely me paga!

Virei umas páginas da minha agenda e liguei pro Emmet. Por sorte, ele tinha o número do celular da Alice,da época em que ela dava em cima dele. Dei o mesmo recado para que Emmet passasse a ela.

–Olha aqui Bell! – ele chamou pouco antes de eu desligar.

– Fala irmão!

– Tem alguma pretensão por trás dessa mudança de planos. Pensei que fôssemos só lanchar na praça de alimentação e olhe lá! – Emmet sorriu do outro lado. É, o plano deveria ser esse. Só esse.

Nervosa, comecei uma risada falsa, que mais parecia com o engasgo que tive durante o almoço de hoje, com Jake. Céus! Eu sou uma péssima fingida!

– Escuta, Bella! – ele chamou outra vez. r10; Posso te contar um segredo?

– Claro!

– Rose não vai a esse passeio! – ele disse, perceptivelmente feliz.

Juro: um nó fechou meu peito nessa hora. Rose já estava agindo!

– Hum... – foi a coisa mais brilhante que pude dizer.

– Ela disse que quer se encontrar comigo. Só comigo. O que você acha?

Que você está sendo muito enganado, Emmet!

– Eu não tenho certeza... Mas você vai estar no shopping não vai?

– Sim. Depois de falar com ela, vamos ir até vocês! – ele disse todo contente.

– Hum...

– Até mais Bells!

Desliguei ressentida. Torturada. Magoada. Culpada.

O que eu não faço pela Rose! Se bem que, assim, dando um jeito de Alice e Jasper ficarem juntos no mesmo local (bem romântico, diga-se de passagem) talvez seja uma boa maneira de arrumar as coisas. A final, Jasper merece alguém que possa gostar dele como ele espera. E esse alguém com certeza não sou eu. Depois, é melhor para Alice sair mesmo do caminho de Rose, antes que esta parta para coisa pior! Sem falar, que sei que Jasper é o cara certo pra um tipo anjinho como ela, não o Edward, que sequer conhecemos bem!

E por falar em Edward. O cara invadiu meu quarto, me dando um baita susto, fazendo eu jogar o telefone e a agenda pro ar!