Rolos da Vida escrita por camila_guime


Capítulo 32
Capítulo 32


Notas iniciais do capítulo

Galera! UHUuuul! Ed e Bels de volta!
Muito rolo cara!
Boa leitura!
aproveitem!



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Edward.

 

Corri no meu quarto e peguei as chaves da moto. Era demais para mim. Eu não podia suportar tanta preocupação.

 

Voltei pela casa e, quando ia descendo as escadas, me deparei com a cena:

 

A pequena Jenny encasulada entre minha mãe e... Carlisle, meu pai. Certo. Eu não precisava ter visto isso. Eu não queria ter visto o quanto eles já estavam ligados. E eu sabia que todos eles esperavam minha compreensão. Claro. Sou eu “o Edward que se conforma com tudo, que perdoa tudo”. Infelizmente eu sou. Mas, naquele momento, eu não queria ser. Eu queria sentir um pouco de raiva, queria sentir a mágoa que comprimia meu coração. Queria dar uma chance a mim mesmo de sentir o que eu precisava sentir. Queria não ter que fingir que tudo estava bem até que as coisas melhorassem.

 

Assim, andei a passos leves até a porta. Ninguém me percebeu. Porém, quando eu estava saindo, a porta fez barulho ao fechar. Não dei tempo para que eles me alcançassem. Corri até a moto e deixei o som do motor como aviso de que eu talvez não fosse voltar tão cedo. E, logo, estava na estrada.

 

 

Isabella

 

Tomei meu banho. Seria hoje enfim o dia de voltar à ativa. E não me interessa que diabo estava acontecendo naquela escola, eu voltaria para lá e colocaria o que fosse preciso em pratos limpos. Depois daquele bendito jogo de ontem, era tudo o que eu queria fazer: resolver as coisas.

 

Rosely teria uma conversa bem longa comigo. Eu também falaria com Alice, pois estou realmente preocupada com o que houve com ela. Depois, arranjarei um tempinho pra Jasper, que tem muito que dizer, começando pelo fato de “desde quando ele parou de contar as coisas dele pra mim?”. Depois, Viria para casa com Emmet e tudo estaria tranquilo...

 

Quer dizer... Ainda tem o Edward. Claro. Eu tenho que falar com ele e explicar por que eu me sinto culpada por estar com ele, e a relação que isso faz a Rose e a Jacob. Não que eu ainda goste do Jacob, mas é que... A gente não controla pensamentos né? Enfim, tenho que dizer a ele, de alguma forma, que eu gosto dele, muito.

 

Aff! Por que minha vida não é um pouquinho menos enrolada?

 

Ok. Vesti minha blusa verde e meu melhor jeans. Calcei minha bota de cano-curto e coloquei tudo dentro da mochila. Quando estava descendo as escadas, ouvi ronco da moto de Edward lá fora. Totalmente surpresa e até mesmo feliz, corri para abrir a porta antes que ele batesse e Charles fosse atender.

 

Quando me pus para fora de casa, o que eu vi não era bem o que eu previ. Era Edward sim, mas de um jeito que eu nunca pensei que o visse. Estava mais para o jeito que ele me via, não o contrário. Contudo, tive que acreditar em meus olhos. E lá estava ele, Edward, mais branco que papel, com os olhos numa péssima combinação de verde, sua cor natural, e vermelho, como se ele houvesse chorado muito. Debaixo de suas pálpebras inferiores, havia uma sombra arroxeada que supunha nada mais que muito cansaço e tristeza.

 

Ele desceu da moto e pendurou o capacete no guidão. Estava com os cabelos molhados, caindo sobre sua testa, e sua jaqueta estava úmida. Mas a chuva parara há pouco.

 

Eu não entendi muito bem o que estava havendo, e eu sequer sabia o que fazer. Não sabia por que Edward estava assim, parado na frente da minha casa às seis e cinquenta da manhã. Só sei que ele ficou ali, parado, com sua aparência péssima.

 

Por impulso ou por instinto ou simplesmente por cordialidade, não sei explicar, eu corri em sua direção e dei um ridículo salto para poder alcançá-lo e o abracei. Edward fechou seus braços a minha volta e me apertou forte. O enlacei pelos ombros e pescoço e tentei confortá-lo. Sei lá o que havia, ou o que tinha comigo, mas essa me pareceu ser a coisa certa a fazer. Apenas depois de longos segundos ali, abraçados como se aquilo significasse nossa sobrevivência, finalmente nos afastamos devagar e respiramos de novo.

 

— Você não pode entrar em casa. Acho que você não quer ter que explicar nada pro Charlie agora, não é? – Falei.

 

Edward ergueu um canto do lábio na menção de um sorriso, o que foi quase inútil.

 

— Então vem comigo. – Peguei sua mão e a chave da moto que estava nela. Dei minha mochila para ele segurar e subi na moto. Edward, assustado, fez a mesma coisa em seguida, sem me perguntar nada.

 

Na verdade, nem eu sabia o que eu estava fazendo, mas pouco me interessava. Tentei lembrar de quando Emmet me fez dirigir uma motocicleta. Faz uns dois anos. Foi uma catástrofe, claro. Mas naquele momento eu senti total segurança. Certo. Era imprudência arriscar a minha vida e a de Edward, mas, mesmo assim, girei a chave e acelerei pra longe de casa. Desta vez, Edward foi quem se segurou em mim.

 

E, claro, eu não posso deixar de enfatizar o quanto essa sensação é totalmente desconcertante. Havia sido uma proeza eu, Bella Swan, manobrar uma moto sozinha, mas, agora, com uma tentação realmente perturbadora colada em mim, simplesmente me abraçando forte daquele jeito, a proeza se tornava praticamente uma tentativa de suicídio.

 

O coração de Edward, que costumava bater em minha mão quando eu ia à garupa, agora estava batendo nas minhas costas. E estava acelerado. Não para menos. Deveria ser os minutos mais horríveis da vida dele: sua vida nas mãos de uma inconsequente desastrada como eu, sobre duas rodas em alta velocidade.

 

Mas nada ficava na minha mente naquele momento. Fechei meus olhos [isso é uma forma de expressão apenas] e me entreguei ao momento. Voei pela estrada de Forks em direção à escola. Não havia muito que entender naquele momento: Edward estava mal e me procurou, ele não queria meus pais, e isso é óbvio. Então, tudo o que eu podia fazer para ajudá-lo era oferecer a ele um tempo sozinho, ou um lugar onde ele possa pensar em paz. E eu sabia de um lugar bom pra isso.

 

Estávamos do outro lado do estacionamento da escola agora, e eu já estava numa velocidade baixíssima, não oferecendo mais tanto risco. Então, continuei guiando a moto pelo saguão lateral até chegarmos aos fundos do prédio de biologia. Ninguém ia lá por que era onde as latas de lixo ficavam, esperando para serem recolhidas e, claro, ninguém normal ia para um lugar como aquele, a não ser eu. Porém, quando eu estava fazendo a última curva para estacionar num canto bem discreto, a roda traseira derrapou rapidamente numa poça e tive que frear com tudo. Só não fui lançada para frente por que Edward me segurou pela cintura bem fortemente. E eu gritei de medo e pelo toque também. (Só espero que ele não tenha percebido o segundo motivo).

 

Descemos da moto e eu não sei como, mas consegui ficar em pé depois de tudo.

 

— Você está bem? – Edward finalmente falou.

 

— Ah, sim, estou. Eu nunca fiz isso, só para constar!

 

— Eu poderia ter descoberto isso sozinho... – Ele riu de mim

discretamente. Eu ri abertamente. Eu era um fiasco e ponto!

 

— Tudo bem. Agora, eu sei de um lugar onde você pode ficar em paz, tranquilo o tempo que precisar. – Apressei-me em dizer.

 

A felicidade momentânea de Edward se desfez e sua tristeza se apoderou de novo. Ele assentiu esboçando um falso sorriso e eu peguei sua mão.

 

Quando cortamos floresta adentro, eu percebi que Edward estava estranhando, que ele não entendia nada. Mas tanto faz! Não me importa! Continuei o levando por uma trilha que eu conhecia que dava até uma linda clareira na parte mais alta do terreno. Era perfeito para pensar por que eu mesma já frenquentara o lugar muitas vezes.

 

— Eu vinha aqui quando queria fugir de meus pais brigando. – Falei quando enfim chegamos.

 

Edward soltou minha mão devagarzinho e andou pela clareira. Deixei que ele ficasse só por um tempo, depois, fui até ele.

 

— Obrigado por isso, Bella. – Ele disse me oferecendo a mão de novo.

 

— De nada. Mesmo.

 

— Mesmo que eu não mereça...

 

— O que? – Perguntei desentendida.

 

— Há coisas que eu quero te confessar a algum tempo, mas nunca houve a oportunidade certa... – Ele começou. Esperei que ele concluísse. — E, agora, depois dessa terrível noite... Depois daquela tarde conturbada...

 

Edward balançou a cabeça parecendo que ela estava cheia de confusão. Segurei sua outra mão sem saber ao certo por que e o abracei de novo. Acho que desta vez não foi tanto por ele, mas sim por mim. Abraçá-lo era bom, e ouvir seu coração batendo na altura da minha bochecha era o calmante certo pra mim. Mesmo que eu não entenda como é que cabei ficando tão nervosa de uma hora para outra.

 

Edward me abraçou de volta e eu voltei a falar aninhada em seu peito.

 

— O que de tão ruim aconteceu noite passada? – Perguntei, já que, sobre a tarde passada, eu entedia muito bem (ou quase) tudo o que

houve.

 

Edward demorou uns segundos ainda, apenas me abraçando. Depois, nos sentamos no gramado (surpreendentemente) seco e enfim ele me narrou tudo o que aconteceu sobre Carlisle e Esme. Sobre Jenny ser então realmente sua irmã caçula – pelo menos por parte de pai. De tudo o que ele contou, noventa e nove vírgula nove porcento me fez ficar de queixo caído.

 

Enquanto ele expressava um pouco seus sentimentos, seus olhos se encheram e se esvaziaram várias vezes, mas ele não deixou nenhuma lágrima cair – o que me fez pensar que talvez, algum dia, eu peça para ele me ensinar como se faz isso!

 

— Edward... Eu não tinha ideia... Quer dizer, ninguém poderia imaginar uma coisa dessas não é? – tentei de alguma forma ser reconfortante e ajudar, mas sinceramente minha descrença por conta do susto não servia de muito apoio. — Mas você vê que eles não têm culpa, não é?

 

Edward mirou a grama e depois o céu lá em cima. Acho que evitava as lágrimas de novo. Deu um comprido suspiro e finalmente me encarou.

 

— Não. Eles foram manipulados pelos pais deles... Eu posso entender. Mas... Não sei. É muita coisa. Esme poderia ter me dito essa história muito antes! Ora, por acaso ela não confiava na minha compreensão? E depois, Carlisle também não poderia ter permitido esse silêncio todo enquanto era visível que ele tentava conquistar minha confiança. Eu... Não sei se realmente consigo expressar direito Bella. Não sei se você entende...

 

— Como é frustrante saber que todo mundo sabe de uma coisa importante sobre você e ninguém se dispõe a lhe contar? Cara, eu entendo. Mesmo.

 

Sorri para ele. Edward me retribuiu me olhando e sorrindo de canto. Seus olhos baixaram para a grama de novo.

 

— Todos têm problemas com seus pais alguma vez, não é? – Ele riu tentando aliviar.

 

— É claro! – Eu ri pela inevitável realidade. — Somos os adolescentes mais complexos que eu conheço. Você conhece alguém pior? – Edward riu concordando.

 

— É idiotice, não acha? – Ele comentou esmaecendo o sorriso e corando de repente. Eu esperei que ele explicasse. — Sabe... Eu estou aqui, com você, matando aula, me lamentando enquanto minha mãe e... meu “pai” – ele fez aspas com os dedos de brincadeirinha — provavelmente estão achando que eu vou me jogar do penhasco de novo!

 

Eu ri junto com Edward. Gargalhamos, na verdade. Foi bom. Pôr pra fora a tristeza no meio do sorriso. Finalmente lágrimas rolaram no rosto dele. E no meu também. Mas não reparamos nem nos importamos com elas.

 

— Mas acontece... – ele continuou, — que eu nunca, em nenhum momento da minha existência, eu fui contra alguma coisa. Seja ela a mais insignificante que fosse. Eu praticamente sou o Senhor Compreensão e Perdão em pessoa! Mas isso cansa! Você pode me entender: desta vez, pelo menos, eu não queria ter que comprimir toda essa frustração e essa surpresa e simplesmente aceitar. – Edward suspirou de novo e passou a mão pelo rosto, limpando os vestígios de lágrimas. Eu fiz o mesmo. Logo depois, lá estávamos nós rindo de novo. Desta vez foi ele quem começou. — Bella...

 

— Oi? – Falei depois de parar de rir.

 

— Tenho mais confissões.

 

— O que? Nós não somos parentes, somos? Quer dizer, além de primos em... Quarto, quinto grau? – Descontraí.

 

Porém...

 

Edward me olhou seriamente. Seu rosto ficou, de repente, sem nenhuma expressão. Era um perfeito desenho ilegível, indescritível. Seus olhos eram apenas dois profundos pontos verdes onde eu malmente via meu reflexo. Fora isso: nada.

 

Um arrepio passou pela minha espinha.

 

 

Continua tá?

...

 


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Notas finais do capítulo

Então? Felizes? [meio grandinho né?]
Bjs!
Mila.