Rosete e a Academia de Ficções escrita por Bruxa da Luz


Capítulo 3
Capítulo 3 - Guerra Declarada


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários! Desculpe não responde-los, é que a internet aqui está uma droga e fica difícil. Mas saibam que eu estou adorando rever as pessoas que leram a primeira versão da Academia de Ficções e fico feliz em saber que estão gostando. Obrigada por tudo.
Boa leitura.



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Meu coração batia feito louco ao escutar Bertoli dizer a palavra ‘’visconde’’. Ao olhar a cara daquele garoto que encarava a todos com arrogância e superioridade, eu não pude deixar de pensar em outra coisa.

— Você disse ‘’visconde’’? – Perguntei, sussurrando, enquanto me virava pra trás para falar com Bertoli.

— Sim, eu... – O loiro parou de falar de repente e respirou fundo enquanto arregalava os olhos. – Ah não! Eu esqueci que vocês dois fazem parte da mesma...

— Bertoli, não olhe pra ele, apenas pra mim. – O interrompi assim que vi que o loiro encarava o rapaz até demais. - Responda: Quem é ele?

— Marion... Marion de Chagny. Filho do...

— Visconde Chagny, eu presumo.

— Sim.

— E a mãe, eu posso saber?

— Viscondessa Christine.

Claro, não podia ser outra mulher... Revirei os olhos e suspirei. Numa situação delicada como aquela, eu devia manter a calma e evitar o máximo de contato o possível para evitar uma briga.

Porém, o tal Marion se virou e viu que a mesa ao lado da minha estava desocupada e percebi o seu interesse em sentar-se nela. ‘’Pronto, estou perdida’’, pensei. No entanto, outro garoto se sentou ao meu lado, roubando o seu lugar.

— Eu ia me sentar aqui. – Disse o jovem Chagny, seriamente.

— Sério? Eu também, mas olha só quem chegou primeiro. – Disse o rapaz que tinha o cabelo castanho claro e cacheado. Seus olhos são cor de mel e usava um casaco verde escuro, calça cinza e sapatos marrons. Ele sorria de maneira debochada para o filho de Raoul.

— Você está querendo problemas... Holmes?

— Mais do que os que eu já tenho? Devo dispensar. Agora me deixa em paz.

— Um dia, Holmes, eu vou lhe dar o castigo que merece.

— E por que me castigaria? Eu apenas me sentei em um lugar que eu quero.

Chagny bufou, desistindo, e sentou-se na mesa do lado esquerdo de... Ele disse ‘’Holmes’’?

— Com licença. – Eu chamei a atenção do dono dos cabelos cacheados. – Eu ouvi direito? Você se chama ‘’Holmes’’?

— Detetive Simon Holmes ao seu dispor. – Ele sorriu enquanto levava a sua mão na minha direção.

— Rosete Le Roux. – Respondi, tocando em sua mão e a apertando, cumprimentando-o.

— É um prazer em conhecer a filha do Fantasma da Ópera. – Ele disse, num sussurro.

— Como sabe?

— A máscara. – Simon disse, apontando para o meu rosto. – Além da bela voz.

— Obrigada. – Sorri.

— Vejo que fez amizade com Bertoli. Dava uma pena vê-lo tentando sobreviver sozinho nessa escola. Creio que você será uma ótima guardiã pra ele.

— Obrigado, Holmes. – Disse Bertoli, com tom irônico.

— E não se preocupe, Rosete. O meu ‘’amigo’’ aqui do lado não a fará mal. – Disse, referindo-se a Marion de Chagny.

— Eu espero que não.

— Bom dia, alunos! Sentem direito, por favor! – E a professora apareceu. – Parece que estão todos aqui, o que é bom! Mas recebi notícias de algumas carinhas novas.

— Ai, não... – Bertoli sussurrou, mostrando preocupação comigo. Pelo visto, ele não sabe lidar com situações tensas.

— Deixe-me ver a lista... – Disse a professora, que tinha uma aparência jovem, de cabelo ruivo e liso, olhos castanhos e usava uma camisa branca com uma gravata borboleta preta, assim como a sua saia, e usava salto alto também escuro. – Parece que temos uma só uma colega nova este ano! Senhorita Rosete Le Roux, adoraria se apresentar aos colegas?

Bufei enquanto abaixava a cabeça, procurando a coragem que eu perdi assim que ouvi o meu próprio nome. Percebi que estava demorando a agir quando a professora me chamou novamente. Respirei fundo, voltando à postura, e me levantei lentamente. A professora sorriu assim que me viu.

— Venha, querida. Apresenta-se. Aposto que todos estão ansiosos para conhecer a filha do Fantasma da Ópera. Quer dizer... Eu mesma estou louca para que chegue o dia dos pais para que eu possa conhecer o Fantasma pessoalmente. – Ela sorria como uma adolescente quando pensa no ídolo.

Eu não falei nada, só a encarei. Acho que eu fazia uma expressão muito séria, pois a professora parece ter se intimidado assim que me olhou nos olhos. Eu me aproximei, estando ao lado dela, e me virei para encarar a todos da sala de aula. Os olhos de cada aluno em mim era sufocante.

Creio eu não servirei para me apresentar em público.

Encarei o jovem Chagny, que estava com os olhos arregalados ao me ver. Tudo graças à professora... Parece que o plano de ser discreta se foi. Eu estava sem palavras, mas, ao encarar Bertoli, que sussurrava ‘’você consegue’’ pra mim, eu senti o meu coração se aliviar. Respirei fundo e comecei:

— Meu nome é Rosete Le Roux, filha do Fantasma da Ópera. Creio que já sabem da história do meu pai, então vamos poupar saliva, tudo bem? Se tiverem alguma pergunta, é bom que digam logo porque quando eu me sentar novamente, eu não falarei mais do que o necessário.

Nisso, mais do que a metade da sala levantou a mão, gritando ‘’eu quero’’. Parecia que eu estava novamente na quarta série...

— Silêncio! Acalmem-se! Ela vai responder a todos! Ai... Todo ano é sempre a mesma coisa... – A professora ordenou e depois murmurava a última frase.

— Você, menina do vestido azul, faça a sua pergunta.

— Você é maravilhosa! Eu vi uma ilustração do Fantasma da Ópera quando eu fui à Paris e percebo que vocês são muito parecidos!

— Obrigada... – Fiquei sem reação. Eu esperava por uma pergunta. – Próximo?

— Eu! – Falou um rapaz que usava um chapéu extravagante.

— Diga.

— Você canta?

— Sim.

— Vai cantar pra gente? – Perguntou outro rapaz.

— É! Canta pra gente! – Pediu um, e mais um e outros.

Todos pediam para que eu cantasse.

— Silêncio! – A professora ordenou.

— Eu não vou cantar. Não vou e nem quero. Posso me sentar agora, professora?

— Claro que pode...

— Espera! Só mais uma pergunta! – Pediu uma garota que estava sentada em uma das mesas dos fundos.

— Pergunte.

— Por que usa máscara?

— Porque sim.

— Ah! Vamos! Diga!

— Olha, isso é muito pessoal. Eu não quero dizer. Ponto final. Agora, posso me sentar, professora?

— Você é linda, Rosete! – Um dos alunos gritou, me surpreendendo. Outros alunos fizeram o mesmo. Pelo amor... Acho que as horas menos calmas serão as da escola.

— Fala sério! – O jovem Chagny se levantou, encarando todos da sala, que se calaram de imediato. – Vocês são tão infantis! Não pode entrar um aluno novo que vocês os enchem de mimos. Quando o Montecchio entrou, vocês fizeram o mesmo, mas logo o esqueceram! Por que não parem de agirem feito crianças e vão cuidar de suas vidas?!

— Não é bem assim... – Disse uma garota.

— É melhor você ficar de boca fechada ou terei que chamar a Hyde para calá-la? Ela está atrasada, mas, mais cedo ou mais tarde, vocês podem ter uma longa ‘’conversa’’...

— Não! Não chame! Desculpe! – E abaixou a cabeça.

— Por favor, sem ameaças aqui... – A professora tentou dizer.

— Fica quieta também.

— Hei! Abaixe o tom de voz, garoto! – Ordenei com tom sério.

— Acho que é você quem devia abaixar o tom.

— E por quê?

— Porque ninguém quer ficar por perto quando eu estou irritado.

— Isso porque você não me conhece. Agora, peça desculpas à professora.

— Como é que é?

— Não ouviu a dama, visconde? – Perguntou Holmes, que sorria como se risse de Marion por dentro.

— Cala a boca. – Ordenou, já impaciente, e depois voltou a me encarar. – Escuta aqui, mascarada, é bom que já saiba que sou quem faz as regras por aqui! Eu sugiro que as respeite ou eu tornarei a sua vida um inferno!

— Acho que se esqueceu de quem é que usa a máscara aqui. Eu sou o Fantasma dessa história. É você quem deve me respeitar ou eu mesma irei infernizar a sua vida. Se não quiser pedir desculpas à professora, então apenas cale a boca e volte para o seu lugar. É o meu primeiro dia e você está o estragando. – Dizendo isso, eu voltei para o meu lugar.

— Ora, sua...

— Por favor, Sr Chagny. – Pediu a professora, que estava com a cabeça abaixada, olhar tímido e voz trêmula. – Depois você pode resolver esse pequeno desentendimento. Deixe-me começar a minha aula.

O rapaz bufou.

— Tá bom, mas isso não acabou, Fantasma. – Disse Marion antes de se sentar.

— Não mesmo. – Concluí.

Pronto! Guerra declarada!

— Obrigada. – Disse a professora. - Hã... Vamos começar, pessoal? Peguem os seus cadernos, por favor!

— Você foi maravilhosa. – Disse Bertoli, num sussurro.

— Digna de uma Fantasma. – Disse Simon, sorrindo.

— Obrigada. – Sorri pra eles, virando um pouco a cabeça para encará-los. Ao retornar a atenção ao meu material escolar, percebi que Chagny ainda me encarava com muito ódio.

Aparentemente, eu marquei a vida dele de uma maneira bem dolorosa, afinal, eu fiz algo que creio que ninguém fez nessa escola: Eu o enfrentei.

A hora passava, assim como a aula. Não conseguia prestar atenção, pois eu sabia que poderia ter problemas grandes se não pensasse rápido em relação ao meu mais novo rival. Assim que o sinal tocou, eu me aliviei e me senti desconfortável ao mesmo tempo.

E com motivo.

Marion de Chagny se levantou e foi na minha direção. Eu permaneci sentada na cadeira, quieta e calada.

— Muito bem, onde estávamos?

— Fala sério, Chagny! Deixe-a em paz! – Disse Simon, impaciente.

— Não se meta, Holmes.

— O que o visconde deseja? – Perguntei.

— Que tal uma explicação? O Fantasma da Ópera realmente está na cidade?

— Se eu estou aqui, é mais do que óbvio que ele esteja também. – Respondi secamente.

— Era só o que me faltava para começar o meu ano! Primeiro, a Hyde ainda está me devendo dinheiro e não me paga. Depois esse idiota me enfrenta... – Disse, se referindo ao Simon, que escutava calado. –... E agora eu descubro que a filha daquele ser está estudando na minha escola? É muito azar pra ser verdade.

— Querido, eu tenho certeza de que essa escola não é comandada por um menino de quinze anos como você. – Falei enquanto me levantava. – Agora vê se tenha cuidado com as palavras ao falar do meu pai. Ou você quer acordar num caixão?!

Não sei se ele me fuzilava ou se me analisava, mais não tirava os olhos de mim. Simon se levantou, mostrando ser um pouco mais alto do que eu, e se colocou na minha frente.

— Por favor, visconde, é o primeiro dia dela aqui. Não pode dar uma chance?

— Você nunca defende ninguém! Por que justo ela?

— Porque ela é interessante.

— ‘’Interessante’’?! – Repetiu a palavra como se estivesse falando do pior dos absurdos.

— Sim. Ela é um verdadeiro mistério por trás dessa máscara. Eu, como um bom detetive, devo solucionar o mistério, não é?

— É a coisa mais ridícula que já ouvi na minha vida. Agora saia da frente que eu tenho que resolver um assunto com ela.

— Acho que ela não está querendo ouvir, visconde.

— Não me obrigue a lhe dar uma surra...

— Pode vir.

— Não, esperem... – Pedi. Achei que não podia piorar, mas é o que estava a prestes a acontecer.

No entanto, para a salvação de todos...

— Finalmente estou aqui! – Disse o professor que acabou de chegar, aliviado. – Desculpe a demora, pessoal. Eu esqueci que o segundo ano era nesse corredor. Sentem-se em seus lugares e comecemos a aula, sim?

— Isso não fica assim, Holmes. Eu a vejo na hora do intervalo, Fantasma?

— Nem pense em estragar o meu apetite também, visconde.

E voltamos para os nossos lugares para assistir a aula.

O tempo passou até que finalmente tocou a hora do intervalo, ou seja, hora de comer. Eu esperei todos saírem para que não fosse esmagada pela multidão. Assim que fiquei sozinha com Bertoli, eu disse, ainda sentada na minha mesa:

— Eu não sei se vou conseguir morar nessa cidade, sabendo que a família daquele idiota mora aqui.

— Ele mora lá do outro lado. Longe de mim e de você.

— Como sabe?

— Eu fiz parte do grupo dele para um trabalho da escola e fizemos tudo na casa do visconde. Bom... Ele me obrigou a entrar nesse grupo.

— Como assim ‘’o obrigou’’?

— Ele faz de tudo para conseguir o que quer. E olha que Marion é apenas um visconde. Imagine se fosse um príncipe!

— Não seria nada agradável. Acredite... Eu já conheci um príncipe e não deu nada certo.

— Sério? Conheceu um príncipe?!

— Não fique animado, Bertoli. – Disse Simon, que acabou de entrar na sala. – Pessoas da realeza são um pouco... Difíceis de entender.

— Você também já conheceu alguém da realeza, Holmes?

— O meu pai é o melhor detetive do mundo. Foi contratado por todo o tipo de gente. E eu sempre dei um jeito para me meter no assunto.

— Pelo visto, você leva muita bronca em casa. – Falei.

— Bem... Meu pai fica bravo porque eu pego os casos dele. Minha mãe fica preocupada porque o filho dela nunca está onde deveria estar. E acho que o tio Mycroft não gosta muito quando eu invado a sala de trabalho dele. Então sim, eu sou muito castigado lá em casa.

Rimos.

— Deve ser divertido lá na sua casa, Simon.

— Defina ‘’divertido’’.

— Bom, você praticamente deve fazer a vida de Sherlock Holmes mais agitada.

— Ele devia ter pensado nisso antes da minha mãe ir até ele e dizer ‘’estou grávida’’. Mas, mudando de assunto, vamos comer? Acho que tem ótimas saladas no cardápio de hoje!

— Então vamos lá. – O jovem Montecchio sorriu.

Saímos da sala e caminhamos até o pátio. Era muito grande e havia muitas mesas espalhadas. A cantina ficava lá na frente, rodeada de alunos famintos. Bertoli me ajudou a escolher um entre tantos pratos. Era como um restaurante. Assim que colocamos tudo o que os nossos estômagos desejavam na bandeja, procuramos por uma mesa, mas todas estavam cheias. Até que encontramos uma que só havia um rapaz isolado sentado. Aquela mesa era a mais afastada das outras, parecia um bom lugar para quem quer ficar sozinho.

— Com licença. – Chamei.

O rapaz me encarou. Seu cabelo batia nos ombros e era castanho bem escuro, quase preto, assim como os olhos que encaravam o desenho recém-terminado em seu caderno. Usava um enorme casaco preto com uma gravata branca.

— Podemos nos sentar aqui?

— Claro. – Ele sussurrou. Levantou-se, mostrando que era muito alto, e começou a se afastar.

— Espere. Eu não pedi pra você sair. Eu quis dizer se podemos dividir a mesa.

— Hã... Podem ficar com ela. Eu já estava de saída. – E se afastou.

— Mas...

— Deixe-o, Rosete. – Disse Bertoli. – Aquele é o Nathan Gray. Tem depressão por causa do pai.

— E quem seria o pai dele?

— Dorian Gray. – Simon respondeu.

— Ah sim! O homem do retrato.

— Esse mesmo.

— Ouvi dizer que está desaparecido.

— E está. É complicado. Quem sabe a história dele, sabe que a situação é bem ruim. – Disse Bertoli.

— Entendo.

— Vamos comer. – Disse, se sentando.

Eu me sentei ao lado de Bertoli e Simon na minha frente.

— Então... Você é a filha do Fantasma da Ópera. – O jovem Holmes começou.

— Achei que isso já estava claro.

— E está. Mas eu adoraria saber o motivo de usar a máscara.

— Simon, eu já disse que não pretendo contar...

— Não precisa. Eu vou descobrir.

— Como? Com as suas habilidades de detetive?

— Me permite?

— Rosete, não... – Bertoli tentou me dizer.

— Não se preocupe, Montecchio. Eu estou brincando. Deixarei que você me conte, Rosete. Pode não parecer, mas sou paciente.

— Mas eu não. – O maldito Marion se aproximou. Mas ele não estava sozinho. Ao seu lado estava uma garota alta, um pouco musculosa, de cabelo escuro, rebelde e tão longo que ia até um pouco abaixo da cintura. Ela usava um casaco preto e grande que estava aberto, mostrando a camisa de abotoaduras branca, sua saia também era preta e ia até os joelhos e usava botas da mesma cor.

— Vejo que trouxe uma amiga. – Falei.

— Trouxe sim. Conheça Jasmine Hyde.

— Muito prazer. Quando conheci o visconde imaginei como seria o filho do Fantasma da Ópera. Estou surpresa que seja uma garota. E parece ser uma do seu tipo, Marion.

— É óbvio que não. Eu nunca me relacionaria com alguém ligado a aquele monstro.

Na mesma hora, eu larguei o garfo e me levantei.

— Rosete, acalme-se.

— Não se preocupe, Simon. Apenas perdi o apetite. Se me der licença...

— Não vá embora, Rosete. Já que é nova aqui, eu vim em paz.

— Ela é a valentona da escola. Tome cuidado com ela. – Bertoli sussurrou pra mim.

— Olha o que temos aqui. – Jasmine se aproximou de Bertoli, que tremeu na hora, interrompendo a minha fala. – Olá, Montecchio. Eu senti a sua falta nessas férias. Como foi?

— B...Bom...

— O que? Eu não ouvi!

— Foi... Legal... – O loiro estava segurando para não entrar em pânico.

— Vamos, Montecchio! Fale comigo como homem! – Ela puxou Bertoli pelo braço, obrigando-o a se levantar. A Hyde o segurava com força a pele delicada do Montecchio.

— Me solte, por favor!

— Largue-o! – Me aproximei, empurrando agressivamente Jasmine para longe do loiro. – Quem você pensa que é para assustá-lo dessa forma?!

— Sou a filha de Edward Hyde. Você conhece?

— Edward Hyde... Sr Hyde? Aquele que assustava Londres com os assassinatos?

— Esse mesmo. Meu querido pai, que, infelizmente, está preso no corpo daquele imbecil do Jeckll. Mas a gente aprende a esperar que ele volte, não é?

— Para o bem desta cidade, é bom que ele permaneça lá.

— Enfim... – Marion interrompeu a conversa. - Agora que se conhecem, acho que posso fazer você entender o que acontece quando alguém esquece o seu lugar, Fantasma.

— E o que acontece, visconde? Eu estou ansiosa para saber.

— Rosete... Você está se arriscando... – Simon sussurrou pra mim.

— Hei! – Jasmine se aproximou. – Se tem algum segredo, Holmes, por que não divide com a gente?

— Segredo? Eu não tenho nenhum segredo, Hyde. Estou quieto comendo essa salada aqui. – Simon voltou a se sentar, colocando um tomate na boca.

— Acho bom. E você, Montecchio. Vem cá. – Em um movimento rápido, que eu mesma nem percebi, ela puxou o Bertoli para si. Com uma mão, prendeu as mãos dele atrás das costas, e passou o outro braço pelo pescoço do loiro, que quase chorava de medo e desespero.

— Não! Por favor! Não faça nada comigo!

— Pare de chorar! – Ela ordenou.

— Deixe-o em paz. – Eu ia até ela, mas Marion me impediu.

— Se você se aproximar, eu a mando torcer o braço dele. E, acredite, vai doer.

— Pare com isso, Chagny! Está passando dos limites! Se tiver algo pra resolver, resolva comigo! Deixe o Bertoli ir!

— Só depois que me pedir desculpas.

— Pelo o quê que eu não me lembro?

— Por ter me humilhado na frente de todos da sala e por trazer o seu pai para minha cidade.

— Não vou pedir desculpas.

— Tudo bem. Jasmine, quebre o braço direito dele.

— Com prazer. – A morena sorria maldosa enquanto Bertoli começava a chorar de desespero.

— Não, não!

— Espere! – Gritei, fazendo-a parar.

— Mudou de ideia? – Marion sorria como se divertisse com a situação.

— De certa forma.

— Vai pedir desculpas?

— Não.

O Chagny fez uma expressão confusa.

— Então...

— Bertoli, fecha os olhos. - Ordenei

— O que? Por quê?

— Assim, doerá menos.

— HÃ?! Você vai me deixar...?

— Apenas feche os olhos e só os abra quando eu disser.

— Rosete...

— Anda logo, Bertoli!

Dava dó vê-lo chorar, acreditando que eu o abandonava, preferindo manter o meu orgulho a salvá-lo. No entanto, ele me obedeceu. Assim que fechou os olhos, suas lágrimas ficaram grossas, fazendo o meu coração se partir com a cena.

— Você é mais fria do que eu pensei, Fantasma.

— Um pouco. Mas tem uma coisa que eu quero que saiba, Marion.

— O que seria?

Na mesma hora, eu corri rapidamente até Jasmine e, num movimento rápido, eu pulei e aceitei o meu pé no meio da cara dela. Um golpe certeiro que me fez derrubá-la e soltar Bertoli, que abriu os olhos ao cair no chão.

— Eu também gosto de fazer as minhas próprias regras. Eu não vou pedir desculpas e não deixarei vocês machucarem o meu amigo.

Encarei Marion, que ficou surpreso com o meu ‘’ataque surpresa’’. Depois eu me aproximei de Bertoli, sentando-me no chão e segurei o seu rosto com as mãos.

— Rosete... O que você fez?!

— Salvando a sua pele. Agora se acalme. – Eu limpava o seu rosto angelical, secando as suas últimas lágrimas e arrancando o seu pequeno sorriso.

— Por que me mandou fechar os olhos?

— Corria o risco de você se mexer e eu acidentalmente acertá-lo ao invés dela. Sem enxergar, você ficou quieto.

— Achei que ia me deixar.

— Nunca duvide da minha amizade, Bertoli. – Sorri pra ele.

— SUA MALDITA! – Jasmine, muito possessa, se levantou, com a mão no nariz, que provavelmente esteja quebrado. – EU VOU ACABAR COM VOCÊ!

Ela começou a correr até a mim e Bertoli como um touro. Eu empurrei o loiro, tirando-o do caminho, e me levantei, tentando pensar rápido uma maneira de me defender, mas foi tarde e levei uma joelhada no estômago, sendo jogada contra a árvore próxima, sentido dor na barriga e, agora, nas costas. Jasmine se aproximou de mim de maneira ameaçadora.

— Eu vou adorar ver o que esconde por trás dessa máscara.

— Não ousaria.

— Você acha? – Quando eu vi a mão dela indo até a minha máscara, eu a protegi com as mãos. No entanto, a valentona segurou os meus pulsos e, com a outra mão, tentou tirar a minha máscara, onde, por baixo dela, eu já sentia uma dor alucinante.

— Fique longe! – Ordenei, obviamente não sendo ouvida.

Para a minha surpresa, Simon a empurrou, me salvando da maior.

— Não se intrometa, Holmes!

— Pode mexer comigo, mas com ela não!

— Perdeu a noção do perigo?

— Não sei. Quer me ajudar a descobrir? – Simon saiu correndo pelo pátio, sendo perseguido por Jasmine.

Levei a minha atenção até Marion, que assistia tudo com uma expressão fria. Eu me aproximei dele lentamente, com a mão na barriga, onde doía muito por causa da joelhada que levei. Mas, para essa briga, eu precisaria das duas mãos. Tentando ignorar a dor, voltei à postura e fui até o visconde.

— Nunca mais se aproxime de meus amigos. Ou eu juro que eu farei muito mal a você, visconde.

— Não tanto quanto farei a você, Fantasma.

— Normalmente, eu não uso violência, mas considere isso um aviso.

Eu fui dar um soco na cara daquele acastanhado imbecil, mas, para a minha surpresa, ele se defendeu, segurando o meu pulso.

— Normalmente, eu faço Jasmine castigar principalmente as garotas. Eu, como um cavalheiro, evito brigar com elas, mas posso fazer uma exceção pra você, que não é uma garota qualquer.

— Eu devia me sentir especial?

— Talvez.

Na mesma hora, ele me empurrou, fazendo-me cair de costas no chão. Marion ficou sobre mim, segurou o meu pulso com uma das mãos.

— Não só Jasmine, mas eu também quero ver o que há por trás da sua máscara. – Eu tentava tirá-lo de cima de mim, empurrando-o com o meu braço livre, mas sem sucesso. – O que deve ser? Uma deformação? Uma marca? Ou apenas acha que fica atraente assim? Se for isso, acredite, você não fica.

A briga chamou a atenção de todo o pátio. Alguns assistiam Simon fugir de Jasmine enquanto outros encaravam a mim e Marion.

Quando vi a sua mão ir até o meu rosto, me desesperei.

— Não.Me.Toque! – Com uma força que veio sei lá de onde, eu o empurrei para o lado, fazendo-o cair, e rapidamente fico sobre ele. O segurei pelo casaco, puxando-o para mim, obrigando-o a se sentar, deixando os nossos rostos bem próximos, tanto que eu podia sentir a sua respiração. – Perturbou-me o suficiente para um dia! Fique longe do Bertoli e nunca mais toque em mim! E nunca mais coloque as suas mãos na minha máscara!

— Ou o quê?! Vai me bater?

— Exatamente. – Sem nenhuma delicadeza, o empurrei, fazendo-o deitar-se na grama novamente. Dei vários tapas em seu rosto, deixando-o vermelho e marcado. Marion tentava me afastar, mas eu era mais forte.

— O que está havendo aqui? – Uma voz conhecida me fez parar. Eu encarei o dono da voz: Dante Fiction, que estava sério.

— Senhor... – Murmurei.

Marion me empurrou enquanto estive distraída. Assim nós dois nos levantamos, sempre encarando o homem de longos cabelos loiros.

— Simon Holmes, Jasmine Hyde, Marion de Chagny e Rosete Le Roux. Quero todos na minha sala agora. – Depois de dar a sua ordem, ele se virou, sendo seguido por todos que foram chamados, incluindo eu.

No primeiro dia de aula e já arrumo confusão...

Meu pai vai me matar... Se Dante Fiction não o fizer.

 


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Notas finais do capítulo

O que acharam dessa nova briga? Eu quero saber a opinião de vocês! Qual é a melhor? Essa ou da primeira versão!
Obrigada!
Beijos!
Até o próximo capítulo!



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