Itachi estava em meio a uma análise de um pedido para compra de matéria-prima, quando pancadas na porta o atrapalharam.

"Entre!" falou, sem retirar sua atenção do documento.

"Senhor Uchiha." Hinata se pronunciou e recebeu a atenção imediata de seu chefe. "O vice-presidente esteve em minha mesa há pouco." proferiu ao endireitar os papeis que carregava.

"O que ele queria." exprimiu o presidente, passou as mãos pelos cabelos lembrando do pequeno conflito entre eles.

"Ele me pediu para trazer esses impressos para que assinasse." Ela andou e posicionou os papeis em cima da mesa dele. "Relacionado aos funcionários."

“Ok.” O moreno abandonou seu trabalho anterior e olhou para os documentos em cima de sua mesa. Encontrou, próximo a eles, a bandeja que Hinata tinha trazido. “Hinata, por favor, leve essa bandeja e me traga uma aspirina.”

O moreno apanhou os papeis e os levou para perto de si. Bateu as folhas contra a mesa para endireitá-las a seu gosto. Enquanto o fazia, prestou-se a analisar a maneira rápida como a Hyuuga vinha para cumprir as suas ordens. Ao tê-la ao seu lado, posicionada para apanhar o objeto, seu nariz inspirou o aroma da fragrância que ela usava. Era um cheiro delicado e não muito doce.

"Seu perfume é cheiroso." admitiu o Uchiha.

Hinata parou instantaneamente, os olhos arregalaram e o rosto adquiriu um tom avermelhado. Ela engoliu a saliva com dificuldade e virou a cabeça em direção a Itachi, encontrando os olhos profundos e escuros dele. Os olhares se conectaram de forma intensa, fazendo o tempo parar para ambos. O Uchiha a encarava e não pôde evitar lamber os lábios ao tentar levar ar aos pulmões. Continuaram se contemplando por mais tempo. Então Hinata piscou para amenizar a ardência nos olhos. Isso os fez retornar à realidade. Ela desviou sua atenção do chefe e tratou de pôr distância entre eles. O presidente, reconhecendo toda a situação ocorrida, pigarreou buscando uma caneta no porta-lápis.

"Obrigada." Ela pronunciou, tentando amenizar a situação.

“Não foi nada.” Respondeu, ao direcionar, brevemente, a atenção à funcionária.

"Com licença." Hinata disse.

Ao escutar a pronunciação, Itachi a espiou sair e levantou a cabeça, por completo, quando ela já não estava mais presente. Olhou para a porta e perdeu-se pela extensão do objeto. Sua mente vagava pelos diversos pensamentos em sua cabeça. Apertou a caneta em suas mãos e mexeu o maxilar duas vezes. O que estava acontecendo comigo?, pensou ele, retornando aos seus deveres. Esfregou os olhos e começou a investigar a espessura dos documentos. Percebeu que não eram muitos e iria dar tempo de assiná-los até Hinata retornar. Fez o bico da caneta prateada aparecer e deu início ao seu trabalho. Não demorou muito e todos já estavam devidamente rubricados.

"Senhor Uchiha, aqui está o remédio que me pediu.” Ela adentrou o local segurando uma cartela de comprimidos junto a um copo de água.

Itachi pegou o medicamento das mãos de sua funcionária. O contato entre as peles fez as mãos do presidente tremerem. Tomou o remédio e, para não sentir aquela mesma sensação de antes, colocou o copo perto dos papeis para depois dizer:

"Já assinei, pode levá-los para a secretária do vice-presidente." O moreno ressaltou a palavra secretária.

*******

Em seu relógio de pulso marcavam dezoito horas e vinte e sete minutos. Navegava pela tela do computador na caixa de entrada do e-mail da empresa. Existiam várias mensagens de fornecedores, clientes, convocações e dentre outros assuntos.

"Nem parece que li todas os e-mails ontem." comentou consigo mesmo.

Estava prestes a separar quais eram os mais imediatos, quando o telefone se deu o trabalho de tocar. Tirou sua atenção da tela somente para puxar o aparelho e o aproximar do ouvido.

"Alô." pronunciou ao mesmo tempo que abria uma mensagem.

"Senhor, já estou com a relação das peças." Hinata comunicou e isso fez Itachi parar seus atos. "Devo enviá-las…"

“Não ” Itachi interrompeu. ", traga-as para mim. Eu mesmo vou fazer, é um de nossos melhores clientes, não quero que nada dê errado."

"Como quiser, senhor. Estou a caminho." Ela finalizou a chamada.

Veloz e ágil, o presidente largou o telefone perfeitamente no encaixe do gancho e retornou a tela do computador. Posicionou seus dedos pelo teclado do computador e começou a digitar uma resposta para um dos e-mails.

"Aqui está."

Itachi levou um pequeno susto ao escutar, sem prévio aviso, a voz de Hinata. Direcionou seu olhar à secretária, a qual estendia as folhas em sua direção. Tomou-lhe os papeis e os manuseou um por um, averiguando seu conteúdo. Juntou-as e proferiu: Ótimo. No entanto, não conseguiu continuar o seu trabalho, pois foi interrompido pela mulher ainda presente na sala.

"Senhor, eu queria te pedir uma coisa."

"Peça." O Uchiha respondeu, em tom desconfiado.

"Eu…" A secretária juntou as mãos por trás do corpo. "Eu poderia sair mais cedo hoje? Aconteceu uma coisa no meu apartamento e…”

"Não precisa me dizer." Arregaçou as mangas do terno para revelar o relógio de pulso, estreitou os olhos e o observou. "Como está perto do horário, está liberada. Mas, não se atrase amanhã."

"Pode deixar! Muito obrigada!" exclamou alegre e, em seguida, se retirou.

Itachi levantou uma das sobrancelhas, questionando as ações agitadas de sua secretária. Liberou um sorriso de canto enquanto balançava a cabaça devagar.

*******

Depois da saída de Hinata, Itachi não conseguiu ficar muito tempo na empresa. Sua mente o traiu em meio a seus afazeres, impregnando sua cabeça com a ideia de ir até a boate e procurar por ela.

Ao entrar na casa noturna, Itachi sentou-se no mesmo lugar onde a tinha encontrado na noite anterior. Desta vez, preferiu não beber e passou a percorrer todo o lugar com os olhos, se concentrando para poder detectar a presença da mulher.

Procurou, várias vezes, por cada canto do lugar e não obteve sucesso em sua busca. Resolveu parar, o que adiantaria ficar desesperado para achá-la? Talvez, ela nem viesse, pensou. Por fim, decidiu apenas apreciar o toque da música. Relaxou e prestou atenção nas pessoas do salão. Umas dançavam loucamente, outras só curtiam a canção.

Outra vez, decidiu procurar e, em um canto mais afastado à sua direção, ele pousou sua atenção em uma única pessoa. A íris ônix brilhou tanto quanto a de uma água ao visualizar uma presa.

Ela conversava com um homem.

Mesmo atrapalhado pela distância, seus olhos se estreitaram e ele a estudou como podia. O vestido que usava pareceu ser mais comprido e justo ao do anterior. O cabelo brilhoso ficava preso pela parte de cima, deixando a outra metade dos fios soltos. A boca estava destacada com o tom de vermelho e seu corpo ainda mais chamativo. Tirou a visão da mulher por alguns instantes para chamar o barman. Talvez, alguém pudesse informar quem era ela, pensou o moreno.

"Você trabalha há muito tempo aqui?" Itachi perguntou.

"Sim senhor."

"Conhece aquela mulher? Aquela conversando com o homem loiro… e um ruivo." Apontou-nos surpreso. Desviara sua atenção por um milésimo e já havia outro homem ao lado dela.

“Hum.” O funcionário da boate passou a mão pelo queixo. “Eu não trabalho todos os dias aqui. Mas, eu nunca a vi. Só hoje.” Depois de um tempo em silêncio e, ainda observando a mulher, o barman falou:

“Bem bonita!”

"Demais." Respondeu, ligado nas ações dela.

Em um curto espaço de tempo, após sua conversa com o barman. Notou-a se afastar dos homens ao seu redor com um belo sorriso no rosto. Constatando esse fato, agradeceu ao rapaz e, sem demora, partiu para alcançá-la. As batidas do coração aumentaram, assim como seu nervosismo. Cada passada entre as pessoas o deixava mais desesperado para tê-la perto de si. Os brilhos dos holofotes batiam de vez em vez em seu rosto, mas ele não se importou. Seu objetivo era não perdê-la.

No meio do caminho, como se Deus estivesse o ajudando, ela se virou e o encontrou. Itachi acelerou o caminhado quando se passou a ideia dela sair correndo como na noite passada. No entanto, ao vê-la parada como se o esperasse, deixou-se desacelerar os passos. Chegou ao lado dela sem saber muito bem o que dizer.

"Eu não acredito! Você aqui de novo?" Ela riu com mais intensidade, colocando a mão esquerda na cintura.

"Está surpresa?"

“Não muito. Na verdade, eu já esperava que viesse.” Ela disse, direcionando seus olhos claros a Itachi.

O Uchiha também a contemplou e nessa troca de olhares, ele viu sua oportunidade de agir. Pegou o braço fino da moça e o puxou para si com um pouco de força. Os corpos se aproximaram e ela quase caiu, porém o moreno a agarrou pela cintura evitando tal acontecimento. Ele lambeu os próprios lábios e os pousou sobre os dela, como se necessitasse disso para sobreviver.

O som da música tinha desaparecido. Itachi largou-lhe o braço para pousar a mão livre na lateral do rosto. Experimentou a suavidade da pele da bochecha e se deliciou com a sensação. Sentiu as mãos dela encostarem em seus ombros e rodearem seu pescoço. O Uchiha pediu passagem para intensificar o beijo, ao mesmo tempo que a puxava para mais perto de si. Percebeu a boca dela abrir, dando-lhe total acesso. O encontro das línguas foi inevitável. As batidas do coração dele aceleraram. As mãos percorreram toda a face e a cintura para não esquecer das reações de seu corpo ao tocá-las. Em sua cabeça se passava a ideia de aproveitar cada segundo antes de tudo terminar.

As batidas da canção foram retornando à sua audição. A boca dele gelou de imediato ao ter perdido o contato. O seu corpo ficou ainda mais pesado ao perceber o afastamento da mulher em seus braços e o vazio se formando ao seu redor.

"Ficou maluco?" Ela disse, após o término do beijo, abismada, respirando todo o ar que podia.

"Fiquei." Itachi disse, na mesma situação da mulher. "Eu quero você!" Retornou a beijá-la, mas desta vez ela não o correspondeu.

“Largue-me!” Desfez o contato entre as bocas. “Eu não sou seu brinquedo.”

O barulho da bofetada foi acobertado pelo som do local. Mas, Itachi pode sentir a intensidade da dor. Esfregou a mão pela bochecha e ficou parado sem entender absolutamente nada.

“E não ouse me seguir outra vez ou não sei o que sou capaz de fazer!” Ela finalizou, antes de dar-lhe as costas e sair de perto do moreno.