Ligações Perigosas escrita por Maria Gellar


Capítulo 9
Desconhecidos


Notas iniciais do capítulo

Oi, meus amores! Fiquei muito feliz com o feedback do cap passado e espero que vcs gostem desse também hehehe

Vamos acabar com o suspense sobre o que aconteceu com a Anne...



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Abri meus olhos lentamente. Minha cabeça estava pesada. Então, percebi que eu estava sentada numa cadeira que parecia ser de ferro. Levantei minha cabeça, como num reflexo, e vi que eu estava em um lugar desconhecido. Era uma casa baixa com paredes de concretos e contei três pequenas janelas que eram praticamente só uma abertura para circulação de ar de tão pequenas que eram. A parede estava escura e suja, ali dentro estava com pouca iluminação, apenas com uma lâmpada fraca. Avistei uma porta de metal e uma mesa em que estavam duas armas – estilo pistola, acredito, não sou conhecedora de armas de fogo – cordas, fita adesiva um cinzeiro com dois cigarros pela metade e apagados.

Tentei me levantar, mas não pude. Minhas mãos estavam amarradas uma na outra, por uma corda, e meus tornozelos presos nos pés da cadeira por outra corda. Estava apertado, mas não me machucava muito, só impedia movimentos.

Pensei em pedir ajuda, mas foi quando notei uma cola pegajosa em meus lábios: eles colocaram uma fita adesiva sobre a minha boca. Revirei minha mente tentando me lembrar como eu fora parar ali. A última coisa que me lembrava, era de estar esperando o Uber a alguns metros do Starbucks.

Olhei por todos os cantos, mexendo minha cabeça deliberadamente. Então, ouvi algo...

— Ora, ora, a bela adormecida acordou. — uma voz grave e nem um pouco familiar disse ao abrir uma porta pesada de metal.

Um homem todo vestido de preto e com uma máscara de pano na cabeça a qual só deixava exposta os olhos, apareceu de trás de mim. Pôs-se à minha frente e escondeu as mãos atrás das costas.

Me sacudi na cadeira, e estreitei meus olhos, tentando mostrar minha raiva e minha indignação no momento.

Diante da minha reação, ele se inclinou para mim, ficando no nível dos meus olhos.

Ele me olhou profundamente com ameaça.

— Vamos nos acalmar, colega. Não queremos que ninguém te escute, certo? — o misterioso homem deu uma risada, e reparei que não tinha apenas a risada dele, mas sim de outra pessoa. Tinha mais alguém ali, e devia estar atrás de mim, pois eu não vi mais ninguém no meu limitado campo de visão do ambiente.

— A parada é o seguinte: nós somos apenas dois caras que não conseguiram se dar bem na vida como todas as outras pessoas fazem, trabalhando. Então, nós fazemos alguns serviços particulares para pessoas muito poderosas e o trabalho da vez é você. Fomos contratados para te manter em cativeiro até o seu pai dar o que nosso chefe deseja. Finalmente, vamos saber quanto custa a vida de uma mimadinha de Nova Iorque.

Estreitei meus olhos mais uma vez, tentando intimidar e ignorando seu discurso mórbido. Ele não mudou de posição, continuou me fitando com seus olhos verdes ameaçadores.

— Agora, escute bem — continuou — Nós vamos ligar para a sua casa, e você vai falar exatamente o que nós mandarmos, ok? Caso contrário, você sofrerá as consequências. E nós realmente não queremos te machucar. — senti certo sarcasmo em sua voz e ele continuou — Estamos nisso somente pela grana.

Assenti com a cabeça. Mais por pânico, do que por concordância, óbvio. Estava com medo. Não sabia o que aconteceria comigo. Ou pior, o que aconteceria com os meus pais.

Com um puxão, ele arrancou a fita adesiva de minha boca. Doeu. Apertei um pouco meus lábios e molhei-os, pois estava com a boca dormente.

Ouvi as instruções do sequestrador com atenção, pois não queria cometer nenhum erro, não iria colocar tudo em risco. Não dessa vez. Meus pais já sofreram muito por minha causa. Eu sou a bomba relógio da família. Com o cronômetro pronto para ser zerado e a bomba explodir.

Fiquei abismada quando o sequestrador terminou de narrar o que seu chefe objetivava ganhar com meu sequestro.

— Cinquenta milhões de dólares?! — falei com espanto — Meu pai não tem todo esse dinheiro!

Os dois homens soltaram uma gargalhada em uníssono.

— Se você acha que seu pai não tem todo esse dinheiro, você sabe menos sobre o negócio da sua própria família do que imagina...

Fiquei sem resposta. Eu realmente acredito que meu pai não tenha cinquenta milhões de dólares embora eu nunca tenha checado a contabilidade dele ou me envolvido com a empresa. Mas qualquer pessoa sensata concorda que cinquenta milhões de dólares é um valor absurdamente alto, um valor que somente uma superpotência mundial poderia bancar, mas não o dono de uma construtora. Por mais bem-sucedida que ela fosse.

Face o meu silêncio, o homem com a cicatriz na boca perguntou, agora sério:

— Entendeu tudo?

Fiz que 'sim' com a cabeça.

— Ah e não tente nenhuma gracinha, está me entendendo? — apontou o dedo para mim — Sua sorte é que nosso chefe não é fã de violência e tortura...

Ele discou o número de minha casa, e segurou o telefone próximo de mim. Tinha colocado no viva-voz. Tocou apenas uma vez.

— Alô? Anne, é você?! — era meu pai com uma voz apreensiva e afobada.

— Oi pai, sou eu! — respondi com a voz fraca.

— Anne, minha filha, onde você está? Estamos preocupados, a sua mã...

— Pai, pai, me escute! — interrompi-o, nervosa — Não fale nada, só me escute. Eu fui sequestrada, mas eu estou bem, não fizeram nada comigo. Agora preste atenção, eles me mandaram dizer que somente irão me libertar se você... — eu hesitei por um momento — Bem, eles querem cinquenta milhões de dólares como resgate. O valor deve ser depositado numa conta na Suíça que será passada depois quando eles ligarem novamente. Também disseram para não envolver a polícia. — minha voz ficava cada vez mais fraca — E pai... eu te amo. — comecei a chorar.

O telefone foi bruscamente afastado de mim. O sequestrador encerrou a ligação.

— Que comovente, amor de pai e filha. Eu ficaria muito triste se esse fosse o último telefonema de vocês, por isso, te aconselho a seguir as instruções.

Ele desligou meu telefone e jogou para o cara que estava atrás de mim.

— Bom trabalho — disse, apertando minhas bochechas de leve.

Sacudi a cabeça bruscamente, tentando me livrar de suas mãos sujas e frias. Me ajudaram a desprender da cadeira, mas deixaram minhas mãos amarradas. Conduziram-me até outra porta dentro da “casa”. O outro que não estava me segurando, abriu-a.

Olhei por um instante o novo cômodo. Havia um colchão todo rasgado e sujo no chão, com um travesseiro amarelado feito por um mofo. Havia sujeira por toda a parte. Notei uma pequena janela retangular de vidro, que estava bem distante do meu alcance – por que eu tinha que ser tão baixinha? A luz era fraca, tornando o ambiente mais assustador.

Aquele colchão não significava era boa coisa. Significava que eles pretendiam me manter em cativeiro quando tempo fosse necessário.

Um deles me desamarrou, e antes que eu pudesse pensar em correr ou me defender, empurraram meu corpo violentamente para dentro do terrível cômodo e bateram à porta. Trancaram. Fechei minhas mãos em um punho e bati fortemente na porta.

Ouvi risadas do outro lado. Me virei e encostei na porta de costas. Escorreguei lentamente até o chão, me sentando e dobrando os joelhos. Apoiei minha cabeça na porta e comecei a chorar de modo intermitente.

Não sabia o quê fazer. Não sabia o que ia acontecer. Talvez eu nunca mais voltasse para casa. Talvez eu nunca mais iria ver ele. Talvez meus pais sofram as consequências por minha causa. Talvez eu morresse. É, essa parecia a alternativa menos dolorosa. Eu só trazia problemas para todos à minha volta.

Argh, me sentia tão culpada. Eu mereço esse sequestro. Mereço tudo que, obviamente, irei passar aqui. Mas e se meu pai concordar? E se ele realmente pagar o resgate de cinquenta milhões?

O sacrifício de anos jogado fora... E tudo porque eu fui sequestrada. Besta, estúpida, retardada. Por que você tinha que perambular pelo centro sozinha quando todos te avisaram para simplesmente não fazer isso? E pior: andar sozinha quando o seu pai está investindo em proteção particular para você!

Todos esses pensamentos só faziam eu me sentir mais culpada.

•••

Fui me arrastando até o colchão surrado, que não ficava muito longe da porta. Joguei-me sobre ele, fiquei de barriga para baixo e cruzei meus braços abaixo da cabeça. Escondi meu rosto ali. As lágrimas não paravam de escorrer. Já sentia meus olhos inchados de tanto choro. Nem acabei reparando que estava muito cansada e meus olhos se fecharam. A escuridão se formou e adormeci sem saber se acordaria no outro dia.

Senti uma luz forte sobre meus olhos. Abri-o rapidamente e piscando rapidamente por causa da forte iluminação. Era o sol passando pela estreita janela retangular que havia sobre a minha cabeça. Cocei os olhos. Me levantei e dei uma chacoalhada no cabelo que estava liso e um pouco arrepiado. Visualizei o cômodo e parei meu olhar ao lado do meu colchão. Havia um sanduíche fechado com um plástico transparente e um copo d'água. Peguei o sanduíche. Abri-o ansiosamente. Eu estava com fome. Examinei todo, vendo se não havia alguma substância suspeita. Parecia limpo. Dei uma mordida bem devagar. Hm estava bom. Acho que era a fome mesmo. Comecei a comer muito rápido, estava faminta. Bebi um gole em cheio da água. Terminei meu 'café-da-manhã' e passei a mão na boca, limpando qualquer resíduo que estivesse ali. Passei a mão nos cabelos e fiquei de pé. Coloquei minhas duas mãos no bolso de trás da minha calça jeans.

Fiquei andando de um lado para o outro.

Impaciência, era isso que eu tinha. Somente isso.


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Notas finais do capítulo

EITA! Não é que ela foi sequestrada mesmo?! Onde está DK?
Aguardem cenas dos próximos caps ahahaha
Beijos no coree ♥



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