Ninguém deveria passar o Natal sozinho escrita por Caderno Azul


Capítulo 2
II


Notas iniciais do capítulo

Soundtrack sugerida: Wild Horses - Birdy / Home is where the heart is - McFly



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— Carta para Conl!
O couro cabeludo antes luminoso de Daniel se voltou para a portinhola por onde lhe passavam as refeições. Agora, os cabelos molhados pelo suor grudavam na nuca do sonserino que lutava para conseguir chegar até onde o tímido envelope se insinuara.
Franzindo a cenho logo reconheceu a caligrafia elegante de Hermione e com o desespero que se assemelhava ao de um cachorro que não via o dono há meses, abriu sem nenhum o cuidado o envelope. De lá, saiu uma foto e um pergaminho. A foto guardava o trio de Hogwarts: ele, Hermione e Draco. Os dois ameaçavam alcançar um ao outro por algo que Daniel dissera enquanto a garota lutava para separá-los revirando os olhos. Não tinha mais de cinco anos que aquela foto havia sido tirado, mas parecia décadas atrás.
Na carta a letra de Hermione se derramara de tal modo pela folha que Daniel quase conseguia visualizar a escrevendo, de seu jeito cuidadoso de sempre:

Daniel,
nem preciso dizer que estou morrendo de saudades de você. Draco não para de perguntar onde está o cretino do amigo. Até ele admite vez ou outra que é humano e tem capacidade de sentir saudades.
Tenho grandes novidades, mas não quero que as recebo por carta. Tenho grandes esperanças que será apenas questão de tempo até conseguirmos um novo julgamento para você. Acredite ou não, mas Harry realmente abraçou a sua causa. Será que acabou não fazendo um novo amigo?
Tenha um pouco de fé, às vezes só o que precisamos é isso.
Um grande abraço,
Hermigatinha

— Hermigatinha? - sussurrou Daniel incrédulo, sabendo que a amiga nunca gostou do apelido.
Algo não fazia sentido. Primeiro que aparentemente uma Hermione muito bêbada parecia ter escrito aquela carta, a garota que ele conhecia jamais se permitiria ser tão otimista. Olhou mais uma vez para a foto e foi com surpresa que encarou uma Hermione lhe piscando o olho. Mas o quê? Há segundos atrás ela não estava fazendo cara feia? Olhou novamente para a carta e com espanto reparou que as palavras mudavam.

Daniel,
a foto que veio com a carta é uma Chave do Portal, e ele vai te levar até um lugar seguro, onde te aguardo. À meia noite segure a foto e ela vai quebrar todos os bloqueios de Askaban, estou certa disso.
Ninguém deveria passar o Natal sozinho. Nos vemos em muito breve, Dan.
Um grande abraço,
Hermione
(vai sonhando que algum dia eu assinaria com aquele pavoroso apelido que me deu)

Daniel fechou os olhos. As batidas do relógio indivacam que faltavam apenas dez segundos para a meia noite. Era hora de agarrar a sua chance de sair daquela prisão. Era hora de tomar posse de sua liberdade.
Mas não. Daniel balançou a cabeça, ainda sem acreditar no que estava prestes a abrir mão. Se aproveitasse a chance, passaria o resto da vida como foragido. Seria como se dizer culpado. Não, ele não viveria como um cão escondido. Não.
Se o que Hermione estava lhe oferecendo era uma liberdade provisória, isso era muito pouco para ele. Que Askaban fosse então sua última morada, mas ele, Daniel Conhl morreria com alguma honra. E talvez o máximo de honra que era permitido a um sonserino deagraçado como ele desfrutar seria como um prisioneiro numa cela de Askaban. Que assim seja.
Mas ele não seria uma foragido. Não seria prisioneiro da própria mente. Ninguém deveria passar o Natal sozinho, pensou, soprando as mãos buscando algum conforto. Bom, pensou ele enquanto via a foto aparatar sozinha, ele só podia esperar que algum dia seu sacrifício fosse valer a pena. Se não, concluiu sorrindo, seria o sonserino mais malditamente grifinório que já passou por aquela prisão.
—Que hora pra criar moral, Daniel.. que hora..

Há vários quilômetros dali, uma jovem apreensiva segurava a foto de três amigos que juraram nunca abandonar os outros. Mas o que fazer quando um amigo resolver abandonar a si mesmo?


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Notas finais do capítulo

Obrigada para quem chegou até aqui!
Beijos



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