— Eu falei que era pro senhor ter virado naquela ruas lá trás.

— Não importa, aqui vai chegar do mesmo jeito.

— Isso é pressa dela pra ver o Sasuke tio, liga não.

— Deixa disso, Ino!

Mas era verdade, parecia que o tempo só fazia com que a saudade crescesse mais rápido do que no início do namoro quando ficavam sem se ver.

— Ah a adolescência… mesmo depois de meses de namoro ainda ficam apressados. - no volante Kizashi riu. - Aliás, acho que já deu Sakura, já teve sua experiência, pode terminar.

— Tá, se eu terminasse quem mais sentiria falta do Sasuke era você.

— Que calúnia! - ele esbravejou, enquanto Ino prendia a gargalhada.

— “Ah Sakura, acha que o Sasuke pode vir aqui assistir a disputa de cinturão na próxima semana? - ela falou, engrossando a voz para se assemelhar a de seu pai - Nossa, esqueci que vocês terminaram… Quem será que posso chamar pra ver comigo?”

— Como você é engraçada… - um bico, aquele que ela tinha herdado, se formou no meio da barba enquanto ela ria junto de Ino. - Pronto, chegamos. Vai lá correndo pro seu príncipe encantado.

— Hoje é meu cavaleiro do zodíaco. - ela deu um beijo na sua bochecha, antes de pular para fora do carro - Tchau pai!

— Tchau, se cuidem. E mande um abraço pro Sasuke.

Hoje era até engraçado ver como Kizashi gostava de Sasuke. Foram seis semanas de namoro até Dona Mebuki se irritar e obrigá-lo a ficar um sábado em casa para um jantar, que por muito pouco não se tornou um desastre. Primeiro Sasuke se atrasou, coisa que ele odeia, a pequena Hellihar tinha uma competição e ele esqueceu o tempo enquanto a treinava, para ajudar o ônibus pegou um pequeno trânsito, quase meia hora depois ele chegou em seu prédio, o porteiro novo tentou o interfone de cinco apartamentos diferentes até acertar o seu, e sua mãe esqueceu o arroz no fogo alto, que acabou grudando um pouco na panela. Quando atendeu a porta do seu apartamento encontrou Sasuke ruborizado e se tremendo, ele parecia um robô se movimentando e até o beijo simples foi mecânico. Seu pai se levantou na melhor pose imponente que tinha, fazendo uma expressão séria enquanto trocavam um aperto de mãos, por sorte Mebuki chegou com toda aquela facilidade que ela tinha de estabelecer diálogos e conseguiu quebrar o clima, já que ela mesma estava perdida sem saber pra onde correr. Até que ela pediu a mochila de Sasuke pra guardar no quarto, seu pai colocou o olho em três letras mágicas, UFC, e a noite andou. A previsão dela e de sua mãe não poderiam ter sido melhores, seu pai estava encantado com o “ótimo rapaz que ela escolheu”.

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Na fila de entrada mandou uma mensagem para Sasuke que já estava chegando, algumas pessoas perguntavam qual era o seu cosplay ou onde estava o seu Shyriu, inclusive um menino com um cospobre se ofereceu para ser seu par, ela riu e recusou falando que seu par já estava a esperando. E por sorte Sasuke não tinha visto aquilo ou morreria de tanto inflamar ciúmes, como Ino fez questão de completar.

Depois de quase um ano isso tinha melhorado muito, mas Sasuke tinha seus momentos de ciúmes, coisa que ela não gostava e parecia incomodar até mesmo ele. Graças a essa característica ele quase brigou uma vez com Neji, ela estava sentada num dos bancos perto da piscina esperando o namorado chega quando viu seu amigo passando tristonho. Chamou o garoto pra uma conversa, e ele acabou contando uns problemas que estava tendo no namoro graças a possessividade da menina e revelou que estava pensando em acabar, já que as conversas não estavam mais dando resultados. Ele acabou com os olhos marejados, gostava muito dela, e Sakura o abraçou tentando passar um conforto, para seu azar Sasuke chegou no exato momento que Neji se soltou, dando um beijo na bochecha para agradecer. Quando notou, as mãos de Sasuke estavam enroladas no colarinho da camisa de Neji, que tentava buscar um equilíbrio nas pernas pelo susto. Bastou uma ordem bem firme para o moreno soltar a blusa, ainda calado mas sem parar de fuzilar o outro, Neji pediu desculpas e falou que era um mal entendido e pra piorar, soltou uma piadinha fora de hora tentando aliviar o clima, Sasuke quase avançou pra cima achando que era uma provocação, mas ela impediu.

O terceiro mês de namoro e eles tiveram a primeira conversa séria, pra não dizer discussão. Naquele banco mesmo Sasuke escutou seu sermão, de cabeça baixa enquanto ela contava que percebia todas marcações de território que ele fazia depois que ficou sabendo do Lee e desaprovava aquele comportamento. Explicou a situação de Neji e como a amizade dos dois era antiga, aproveitando da história para dar o que Ino chamou de “um grande cheque Matte".

—  Veja que Neji tá pensando em terminar por conta de possessividade e ciúme, mesmo gostando dela, nenhum dos dois é saudável num relacionamento. Não fique achando que eu vou tolerar esse tipo de coisa, porque não vou.

As duas semanas seguintes foi de um Sasuke extremamente desconfiado que tentava pedir desculpas por gestos cada vez que se sentia mal. E ele realmente começou a se esforçar para melhorar, o que foi complicado já que era a primeira vez que sentia aquele tipo de coisa por alguém, mas no fim se saiu muito bem. O que um susto no início do namoro não faz, como disse Mebuki.

Foi o que ela sentiu nos meses seguintes. Em janeiro os resultados de vestibular haviam saído e ela era só sorrisos quando viu que Sasuke tinha conseguido a bolsa na faculdade que queria, e ele totalmente contente por iniciar seu curso de fisioterapia. O primeiro mês tinha sido tranquilo, todo dia conversavam à noite sobre as novidades da nova fase, ele respondia suas perguntas dos novos colegas, os professores e qualquer coisa que surgisse em sua cabeça.

Em março que ela provou o gosto do ciúmes. Naruto conseguiu uma vaga de desistência no curso de direito, bem na época das festas de calourada, ele quis ir para todas e arrastou Sasuke junto para pelo menos metade delas. No final ele conheceu várias pessoas novas, muitas fotos no Facebook e Instagram, e garotas, lindas e algumas mais velhas, com solicitação de amizade.

Privacidade era algo que ela e Sasuke prezavam, além de confiar um no outro, porém não deixava de se incomodar e aquilo estava matando sua paz. Em um sábado de abril Sasuke perguntou o que ela tinha, estavam sentados em um balanço no quintal da casa dele vendo as fotos do Naruto num churrasco perto da faculdade, uma morena de olhos claros estava sentada do seu lado, era uma tal de Hinata que tinha adicionado Sasuke duas semanas antes, e marcado ele em algumas fotos. O corpo desenvolvido e o rosto maduro lhe assustaram, fechou o semblante, porém acabou falando que estava um pouco incomodada com alguma dessas novas amizades que ele tinha adquirido.

Para sua fúria ele riu, falando que tinha percebido isso à algum tempo, mas ela não tinha que se preocupar. Hinata mesmo estava interessada em Naruto, o que ele fez questão de deixar claro que não entendia como alguém que já estava no quinto período ficava de olho logo naquele calouro idiota. Mesmo assim ela não se sentiu segura, perguntou se alguma garota tinha tentado algo com ele, Sasuke como sempre foi sincero, disse que sim, mas tinha dispensado na mesma hora e fazia questão de deixar claro para todo mundo que conhecia sobre seu namoro.

“- Eu estou com você e não tenho pretensão de mudar isso, me sinto perfeitamente satisfeito. - ele tinha a abraçando, escondendo o rosto em seu cabelo enquanto sussurrava - E completamente feliz também.”

Aquela pequena declaração encheu seu coração, a sinceridade e simplicidade de Sasuke quando falava era uma das coisas que a levava a confiar que ele não mentia. Depois mais calma conseguiu ver melhor a situação, das quatro festas que ele tinha ido todas foram de última hora, sempre com Naruto o arrastando depois de ter sido convidado por um veterano, mesmo que ela não pedisse era avisada antes dele ir, e quando chegava em casa, nunca exageradamente tarde, seu namorado sempre mandava um áudio, até nas fotos não tirava a cara de tédio e as mãos do bolso.

Provavelmente para tirar qualquer dúvida que tivesse restado de sua cabeça, ele a convidou para ir em uma festa duas semanas depois, tinha sido um convite de Hinata que estava investindo fortemente em Naruto. Ino a ajudou com a roupa quase socando sua cabeça quando ela não abandonou o All Star, até porque para Sakura o vestido preto já estava bom demais, seus pais ficaram meio preocupados, mas seu idolatrado namorado garantiu a volta em segurança. No final foram quatro horas de festa bem divertidas apesar de que estar num ambiente muito cheio não era o que estava acostumada, Sasuke não saiu do seu lado nem por um instante, e qualquer pessoa que chegasse perto já parecia a reconhecer. No final ele que pediu para ir embora, estava cansado e teria que trabalhar no outro dia, mas no Uber confessou que era porque estava louco para zerar o Final Fantasy que finalmente tinha comprado, o que fez Sakura rir, afinal aquele era Sasuke, seu nerd, adorador de artes marciais, e introspectivo namorado.

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— Para minha Shunrei. - ela mal tinha chegado perto e ele estava estendendo uma flor, indêntica a do anime.

— Muito obrigado, meu cavaleiro. - ela pegou, ajeitando a flor na longa peruca preta, recebendo em seguida um pequeno selinho.

Ino já tinha batido umas cinco fotos só daquele momento, a loira era rápida quando o assunto era k-pop, fofocas escolares e fotos instantâneas. Com as mãos na cintura Sakura deu passo para trás olhando a roupa de Sasuke, sem se importar que as bochechas do namorado coraram quando ela circulou seu corpo olhando cada pequeno detalhe. Mas ela não podia deixar de se orgulhar, aquela era uma réplica quase que perfeita da Armadura de Dragão Ômega, o azul marinho do macacão, que não poderia deixar de admirar como tinha valorizado os músculos no corpo dele, e as placas de metais verdes e os longos cabelos escuros transformava-o no perfeito Shiryu.

Naquela hora sentiu um alívio por não ter desistido de fazer o cosplay. Era seu último ano no colegial e mais do que nunca estava estudando feito louca para os vestibulares, deixava de visitar Sasuke para estudar, ele era compreensivo quanto a esse tipo de coisa, não cobrava atenção quando não poderia dar, ou fazia disso um problema no relacionamento, talvez porque ele tivesse acabado de sair daquela experiência.

Perdeu a conta dos finais de semana que estudavam juntos, os dois na sala de sua casa ou na dele, ela com as apostilas do cursinho e ele com o notebook fazendo algum trabalho da faculdade. Quando não, ele passava horas explicando as matérias que ela mais tinha dificuldade, mesmo que não fosse muito melhor do que ela em física. No meio de um dia assim que ela perguntou se poderiam adiar o cosplay, ainda faltava meses pro evento, porém não tocavam em nada do preparo das suas roupas em semanas, ele concordou, pois estava pensando na mesma coisa. Até que surpreendentemente Mebuki surgiu dando um sermão e falando que era pra eles fazerem sim, pois todo aquele estresse precisava ser descartado de alguma forma. O melhor conselho que ela pode dar em anos, porque a confecção das roupas foi o que salvou Sakura de ter um colapso nervoso e crises de choros em diversos momentos.

Os vestibulares estavam chegando e ela ainda estava uma pilha de nervos, porém acaba rindo sempre que lembrava de uma trapalhada quando saindo para comprar material, dos dedos furados por agulha ou a correria que foi no dia que ela cortou a perna brincando com uma das placas da armadura e Sasuke saiu correndo desesperado com ela nos braços enquanto esperava o Uber chegar na porta. Uma hora depois ela saia da emergência de um posto com um pequeno curativo e uma enfermeira rindo escandalosamente de Itachi dando uma bronca, muito falsa por sinal, quando foi buscar os dois depois de sair da faculdade.

— Vocês vão pra festa de Halloween? - Ino perguntou tirando as fotos deles para as páginas de ambos, numa área vazia atrás dos pavilhões.

— Acho que não, uma semana depois tem vestibular Ino.

— Não tem nada demais Testuda, fala sério, você mete a cara nos livros desde o primeiro ano, é a pessoa mais inteligente que eu conheço, vai passar com certeza.

— Mas é medicina, Ino!

— Ela tá certa, mô, você estuda demais, relaxar um pouco antes vai ser ótimo, e um dia não mata. - Sasuke concordou, segurando a ponta da trança negra para uma outra fotografia.

— Mas é daqui uma semana, eu nem tenho roupa pra isso. - tentou como desculpa.

— O que?! - Ino gritou abaixando a câmera - Oh garota, vou dar na tua cara, e todos seus cosplay?

— Mas eu não queria ter que usar eles, sei lá, seria legal ir com um combinando com o Sasuke e o único que nós temos que dá pra fazer par é esse, mas placa de metal é desconfortável pra uma festa. - ela deu leves batidinhas no peitoral, sorrindo em seguida - Por isso é melhor eu ficar em casa com os meus livros e…

— Isso não é problema. - Sasuke interrompeu, olhando para um grupo correndo por algum motivo desconhecido - Eu arrumo sua fantasia.

— Hã?

— Pronto, nosso cavaleiro resolveu o problema, agora vamos lá pra entrada que o Naruto mandou uma mensagem avisando que chegou.

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— Que milagre foi esse que o Itachi deixou você usar o carro dele? - a voz feminina gritou dos fundos do apartamento.

— Ele estava me devendo um favor.

— Aliás, onde você arrumou essa roupa? - Sakura saiu do quarto terminando de arrumar peruca, Sasuke estava sentado no sofá mexendo no celular, mas os olhos desviaram para as curvas de seu corpo que o macacão preto que delineava, fazendo-a sentir o rosto esquentar.

— Loja de aluguel de fantasias, tem uma perto da academia. - ele coçou o queixo - Você está ótima, até melhor do que imaginei. - com a mão ele fez um desenho no ar, imitando o contorno de sua bunda.

— Por Odin, - ela pegou uma almofada lançando em sua cabeça enquanto ele ria - quando te conheci nunca pensei que você pudesse ser tão pervertido.

— Se te consola, nem eu, a culpa é toda sua. - ele levantou, passando os braços por sua cintura enquanto encostava o seu queixo no ombro para sentir o cheiro que vinha do pescoço dela.

— Minha culpa?

— Sim, eu só fico assim por sua causa, quem mandou nascer tão linda?

Sakura gargalhou, passando os braços para puxá-lo e assim conseguir acesso a sua boca, quase se pendurando. Sasuke era muito bom em elogios, era o lado galante que a fazia derreter, as vezes de amor, outras de vergonha, e algumas de calor. Nos três casos eram ótimos para sua auto estima, e o time que aconteciam eram quase sempre perfeitos. E ele amava os diferentes sorrisos que ela dava pra cada um deles.

— Você tem que pegar alguma coisa? - ela negou com a cabeça - Então vamos?

— Ué? Minha mãe não pediu pra esperar ela voltar do mercado?

— Não, ela disse que poderíamos ir e desejou boa festa.

— E passou todas as recomendações para você não beber? - Sakura perguntou enquanto trancava a porta.

— Foi quase como ver a minha madre, só que loira, me mandando dirigir com cuidado. - ele riu pelo nariz.

Quarenta minutos depois e eles entravam na festa de Halloween, estavam numa pequena casa de show em algum lugar perto da Augusta, uma turma de amigos tinham combinado de aparecer por lá. Neji tinha se juntado com uns meninos do prédio, todos de pirata, e Sakura pode ver eles de longe pendurados no bar, mas se surpreendeu quando viu mais para o cantinho Ino em pé, vestida de Alice do País das Maravilhas, conversando com Gaara, o Pimenta Malagueta do Bloco B. No meio da pista de dança acharam Naruto, fantasiado de Capitão América, dançando com Hinata numa versão sexy da Chapéuzinho Vermelho, os dois estavam ficando faz um tempo e loiro ainda não tinha reunido coragem suficiente para fazer o pedido de namoro. Ao que parece uma mulher mais velha o deixava meio tímido, incrivelmente.

— Se não é o Bucky e a Viúva Negra! - Naruto gritou, já afetado pelo álcool.

— Nossa, já tá nessa situação? - Sasuke comentou, afastando o amigo bêbado que tentava dar um abraço.

— Aí, deixa de ser chato, Sasuke. Eu tô muito bem.

— Narutinho parece não ser muito forte pra bebida. - Hinata comentou rindo agarrada no pescoço do loiro. - Aliás, adorei a escolha de fantasias.

— Obrigada, você também tá ótima. - Sakura falou.

— Quer beber algo? - Sasuke sussurrou em seu ouvido.

— Acho que aceito uma batidinha mais leve.

Agarrando forte a sua mão, ele começou a cortar caminho entre as pessoas que dançavam, uma vantagem de ser tão alto. Um pouco depois ela estava se espremendo para perto do lugar onde seus amigos estavam, um ponto muito estratégico para um acesso fácil ao barman, deixou pra seu namorado fazer o seu pedido, enquanto ria das piadinhas que os meninos trocavam enquanto agiam pobremente como piratas. Ino veio lhe cumprimentar logo depois, indicando a mão de Gaara discretamente em sua cintura para depois lançar um sorriso malicioso. Passaram uns minutos juntos conversando, os garotos já estavam começando a ficar alterados e não paravam de falar besteira ou se zoarem, ela e Ino não parava de rir, ainda mais quando Sasuke discretamente fazia comentários para ver eles discutirem entre si.

Passaram um tempo alí até Ino resolveu dançar e a puxou junto, ela balançava o corpo devagar, sempre se atrapalhava tentando seguir os passos malucos que a loira inventava para as coreografias. Depois da segunda música sentiu uma mão tocando seu ombro dando um leve puxão que a fez girar, sorriu passando os braços pelos ombros de Sasuke começando a se balançarem juntos, achava até injusto como ele tinha facilidade de seguir a batida de qualquer tipo de ritmo, ainda mais por poucas vezes se dispor a dançar, pior ainda quando não era nas festas de família, mas não deixava de achar gostoso como ele diminuía o ritmo para acompanhar o dela.

A luzes piscavam, balançando conforme mudavam as cores, passando pelos seus corpos e das outras pessoas, vez ou outra alguém acabava empurrando, porém ele segurava firme sua cintura, deixando-a tão próxima que poderia dizer que estava quase a colocando dentro de si, e ela deixaria que fosse. Sakura não sabia definir o que estava sentindo, entretanto naquela noite tudo parecia ter um tom diferente, os beijos eram mais profundos ou aqueles sentimento que tomava a sua cabeças aumentava a percepção, os toques eram leves e tão impactantes, e de fora ninguém falaria que estava indo nada além do normal. Preferiu não analisar muito, juntou tudo aquilo que estava sentindo já naquelas horas de festas e na ponta dos pés sussurrou sua vontade no ouvido de Sasuke. Ele não escondeu a surpresa com a proposta, na verdade sua expressão assustada com alguns fios de cabelo suado colados em sua testa franzida era de puro receio.

— Você tem certeza? - perguntou, sentindo seu próprio corpo tremer.

Ela sorriu, balançando a cabeça numa afirmativa, ainda atordoado foi puxado pela mão até a saída da casa de show, não se despediram de ninguém, seria um incômodo na verdade. Nos olhos negros ela poderia ver uma dúvida gritante se estava realmente fazendo a coisa certa, pois isso fez questão de apagar aquilo com um beijo. E um tempo depois, enquanto se encaravam aquela se tornou a única certeza de suas vidas.

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Abriu a geladeira pela segunda vez em dez minutos, olhou todas as vasilhas dispostas sem surgir interesse por nada e fechar novamente a porta. Ainda segurava o pano com gelo no queixo, graças a um golpe certeiro que tinha levado do pai enquanto treinavam juntos, se não bastasse a dor do golpe teve o azar de se machucar no sábado e encontrar Mikoto  quando chegou em casa segurando uma bolsa com gelo, ou pelo menos o que tinha sido um dia. Ouviu mil reclamações por ser descuidado, e sabia que o seu pai escutaria ao menos o dobro quando chegasse em casa. Sentou outras vez na mesa encarando um livro de Anatomia Humana aberto na mesma página à quase meia hora, chegava ser ridículo como não conseguia manter sua concentração, ainda mais quando estudava para sua última matéria do semestre.

— Sasuke Barbieri Uchiha, estou falando com você!

— Hã? - pulou assustado na cadeira - Desculpe, estava distraído kaa-san.

— Isso é óbvio. - ela puxou a cadeira, sentando-se do seu lado - Vai me contar o que é?

Ele encarou sua mãe, os olhos escuro que começavam a ter umas pequenas linhas de expressão envolta quando ela apertava as pálpebras, como se assim conseguisse ver o que ele pensava, não conseguia, mas também não adiantava mentir dizendo que nada era, seria burrice na verdade quando ela poderia ser de grande ajuda.

— Não sei onde levar Sakura para comemorarmos um ano de namoro.

— Oh mi bambino, até ficou com as bochechas coradas. - ela levou as mãos até suas maçãs do rosto, espremendo a pele entre os dedos - Tão fofinho!

— Madre, para! Isso dói!

— Por que não leva ela pra jantar num restaurante romântico? - ela falou, ignorando sua reclamação.

— É comum demais, quero algo diferente.

— Algo diferente… - ela apoiou o queixo sobre a palma da mão - Por que vocês não vão pra algum lugar?

— Eu pensei num piquenique, mas não tenho certeza se daria certo.

— Um piquenique seria muito bonito! Onde você pensou?

— Jardim Botânico, tava vendo umas fotos, parece ser legal lá. - ele empurrou o celular mostrando sua pesquisa no Google.

— Eu já fui lá com seu pai, é ótimo! Una bella scelta! Não vejo porque não daria certo.

— Pela surpresa madre, quero levar ela nas estufas de lá, mas se eu tiver andando com uma cesta ela vai perceber na hora.

— Não seja por isso. - Mikoto sorriu, certa que já tinha uma solução.

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— Eu estou curiosa Sasuke! - Sakura praticamente pulava enquanto passavam pelos portões do Jardim.

— Calma, estamos chegando. - murmurou prestando atenção no caminho. - Se você continuar pulando assim vai acabar caindo.

— Tem certeza que eu não posso tirar a venda? Tá coçando meu olho.

— Não seja tão apressada, irritante. Já estamos chegando.

— Tô pensando seriamente se eu entrego seu presente hoje ou deixo pra depois. - ela agarrou mais seu braço enquanto passavam pelo piso de madeira. - Só pra me vingar por me deixar curiosa.

— Então não vou entregar o seu. - o bico de desprazer foi instantâneo.

— Você também não ajuda.

Sasuke riu, passando o braço pelo ombro da namorada para dar um beijo em sua têmpora. O lugar estava bem vazio, algumas pessoas observavam o jovem casal andando, ainda mais quando Sakura era repreendida por tentar tirar a venda graças às ameaças de Sasuke em fazê-la esbarrar em um poste no meio do caminho. Quando estava debaixo do teto de vidro das estufas do Orquidário ele teve certeza que aquele tinha sido o passeio ideal para se pensar, os olhos verdes brilharam olhando para todas direções sem saber aonde dedicar atenção ao mesmo tempo que um sorriso radiante crescia aos poucos, até que ela girou o corpo lhe encarando, seu coração parecia ter falhado em alguma batida quando notou o olho lacrimejado de emoção, e recebeu o beijo mais doce que um dia não tinha sido capaz de imaginar.

Enquanto andavam por entre as flores ela fazia questão de ler cada plaquinha que lhe chamava atenção, e discretamente ele ia tirando fotos com o celular. Já tinha um punhado de fotos assim numa pasta separada no seu cartão de memória longe de qualquer conhecimento de Sakura, que provavelmente faria uma varredura para tirar aquelas que não tinha saído bem, e eram muitas, cabelo na cara, um ângulo que tinha deixado seu rosto redondo demais, ou um olho piscando quando não devia. Porém ele gostava delas daquele jeito, naturais, engraçadas, pequenos pedaços da história de ambos.

Passaram quase um hora ali, um dos responsáveis do lugar se ofereceu para oferecer explicações sobre o acervo e ainda os indicou a para passarem nas outras estufas, no meio de um acervo de plantas da Mata Atlântica recebeu centenas de pequenos beijos, longos abraços e agradecimentos pelo passeio maravilhoso. O que só aumentou sua expectativa sobre como seria a reação dela quando visse o local onde tinha escolhido para o piquenique. Mais um vez colocou a venda sobre os olhos de Sakura, entretanto ela não reclamou já se empolgando com a próxima surpresa, e até ele foi pego desprevenido quando chegaram agradecendo a Deus por ter uma mãe como Mikoto, a toalha tinha além pequenos lanches e o buquê que ele tinha pedido para deixar do lado do presente, a tradicional cesta de palha com algumas bexigas em forma de coração amarradas na alça,  uma garrafa de vinho tinto e duas taças de vidro, além de um vitrola elétrica tocando  A Te de Jovanotti.

— Por Deus, Sasuke. - Sakura deu uns passos a frente, vendo o cenário que tinha sido preparado, antes de dar uma volta para olhá-lo - Isso é incrível, você é incrível.

Ele quase caiu com o impacto do corpo dela esbarrando no seu, ela ria enquanto uma lágrima discreta escorria pelo seu rosto, e ele se sentiu satisfeito pelo quão emocionada Sakura estava.

— Você é o melhor namorado que alguém poderia ter, o melhor amigo que eu poderia pedir, e o melhor companheiro que eu poderia desejar. - ele fechou os olhos absorvendo as palavras que ela lhe dizia - Eu às vezes fico sem entender como estamos juntos, olho pras nossas mãos dadas e parece que tô ganhando um presente que nem sabia querer, e que agora não quero largar. - a mão deslizando pelo seu rosto fez Sasuke abrir os olhos, Sakura estava o pimentão mais bonito que poderia existir. - Eu te amo, muito.

— Eu também. - ele respondeu acariciando sua bochecha - Te amo de um jeito que não quero parar de amar, até porque acho que não seria possível.

Ele a beijou, lento deslizando os lábios sobre os dela, sentindo o gosto de suas bocas se misturando num encontro sempre tão perfeito e único, ainda que carregasse a nostalgia da familiaridade como os caminhos paralelos que traçaram até ali, fazendo os corações se convergirem num mesmo ritmo.