Paralelos escrita por Mrs Fox


Capítulo 3
Firmando


Notas iniciais do capítulo

Terceiro e penúltimo capítulo da short.

Boa leitura!

Traduções nas notas finais.



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— Já faz o que? Quase um mês de namoro e ele ainda não foi conhecer os seus pais?

— Não é culpa dele Ino, - Sakura jogou a lata de refrigerante no lixo para voltar pra sala - meu pai não para um final de semana quieto em casa desde que eu falei sobre o namoro, ele tá fazendo isso de propósito pra não conhecer o Sasuke.

— Sempre achei que os pais ficavam pirados pra conhecer os namorados das filhas, você sabe, aquela coisa de fazer um interrogatório pra saber das intenções e tal.

— Eu também, até falei isso pra minha mãe. Ela deu risada e disse que isso é medo do meu pai de gostar dele, o que ele não pode fazer porque o Sasuke tá roubando a filhinha, e um pouco de revolta por eu estar em idade de namoro.

— É, vamos combinar que é um medo real, se a Tia Mebuki desconfiada do jeito que é, gostou dele simplesmente porque conversaram uma vez no celular, seu pai vai cair de amores pelo genro.

— Vai sim, - ela sorriu, sentando-se no seu lugar enquanto Ino encostava-se na mesa - é só eles começarem a falar sobre UFC, Sasuke dizer que é karateka faixa preta eu vou acabar perdendo meu pai pro meu namorado.

— Ou o namorado pro pai. - a loira piscou, rindo pelo próprio comentário - Nunca achei que aquele menino lutasse, ele não é um palito, mas também não é uma referência de músculos.

— Também, o desgraçado riu da minha cara quando eu expliquei que tava surpresa por ele lutar porque não era bombado, ele disse que era porque só praticava a luta e não fazia a academia. Mas depois dando uma observada sabe, eu vi que ele tem uns músculos escondidos sim ali.

— Sei, uma observada, um exame pelo tato, não é mesmo?

— Bom, talvez… - o sorriso malicioso se transformou numa gargalhada quando o rosto de Sakura corou, e os olhos correram pela sala envergonhados.

— Mas e ai? Preparada pra sua missão neste fim de semana? Porque pra você sim a coisa vai ser feia, conhecer a família todinha dele numa festa de aniversário… Eu não queria tar na tua pele.

— Nem me fala, - choramingou levando as mãos para o rosto - eu tô tentando me acalmar dizendo que Naruto vai estar lá, que já vi o Itachi umas duas vezes e ele foi super gente boa comigo, mas tenho medo dos pais deles não gostarem de mim. Tipo, a família paterna dele é japonesa, e ele já me falou que o Senhor Fugaku é bem rigoroso, se me reprovarem por ter cabelo rosa?

— Deixa de besteira Sakura, quem tá namorando com você é o Sasuke, não a família dele, e o cabelo é seu, você faz o que quiser. Se a mãe dele te convidou pro aniversário dela é porque já aprova o namoro e por isso te apresentar pra família.

— Ainda tem isso, não tenho a mínima noção do que comprar.

— Não pediu ajuda pro Sasuke?

— Pedi, ele se ofereceu pra ir comigo hoje no Bom Retiro e aproveitar pra procurar o dele também.

— Olha que fofinhos, - as mãos de Ino voaram pra bochechas de Sakura, apertando como se ela fosse um bebê - não faz três meses que ela deu o primeiro beijinho e agora tá indo comprar o presente da sogrinha com o namorado.

— Ai Ino, para! Porra, isso dói…

— Deixa de ser mole, nem apertei tanto. O professor tá chegando, - falou olhando para o corredor - vou pro meu lugar.

 

{¥}

 

As aulas passaram se arrastando para Sakura, tudo pela expectativa de saber que depois da aula iria se encontrar com Sasuke. Mesmo depois de quase três meses que o conhecia ainda sentia-se nervosa ao saber que iria vê-lo, e imaginava quanto tempo isso iria durar. Apesar de tudo, agora que tinham certa intimidade a ansiedade parecia ser mais gostosa de sentir, não entrava mais em pânico por saber que iria vê-lo, escolher uma roupa tinha ficado mais fácil, ainda que passasse um bom tempo pensando no que iria usar, e não tinha mais aquela paranóia de não cometer nenhum erro na frente de Sasuke. Aos poucos ela percebeu que ele também estava se soltando, não media mais palavras e acabava soltando mais palavrões que no começo, muitas vezes em italiano e ela tinha que ficar perguntando o que significava, o que aumentou muito seu vocabulário; ele realmente era mais quieto, mas conversavam cada vez mais sobre qualquer assunto, e às vezes passava horas fazendo piadinhas com a cara dela, e toda vez que devolvia a brincadeira ouvia um “irritante”.

 

Assim que o sinal tocou ela praticamente deu um pulo na cadeira, jogava o material na mochila de qualquer jeito, ainda que tentasse ao máximo disfarçar sua atitude apressada. Despediu de uns colegas da turma e foi praticamente correndo em direção ao banheiro, até que a voz de Ino a fez parar, olhando para trás enquanto loira corria e tentava fechar o zíper da mochila ao mesmo tempo.

 

— Calma apressada, nem me esperou. - ela jogou a bolsa nos braços de Sakura, usando uma força que ela jurou que iria quebrar o zíper, até que esse fechou. - Essa merda, tenho que trocar essa mochila. Por que tanta pressa?

— Tô indo no banheiro, daqui a pouco passa um ônibus, não quero perder. - ela agarrou o pulso de Ino, arrastando para o banheiro.

— Tudo pra ver o Sasuke uns minutos mais cedo. Aí esse povo apaixonado.

 

Sabendo que era verdade ela preferiu ignorar, o segundo ônibus passaria quinze minutos depois, e ainda sim ela provavelmente chegaria um pouco mais cedo no ponto de encontro, já que a escola dele ficava mais distante. Porém era possível que ocorresse um milagre no trânsito paulista e ele chegasse antes, então ela trabalharia com todas as possibilidades. Enquanto lavava o rosto, e passava um rímel, Ino achava graça de como a certeza que veria Sasuke a fez até levar um pente na mochila.

 

—Olha, também trouxe um perfuminho! É bom mesmo, ele não vai querer dar um cheiro no teu cangote se tiver fedida.

— Sabe que quando for você que tiver namorando eu vou descontar tudo isso, certo?

— Sei, mas até isso acontecer tenho que aproveitar e muito.

 

Ao chegar no portão virou-se para se despedir de Ino, até que essa segurou seus ombros perguntando qualquer coisa sobre um trabalho de matemática que teriam que fazer. Foi só abrir a boca pra responder que ouviu a voz grossa sussurrando um oi baixinho no seu ouvido, dando um susto.

 

—Sasuke! - Sakura pulou para o lado vendo o namorado, com uma mão dentro do bolso do jeans enquanto tomava um milk shake despreocupado - O que tá fazendo aqui? Eu achei que a gente ia se encontrar lá! - Ino gargalhava da reação dela e Sasuke soltava um sorrisinho.

— Não tive aula, resolvi te buscar pra irmos juntos. Quer? É de menta com limão. - ele estendeu o canudo em direção a boca dela, que dando de ombros aceitou - Oi Ino, tudo bem?

— Tudo sim, eu vou indo pra casa, mais tarde falo com você Sakura. - ela aproveitou que não passa carro na rua para atravessar, gritando. - Se divirtam crianças.

 

Sakura acenou, virando depois na ponta do pé para dar um beijo no seu namorado, a mão gelada foi para sua nuca causando uma sensação gostosa enquanto suas bocas se acariciavam. Depois de se afastar ela percebeu alguns olhares de colegas e rosto conhecidos em ambos, sentiu um pouco de vergonha, até mesmo porque Sasuke não costumava dar aquele tipo de beijo em locais com muitas pessoas ao redor.

 

—Vamos? - ela pegou na mão dele e saiu puxando em direção ao ponto de ônibus.

— Você não quer um milkshake?

— Não, obrigada. Tô desejando é a coxinha de uma lanchonete que tem lá.

 

No ônibus Sakura adorou a sensação de se sentar ao lado de Sasuke, jogar as pernas para cima da dele, e sentir o vento da janela bagunçar seu cabelo enquanto brincava com os dedos longos e conversava sobre qualquer coisa que desse vontade. A primeira coisa que fez ao chegar foi ir na sua querida lanchonete comer sua coxinha, e talvez mais uma, mesmo com Sasuke dizendo que ela tinha superestimado o sabor.

 

— Qualquer dia te levo pra comer a coxinha da lanchonete que fica lá na esquina da minha escola, você vai se arrepender de ter endeusado essa daqui por tanto tempo.

— Dúvido, mas vamos logo, tenho um vestido pra terminar de costurar para amanhã.

— Pegou muitas encomendas este mês com sua avó? - ele levantou da cadeira, passando a alça da mochila da namorada pelo ombro.

— Não, mas esse é um vestido de festa, meio complicado, com uns recortes, então ela achou melhor que eu me dedicasse um pouco mais.

— Entendi. - ele segurou sua mão enquanto desviavam das pessoas na calçada - Comentei com a minha madre que você costurava.

— Sério? O que ela disse?

— Achou legal, disse que era difícil alguém na nossa idade gostar desse tipo de coisa hoje em dia.

— Ela não me achou estranha, nem nada do tipo? - ele olhou para ela,  vendo-a morder a unha do polegar.

— Não, mi madre é uma mulher tranquila, gosta de coisas novas, não fique preocupada.

— Então se você diz… - Sakura parou em frente à uma vitrine, olhando alguns saltos. - Sua mãe gosta de sapatos?

— Sim, mas não muito de salto.

— Acha que não seria muito forçado dar um sapato sem nem conhecer ela?

 

Sasuke franziu o cenho, olhando dentro dos olhos verdes para vê se ali entendia aquela lógica absurda, não conseguiu, então balançou a cabeça devagar numa negação. Foi puxado até a loja, ficando rodeado de prateleiras, Sakura logo largou a sua mão, apoiando o dedo no indicador no queixo enquanto fazia uma lista enorme de perguntas sobre os gostos de Mikoto e sua personalidade. Depois de um momento cansou de andar de um lado.para outro com uma bolsa pesada nas costas, indo sentar-se em uma cadeira enquanto acompanhava Sakura com os olhos pela loja, vindo vez ou outra pedir sua opinião.

 

— O que acha?

 

Ele olhou os sapatos nas mãos pequenas estendidos em sua frente, eram do mesmo modelo, em um tecido parecido com veludo, um vermelho com um laço preto pequeno no calcanhar, e outro azul com o detalhe cinza.

 

— Bonitos, mi madre gosta de sapatilhas.

— Isso é mocassim Sasuke, não sapatilhas. - ela riu de leve quando o viu dar de ombros - Gostei desses, parecem confortáveis, e são bonitos e elegantes. Levo?

— Sim, ela vai gostar.

— Vermelho ou azul? - ele parou, analisando por um tempo.

— Vermelho, ela tem muita coisa azul.

— Qual número ela calça?

— Espera, eu esqueci. - ela bateu com o sapato na testa, enquanto ele fechava os olhos assumindo uma postura pensativa - Lembrei, trinta e sete.

— Vou pagar e já volto. - ela deu um selinho e se afastou, indo conversar com uma vendedora.

 

Minutos depois eles estavam de volta a rua, Sakura balançava a sacola com o sapato, não parava de falar como esperava ter acertado no presente e de fazer perguntas que julgava importante para obter informações que a ajudassem com sua grande e variada família na festa. Para o seu presente, Sasuke decidiu dar um colar, levou a namorada até uma loja de semi jóias e pediu para que o ajudasse na escolha. No final Sakura mais os deixou na dúvida do que levar do que ajudou a decidir, até que depois de muito tempo resolveu levar uma semi jóia, um colar dourado com uma pedra roxa como pingente em formato de gota, ainda sim se deliciou com o prazer de poder pedir ajuda de uma namorada pra comprar um presente, deixava tudo mais emocionante do que contar com uma vendedora que aprovaria qual peça e ainda tentaria convencer a levar a mais cara. Já próximo do final da tarde, Sakura tentava se soltar de Sasuke pra pegar seu ônibus, depois de ter perdido outros três que tinha passado, mas era difícil quando ele beijava sua bochecha, e depois deslizava os lábios sobre a sua boca antes de iniciar mais um beijo lento.

 

— Sasuke, eu tenho que ir. - ela resmungou, mesmo que tivesse se pendurando ainda mais no pescoço dele.

— Nós nunca nos vemos no meio da semana. - ele sussurrou baixou, se curvando para apoiar o queixo no ombro dela.

— Eu sei, eu queria ficar mais, só que tenho coisa pra fazer em casa, e sei que o senhor também. No próximo eu vou.

— Acho que só posso aceitar.

 

Ele beijou de leve o pescoço, sentindo o cheiro suave do perfume que ela usava, tirou uma mão da cintura, levando até a bochecha para uma carícia, que Sakura retribuiu com um sorriso doce. Ela se pôs na ponta do pé, esticando-se até pressionar os lábios do namorado em um beijo, ele arrastava a língua por sua boca, enquanto os lábios apreciavam com calma o momento de prazer. O barulho de um motor fez ela se afastar, vendo mais um ônibus passando.

 

— Agora eu tenho que ir, tchau. - ela deu um selinho, pegando a mochila que ele carregava.

— Me avise assim que chegar em casa.

— Eu sempre aviso. - ela sorriu pulando pra dentro do ônibus.

 

Na calçada ele colocou a mão no bolso, sem tirar os olhos da menina de cabelo rosas que sorriu e acenou ao se sentar na janela, até que o ônibus deu partida, e Sakura ficou fora de sua vista.

 

{¥}

 

“OLHA, TEU BEIJO DE CINEMA NÃO SAI DA BOCA DO POVO.”

 

A mensagem de Ino chegou no celular de Sakura, assim que pôs os pés na sala e a internet conectou no aparelho. Ela estranhou, avisou a Sasuke que tinha chegado bem, e foi tentar entender a situação.

 

“Temari veio me falar que uns meninos da sala dela ficaram surpresos quando viu você com um cara que ninguém sabe de onde veio, eles não sabia que você tava namorando. E parece que alguma menina comentou que ele do jeito que te beijou tinha uma pegada do caralho, mas não descobri quem.”

 

“ Que desnecessário, não sabem cuidar da própria vida? Aff

Mas foi estranho essa do Sasuke, ele nunca me beija assim quando tem muitas pessoas por perto, ele fica morrendo de vergonha.”

 

“Ah danadinhos! Preferem manter os mais Calientes para o privado! Hahahaha

Olha, tu contou pro Sasuke do negócio da semana passada?”

 

“Que negócio?”

 

“ Que o Lee te entregou uma flor e te convidou pra um encontro?”

 

“ Ah, isso.

Contei sim, eu fiquei meio mal pelo Lee, aí de noite quando a gente tava conversando ele falou que eu tava quieta e perguntou se tinha acontecido alguma coisa na aula. Eu contei que o Lee tinha feito, e falei que tinha ficado me sentindo meio mal porque ele pareceu bem triste e nós somos amigos.”

 

“ E o Sasuke reagiu como ?”

 

“ Ele ficou em silêncio por um tempinho e depois falou que eu não tinha feito nada de errado pra me culpar. Que com o tempo se ele fosse realmente meu amigo ia superar.”

 

“ Nossa, Sasuke manjando dos conselhos, quem diria! Acho que é influência dessa coisa de japonês, Hahahaha

Mas miga, acho que sei porque ele foi na escola te buscar, marcação de território! Por isso aquele beijo...”

 

“ Tá doida Ino? O Sasuke nem tinha como saber que o Lee tava lá!”

 

“ Mas tinha como tentar a sorte, e conseguiu porque o Lee tava conversando com a Tenten na esquina, quando eu passei por ele o menino nem me respondeu direito, tava olhando você no maior amasso com o Sasuke no portão da escola.

Você tava de costas, mas o Sasuke com certeza tinha visto ele.”

 

“Não acredito que o Sasuke fez isso! Qual a necessidade?! Meu Deus, isso é tão infantil! Nunca imaginei que ele era ciumento…”

 

“Calma Sakura, ciúmes é normal menina! Tu também vai ter!”

 

“Mas Ino, isso foi ridículo, ele sabe que o Lee é meu amigo e faz uma coisa assim!? Ah, mas ele vai ouvir!”

 

“Sakura, relaxa! Tu não tem nem como ter certeza que foi isso! Ele pode ter ficado meio acuado por você ter dito que estava se sentindo mal pelo Lee. E vamos combinar que ele fez nada demais, guarde isso para futuras ameaças!”

 

“ Boa ideia! Hahahaha

Ino, você não presta!”

 

“ Eu sei querida, obrigada.”

 

{¥}

 

Sasuke respirou fundo ao entrar no seu quarto e se jogar na cama. Sentiu o corpo cansado, e alguns pontos meio doloridos por causa de uns golpes recebidos no treinamento de uma turma. Tinha passado a tarde na chácara que seus pais alugaram para festa de aniversário de Mikoto, trabalhando sobre as ordens de sua nonna e sua tia que tinham chegado no dia anterior, enquanto ainda vigiava de longe seus primos correndo pela grama, derrubando caixas com tecidos e cadeiras. Quando chegou em casa achou que finalmente poderia descansar e desfrutar da comida da avó, mas teve que comer algo às pressas e ir para academia substituir Fugaku em uma aula, já que ele teve que ir de última hora na rodoviária buscar seu a família de seu tio que chegava de surpresa para a festa da poco sobillatore, como costumava chamar sua mãe quando pequena.

 

Agora sua casa estava uma verdadeira zona. Estava dividindo seu quarto com Itachi e Shisui, que não paravam de lhe perturbar com piadinhas por causa do seu recente namoro, sua avó e seus tios estavam empolgados para conhecer a moça, e sua mãe, apesar de nunca tê-la visto pessoalmente e só conversando quando tomou o celular de suas mãos para convidar Sakura para a festa, não cansava de dizer como ela parecia uma bonequinha. Tentou a todo custo não se importar com as brincadeiras, afinal era sua família materna e estava acostumado com algazarra que sempre causavam quando juntos. Mas ver que até seu pai se juntou a bagunça, comentando que as vezes o pegava distraído na academia enquanto sorria para o celular, enquanto Itachi andava pela sala com o celular na mão, mostrando uma foto que ela tinha postado no Facebook dos dois juntos no parque na semana anterior, como se fosse uma daquelas bailarinas de programas de palco, fazendo propaganda de um produto, foi demais para que aguentasse.

 

Suas bochechas se inflaram, vermelhas, levantou do chão onde estava sentado no tapete e sem jeito saiu da sala ouvindo a risada calorosa que o seguia, querendo alguns instantes na paz do quarto, pegou o celular na cômoda, ignorando os gritos de Shisui para que voltasse para que deixasse de ser chato e voltasse para sala. Viu que no relógio já passava da meia noite, porém conhecendo os hábitos de Sakura resolveu ligar de qualquer forma, bastando um único toque para que ela o atendesse.

 

— Achei que tinha esquecido de mim. - ela sussurrava do outro lado sem qualquer irritação na voz, onde percebeu um barulho baixo de tiros que devia vir da tv.

— Desculpa, cheguei da chácara e tive que ir direto pra academia, meu tio veio de última hora pro aniversário e meu pai foi buscar eles na rodoviária, tive que dar aula no lugar dele.

Pera aí um pouco, vou pro quarto. — Sakura sussurrou de novo, ele ficou em silêncio ouvindo o barulho no fundo sumir e um pouco depois o som de uma porta se fechando. - Pronto, sua mãe deve estar bem feliz que ele pode vir.

— Tá sim, tá todo mundo na sala fazendo zoada agora e os pirralhos ainda estão acordados no video game, não sei como, porque passaram o dia correndo na chácara. - ele bufou quando Sakura riu.

— Seus primos tem quantos anos mesmo?

— O trio da Tia Naori tem 9, 10 e 12, já Shisui tem a mesma idade que Itachi, e o Obito é casado, acho que tem vinte e oito.

— Que são os filhos do seu tio Kagami?

— Isso, e a Tia Mei que tem as gêmeas, que tem 7 anos. Isso sem falar nos primos de segundo grau, os primos da minha mãe, a parte paterna…

— Tudo bem, tudo bem, já entendi que sua família é enorme. Só espero não ficar perdida amanhã.

— Não se preocupe, nem todo mundo pode vim dessa vez…

 

Ele parou de falar, ouvindo um grito de Itachi sobre qualquer coisa que não se importou em saber, pulou da cama abrindo a porta com força irritado com o irmão.

 

— Porra Itachi, cala a boca, eu tô no telefone! - gritou pro corredor, sabendo que sua voz alcançaria a sala, batendo a porta outra vez antes de levar o telefone outra vez a boca - Desculpa.

— O que foi isso?

— O desgraçado do Itachi que não sabe conversar sem fazer escândalo. Tá fazendo o que?

— Tô na janela vendo uns bêbados pulando na piscina aqui do prédio e tentando calcular o quanto que vão ter que pagar de multa. Não tá conseguindo ouvir a gritaria?

— Não, tem uma feira rolando na minha sala.

— Deixe de rabugice Sasuke! - ela gargalhou.

— Rabugice?

— Sim, rabugice. Tá reclamando do barulho, mas dá perceber o quanto animado por ta perto da sua família.

— Eu não sou rabugento, tô acostumado com o barulho, mas tenho quase certeza que… - a porta do quarto foi aberta, passando Itachi e Shisui com sorrisos que Sasuke classificou como descarados - O que vocês tão fazendo aqui?

— Esqueceu que vamos dormir aqui fratellino? - respondeu Itachi apontando para o colchão de casal no chão.

— Ah sim, vocês vão dormir de conchinha. - deu um sorriso zombeteiro, rolando para ficar de costas para a dupla.

Sasuke?

— Foi mal, é que meu irmão chegou aqui com meu primo.

— Ah, é a minha cunhadinha mesmo, te falei Shisui! Deixa a gente falar um pouquinho com ela Sasuke.

 

Num segundo sentiu Itachi puxar o aparelho de sua mão, girou o corpo enrolando as pernas na cintura do mais velho e puxando num impulso para que ele caísse na cama, porém antes que pudesse alcançar o celular, seu irmão o jogou no colchão, onde Shisui pegou com agilidade indo se sentar na cadeira da mesa de computador, feliz por ver que a ligação não tinha desligado no meio da confusão.

 

Sasuke, que barulho é esse?— ouviu Sakura falar assim que o telefone foi para o viva-voz.

— Sakura! Shisui me devolve isso! - ele se levantou largando o irmão, mas só foi pisar no chão que Itachi puxou se pé, o fazendo cair no colchão e montando nas suas costas.

— Olá Sakura, aqui o Shisui, primo do seu namorado. - falou gargalhando enquanto Itachi tentava prender os braços de Sasuke.

— Ah, oi Shisui.

— Cunhadinha, como você.. Ai Sasuke, caralho, fica quieto! Como você tá?

Eu tô bem, — naquele momento Sasuke acertou uma cotovelada fazendo Itachi gemer - o que foi isso?

— Nada com o que se preocupar bambina, - Shisui respondeu colocando os pés em cima da escrivaninha - só o Sasuke que não gostou muito da ideia da gente conversar com você e agora tá brigando no colchão com o Itachi.

Eles tão brigando?! — ela falou alarmada.

— Nada demais, é só o Sasuke esperneando como barata tentando tirar Itachi de cima das costas dele.

— Eita, o síndico chegou! Se fuderam!

— Síndico? - perguntou Shisui sem entender.

É, um pessoal aqui do meu prédio tão bêbados fazendo uma baderna na piscina,— Sasuke parou se mexer para prestar atenção na história - o síndico acabou de chegar e tá dando o maior esporro nos meninos.

— Você tá junto? - Itachi perguntou surpreso, já que nas duas vezes que tinha visto Sakura tinha a achado uma menina bem calma.

— Não idiota, ela tá assistindo da janela do quarto. - Sasuke falou, cansado de tentar se soltar.

— Olha, não sabia que a minha cunhadinha era bisbilhoteira! - ele gargalhou saindo de cima do irmão.

— O-ora, eu não sou!— ela falou, e Sasuke pode imaginar as bochechas ficando vermelhas - Só é a coisa que tem mais interessante para ver.. Eita, seu Hizashi apareceu!— ela narrou mostrando toda sua empolgação com o que presenciava.

— Deixa eu adivinhar, vizinho chato? - perguntou Shisui se divertindo com a concentração que a garota estava em observar a confusão.

— Não, é o pai do Neji… Eita, o Kiba acabou de vomitar!

— Esses povo tem que idade? - perguntou Itachi, curioso.

— Uns dezoito, hoje é aniversário do Neji, eles disseram que iam beber pra chegar na maioridade com estilo.— ela riu da ideia - Ainda bem que não fui junto…

— Ir junto? Você conhece eles? - as sobrancelhas de Sasuke se estreitaram, o que não passou despercebido pelos mais velhos.

— A gente mora no mesmo prédio desde crianças, Neji me chamou pra ir, mas eu não quis. Ainda bem, não tenho jeito pra cuidar de um bando de bêbados.

— Deixa dos teus ciúmes Sasuke! - Shisui zombou, vendo a careta de descontentamento do primo.

— Não é, Uchihas não nasceram para serem inseguros! - Itachi gargalhou, vendo o rosto do irmão ficar completamente vermelho. - Olha Sakura, nós vamos desligar porque o Sasuke precisa dormir, se não amanhã o humor dele vai tá pior que o de satanás.

— O que? - exclamou indignado ouvindo a namorada gargalhar do outro lado.

— Itachi está certo, ninguém quer ver a princesinha de mau humor. Foi um prazer conversar com você, amanhã quero que me conte o que deu a confusão. - falou vendo Itachi abraçar as pernas de Sasuke para que ele não pudesse andar e pegar o telefone.

— Claro, eu conto sim. - ela confirmou animada.

— Cunhadinha, até amanhã, estou com saudades de apertar suas bochechas.

— Pois eu não sinto nenhuma falta disso…

— Vai Sasuke, se despede de sua namorada. - Shisui estendeu o braço aproximando o telefone da boca de Sasuke

— Me dá o celular. - falou entre dentes.

— O que? Nem um boa noite? Então tá.

 

Antes que pudesse reclamar, o dedo do primo foi para o botão vermelho na tela, encerrando a ligação. Olhou para o aparelho por alguns segundos depois desse ser lançado sem cuidado para sua cama, furioso pegou ele na mão, indo em direção a cozinha fingindo não ouvir a risadas do seu quarto. A casa já estava escura, na sala sua tia já dormia com o marido e os filhos no colchão, foi até a geladeira beber um pouco de água, abrindo a conversa que tinha com Sakura no Whatsapp.

 

“Seu irmão e seu primo são muito divertidos! hahahaha :D”

 

“Você ainda não viu nada, espere por mais tarde”

 

Voltou para o quarto planejando se esconder embaixo no lençol para ficar até quando aguentasse conversando com Sakura, entretanto seu irmão parecia não querer dar uma trégua.

 

— Itachi, saia da minha cama agora, - falou fechando a porta e trancando com a chave, vendo o corpo do irmão tremer embaixo do seu lençol - não me faça te tirar daí. E dessa vez não vou pegar leve.

— Vem tentar, mariquinha. - assim que falou isso Itachi se arrependeu, vendo o sorriso macabro na boca do irmão - Fudeu…

 

{¥}

 

— Tem certeza que colocou o endereço certo no GPS, Sakura? - seu pai perguntou, quase parando o carro enquanto olhava para ambos lados da rua.

— Claro que sim, pai.

— Kizashi, a mulher falou que chegava daqui trezentos metros, não cem. - Mebuki resmungou, guardando o batom no porta-luvas do carro.

 

Sakura suspirou, olhando para janela enquanto ignorava mais uma das habituais discussões que seus pais sempre tinham por motivos insignificantes. A pequena bolsa que carregava vibrou, tirando sua atenção do movimento da rua para a tela do celular.

 

“Já estou esperando na porta.”

 

Respirou fundo mais uma vez, estava nervosa e não parava de tamborilar os dedos na sacola de papel branca do seu lado, onde estava o presente da mãe do seu namorado. Tudo naquele dia parecia estar difícil, não sabia o que vestir, até que Mebuki sugeriu um macacão azul claro com estampas fofas que ela tinha desenhado, foi alguns minutos em frente ao espelho até ganhar confiança que a gola mais altinha, junto das mangas curtas e o tecido leve do short, que criava a impressão de ser uma saia estava ótima. Depois não conseguiu arrumar o próprio cabelo, teve que, mais uma vez pedir ajuda a mãe, que deu um jeito com a chapinha fazendo pequenas ondas nas pontas, e passando logo uma sugestão de maquiagem que combinasse usar. Sua única certeza, para total desaprovação de Mebuki tinha sido o All Star, mas aquela era a superstição pessoal de Sakura, se estava com ele no primeiro encontro e tinha sido perfeito, que essa sorte fosse transmitida agora.

 

O carro parou, ela sorriu ao ver Sasuke em pé na calçada do outro lado da rua, as mãos como de costume dentro da calça jeans azul, e a camiseta cinza que ela tinha o persuadido a comprar. Saiu do carro, enquanto ele atravessava a rua, ela esperou ao lado da porta do passageiro, que sua mãe tinha abaixado o vidro e observava serena o jovem que se aproximava, ao contrário de seu pai, que agarrava o volante encarando o moreno descaradamente. Sasuke por um momento pareceu assustado ao ver a reação de Kizashi, percebendo seu nervosismo, ela estendeu a mão que ele rapidamente aceitou, dando um beijo delicado em sua testa murmurando um simples “Oi.”.

 

— Mãe, pai, esse é o Sasuke. - ela sorriu, sentindo o coração palpitar.

— Boa tarde, senhor Kizashi, senhora Mebuki. - sem saber o que fazer, curvou o tronco levemente, voltando a postura quando se tocou que não estava num tatame.

— Olá Sasuke, é um prazer conhecê-lo. - ela estendeu a mão para fora do carro, que ele rapidamente apertou.

— O prazer é todo meu.

— Mebuki, temos que ir, Tiago acabou de mandar uma mensagem. - Kizashi falou, mexendo no celular antes de olhar para Sakura, apontando com o dedo - Olha, juízo, qualquer coisa me ligue que venho te buscar na hora.

— Pai!

— Kizashi, sem exageros! - o olhar sério de Mebuki o fez bufar, olhando mais uma vez para a tela do celular - Sasuke, você saberia explicar como fazemos pra chegar em alguma avenida que vá pra São Caetano?

— Claro, é só seguir direto que…

— Não precisa disso! - Kizashi balançou o celular e a voz robótica feminina deu a primeira instrução do percurso. - O GPS fala o caminho.

 

Se não tivesse segurando a sacola com presente numa mão, e a outra enroscada na de Sasuke, Sakura teria batido na própria testa envergonhada com a infantilidade do pai de se negar em interagir com seu namorado. Em compensação, sua mãe desferiu um discreto, mas forte tapa no seu ombro, fazendo ele se encolher resmungando enquanto dava partida e falava um “Estou de olho em você, rapaz.”, uma tentativa frustrada de parecer ameaçador e sair com o carro.

 

— Seu pai realmente não gosta de mim. - Sasuke comentou, vendo o carro se afastar.

— Relaxe, ele só está se fazendo de durão, não dou duas horas com vocês dois junto e ele cair de amores por você. - tentou tranquilizá-lo circulando sua cintura para um abraço.

— Pelo menos sua mãe parece não ter nenhum problema comigo.

— Que é bem mais difícil de agradar.

 

Ela levantou o rosto, vendo pequenas ruguinhas de preocupação em sua testa, achando fofo o cuidado que ele tinha em agradar seus pais. Foi preciso ficar na ponta do pé, mas conseguiu capturar seus lábios, beijando-o lentamente como tanto gostava de fazer, sentir o polegar acariciar sua bochecha pela mão que a mantinha com o rosto colado nele.

 

— Você está linda. - seus pelos se arrepiaram e bochecha formigou com o sussurro em seu ouvido. - Vamos entrar?

— Acho que não dá mais pra enrolar, não é? - um riso nervoso passou por sua boca, e involuntariamente intensificou o aperto de seus dedos na mão de Sasuke.

— Não se preocupe Sakura, eles já gostam de você. - falou atravessando a rua para entrar na chácara.

 

Assim que passou pelo portão de madeira, Sakura começou a reparar no lugar, achando incrível a decoração, em várias partes tecidos vermelhos e verdes estavam pendurados em cordas de barbante como nas festas de São João, além de pequenas lâmpadas penduradas, ainda que estivessem apagadas por ainda estar na tarde. Crianças corriam para todos lados, e viu mais ao fundo um piscina onde várias pessoas tomavam banho, enquanto algumas pessoas se mantiveram em pé conversando com copos de bebidas, na área coberta longas mesas de madeira coberta por toalhas brancas com desenhos de cachos de uva e vasos com rosas vermelhas espalhados, deixando um grande espaço no centro, onde eram servidos por garçons que carregavam bandejas de pizza e qualquer outro prato que fosse feito de massas ou molhos avermelhados. Num canto uma mesa de som era controlada com um rapaz de cabelos escuros curtos, que parecia obedecer as ordens de um homem que parecia sua cópia poucos anos mais velho, os presentes batiam palmas e cantavam, alguns um perfeito italiano, outros acompanhando algumas partes.

 

Mas o que ela mais achou curioso foram aqueles que deveriam ser a família paterna de Sasuke. Os olhos escuros e cabelos lisos destacavam com tranquilidade das pessoas do lugar, era mais calmos, não gritavam ou davam risadas escandalosas, mesmo os mais jovens, que claramente era muito mais soltos e agitados ainda não pareciam conseguir acompanhar o ritmo do sangue italiano. Ainda sim, eles batiam palmas, conversavam contando histórias e soltavam piadas, completamente misturados nas mesas, enquanto aproveitavam da comida e da bebida.

 

— Nossa, está tão bonito!

— Sim, minha nonna e minha tia sabem organizar uma festa como ninguém em tempo recorde. - ele concordou olhando em volta, uma menina com um maiô da Barbie passou correndo segurando uma boia entre ambos, sendo desviada com a habilidade por Sasuke, que se afastou da namorada, levantando as mãos para abrir caminho. - Venha, okaa-san deve está na cozinha.

 

Quando passou no corredor de mesas Sakura sentiu seu rosto esquentar, quase todos convidados pareciam olhar em sua direção, alguns gritando frases em italiano para Sasuke, que dava respostas curtas, porém pareciam ser ácidas o suficiente para calar alguns e arrancar gargalhadas de outros. Sorriu tímida com o embrulho que sentiu no estômago ao receber tanta atenção, alguns fazendo gestos para que se aproximassem, mas logo estava dentro da pequena casa do lugar, de aparência rústica como uma casa da fazenda, mas charmosa. Lá o movimento estava mais tranquilo, apesar dos homens e mulheres passando com bandejas de comida, e de uma voz alta que esbravejava em italiano em algum cômodo da casa. Quando percebeu já estava na cozinha, grande e bem iluminada, cheia de panelas e travessas exalando um cheiro excelente, uma senhora rechonchuda falava alto enquanto mexia os braços, segurando uma colher de pau na mão, conversando com uma mulher de longos cabelos escuros e um vestido simples muito bem acentuado formando uma saia leve e rodada, num tom de vinho tão escuro beirando ao preto.

 

— Madre, nonna! - as duas mulheres se viraram, olhando raivosas para quem atrapalhava a conversa - Puoi lasciare le salse per discutere il prossimo?

 

Sakura se surpreendeu ao ver o quão parecida ela era com Sasuke, ainda que seus olhos não fossem puxados, vários traços estavam lá, principalmente quando ela sorriu, largo e acolhedor, exatamente como seu namorado fazia quando estava relaxado e ria de alguma de suas piadas nerds. Reparou no colar que brilhava no seu pescoço, entendendo que tamanha semelhança era porque se tratava da mãe de Sasuke.

 

— Olha, você chegou! - Mikoto avançou, dando um abraço forte em Sakura, que mal conseguiu retribuir por ter seus braços presos - Como você é pequenininha, uma porcelana como Sasuke falou!

— Ele disse isso? - ela olhou para o namorado que fingia prestar atenção nas comidas em cima da mesa, sabendo que o rosto dele deveria estar tão rubro quanto o dela, voltando olhar a mulher sorrindo envergonhada - Ah, obrigada. Feliz aniversário, Dona Mikoto.

— Minha querida, não precisava se incomodar com presente! - ela pegou a sacola, puxando-a para mais um abraço. - E me chame de Mikoto, sou muito nova ainda para ser dona.

— Não é incômodo algum.

— Ecco, questo è la bambola che vuole far parte della famiglia? - a senhora se aproximou avaliando a garota da cabeça aos pés - E 'abbastanza magro, ma ha il fuoco in quegli occhi verdi sono feroci. Buona scelta Sasuke. - Sem dizer mais nada, ela agarrou cada lado do rosto pequeno, as rugas se apertaram quando sorriu, dando um beijo estalado de cada bochecha, antes de voltar para uma panela, gritando ordens, agora em português para o garçom que chegava.

— O que ela disse Sasuke? - sussurrou, não querendo ser pega em sua ignorância.

— Disse que você tem olhos ferozes, isso é um grande elogio vindo da Nonna. - seu rosto estava vermelho como pimentão quando respondeu, deixando claro para Sakura que não era só aquilo, mas preferiu não insistir.

— Oh, um mocassim! Eu estava querendo um assim à tanto tempo, tão bonito! E ainda ajudou Sasuke com o colar, você tem um excelente gosto Sakura!

— Obrigada. - agradeceu, dessa vez conseguindo retribuir o abraço devidamente.

— Fugaku está no jardim conversando com seu avô, vá até ele. Depois conversamos bambina.

 

Ela se despediu com um aceno, seguindo Sasuke até uma porta na lateral da sala que dava acesso direto para o jardim, onde as crianças brincavam e se jogavam na cozinha. Sentados em duas espreguiçadeiras, dois homens conversavam enquanto vigiavam os pequenos brincarem, um era mais baixo, usava uma camisa de mangas curtas branca e uma bermuda bege, com um cabelo grisalho penteado com capricho. O outro era um pouco mais alto, mas os traços asiáticos também estavam no seu rosto, apesar de não ser tão novo era visível nas suas roupas escuras  mantinha uma ótima forma física.

 

— Otou-san, sofu, - Sasuke falou interrompendo a conversa - esta é a Sakura, minha namorada.

— Olá Sakura. - a voz grossa trovejou, e o coração de Sakura se revirou em nervoso, por um instante se perguntando se um dia a voz de Sasuke ficaria desse jeito - Sou Fugaku, prazer em conhecê-la.

— O prazer é todo meu. - tentando conter as mãos que tremiam, aceitou a mão estendida, observando como ele tinha um jeito firme de agir.

— Este é o avô de Sasuke, Madara.

— Boa tarde, Madara-san.

 

Por um curto segundo Sakura curvou-se levemente, achando que seria uma excelente idéia tentar um cumprimento mais formal como os dos animes e doramas que assistia junto de um sufixo, o tratamento ideal para não ser vista como mal educada, entretanto só foi voltar a olhar os rostos sérios que seu sangue gelou por todo seu corpo, mas mantendo-se extremamente quente em seu rosto, que chegou a conclusão que aquela teria sido uma péssima ideia. Pensou em se desculpar por ter sido rude, só que não tinha coragem para aquilo, grudando os lábios com força antes de que percebem sua intenção.

 

— Sasuke, cheguei!

 

Instintivamente ela olhou para trás junto dos outros três, e nunca em sua vida imaginou que seria tão grata ao jeito escandaloso de Naruto, que chegava na festa em junto de um casal, o homem uma versão adulta do amigo escandaloso, e uma mulher de longos cabelos ruivos e uma beleza impressionante.

 

— Tsc, barulhento como sempre… Onde está a sobo?

— Vindo com seu tio Izuna. - Madara respondeu, causando um arrepio em Sakura.

— Tudo bem, vou ir falar com Naruto.

 

Sakura ainda foi capaz de dar um sorriso amarelo antes de se puxada por Sasuke, sentia uma enorme vontade de socar sua própria cara, escondê-la num buraco ou dar tapas para aprender a não agir por impulso, ainda mais imitando coisas que via nos animes. Gemeu, esfregando a testa com força, se aproveitando que quase ninguém estava por alí para ver seu ataque de vergonha.

 

— O que foi? - Sasuke parou na sua frente, afastando sua mão da testa.

— Eu usei san e ainda me curvei pra falar com seu avô, ele deve estar me achando uma idiota por isso, que eu tava zombando dele, da cultura de vocês, ou que eu fui desrespeitosa. Aonde na minha cabeça eu realmente achei que fazer igual aos animes seria uma coisa bacana de se fazer?

— Pera, você fez isso pensando em anime? - constrangida, ela acenou levemente, o que fez Sasuke soltar uma sonora gargalhada, curvando o corpo para frente - Céus, só você mesma pra pensar nisso.

— Ei, não deboche de mim, já basta a vergonha que eu tô sentindo. Jesus, eles vão me odiar! - ela cobriu o rosto, mais preocupada em se esconder do que dar um tapa nos ombros do namorado.

— Calma, não precisa ficar assim, - ele respirava fundo tentando se acalmar - na verdade tenho certeza que eles gostaram do que você fez, é muito difícil ver algo assim vindo de outras pessoas que não tenham ligação com o Japão.

— Você viu a cara deles? Não parece ser de alguém que gostou. - sentiu os braços dele circularem sua cintura, levantando o rosto para apreciar o sorriso dele lhe passando conforto.

— Não foi nada além de surpresa, conheço os dois muito bem. Eu disse que eles ia gostar de você. - mais uma vez ele tomou sua mão - Vamos voltar, você precisa provar a comida da nonna e conhecer o que é comida italiana de verdade.

 

No final, Sakura não pode definir a festa, e a família de Sasuke, como nada além de incrível. Descobriu depois que os dois homens no som era Shisui e Obito, os maiores fofoqueiros da família segundo Sasuke que sussurrou no seu ouvido, o primeiro depois de realmente perguntar o resultado da confusão no seu prédio começou um relato das mais diversas histórias de família, das brigas, sendo auxiliado por Obito, que também lhe deu as melhores instruções de como agir com cada um, o que ela não negou comendo enquanto escutava cada palavra atenta, algumas vezes tendo cuidado para não acabar comentando nada de boca cheia. Principalmente quando começaram a falar de algumas histórias da infância, e como Sasuke era feito de idiota por ser o mais novo dos primos na época, o que  não agradou ao moreno que não parava de se remexer na cadeira ao seu lado, xingado os primos entre cada pedaço das histórias.

 

Itachi como sempre tinha sido um amor com ela, tinha a abraçado assim que a viu e fez com que ela se sentisse muito bem, até que junto dos tios começou a tirar brincadeirinhas, principalmente com a cor de seus cabelos, dando diversos apelidos com a ajuda claro de Naruto. Afinal, os dois eram um show à parte, se não soubesse diria que Itachi era o melhor amigo do loiro, não Sasuke, principalmente quando eles, acompanhados de Shisui, colocaram Creu para tocar e começaram a dançar, uma cena linda completada pela Nonna gritando que não gostava daquela pouca vergonha, apoiada por Mikoto e Hana, esposa de Madara, que observavam a cena de braços cruzados, lado a lado.

 

O tempo todo ela encheu Sasuke de perguntas, desde porque as comidas dos restaurantes italianos eram tão diferentes das que estava experimentam, e adorando, alí, a piadinhas internas ou para que traduzisse o que falavam. Paciente ele lhe contava tudo, explicando expressões e costumes dos seus dois lados da família, deixando-a ainda mais encantada com a mistura.

 

Mas suas grandes surpresas foram duas, Sasuke bebia e dançava. Ficou realmente espantada quando viu o irmão de Mikoto, um homem grande e corpulento, colocar uma garrafa de vinho aberta na mesa e a mão de Sasuke ir se servir uma taça, mas a olhar o seu redor percebeu que era meio que esperado, vindo de uma família italiana deveria ser comum beber vinho. Quase todos bebiam na mesa, exceto Itachi que disse não gostar muito da bebida, ouvindo um “Depois diz que o italiano ruim sou eu.” do irmão levando a taça aos lábios. Por um breve momento temeu que álcool se tornasse um problema na relação como ouvia suas tias falando, quando ele notou seu incômodo por ser pega de surpresa Sasuke fez questão de garantir que não bebia muito, quase nunca fora das festas da família, e só o suficiente para apreciar um bom vinho.

 

A outra, e talvez mais importante foi a dança. Já estavam no alto da noite, girando e batendo palmas em baixos das luzes amarelas que brilhavam, Mikoto estava ao seu lado, depois de tê-la puxado para aprender alguns passos. Depois a música tinha mudado, indo da animação para um ritmo mais lento, quando pensou em se mover, viu Sasuke sendo empurrado pelo irmão e pelo amigo até ela, que depois de uma breve hesitação aceitou mão estendida, para o delírio dos presentes que começaram a gritar quando viram seus corpos juntos movendo-se lentamente ao ritmo da música. Que só não foi maior quando, talvez levado levemente pela bebida que tinha ingerido, Sasuke beijou-a voluptuosamente.

 

No final chegou na porta do seu prédio as três da manhã de domingo, o beijo de despedida foi rápido, já que Itachi não parava de buzinar, provavelmente de saco cheio de aguentar Shisui bêbado gritando para o casal. Quando abriu a porta de casa encontrou o pai dormindo no sofá e a TV ligada, mexendo para que ele dormir na cama. Claramente iria levar reclamações no outro dia, mas tudo tinha compensado quando pensava no sorriso provocante que a face rubra de Sasuke foi capaz de lhe dar.


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Notas finais do capítulo

TRADUÇÕES

poco sobillatore: pequena provocadora
fratellino: irmãozinho
bambina: menininha
Madre, nonna! Puoi lasciare le salse per discutere il prossimo?: Mãe, avó! Será que podem deixar pra discutir molhos depois?
Ecco, questo è la bambola che vuole far parte della famiglia?: Então essa é a boneca que quer entrar para a família?
E 'abbastanza magro, ma ha il fuoco in quegli occhi verdi sono feroci. Buona scelta Sasuke.: É bem magrinha, mas tem fogo nesses olhos verdes, são ferozes. Boa escolha Sasuke.
sofu: avô
sobo: avó



Até o próximo e último capítulo.



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