Com brilho nos olhos, olhei em volta daquele palco maravilhoso. Não conseguia acreditar que estava realizando o meu sonho.

—O lugar está bom para você? - Disse o dono do bar, acabando com o melhor momento da minha vida.

—Mais que perfeito!

—Ok, vou te deixar aqui enquanto dou uma arrumada no bar.

—Tudo bem, obrigada. - Agradeci com um maneio de cabeça.

Sentei naquele banquinho, abaixei o microfone e tirei meu violão da capa. Toquei naquelas cordas como se fossem penas, fechei os meus olhos e comecei a tocar e a cantar a música "Alexandria" do Tiago Iorc.

A cada toque que as minhas mão faziam naquele violão, eu me apaixonava. Me apaixonava cada vez mais por aquele lugar, aquela música, aquela sensação incrível de ser o Deus do mundo.

Fui interrompido pelo barulho da porta se abrindo. Como era possível alguém chegar 2h antes do show? Olhei para o lado com um olhar meio confuso e olhei aquela garota maravilhosa. Aqueles cabelos cor de mel e olhos verdes. Ela tinha o cabelo amarrado em um rabo de cavalo, usava um top preto e um short de cotton curto e com uma garrafa de água nas mãos. Parecia ter acabado de fazer uma longa caminhada, percebi não só pelas roupas, mas também pelo seu suor e o rosto vermelho. 

Aquilo era poesia em sua forma humana.

—Me desculpe! Interrompi a sua música, me desculpe mesmo eu só dei uma passada de como era o palco.

É claro que ela estava mentindo dava para perceber pelo tom de sua voz.

—Não sem problemas. A música já estava no fim. - Disse dando um sorriso de canto para a garota.

Desci do palco e fui cumprimenta-la. Eu só queria saber o nome daquele poema maravilhoso.

—Você que vai cantar hoje, certo? - Ela me perguntou dando um sorriso esperançoso.

—Eu mesmo! - Disse retribuindo o sorriso.

—Então você deve ser o Isaac. Prazer eu sou Emily.

Emily. Eu poderia escrever aquilo nas estrelas.

—E então Emily, você virá hoje no show? - Perguntei com um ar curioso.

—É claro! Você acha que eu perderia um cover de MPB? 

Aquela mulher era incrível. Eu precisava dela. 

—Você tem cara de quem sabe cantar. - Perguntei só para ver se eramos mesmo parecidos.

—Eu mais canto, nem em sonhos -  Ela deu uma gargalhada. Ela podia não cantar, mas aquilo foi a melhor melodia que já escutei.

—Bom, então te vejo hoje a noite! - Dei um sorriso.

—Até lá - Disse ela me dando as costas e levando o meu coração junto com ela.

     ***

Passei as últimas pensando naquele lindo poema. Quando deu exatamente 19h, as pessoas já estavam lotando aquele bar. Em meio a toda aquela multidão eu só procurava por Emily. 

Subi ao palco com as mãos suadas e me sentei no mesmo banquinho. Mesmo já estando no palco fiquei procurando por Emily. Sem sucesso. 

Desisti e tentei ao máximo focar no show.

—Olá São Paulo! Estão prontos para uma explosão de poemas? - Disse olhando para todas as pessoas se embebedando naquele bar.

—SIM! -  Eles responderam em uníssono

A porta se abriu e meu olhar se voltou para aquele poema lindo e sorri, junto com o meu coração. E logo atrás dela um homem musculoso, cheio de tatuagens e cabelo cacheado. O meu sorriso se desfez em dois segundos. 

Ela me deu um sorriso que dizia "Bom te ver de novo", retribui com um sorriso que dizia "Eu te amo".