Tempo ao tempo escrita por Lily


Capítulo 1
O N E




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Spring

O amor é um reflexo involuntário, nunca sabemos que estamos amando até o momento em que já estamos perdidos. Barry e Caitlin partilhavam aquele mesmo sentimento controverso, eles eram melhores amigos, companheiros de equipe, colegas de trabalho, mas além disso eles eram humanos e não podiam evitar os sentimentos que existiam. Mesmo negando ou se enganando, eles ainda estavam lá escondidos em meio ao turbilhão de coisas que aconteciam diariamente. Pelo menos eles estavam até aquela noite.

A porta foi aberta com força, suas bocas se chocavam e beijos eram roubados, ela havia perdido os sapatos no meio do caminho e já não sabia se havia deixado a bolsa ou a trago. Ele também não estava em melhor situação, havia deixado o casaco em Star City e sabia muito bem que havia marcas de unhas por todas as costas, ela sabia ser má quando queria. Caminharam aos tropeços até o quarto, trombando em algumas coisas e derrubando os objetos.

Ela ria, tanto de nervosismo como de incredulidade, não estava acreditando no que estava acontecendo, aquilo parecia um sonho. Já ele não estava tão nervoso assim, estava mais preocupado com o que aconteceria depois daquilo, mas seus pensamentos se embaralharam no momento em que ela mordeu seu pescoço, a agarrou pela bunda, pressionando-a contra seu corpo. Aqueles dois tinham tanto para falar, mas muito mais para fazer, não queriam desperdiçar aquela noite maravilhosa.

Ele tirou o vestido dela, aquele vestido havia sido um dos motivos que o fizeram tira-la para dançar naquela noite. Um vestido vermelho vivo que deixava seu busto avantajado e suas curvas invejáveis, e ainda tinha uma fenda bem em cima da perna esquerda, esta destacava suas coxas torneadas, sabia que ela estava fazendo caminhada todo dia de manhã, mas não sabia que estava fazendo aquele efeito.

Suas mãos passeavam pelo corpo dela, tentando captar cada detalhe para nunca mais esquecer, seu beijo tinha gosto de morango com um leve toque de champanhe. Ela era normalmente tão doce e tão delicada, que ele até se surpreendeu pelo jeito como ela o estava tratando, ele gostava dessa nova face da personalidade dela.

Ela tentava parecer confiante, mas por dentro estava preste a explodir, desde do momento em que havia entrado no salão já notara os olhares um tanto quanto intensivos que ele a lançava, obrigou a se mesma a esquecer isso, não podia ser, ele nunca havia olhado para ela daquela maneira, embora.... Passou as unhas pelas costas nuas dele, não importava se sua cabeça gritava que aquilo era um erro, sabia que haviam certos erros que mereciam ser cometidos.

Deus se ele soubesse o quanto ela o desejava dentro de si, nunca havia sentido aquilo antes, era um sentimento novo e muito contraditório, eles eram amigos, melhores amigos, ela sabia tudo sobre ele, tanto quanto ele sabia sobre ela, eles se veem todos os dias e saem para jantar quase todas as noites, talvez seja por isso, essa proximidade tão natural, talvez eles estejam apenas confundido os sentimentos. Ou talvez...

Tirou esse pensamento da cabeça, sentia a boca dele descer pelo seu pescoço até seus seios. Se futuramente se arrependesse desta noite, ou seja, na manhã seguinte, tentaria lembrar daqueles momentos para sempre. Ofegou e gemeu a cada toque e caricia que ele fazia. Como ela mesma dissera, nunca havia se sentido assim antes. O puxou para cima, colando suas bocas, não queria mais afasta-lo, não mais.

Eles dois eram como fogo perto de gasolina. E apenas uma pequena faísca fez eles explodirem como fogos de artifícios. Apenas um olhar, um toque, uma palavra dita no momento certo, apenas uma música, um sorriso, um riso, da delicadeza a tristeza, aos suspiros presos, as palavras não ditas, as melodias nunca formadas, aos momentos mais marcantes, a liberdade que aperta o peito, as lágrimas que escorrem pelo rosto, ao eu e você, ao nós, ao agora ou nunca.

Se não fosse pelas memórias, pelos erros, acertos, mancadas, se fosse pela luta, pela dor, pela gloria, talvez não fossem eles, pois eles eram Caitlin e Barry, mas acima de tudo eles eram humanos.

...

Ela mantinha os olhos fixos na tela do computador, estava nervosa e isso era bem visível. Se alguém chegasse por trás provavelmente a assustaria, iria até ser engraçado se ela não estivesse preste a ter um ataque de nervo. Então ele entrou e ela quase surtou.

—Ei Bar. – Cisco o cumprimentou parecendo nem notar a enorme tensão que se formou entre o velocista e sua médica.

—Melhor da ressaca? – Barry perguntou, se sentando ao lado de Caitlin, ele não percebeu quando a doutora afastou a cadeira alguns centímetros.

—Um pouco, Cait me deu um remédio e acalmou meu estomago. – o engenheiro sorriu, Barry olhou para a mulher ao seu lado, aquela linda mulher que parecia levemente vermelha.

—Não foi nada, Cisco. – ela sussurrou.

Barry fechou os olhos por um segundo, se lembrava daquela voz roca no seu ouvido na noite anterior. Deus, ela conseguia ser sexy quando queria.

—Claro que foi, você me salvou da pior ressaca da minha vida.

Ela riu e desviou o olhar para Cisco, o seu amigo havia exagerado no open bar da festa de casamento de Oliver e Felicity. Mal podia acreditar que o Arqueiro Verde havia sido domado, obviamente ela havia sido madrinha do casal, assim como Barry havia sido um dos padrinhos. Foi na hora que eles entraram no salão, lado a lado, de braços dados, na hora em que Felicity lhe entregou o buque, na hora que os noivos trocaram os votos.

—Prometo amar-te eternamente, cuidar-te e nunca te abandonar. Estarei ao seu lado a qualquer momento, se precisar de mim, estarei lá, não importa o quão longe for. Eu prometo, porque sei que essa promessa nunca quebrarei, porque eu te amarei para sempre.

Ou talvez foi na hora em que eles dançaram, ou na hora que ela pegou o buque que Felicity jogou. Maldita mira daquela Queen. Caitlin não sabia exatamente que hora havia sido o momento em que percebeu que Barry a olhava diferente e que seus olhos não se desgrudavam mais.

—Ei, podemos conversar? – Barry pediu, Caitlin engoliu seco, não havia muita saída, Cisco estava deitado na enfermaria dormindo e os meta-humanos não estavam atacando, então que outra opção ela teria?

—Claro.

Barry sorriu e puxou a cadeira para sentar de frente para ela, ambos estavam visivelmente nervosos. Ele não conseguia parar de encara-la, desde do início da manhã, algo em Caitlin o fascinava, encantava.

—Então. – respirou fundo antes de começar. – Sobre ontem à noite.

—Não tem nada para falar sobre ontem à noite, Barry. Foi um erro.

—Você pode ver desta forma ou... – ele hesitou, ela mordeu o lábio inferior. – eu sempre gostei de você, Cait, mas agora as coisas estão confusas, podemos esquecer o que aconteceu ontem ou podemos tentar para ver até aonde isso pode chegar. Sei que não me beijou apenas por estar bêbada, porque vi que você tomou apenas uma taça de champanhe, acredito que você sente a mesma coisa que eu sinto por você, mas assim como eu, tem medo de que algo possa dar errado, não é?

—Não quero estragar nossa amizade, não quero deixar as coisas mais estranhas...

—Do que já estão? – ela assentiu. – Que tal um almoço?

—Mas nós sempre almoçamos juntos.

—Não, apenas eu e você.  

Caitlin o encarou um pouco surpresa, poderou a situação por um instante.

—Ok, um almoço e vemos onde isso vai parar, mas você vai ter que me prometer que se isso não der certo. – ela umedeceu os lábios. – A gente volta a ser amigos, como sempre fomos. Promete?

—Prometo.

...

Caitlin teve que respirar e inspirar umas mil vezes até finalmente tomar coragem para entrar no laboratório, Barry estava curvado sobre a mesa analisando alguma amostra no microscópio.

—Barry?

Ele levantou a cabeça.

—Oi, o que faz aqui? – Barry perguntou se afastando da mesa e caminhando até ela.

—Como o capitão melou o nosso almoço, eu trouxe algo pra gente comer aqui. – ela explicou levantando uma sacola com algumas caixas de comida chinesa. – Se você não se importar, é claro.

—Não, não. Tenho que tirar uma pausa mesmo. – Barry sorriu e puxou uma cadeira para Caitlin se sentar. Não era exatamente um primeiro encontrou romântico como eles queriam, mas pelo menos eles estavam juntos.

—Então, qual é o caso?

—Apenas mais um assalto a banco, coisa normal. – ele deu de ombros, ela baixou a cabeça, desde quando um assalta a banco era uma coisa normal?

—Então não vai ser um trabalho para o Flash.

—Acho que não, pelo menos vou ter tempo para outras prioridades. – Barry falou a encarando intensamente. Caitlin sentiu suas bochechas corarem, se ele não parasse com aquilo ela provavelmente não se controlaria.

—Barry, para.

—O que?

—Para de me olhar assim. – ela pediu, ele sorriu.

—Assim como? – Barry perguntou fingindo inocência, Caitlin fechou os olhos e balançou a cabeça.

—Desse jeito. Só tire os seus olhos de perto de mim e eu ficarei bem.

Barry puxou a cadeira dela para perto.

—Por que? Qual o problema com os meus olhos? – se aproximou ainda mais, alguma coisa em Caitlin apitava, como um sinal de perigo.

—Eles são bem bonitos na verdade. – sussurrou.

—Claro que são. – ele se aproximou mais.

—Eu gosto da cor deles. – revelou.

—Gosta?

—Claro. Eles têm uma cor diferente e ficam ainda mais bonitos no inverno.

—Hum, é bom saber disso. – Barry se inclinou, roçando os lábios nos dela. – Eu também gosto dos seus olhos e da sua boca.

Caitlin riu, antes de beija-lo. Levou suas mãos até o cabelo dele, puxando os fios com cuidado, o braço de Barry envolveu sua cintura, Caitlin sentia seu corpo tremer em euforia. Se afastou ainda com os olhos fechados.

—Oi.

—Oi.

—...

—Então...

—O que a gente faz agora?

—Não sei.

—Que tal irmos com calma? – ela sugeriu.

—Acho bom. Talvez isso pudesse ficar somente entre a gente, pelo menos por enquanto.

—Acho ótimo, mas realmente só entre a gente, sem Flash, sem laboratórios, S.T.A.R, sem metas-humanos, sem nenhuma uma coisa louca, somente Caitlin e Barry. Tentar ter um relacionamento normal.

Ele tocou seus lábios de novo, desta vez em confirmação.

—Então deixamos isso apenas entre nós dois.

—Somente nós dois.

...

A vida pode ser bela se soubermos exatamente como vive-la, nenhum dos dois esperava o que estava por vim, três semanas foram o suficiente para eles notarem que não era apenas atração física ou hormonal, havia algo mais. Os almoços e jantares ficaram mais frequentes, as saídas para o cinema, teatro ou shopping haviam se tornados regulares. Mas por estarem indo com “calma”, eles ainda não haviam atravessado o “limite” depois da noite do casamento, o que definitivamente era frustrante para as duas partes envolvidas.

—Às vezes acho que Sandy é muito boba por sair correndo desse jeito. – Caitlin opinou. – Tipo, ok, ele está dançando com outra, mas não significa que ele não goste mais dela, não é Bar? Barry?

—Sim? – o velocista balançou a cabeça, tentando voltar a atenção para a mulher a sua frente, mas aquilo o impedia.

Eles estavam na casa de Caitlin assistindo Grease pela terceira vez, Barry tentava se concentrar o máximo possível no filme, mas a roupa que Cait estava vestindo não ajudava muito. Não que houvesse algo de errado com aquela camisa ou o short, porém havia algo de errado com ele, não conseguia desgrudar os olhos do busto dela ou de suas coxas ou de sua boca.

—Você está olhando para os meus peitos? – ela arqueou a sobrancelha, estava um pouco incomodada, mas também estava excitada.

—O que? Nã...não!

—Bar?

—Ok, eles já estavam assim antes ou aumentaram de tamanho? – ele perguntou e para a sua surpresa ela riu, inclinou-se sobre ele e o beijou.

Caitlin levou a mão até a barra da camisa dele e puxou o tecido para cima, as mãos de Barry passeavam pelo seu corpo, passou as pernas pela cintura dele no momento em que o velocista se levantou e começou a caminhar em direção ao quarto. Era apenas uma confirmação mutua de algo que eles já queriam a tempos. Ele a deitou sobre a cama traçando um caminho de beijos da clavícula até a boca.

—Sabe, a gente não precisa fazer isso se você não quiser. – ele disse em um fio de voz, Caitlin afastou o rosto o encarando.

—Apenas cale a boca e me beije.

E ele fez.

A beijou intensamente, então a ajudou a tirar a blusa e short, Caitlin parecia uma boneca de porcelana, a pele branca, os olhos castanhos iluminados, o cabelo caindo me cascata até o sutiã preto. Ela sorriu e o rolou pela cama para ficar por cima, encarou Barry que tinha um sorriso malicioso no rosto, se curvou para frente pronta para beija-lo quando o celular tocou.

—Não. – ele disse. – Não, nem pense. – ela se estico para pegar o celular no criado mudo. – Caitlin, não. – ele implorou, mas ela apenas deu de ombros e atendeu o celular.

—Ei Cait. – a voz de Felicity soou, Barry jogou a cabeça contra o travesseiro.

—Oi Feli, o que houve?

—Nada, apenas queria saber se você ainda vai pro aniversario do Will. Estamos confirmando com os convidados apenas para ter certeza do tanto de comida e bebida.

Caitlin mordeu o lábio inferior e olhou para Barry.

—Claro que vou. – falou por fim. – Não iria perder isso por nada.

Barry de repente se sentou e a puxou para o seu colo, Caitlin pressentia que aquilo não ia dar certo, as mãos do velocistas começaram a passear pelo seu corpo chegando até o fecho do sutiã.

—É Will sempre se lembra da mãe dele nessa época, vai ser bom ter pessoas que gostem dele por perto. – disse Felicity, mas Caitlin já não prestava mais atenção. Barry havia aberto o fecho do seu sutiã e agora dava pequenas mordidas em seu pescoço.

—Uhum, sei. – murmurou segurando um gemido.

—Oliver está muito animado com ideia de festa a fantasia, sei que ainda falta um mês, mas não deixa de ser excitante.

Caitlin adoraria ter uma resposta concreta para isso, porém mesmo se sua cabeça conseguisse raciocinar direito, sabia que se abrisse a boca o que sairia provavelmente era um monte de palavras sem nexo ou coerência.

—Sabe Feli, eu realmente tenho que ir, esquece que tenho que ir a um lugar, depois eu te ligo, tchau. – desligou o celular o jogou sobre o ombro.

Barry riu contra sua pele, Caitlin o puxou e o beijou. Uma mistura mãos, braços, pernas, lábios, em uma sincronia perfeita, tão lentamente quanto havia sido na primeira vez mais tão gostoso quanto nunca fora antes. Eram risos soltos, palavras amorosas e gemidos de prazer.

Ela sorriu se aconchegando perto dele. Barry passou o braço ao redor da cintura dela e depositou um beijo em sua testa.

—Deveríamos fazer isso mais vezes. – ele sugeriu.

—Uhum, quantas vezes você quiser, querido. – sussurrou já fechando os olhos. – Só não hoje, ok?

—Uhum, sei. Boa noite, pretty.

—Boa noite.

Summer

As consequências das nossas escolhas podem ser boas ou ruins, depende do ponto de vista de cada um. Barry nunca pensou que uma escolha feita de maneira tão impulsiva fosse resultar em tudo aquilo, ele não estava muito ciente do que fazia na hora, mas algo nele estava bem desperto. Observou Caitlin sentada em cima de sua mesa na CCPD, ela parecia tão familiarizada com o lugar que as vezes dava até dó de deixa-la ir.

—Sabe, estamos no verão, está fazendo calor, eu tenho folga amanhã e cidade está tão calma. – começou a falar, mas ela logo o interrompeu.

—Não.

—Mas você nem sabe o que eu vou falar.

—Você quer ir à praia e eu não gosto de praia. – ela falou.

Barry não sabia se ficava impressionado pelo fato dela saber exatamente o que ele iria falar ou pelo fato dela não gostar de ir à praia.

—Por que?

—É muita areia, muita gente, meu cabelo fica todo grudento e todas vezes que vou, acabo voltando toda queimada do sol. – ela resmungou como uma velha de 60 anos. – Nem morta.

—Vamos lá, Cait. Não podemos viver trancados dentro de casa para sempre. – disse. – Embora eu tenho várias ideias do que fazer em um quarto trancado com você.

Ela se curvou pra frente e o beijou.

—Eu também senhor Allen.

Então eles ouviram passos, Caitlin se afastou e desceu da mesa, ajeitou a saia e sorriu calmamente enquanto Joe entrava.

—Ei, Cait. O que faz por aqui? - o velho policial perguntou.

—Estava passando e pensei que Barry quisesse ir almoçar comigo, mas quando cheguei ele já tinha almoçado. – ela disse, aquela desculpa havia sido repetida pelo menos umas trinta vezes e agora ela sabia de cor.

—Que pena.

—É, mas agora eu já estou indo. – Caitlin sorriu, pegou a bolsa e saiu da sala.

Barry a acompanhou com o olhar e com um sorriso, este não passou despercebido por Joe.

—Então, o que está rolando entre vocês dois?

—Como? – perguntou desconcertado.

—Por favor, não tente me enganar, não sou detetive à toa, Bar. – Joe sorriu, Barry olho para baixo. – E além do mais, eu te crie garoto, te conheço.

—Sério, não a nada rolando entre nós dois.

—Então, Caitlin vir aqui quase todo o dia e, às vezes, passar mais da metade da tarde com você, é só por que vocês são melhores amigos?

—Sim? – disse incerto.

Joe balançou a cabeça rindo.

—Ok, está tudo bem, apenas não se enrolem muito, o tempo é valioso e não pode ser desperdiçado.

—Eu sei, nós sabemos.

...

O sol estava alpino, era final de semana, não havia meta-humanos para combater ou qualquer outro crime. Ela nunca gostou da praia ou de sair da cidade no meio da semana, achava que era uma falta de respeito com seu emprego. Mas Barry havia insistido tanto que acabou cedendo, com apenas uma condição, eles teriam que ir de carro, o que não seria um problema se ele não fosse um pouco hiperativo.

—Finalmente! – Barry gritou quase se jogando no chão do estacionamento.

Caitlin revirou os olhos, saído do carro pegando a bolsa no banco de trás.

—Não exagere, querido. – ela pediu estendendo a mão para Barry. – Melhor irmos logo antes que a areia fique infestada de pessoas.

—Se eu me lembro bem, você disse que não reclamaria.

—Na verdade eu disse que viria, mas não disse nada em ficar calada. – olhou por cima do ombro, Barry balançava a cabeça sorrindo.

Eles se sentaram abaixo de um dos vários guarda-sóis espalhados pela praia, Caitlin tirou o vestido de verão e se deitou na toalha estendida por Barry.

—Nossa, mas você é branca. – ele comentou e acabou recebendo um soco no braço. – Hey, é apenas uma pequena observação.

—Uma observação nem um pouco útil. – ela resmungou e abaixou os óculos de sol.

Barry suspirou, Caitlin parecia uma daquelas megeras de filme infantil, ele tinha quase certeza de que se alguma criancinha passasse ela gritaria. Observou ao redor, mesmo sendo meio de semana, havia várias famílias ali, alguns casais, adolescentes jogando bola, um grupo de idosos sobre uma enorme tenda branca, umas criancinhas erguendo um castelo de areia, e então ele e Caitlin.

—Por que exatamente você não gosta da praia? – perguntou depois de alguns minutos em silencio.

—Quando era pequena meus pais me levavam para casa de praia dos meus tios, então sempre tinha aquele primo chato que tentava me afogar no mar, uma vez ele quase conseguiu. – ela explicou. – Acho que acabei pegando um trauma do mar.

Caitlin fixou seu olhar naquela imensidão azul logo a sua frente, sentiu a mão de Barry envolver a sua.

—Quer um suco?

—Adoraria.

Ele se levantou e caminhou até um quiosque, ela o observou com olhar, talvez algumas escolhas que fazemos acabam desencadeando uma série de eventos que interligados viram uma vida ou uma história. Ter escolhido Barry fora sido uma das melhores escolhas que havia feito, tê-lo todo dia ao seu lado e tê-lo a noite em sua cama.

Ela ainda não sabia exatamente como estavam conseguindo esconder aquele relacionamento de todos, mas era muito engraçado ver o jeito como Barry reagia a Íris e suas adoráveis investidas para arranjar uma namorada para ele.

—Então, no que a senhorita está pensando? – Barry perguntou lhe estendendo o copo com um guarda-chuvinha de papel.

—Nada. – Caitlin deu de ombros, ele se inclinou sobre ela e a beijou. – Apenas como é bom estar com você.

—Digo a mesma coisa.

Caitlin afastou o rosto voltando a observar o mar, Barry pegou sua mão e entrelaçou seus dedos, ela sorriu.

—Obrigada por me trazer aqui. – disse.

—Obrigado por ter aceitado vir. – ele disse e beijou os nós dos seus dedos. – Mas agora que tal irmos dar um mergulho?

—Não.

—Vamos lá, pretty.

Barry se levantou.

—Não.

—Qual é?

—Não. – ela negou veementemente. Ele riu, a puxou pela mão e a jogou sobre o ombro. – Barry!

—Vamos lá, querida, quem está na praia é pra se molhar. – ele cantarolou correndo em direção ao mar.

—Barry você realmente quer morrer congelado, né? – ameaçou, mas acabou chamando a atenção de algumas pessoas sentadas na areia, lançou um olhar de desculpa e continuou a bater nas costas de Barry. – Senhor Allen é melhor me soltar agora ou eu juro...

—Ok. – ele sorriu e a soltou. Sua queda foi monumental, caiu de bunda na areia, a água salgada espichou pelo seu rosto e ela fechou os olhos respirando fundo.

—Vou matar você. – gritou se colocando de pé, Barry riu, Caitlin puxou os óculos para cima da cabeça. – É melhor você correr, Allen. – rosnou.

O velocista se afastou, Caitlin pulou sobre ele o derrubando na água.

...

Os raios alaranjados do sol atravessavam o fino tecido da cortina, Caitlin tinha a cabeça deitada sobre o abdômen de Barry, o velocista fazia carinho em seus cabelos. Ela estava sonolenta, já ele estava agitado.

—Acho que deveríamos ter um cachorro. – ele disse.

—Como? – ela perguntou um pouco desorientada.

—Um cachorro, tipo um salsicha.

—Eu não quero um salsicha, na verdade eu nem quero um cachorro. – resmungou. – Por que diabos eu iria querer um cachorro?

—Para fazer companhia. – ele retrucou. – Todo mundo precisa de um cachorro.

—Barry, querido, a gente não é todo mundo.

—Mas, Cait. Um cachorro...

—Um cachorro em um apartamento não dá certo, o lugar é pequeno e todo cachorro precisa de espaço. – ela argumentou.

—Mesmo se o porte for pequeno? – ele contrapôs.

—Querido, a gente nunca vai ter um cachorro, aceite.


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