Scream - Survival 2 escrita por The Horror Guy


Capítulo 39
Dance With The Devil - Part 1


Notas iniciais do capítulo

O Confronto final se inicia! Quem vai vencer?



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—Fecha a porta! -Ordenou Paul, nervoso ao sentar com tudo no banco do motorista, revirando os olhos de pressa ao assistir o não tão ágil Timmy colocar uma das pernas para dentro do carro, tenso porém lento, atirando sua mochila no banco de trás deixando-a cair e rolar sobre de Paul. -Anda logo!!! -Lhe agarrou pela manga da camiseta, dando um puxão que levou o garoto abaixo sentando a força no banco.

Esticando-se com esforço afim de alcançar a porta, o menino pegou impulso assim que seus dedinhos tocaram a maçaneta interna, jogando seu corpo para trás trazendo a mesma consigo, provocando um forte baque.

—Cuidado com meu carro, cacete! -Reclamou o jornalista com um tapa no ombro, insatisfeito com a atitude do namorado.

Tim não respondeu, estava amedrontado demais para tal. Era nítido como ele seguia Paul por achar que a esse ponto não tinha mais opção. Sem saber o que fazer ou dizer, obedecia aos comandos de forma espalhafatosa e desesperada, sem responder a insultos ou broncas, em transe sempre olhando em frente para Deus sabe o que, perdido em pensamentos neuróticos de preocupação, enquanto seu par amoroso se remexia no banco, passando as mãos aflitas por baixo das nádegas enquanto se virava de um lado para o outro resmungando:

—Cadê as chaves? Cadê essa merda?!!

Tim tremia a cada grito que o Jornalista soltava, como se tivesse espasmos. Uma reação apavorada de cada movimento ou tom de voz levantado do amante assassino, se imaginando atrás das grades e deserdado pela própria família. Repassando a rápida e borrada imagem de Clarice que lhe queimava a memória, parada em pé no alto daquela sacada vestida com a capa preta. A Viu por uma fração de segundos, mas foi o suficiente para que entendesse o quão ferrado estava e em como as atitudes vorazes de Paul faziam sentido.

—Achei!! -Berrou ele, retirando um molho de chaves do bolso traseiro da calça, erguendo-o contra o rosto sob extrema felicidade, quase beijando o objeto metálico. Assim que jogou o pulso para frente afim de enfiá-las na ignição, seu ante-braço for agarrado de surpresa pela mão magra e suada de Timothy, impedindo seu ato portando espanto no semblante. -Que é agora?.. -Questionou nervoso. E percebendo como ele olhava paralisado para frente, resolveu fazer o mesmo apontando-se naquela direção, avistando o que seria a gota d'água.

O estacionamento de Estudantes, amplo e com formato de área retangular estava com quase todas as vagas de carro ocupadas, o que não era surpresa. Mas a desagradável surpresa veio com o movimento que ali antes não existia. De frente a eles, havia uma vasta fileira de carros que se estendia do início ao fim do estacionamento a céu aberto, posicionados um ao lado do outro. No destaque de seu campo de visão central, davam de frente com a traseira de um Honda Civic branco e um Prius preto. E entre o pequeno espaço entre os dois veículos, um estudante surgiu correndo em desespero, espremendo-se entre os dois em passos desgovernados invadindo o estacionamento aos gritos. E ele não foi único. Mais um que seguia logo atrás dele fazia o mesmo, vindo tão rápido quanto o anterior, porém de forma mais estabanada batendo a cintura no retrovisor lateral do Honda, estabacando-se quase caindo, embora não perdesse o ritmo da corrida.

Gritos amontoados começaram a ficar próximos embora fossem abafados pelas janelas fechadas do carro. Uma confusão generalizada estava para se apresentar. Uma garota qualquer de mochila nas costas surgiu correndo na frente do carro percorrendo o estacionamento, balançando os braços de forma aflitiva, girando-os no ar pegando impulso tomada por uma expressão chorosa e de boca aberta, provavelmente gritando. O que se seguiu após ela foi o completo caos: Os estudantes assustados de Pendleton College espalhando-se pelo estacionamento numa corrida infame, surgindo por entre-meio dos carros, passando com tudo entre os vãos das vagas, esbarrando uns nos outros e tomando todo o espaço livre entre as duas fileiras de carros estacionados, congestionando a passagem tornando quase impossível, que Paul saísse do lugar sem atropelar um deles. De onde aquele povo todo tinha surgido tão rápido? Batendo-se contra as latarias, abrindo as portas dos veículos de modo tão grotesco que as faziam bater contra o carro ao lado, amassando o vizinho ou arranhando-lhe a pintura. Alguns eram mais ousados, saltando sobre os capotas, escorregando sobre os capôs ao entrarem no estacionamento. Vozes confusas e escandalosas, cabelos sacudindo e pernas se cruzando no momento em que o Pânico havia se alastrado, incentivando que todos entrassem numa grande fuga.


Edward já girava a chave na ignição, escutando o ronco do motor em alívio:

—Isso! - A terrível confusão de desespero que se dava no local não o pegou muito de surpresa, o mesmo nem esboçou grande reação ao perceber toda aquela gente correndo feito louca, espalhando-se entre os carros. Nem mesmo a gritaria lhe tirou da atenção principal de sua "Missão". Assim que o carro deu sinal de vida, virou o rosto de forma determinada para a esquerda, avistando o carro de Paul parado na fileira do outro lado, a uma distância considerável. Podia ver seu rosto embasbacado através do pára-brisas e a expressão incrédula de Tim, embora seu campo de visão fosse constantemente coberto pelos corpos e mochilas que passavam correndo, bloqueando sua "Mira". -Vamos lá... -Proferiu tenso, abrindo e fechando os dedos sobre o volante, como um corredor clandestino que se prepara para um racha, deixando-se aberto a adrenalina que o tomava.


O Vestido subia por conta de seus passos largos, e ela parecia agarrar a própria bunda enquanto tentava abaixar a barra do mesmo, forçando a maldita coisa a descer novamente de forma indecente.

—Ai, caralho!! -Claire lutava para correr. -Ainda bem que eu vim de tênis! -Para quem visse de fora, uma louca suando correndo desajeitada com um olhar de psicopata medonho portando uma arma nas mãos, e para quem conhecesse, a fúria do demônio em pessoa se apresentando para mais um combate. Não seria um vestido sexy que a impediria, não mesmo! Segurando a borda do mesmo mantendo-o para baixo na altura das coxas, sua outra mão balançava freneticamente com os impulsos da corrida, onde o revólver parecia que a qualquer momento atiraria para todo lado. -Sai da minha frente!!!!! -Deu um grito fino prestes a espumar pela boca assim que adentrou ao estacionamento, sendo arrebatada por aquele monte de gente que corria em sua frente, desacelerando seu ritmo. -Saaaaaaai!!!!! -Apontou a arma em várias direções, causando olhares arregalados e semblantes de susto enquanto as figuras jovens se desviavam do caminho da Diaba, que perigosamente chacoalhava o revólver apontando-o para tudo quanto era rosto desconhecido que lhe surgia na frente. -Eu vou atirar, caralho!!!! Sai do meu caminho, porra!!!!!!

—Ela é louca!
—O que é isso?!!!
—Cuidado!! -Gritou uma garota ao puxar violentamente da frente da mocinha enfurecida, uma colega apavorada que sem querer estava para dar contra ela, num movimento tão súbito, que para Claire foi como se a garota fosse abduzida bem em sua frente, desaparecendo sem mais nem menos após duas mãos firmes a puxarem pelos ombros.
—Ahhhhhhhhhh!!!!!!
—Não atire!!!!
—Sai de perto!!!
—Corre!!!! - Comentários berrados surgiam entre as mãos que se levantavam sobre as cabeças saltitantes dos universitários em fuga. Tropeços e esquivadas rápidas acabavam por pouco a pouco, liberar o caminho de Claire como se mesma fosse Moisés abrindo o mar, criando uma frenda no meio da multidão para que pudesse passar. E a arma, era seu cajado.

—Que infernooo!!!! Saaaaaaaai da minha frente!!! Edward!!! -Gritou em fúria ao percorrer o "Corredor" que se abrira de diante de si, passando no meio de todo mundo, atraindo todos os olhares assustados e causando recuadas ágeis até mesmo do maior "machão" que pudesse existir ali. As pressas atirando-se em frente, já sentindo o justo vestido branco começar a grudar em suas costas por conta do suor. Abriu a boca numa exclamação definitiva em dua disparada -Edward!!!!!!

"O Inferno não conhece fúria como a de uma Mulher"


De volta ao casal sanguinário, foi a vez de Paul de demonstrar sua pressa ao colocar as chaves na ignição, girando-as com firmeza enquanto esboçou um sorriso endiabrado assim que todo o painel e os bancos se estremeceram ao som do motor ligado.

—Agora vamos dar o fora daqui. -Jogou o braço direito para o lado apanhando a marcha, engatando a primeira enquanto ouvia a primeira "Ladainha" de Timmy.
—Mas para onde a gente vai?!
—Para qualquer lugar, tanto faz!
—Vão nos encontrar!!
—Vão é nos matar se você não calar essa sua boca... Agora!
—Por que tá gritando comigo? -Indagou indignado batendo contra a própria coxa, Ameaçando iniciar um choro.
—Amor, por favor, agora não é hora pra isso! Tenho que achar um jeito de passar por aqui sem ter que fazer isso por cima de alguém!
—Vai com calma!
—Ah, claro. Porque temos todo o tempo do mundo, não é mesmo?
—O que fizemos?... -Balançou a cabeça em negação, expressando melancolia.
—Não comece com isso agora! Tá feito, já era! E não era pra ter acontecido assim... Aquela filha da puta da Clarice. Espero sinceramente que ela já esteja morta agora!
—Por quê?!
—Porque se eu a encontrar no inferno um dia.. Ela vai implorar para que estivesse viva!
—Eu to muito assustado agora!!!
—Ah, é? Entra pro clube. Agora dá pra você parar de falar pelo menos até a gente sair daqui?! Temos que dar o fora antes que alguém decida dar uma de justiceiro e arrebente esse carro com a gente dentro!
—Tá bom!
—Põe o cinto, pelo menos! -Deu o comando conforme fazia o mesmo puxando a fivela pendurada na parte superior esquerda do banco, passando-a por seu tronco onde instintivamente acertou o encaixe do cinto de primeira. Tim ainda repetia o ato do namorado quando este deu a primeira businada, alta e repentina:

—Hey! Sai da frente! -O Som agudo e insuportável pareceu afugentar alguns estudantes da frente do carro que os fitaram assustados do outro lado do para-brisas. Talvez por um susto, espalharam-se em outras direções saindo da frente do capô, dando meia volta e consequentemente saindo do campo de visão do casal. Fizeram bem a tempo para que Paul desse a primeira avançada. Afundou o pé no acelerador causando um ronco profundo, onde o veículo se impulsionou para frente com tudo saindo até a metade para fora da vaga, ficando com toda a parte da frente exposta e assim, mas teve de frear quase que no mesmo momento por precaução quando mais um motim se fez na frente do veículo atrapalhando a passagem. Afim de não acertar alguém, aguardou por uns segundos ocupando um pouco do que devia ser uma via livre do estacionamento. O que motivou Paul a não passar por cima dos estudantes é o fato de que se fizesse isso, estaria dando mil e um motivos para que toda aquela gente atacasse o carro por revolta. Não podia se dar a esse luxo, tinha sorte de ninguém estar prestando atenção em sua presença por conta da confusão. Se não.. Já podia estar sendo linchado.

Mas a multidão continuava correndo, mais e mais jovens surgiam de todos os lados, entrelaçando-se em direções contrárias rumo aos outros carros que por sua vez, enfrentavam a mesma posição. Ligados e sem conseguir sair do lugar, exibindo suas buzinas e faróis traseiros que piscavam, anunciando que iam sair, mas sem nunca fazê-lo por conta do tumulto que ali os impedia.

Tascou a mão no volante buzinando mais duas vezes:

—Anda, caralho!! -E o mesmo efeito se repetiu, com dezenas de estudantes se dispersando, empurrando uns aos outros desviando do carro, limpando ao menos um pouco do caminho por onde ele pode ver um pouco do asfalto a sua frente e uma breve visão do que era ter o caminho livre. Teve a chance de acelerar mais uma vez. E Desta vez, saindo completamente da vaga virando o volante para a direita, mas assim que o carro finalmente tomara impulso, acabou sendo obrigado a frear de bruscamente de novo, ficando atravessado em diagonal no meio do estacionamento, atrapalhando agora a movimentação da correria ao se deparar de novo com os estudantes que tornaram a ocupar despretensiosamente o local.

—Amor!!!! Eu só quero sair.. Me tira daqui, me tira daqui!!! -Chilique. Essa era a palavra para descrever Timothy, que se debateu no banco de nervoso com uma voz já fanha a ponto de soluçar.
—Hey, hey, hey!! -Paul se virou a ele forçando uma preocupação, fitando-o no fundo de seus olhos. Colocou a mão sobre a parte de trás de seu pescoço, o segurando com firmeza mas sem apertar, quase puxando seu rosto para si mas sem fazê-lo, querendo lhe passar a sensação de proteção e confiança ao invés de mais medo, ou atingi-lo com o ódio que sentia mas que tinha que esconder naquele momento. Não suportaria ficar ouvindo melo drama, não agora. Tinha de dar a Tim motivos para não ter um colapso, embora pouco se lixasse para o que ele sentisse no momento. Fez isso por ele mesmo e sua falta de paciência, e não pelo garoto.

—Me escuta... -Abaixou o tom de voz. -Eu sei que tudo isso tá uma merda. Não saiu como planejado mas nós podemos ficar bem! Só precisamos ir até a casa no lago e encontrar ele. Pode ficar sossegado que vão nos dar refúgio quando souberem o que aconteceu. Lembra do que eu te disse? Estou protegido. E Você está comigo, faz parte disso então está protegido também contanto que não diga uma palavra a ninguém! Eu só preciso que você aguente firme que tudo isso vai passar logo. Nós vamos ficar bem e sob os cuidados deles, Claire e Edward vão morrer, Clarice vai ter sido só uma louca psicótica que quis botar a culpa em mim só porque descobriu que foi traída. E eu ainda serei o herói! Aquela minha "Pista" vai fazer a polícia pensar que eu estou ajudando! Sou só um garoto Gay que cansou de viver no armário e foi incriminado pela ex-namorada preconceituosa. A Comunidade LGBT vai ficar do meu lado, Clarice era louca e matou todo mundo porque não aceitou minha sexualidade! Seremos heróis... Ripley não vai passar dessa noite, está me ouvindo? Ela e o Edward nunca vão viver pra contar a verdade, e aquela palhaça da Kirstin nunca terá provas contra nós.. Nós vencemos! Entendeu? Vencemos!

Timothy o respondeu assentindo de olhos fechados. Por um lado mostrava que o menino confiava cegamente em Paul, e por outro, a prova de que dependia do amor daquele ser Assassino para enfrentar tais circunstâncias. Concordando calado, recostou sobre o banco assumindo uma pose forçada de alívio, enquanto isso Paul o observou com um sorriso no rosto. Não de felicidade ou amor, mas contente consigo mesmo, de tê-lo convencido novamente sem muito esforço. E Agora poderiam prosseguir? Ao retomar sua atenção à frente, viu como havia parado de lado no meio do estacionamento, estando ainda quase de frente à fileira imóvel de carros do outro lado ocupando quase toda passagem. Estudantes esbarravam em seu carro contornando-o ao continuar suas fugas terríveis, empurrando uns aos outros em total desordem. Não conseguia ver nada pela janela à sua esquerda, a mesma tinha sua vista tampada por camisetas brancas e jovens empacados tentando a todo custo dar a volta no veículo.

—Que merda! - Exclamou bufando.

Foi quando Timmy finalmente abriu os olhos com uma certa reação de susto ao grito do jornalista, fitando-o com preocupação. Paul fez o mesmo virando em sua direção, mas não era para ele que seu olhar era atraído. Ele ainda esticava o pescoço tentando ver algo, procurar por uma brecha ou intervalo dos estudantes, esperando que fosse possível que eles abrissem caminho a qualquer momento e fazia isso mantendo sua visão pela janela de Tim por onde se não fosse aquela confusão, estaria vendo o amplo e longo caminho reto que o estacionamento percorria em direção à saída.

Ele nem percebeu quando a respiração de Timmy ficou mais ofegante, com seu tórax indo para frente e para trás numa reação tensa e muda conforme sua boca abria sutilmente em espanto. Um alerta havia sido cravado no rostinho avermelhado do menino, que quase gritou nos últimos segundos do acontecimento, vendo por cima dos ombros de Paul o que acontecia lá fora, atrás dele. Estudantes se dispersando rapidamente, saindo do local em direções contrárias abrindo alas para duas luzes fracas dos faróis dianteiros da Picape que vinha naquela direção sem buzinar, espantando todo o grupo desesperado dali.

A Visão se abriu quando os corpos se atiraram para longe, evitando o que estivesse vindo até eles. Os gritos não tiraram a concentração de Paul, até porque eles eram comuns até certo ponto. E assim, Tim deu seu aviso no último segundo ao que o capô do carro se aproximou em velocidade assustadora, sem dar a entender que iria frear. Trazendo consigo seus faróis acesos sob a alaranjada e fraca luz de fim de tarde, onde os dois globos iluminados mais pareciam dois olhos enfurecidos visando o casal como alvo:

—Paul!!!!!


Seu grito não veio a tempo de impedir alguma coisa. Eis que no exato momento, o vidro da janela do motorista se espatifou num terrível impacto que sacudiu o carro atirando o casal na direção contrária. Ambos chacoalharam descontroladamente com a batida fechando os olhos instintivamente diante da chuva de cacos de vidro que assolou o interior com o tremendo estrondo da batida.

Aos poucos e estranhamente, o escândalo do local foi se dissipando, dando lugar cada vez mais a um silêncio que trouxe consigo uma pausa na correria e no desespero ali em volta, atraindo ao invés pescoços que se esticavam para ver o "Acidente" e curiosos de plantão.


A Visão era de um capô parcialmente amassado de uma Pick up Amarok preta, cujo para choque entortado ainda se mantinha prensado contra a porta amassada para dentro do Cross Fox vermelho do Jornalista.

Paul ergueu o rosto do colo de Timmy, onde acabou "Deitando" ao ser lançado pela batida. Já ele massageava a parte de trás da cabeça em expressão de dor prestes a chorar:

—Ai.... Ai, que droga...

Não o acariciou ou abraçou, e muito menos perguntou se o menino estava bem ou machucado. Paul voltou a ficar sentado em sua posição original sacudindo a cabeça, espantando minúsculos cacos de vidro que lhe voaram dos cabelos. Se virou sério e frio ao autor do delito enquanto ajustava o cinto de segurança deixando-o certinho novamente. Não reconheceu a Pick Up que lhe bateu e mesmo ela estando de frente a ele, ainda estava contra a luz do sol, o que trazia grande dificuldade em ver através do pára-brisas, quem era o motorista Ordinário.

Sem ter mais uma janela para lhe separar do mundo, pôs a cabeça para fora mostrando o dedo do meio ao expressar seu ódio:


—Filho da puta! Não sabe guiar, não?! Caralho, o que você pensa que tá fazendo?! Olha só pro meu carro, desgraçado! Quem você pensa que é? -Gritou esperando por uma resposta. E ela veio... Mas não da forma que ele gostaria.


Ao que ele conseguiu ver, o vidro de aparência negra no lado do passageiro descia de forma dramática emitindo o leve som agudo de um controle automático. Ao se abaixar por completo, uma mão branca e delicada surgiu para fora segurando a borda. E enfim, emergiu dali aqueles cabelos castanho escuro e a cara pálida que exibia um sorriso convencido num semblante irônico: Claire Ripley. A última pessoa que ele gostaria de ver na vida neste momento, aquela que desfez a raiva em seu rosto e a transformou em pavor. E Mantendo esse deboche, ela soltou:

—Meu vestido está enfiado no meio da minha bunda! Estou suada, armada e acho que vou entrar na TPM em exatos 5 minutos! Se você não sair desse carro AGORA e vir levar um "Papo" comigo, eu vou te matar só por diversão! O que vai ser queridinho?... Eu vou contar até três! -Recuou desaparecendo novamente, sentada de braços cruzados em fúria bufante e sua clássica "Bitch Face". Ao seu lado com as mãos no volante, estava Edward, que nem por um segundo tirava os olhos do psicopata.

Paul não respondeu. Mas apressou-se em se ajeitar no banco de forma apressada enquanto suas mãos tocavam em algo ao seu lado inferior, provavelmente a marcha.

—Um... -Ela iniciou a contagem levantando o dedo indicador.
—Claire, ele vai fugir. -Afirmou Ed.
—Dois...
—Eu vou engatar a primeira, porque o desgraçado tá pra sair correndo, bota o cinto!
—Três.... - No três, ouviu-se uma alta derrapada vinda na acelerada de Paul, que virou o carro com agilidade sem se importar com os arranhões e amassados que causou quando sua lataria raspou rispidamente no para-choque de Edward, deixando a dupla com a vista de sua traseira ao partir em fuga, diante da multidão que se dissipava saindo do caminho, liberando a faixa de forma tão rápida quanto a ocuparam.
—Eu falei!! -Berrou Edward manuseando a marcha, recostando-se sobre o banco ao se preparar para a arrancada.

Sua intensidade só perdia para as histéricas exclamações de Ripley que batia repetidas vezes contra o painel aos pulos:

—Edward, vai, vai, vai, vai, vai!!!!

Os pneus traseiros da Pick Up "Cantaram" na fricção com o asfalto assim que se deu a arrancada. A Caminhonete se distanciou de seu ponto cruzando o estacionamento a toda, deixando para trás os vultos jovens amontoados que liberaram a via afim de não serem atropelados.

Passando em alta velocidade entre as duas fileiras de carros estacionados, a perseguição se iniciou.


Entrando na pista principal que contornava a faculdade, O Crossfox fugia em direção a saída, que não viria tão cedo no percurso.

Paul manuseava bem o volante, mantendo as mãos firmes assim como a velocidade, olhando constantemente para o retrovisor acompanhando o progresso da Pick Up, onde assim que viu aquele para-choque torto e amassado se aproximando, pisou mais fundo no acelerador, não dando chance para que eles o batessem novamente, distanciando-se.

Pendleton começava mais e mais a se parecer com uma cidade distante. Seus prédios e árvores se mantinham ao fundo no que ele podia ver através da janela de Timmy, que ainda passava os dedos na parte de trás da cabeça reclamando de dor:

—Ai, caralho...
—O que foi?! -Disse dividindo sua atenção entre ele, e o retrovisor.
—Não sei... -Parou de mexer nos cabelos, indo verificar o "resultado" encarando as pontas de seus dedos, que por sua vez, estavam pintadas em vermelho intenso. -Ai, que merda! Eu tô sangrando! Eu to sangrando!!!!
—Você bateu com a cabeça, espera o quê? Pôneis?
—Eu preciso ir pra um hospital! -O Comentário foi respondido com uma cotovelada instintiva de Paul, que lhe acertou o braço esquerdo.
—Aaii!!!
—Para com isso! Não podemos "Ir a um hospital", seu idiota!
—Paul, para de gritar desse jeito comigo!!!!! -Exclamou com a boca torta puxando o semblante de choro olhando o próprio sangue.


Já Edward tentava se manter concentrado na direção conforme a estradinha anunciava uma descida, chegando a espremer os olhos de atenção numa surpreendentemente séria investida. Porém, o movimento no acento ao lado brevemente lhe chamou a atenção. Claire não parava quieta, e parecia estar fazendo alguma coisa a julgar pelo modo que ela se inclinava contra a porta ficando de costas a ele, mexendo em algo que escondia entre do vão do banco.

—O que você está fazendo?
—Nada...

Mas ele conhecia aquele "Nada". E sabia que uma bomba estava por vir.

—Você não me engana, esqueceu? O que você tem aí?
—Já disse, nada! Continua dirigindo, não perde eles de vista. -Remexeu-se mais uma vez, parecendo colocar algo embaixo do banco de forma que Ed não conseguiu ver o que era.
—Já vamos chegar ao portão, põe o cinto pelo amor de Deus.
—Ok, ok! -Mostrou as mãos impaciente voltando a se sentar corretamente. -Credo, parece a minha mãe. -Puxou o cinto engatando-o com pressa.
—Como soube?
—Soube de..?..
—Que Paul tava metido nisso. Você já tinha me avisado que sabia quem era e me fez ficar de olho nos dois antes mesmo da Clarice fazer aquele show. Como sabia?
—Ficou óbvio na verdade, o que me atrapalhou foram os pequenos detalhes.
—Ma o que identificou?
—Tudo na verdade, quando eu parei pra olhar pra trás. Eu voltei tudo o que aconteceu na minha mente quando tinha chegado o dia de nós contra-atacarmos naquela noite.
—Então fala, rápido.
—Bom... A Casa da Zeta Beta. O Assassino foi atrás da Gigi ao que parecia, mas aniquilou boa parte da casa, embora Clarice tenha saído inteira.
—Cath e Kirstin também saíram inteiras.
—Sim, mas a Clarice foi a única que fugiu. Se na sua concepção ela era cúmplice do assassino então por que fugiria? Sabendo é claro que não seria morta.
—Porque isso a faria parecer inocente. Cath não correu. E Kirstin ficou intocada naquele quarto, o que obviamente as tornam suspeitas extremas. A Intenção era essa, apontar a suspeita para qualquer um que fosse conveniente, por isso o assassino não matou a Cath e por isso trancou a Kirstin, pois isso as tornaria suspeitas. Assim, Clarice se livrou do fardo. E, como eu suspeitava fortemente do Paul, tudo se encaixou. Afinal ela é.. Era, namorada dele. Logo imaginei que ele não a mataria. Depois veio o Evan, e foi aí que tudo me complicou. Mas como descobrimos hoje, Tim era da mesma fraternidade dele, a DKY, o que obviamente garantiu ao Paul o acesso a casa. Foi assim que o ataque aconteceu. Claro que eu não sabia disso e por isso não liguei as peças entre ele o Tim. Depois, veio o "Ataque" a Lambda Kappa. Sempre estranhei o fato do assassino não ter atacado aquela casa. Ele já estava lá no telhado quando a gente chegou... Por que estava perdendo tempo ali e não invadiu logo igual na Zeta e na DKY? Eu te digo porque, porque naquela casa ele não tinha nenhum cúmplice, ninguém que poderia protegê-lo ou armar uma situação caso aquelas 13 garotas o atacassem. Ele estaria sozinho contra um bando de malucas, por isso esperou que uma delas saísse para segui-la. Além disso, ao não atacar a casa ele se livraria novamente de uma suspeita, fazendo parecer que poderia ser uma das garotas da casa a assassina. Afinal, o assassino não atacaria seu próprio lar, certo? Ou pelo menos isso era o que as pessoas iam pensar. Mas a Morte de Minnie foi muito decisiva. A Quinn contou que elas descobriram uma pista e que isso envolvia a Lenda Urbana de Pendleton. Minnie morreu tentando pegar aquele livro. E isso aponta ao Paul. Ninguém no grupo sabia da existência daquele livro até o momento exceto Minnie e Quinn, certo? Errado. É Claro que o Jornalista "Sei de tudo o que acontece aqui" saberia. E é óbvio que ele estava usando aquela história como inspiração pros assassinatos. Depois que Minnie virou sopa.. É que eu tive certeza que os dois eram os culpados. Timmy servindo no refeitório? Fala sério. Aquilo entregou! Eu sempre imaginei que Paul estivesse com um dos dois nisso. Com Clarice ou com Tim, só não imaginei que seriam os três! Além de que, Paul, Tim e Clarice nunca receberam ligações ou ameaças do assassino. Toda vez que o assassino ligava para um deles, essa pessoa estava presente conosco para fazer o teatro de "Estou assustado".
—Você deveria trabalhar na polícia.
—Deus me livre! Estou aqui aproveitando minha chance de quebrar a Lei matando esses dois idiotas só porque vou poder alegar legítima defesa.
—Como vai pedir legítima defesa se você quer atacar? Claire, pensa um pouco.. Cuidado com suas ações, por tudo o que é mais sagrado.
—Mas quem disse que eu vou simplesmente atacar, querido? Eu vou forçá-los a atacar. E então vou revidar... Em legítima defesa. Eu vou fazer com que eles deem um único motivo para que eu possa matá-los! Agora, olho na estrada que a gente já tá saindo dessa joça!


Eis que em contra partida, uma tremenda calmaria assolava a guarita. Uma cabine pequena e azul com apenas uma porta e duas janelas, posicionada na fronteira entre Pendleton e o mundo afora, separados por uma cancela com listras pretas e amarelas. A Diferença de ambiente era notável. Árvores e vegetação rodeavam o local, embora uma cerca de arame farpado traçasse o limite entre a natureza e a civilização ali naquela estrada de asfalto de um preto bem escuro. A Vista era a de uma zona rural, o melhor que o interior do estado de Ohio tinha a oferecer. Uma ampla mata a frente com a aparência de um gramado raso se estendia pelo horizonte de aparência infinita, um campo sem rumo que passava a ocupar o outro lado da estrada após a cerca.

Ali da guarita, a vista era dividida com a estrada que seguia dois lados, esquerdo e direito. O Da direita levava a Inter-Estadual em direção a Cleveland, e o outro para a cidadezinha mais próxima, "Parma".

Um homem podia ser visto sentado ali dentro da cabine. Uniformizado de azul com o emblema de Pendleton College estampado no peito, um segurança. Viajando no celular se alternando entre as mensagens e o pôr-do-sol que parecia cada vez mais perto de acontecer.

Na minúscula mesa do "Painel de controle", seu Walkie-Talkie se mantinha em pé emitindo as transmissões da equipe de segurança. Entre chiados e câmbios ele não parecia estar muito atento aos fatos:

—Temos uma situação aqui, câmbio. -Dizia uma voz masculina em meio a tantas outras se alternando na frequência.
—Sentinela 307, qual a situação? Câmbio.
—Tumulto na área do estacionamento, parece que tivemos um acidente. Câmbio.
—Aqui é Sentinela 837, estou no local mas não há nada. Parecem ter fugido, câmbio.
—Se incompetência fosse o serviço estariam de parabéns, cavalheiros. Câmbio.
—Está muita gritaria aqui, senhor. Pode repetir? Câmbio.
—Ah, vá pro inferno 837! Alguém aqui viu a Reese?! Câmbio.
—Negativo. Vá para o inferno o senhor, câmbio.
—Avisem o porteiro que há dois... -A Transmissão foi interrompida por um chiado extremo, cortando as vozes de modo que o sujeito não teve escolha, a não ser entrar em estado de alerta.

—Dois o quê?.. -Perguntou a si mesmo esticando o braço, apanhando o Walkie-Talkie. -837, Está na escuta? Aqui é o "Porteiro", Câmbio! -Apenas o chiado permaneceu. Curioso, apertou o botão novamente: -837, Está aí?.... Tem alguém aí?!... -A Interferência tomou conta do aparelho, não lhe dando chance alguma para ouvir uma voz sequer. Aproximou o aparelho do ouvido, coisa que só lhe trouxe agonia ao ter aquele som raspante horrível, desafinado e agudo entrar por seus tímpanos. -Meu Deus... -Afastou o mesmo de si, escutando algo que ecoou pelo ambiente, uma derrapada.

Se virou observando a situação através da janela de trás, tendo vista para a estrada de entrada dos professores da faculdade, uma linha reta que subia uma pequena colina num trajeto de mais ou menos 25 metros, desaparecendo no topo.

E Foi de lá que dois faróis dianteiros de um Crossfox preto surgiram. O Carro chegou a dar um minúsculo salto ao surgir do topo embrenhando-se na descida em alta velocidade, sacudindo suas estruturas na investida arriscada.


—Puta merda... -Ficou claro que o veículo não iria frear, portanto, não querendo ser responsabilizado por danos ao local, tascou uma das mãos em cima do botão da cancela sobre o painel. O Objeto respondeu acendendo uma luz verde piscante conforme subia lentamente.

O Carro seguiu em disparada ladeira abaixo, passando pela guarita feito um vulto, raspando o topo da capota na cancela que ainda subia, soltando até faíscas no arranhar da lataria, onde em seguida balançou sobre seu próprio eixo, derrapando logo mais a frente deixando o asfalto marcado com os traços dos pneus que soltaram uma breve fumaça no que o mesmo se jogou para a direita girando em torno de si, apontado para a via da Inter-Estadual, por onde seguiu em arrancada.

Antes que o homem se perguntasse o que havia acontecido, um segundo vulto ainda mais feroz passou por ali, uma caminhonete preta que fez exatamente a mesma coisa, derrapando ao fazer a curva quase saindo da estrada, ao ponto de despencar morro abaixo pela vista verde e plana do campo, parando a poucos centímetros da cerca de arame farpado numa freada brusca onde ainda chacoalhou por alguns segundos. E mesmo um pouco distante, ele pôde ouvir a voz de uma garota gritando com um braço para fora, batendo contra a lataria da porta:


—Acelera essa merda!!!!!!! Não podemos perder eles de vista, porra!

E assim, o carro seguiu pela mesma direção, desaparecendo estrada à frente do mesmo modo.

—Meu Pai do Céu... Então eram esses dois... -Suspirou de alívio pressionando o botão novamente, fazendo a barra de ferro tornar a descer em seu ritmo lento e despreocupado. Com o Walkie-Talkie em mãos, anunciou: -Há algum problema com os rádios! Houve uma situação aqui no portão. Vou chamar a polícia, avise a chefe de segurança que a situação está sob contr.... -O Susto veio de repente, assim que um terceiro veículo ainda mais veloz passou por ali emitindo um som altíssimo de um motor gritante, destruindo a cancela que fora lançada em três pedaços diferentes ao ar, junto com gritos femininos das que estavam dentro do carro.

O Emblema na lateral era explícito: "Pendleton Security" era o autor do delito, o carro que derrapou de forma ainda mais violenta que os dois anteriores após o impacto, dando um cavalo de pau aparentemente improvisado durante a freada. Mas ali dentro, havia Kirstin no banco do passageiro com a boca aberta soltando um grito estridente de pavor, segurando-se no apoio superior da lateral interna, pendendo o corpo para o lado do motorista, Reese que era espremida contra a porta, conforme o carro girou na intensa derrapada onde o mundo pareceu rodar para as duas.

—Reeeeeeese!!!!!!!!! -Clamou Kirstin durante o rodopio.


A Segurança se manteve firme com o pé no freio causando uma parada abrupta, dando uma terceira marca de pneus ao local. A Viatura parou enfim quase do mesmo modo dos outros dois.


—Oh meu Deus! Quase morremos!
—Eu não acredito que aquela vadia roubou a minha arma!
—Reese, por favor! Vamos logo, eles podem estar em perigo. -Ajeitava-se no banco de forma tensa.
—Eu sou o perigo, garota! Agora se segura que eu não vou ter dó nem piedade!

As sirenes foram ligadas, acendendo as luzes vermelhas e verdes sobre a capota. O veículo azul avançou na direção proposta em velocidade assustadora. O último aviso da segurança surgiu conforme a mesma se afastava de Pendleton seguindo estrada à frente:

—Claire!!!!!!!!! Sua puta!

 


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Notas finais do capítulo

A Perseguição começa! Hora de dançar com a diaba! Hahah! Obrigado por acompanhar. Por favor, comente o que achou! Amo vocês gente ♥



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