Apenas Amigos escrita por Nicolly Prazeres


Capítulo 9
Uma chance


Notas iniciais do capítulo

Boa noite!
As postagens tardam, mas não falham! rs
Vamos lá! Boa leitura! :D



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Eu já não tinha reação. Algo me dizia pra ir embora, mas, mesmo assim, eu pensava em ficar. E só pelo jeito que Eric me encarava, sabia no que eu estava pensando.

— Eu acho que já vou… — Hesitei em dizer pois, no fundo, desejava que ele me pedisse pra ficar.

Tudo estava em câmera lenta. Vi Eric contrair o lábio inferior e tocar a ponta de sua língua ali. Logo, um sorriso singelo com uma pontada de malícia surgiu.

— A noite tá só começando… Eu não tô com pressa de que acabe… — ele disse calmamente.

Em meu íntimo, eu sabia que qualquer motivo que Eric me desse seria o suficiente para me fazer ficar. E ele também sabia disso. Ele sabia de tudo. E ele me daria mil motivos para que eu parasse de dizer que ia embora. Ele queria me fazer ficar.

— Você está? — ele perguntou de repente.

— Ahn?

— Com pressa… — explicou ele, risonho.

— Er… Não… É só que…

Eu já estava parecendo uma idiota e não tinha argumentos para justificar minha partida. Além do mais, eu nem queria ir.

— Deixa de se fazer de difícil, Eve. — Eric novamente estava cheio de si, crente de que me convenceria. — Perde um pouco esse juízo… Se renda! Se divirta!

Respirei fundo.

— Eu não sei se consigo… — respondi com certo desapontamento.

— Poxa, tampinha… Ficamos anos sem nos vermos. Vamos aproveitar...

Por um instante ficamos apenas nos olhando. Sei que foram por poucos segundos, mas parecia ser por muito mais tempo.

— Você que sabe… — Após um longo suspiro, ele desistiu.

Eric me acompanhou até a sala e eu fui até o sofá, onde eu havia deixado minha bolsa.

— Hey, Abby… — Eu a chamei. — Vamos?

— Ahh! Estava se divertindo até agora, né, horrorosa! — Abigail, provocativa, balbuceou com certa dificuldade.

Engoli em seco e olhei para Eric, desconcertada.

— Mas agora chegou a hora de voltar para a realidade…

Abigail riu de forma exagerada.

— Acho que a carruagem já voltou a ser abóbora!

Eu e Eric rimos.

— E a Cinderella tem que voltar antes da meia noite. — disse a ela pegando sua mão.

— Eu não sou a Cinderella! — Abigail puxou a mão de volta com rapidez. — Meus pais não estão me esperando para dormir, queridinha!

— Os meus devem estar… — Suspirei ao lembrar do detalhe.

— Então, liga e avisa que eu não vou!

— Tem certeza, Abby? — insisti. — Seria bom que você fosse pra casa descansar um pouco…

— Vai lá, medrosa! Pode voltar pro seu mundinho intocado! — Abigail respondeu decididamente. — Eu tenho muito o que comemorar hoje!

Eu olhei para ela, assustada e com medo por deixá-la daquela forma, mas logo Eric se aproximou com um copo de refrigerante e deu para Abigail. Ele a obrigou a beber, assim como havia feito comigo e depois garantiu que a levaria em segurança para casa de meus pais no dia seguinte. Eu me senti mais tranquila e resolvi que aquela seria minha deixa.

Arrumei a alça de couro no ombro esquerdo e me obriguei a aceitar que a noite havia acabado. Ao menos para mim e para ele.

— Até… — Me aproximei dele para a despedida.

Em silêncio ele se inclinou e nos abraçamos.

— É uma pena você ir embora tão cedo… — ele disse como quem não quer nada.

Fui me desvencilhando de seus braços sem coragem de olhá-lo ou respondê-lo, mas ele não se afastou completamente, aproximando-se de meu rosto. No canto da boca, recebi um beijo travesso e convidativo. Fiquei sem jeito e só me restou dar um sorriso contido e me virar em direção à porta.

Eu estava me sentindo estranha. O que era aquela coisa engraçada no estômago, tipo um frio na barriga? Por que eu estava tão obcecada por Eric desde que havíamos nos encontrado? Eu não estava entendendo direito porque aquilo estava acontecendo comigo, mas àquela altura, eu tinha de admitir… Algum sentimento estranho por Eric estava surgindo dentro de mim…

Aquela foi uma longa caminhada para longe da minha vontade. Um eterno distanciamento do que era errado e certo, ao mesmo tempo. Mas errado por quê? Eu não sabia. Eu só sentia que não devia me entregar e me deixar envolver pelo momento, pois as coisas sairiam do controle.

De repente, Eric parecia ser o que eu queria.

— Hey, Eve…

Senti alguém tocar meu ombro. Contive o grande sorriso que meus lábios queriam expor e me virei para encarar Eric e seus olhos provocantes.

— Você não deveria andar sozinha por aí. Loveland não é mais tão segura quanto há dez anos atrás… — Ele me disse com seu tom atencioso. — Posso te acompanhar até o carro?

Assenti com um sorriso contido. Eu queria mesmo era que Eric me pedisse para ficar. Só mais uma vez. Uma única vezinha. Mas acho que acabei de impedindo tanto de aproveitar a noite que ele havia desistido de insistir. Bem, sua companhia até o carro seria melhor do que nada.

Saímos da casa de Eric e caminhamos até a esquina em silêncio. Apesar do tempo firme, uma leve brisa soprava do sul e jogava meus cabelos para trás sempre que batia com mais força.

— Está com frio? — Eric questionou.

— Não. Estou bem. — Sorri de volta para ele. — Obrigada.

No entanto, a natureza resolveu me deixar com cara de tacho e resolveu intensificar ainda mais as rajadas de vento. Aquilo fez com que os pelos de meus braços se arrepiassem. Eric me olhou, rindo, e envolveu meu corpo com seu abraço caloroso. Permiti que meu braço direito se apoiasse em sua cintura e ele segurou meu outro braço grudado a seu abdome.

— Está melhor assim?

— Muito melhor… — Foi o que consegui responder. — Obrigada…

Eu não sabia dizer porque, mas eu me sentia bem nos braços de Eric. Parecia que finalmente as coisas faziam sentido. Tudo fazia sentido. Era como se aquele fosse o meu lugar no mundo.

Mas eu só poderia estar viajando! Claro… Primeiro que Eric tinha sido meu melhor amigo a vida inteira até agora. Nós tínhamos uma amizade muito forte e, com certeza, qualquer relação que ultrapassasse estes limites nos prejudicaria. Além do mais, Eric não havia mudado muito desde o colégio, onde ele passou a ser visto como “o conquistador”. É claro que, no auge de sua solteirice, ele se recusaria a se envolver com alguém pra valer, ainda mais sendo esta uma espécie de irmã.

Tentei segurar a onda e torcer para que ele não percebesse como meu coração estava batendo forte, mas o silêncio da rua e o que reinava entre nós era tão grande que até minha respiração estava me deixando surda.

— Bem… Chegamos… — murmurei assim que chegamos em frente a minha picape, no estacionamento do colégio.

— Está entregue, tampinha. — Eric deu aquele sorriso encantador que estava me fazendo derreter há horas e encostou seu quadril à lateral do veículo, bem ao lado da roda esquerda dianteira.

Abri a porta do motorista, coloquei minha bolsa no banco e me estiquei para pegar um suéter que eu havia deixado ali. Eu o vesti e fechei a porta, me aproximando dele para o derradeiro adeus.

— Valeu pela companhia, Eric. — Agradeci e também me encostei à lateral da picape.

Estávamos de frente um para o outro, apenas nos observando. Meu coração não ia aguentar. Aquele silêncio estava me sufocando e eu não conseguia decifrar o que se passava na cabeça de Eric.

— Você não deveria ir embora assim… — Eric finalmente disse. Logo, me olhou no fundo dos olhos e segurou minha mão. — Já estava me acostumando de novo com a sua companhia.

Nós sorrimos um para o outro.

— Estou gostando da sua companhia. — respondi, ainda sorridente, porém após desviar meus olhos dos seus. — Só me arrependo de uma coisa…

Arrisquei uma pequena espiada em sua reação e vi que a expressão de Eric havia se enchido de excitação.

— Do quê?

— De não ter voltado antes.

Eric riu de forma envolvente.

— Mas agora você está aqui. — Ele tomou minha outra mão e aproximou nossos corpos. — Temos que aproveitar…

Aquela sensação indescritível foi crescendo dentro de mim e eu não pude fazer outra coisa senão me render. Eu só queria estar com Eric e não me negaria mais este direito. Deixaria as coisas se desenrolarem. Como deveria ser. Assim, fomos nos aproximando cada vez mais, um centímetro de cada vez, em câmera lenta.

De súbito estávamos um nos braços do outro, sentindo nossas respirações se confundirem. Eric segurou meu rosto antes de seus lábios tocarem os meus e fez com que minha lombar passasse a se apoiar na lataria do carro. Com toda a calma do mundo, ele explorou minha boca como se não houvesse mais nada no mundo.

Perigosamente, eu estava gostando muito daquilo.


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Notas finais do capítulo

Perigosamente louca por Everic!
Créditos à Bárbara por nomear meu casal preferido de 2017, haha ♥