Apenas Amigos escrita por Nicolly Prazeres


Capítulo 10
Apenas amigos


Notas iniciais do capítulo

Bom dia!
Quem acredita nisso de "só amigos"?
Boa leitura! :)



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Entre beijos, Eric me chamou para voltarmos à sua casa e eu não hesitei mais. Não sabia por que tudo aquilo estava acontecendo, mas eu estava feliz, então era hora de simplesmente me permitir, como ele havia sugerido mais cedo.

Nós entramos na picape e eu dirigi de volta à casa de Eric, guiando o carro até a rampa que levava à entrada, conforme as instruções dele. Logo que estacionei, descemos do carro e eu o tranquei. Ele me esperou alguns metros adiante e, quando me aproximei o suficiente, ele pegou minha mão.

Ao entrarmos na casa, demos de cara com Abby ao telefone, provavelmente falando com Noah, seu noivo/marido. Ela parecia estar com dificuldades para ouvi-lo, visto que o som fazia muito barulho até mesmo do lado de fora da casa, e caminhava buscando um local sossegado para conversarem. No entanto, quando me viu, ela abriu um enorme sorriso e pediu um momento, retirando o celular do ouvido em seguida.

— Não vive sem mim mesmo! — Abby ainda apresentava alguns sinais de embriaguez e demorou um pouco, mas acabou notando que eu e Eric estávamos de mãos dadas. — Então, é verdade!!? — Misteriosamente, o tom dela fora diferente daquele nos corredores do colégio, horas antes, e desta vez parecia animada com a situação.

Com excessiva animação, Eric entrelaçou nossos dedos e me perguntou se eu queria outra bebida. Aceitei sua oferta e nós fomos até a cozinha, deixando Abby com sua ligação.

— Aqui está, madame. — brincou Eric, me entregando um copo com vodka e refresco.

— Obrigada. — Agradeci sorrindo.

De repente, ouvi o toque abafado de meu celular dentro da bolsa, então, abri-a para atender. Era Abby. Mirei o corredor e ela me olhava freneticamente dizendo “atende, atende”.

— Você é louca! — Atendi à chamada, rindo.

— E você, uma safada! — Abby respondeu. — Não acredito que está pegando o Eric!

— Shhhhhh… — Eu a repreendi. — Cala a boca! Somos apenas amigos…

Abby gargalhou.

— Claro! Grandes amigos! — Zombou ela antes de desligar.

Eu ainda ria após aquela chamada sem sentido, fruto da travessura de uma Abigail bêbada e eufórica. Como que de forma instintiva, eu olhei para o celular antes de colocá-lo novamente na bolsa e percebi uma infinidade de notificações de um remetente que prometia destruir minha noite: Jason.

Engoli em seco e resolvi abrir suas mensagens, aproveitando que Eric havia se virado para falar com Ricky e outros amigos. Num segundo, a graça desapareceu, dando lugar a um leve peso na consciência por haver beijado Eric e estar me envolvendo com ele a cada instante mais. Eu só não esperava que aquela sensação durasse tão pouco…

Entre as mensagens insultantes, Jason terminava nosso relacionamento alegando estar cansado de ser passado para trás e, ainda, havia enviado uma imagem. Quando o arquivo baixou e eu o abri, automaticamente larguei o celular e as lágrimas começaram a cair.

Eric, ao ouvir o som do celular se estabacando no chão, virou-se e percebeu minha reação. Ele pegou o aparelho e, ao virá-lo, encarou um Jason muito feliz e descontraído com uma garota nua no colo.

— Eve? — Eric tentou conversar, mas eu estava sem reação.

Diante disto, Eric novamente tomou minha mão e me conduziu até a escada ao lado da entrada. No caminho, Abby nós perguntou o que estava acontecendo, porém eu estava impossibilitada, ainda chorando muito, e Eric determinado a me tirar de perto dos demais.

Nós subimos até o segundo andar e entramos em um dos tantos cômodos que havia ali. Eric fechou a porta do que eu julguei ser o seu quarto e me sentou na cama.

— Aquele era o Jason? — questionou Eric ao me entregar o celular.

Apenas confirmei que era com a cabeça. Mirei a tela de meu telefone e percebi que ela havia se estilhaçado.

— Que droga… — murmurei passando o dedo pelo vidro quebrado. — Me sinto péssima…

— Pelo que, exatamente? — Eric quis saber.

— Pela droga da tela, por Jason ter me passado pra trás deste jeito, por ter me importado com ele… — disse sempre com olhos baixos, encarando minhas próprias mãos. — E, principalmente, por estragar sua noite…

— Ah, não! Pare já com isso, Eve! — Ele respondeu depressa, ajoelhando-se diante de mim. — Muito pelo contrário! Você deixou maravilhosa uma noite que tinha tudo para ser como qualquer outra! Estou muito feliz por estar aqui com você!

Voltei a chorar.

— Você não precisa ser legal só pra me fazer sentir melhor!

— Eve! — Ele tocou meu queixo, me fazendo encará-lo. — Eu quero o seu bem! Quero te ver bem!

Então, Eric se aproximou rapidamente e uniu nossos lábios. Nos beijamos com tanta doçura e aquilo me acalmou de uma forma incrível. O choro cessou e a preocupação foi se dissipando.

— Obrigada, Eric. — Ficamos nos encarando de perto enquanto eu acariciava seu rosto.

Ele sorriu ternamente e até fechou os olhos ao sentir meu carinho.

— Eu adoro quando você diz meu nome assim… Desse jeito…

Eu ri.

— Mas é só o seu nome.

— E só você diz assim…

Eu fiquei ali, olhando para ele e sorrindo, como uma boba. Aquele garoto me fazia um bem imenso e nem tinha noção disso.

— Você salvou o meu dia…

— Estarei sempre com você, tampinha… — Ele limpou o resquício de minha última lágrima.

Quando eu me senti mais calma, Eric se afastou para ligar o aparelho de som e eu me ajeitei na cama. Guardei meu celular e peguei minha carteira de cigarros.

— Você se incomoda? — Perguntei, mostrando-lhe a pequena caixa.

— Não. — Eric sorriu para mim.

Eu levantei e fui até a janela. Após abri-la, acendi um cigarro e inalei a fumaça, sentindo pouco a pouco a calma me completar.

Eric deixou em uma música cuja batida eu conhecia bem. Logo, Ne-Yo confirmou minhas suspeitas cantarolando “my sexy love”. Aquele hit de 2006 marcava exatamente o último ano do colégio. Eu, Eric e Abby adorávamos e ficamos tão viciados que juntamos dinheiro para comprarmos o álbum do cantor e até conseguimos ir a um show que ele havia feito em Denver.

No ritmo da música, Eric foi se aproximando de mim e estendeu a mão, me chamando para dançar. Sacudi o cigarro, demonstrando que ainda estava aceso, mas ele não se importou. Me sentindo um pouco envergonhada, cedi e ele me envolveu em seus braços.

She makes the hairs on the back of my neck stand up — Eric começou a cantar. — Just one touch.

And I erupt like a volcano and cover her with my love — Eu o acompanhei. — Baby girl, you make me say: ooh, ooh, ooh.

Nós dois rimos e ele me disse para continuar.

And I just can’t think… — Estava preocupada em não me lembrar da letra, mas era como se estivesse fresca na minha memória. Me senti com dezessete anos novamente.

Of anything else I rather do… — Eric fazia o backing vocal junto a meu ouvido.

Than to hear you sing… — Eu senti Eric acompanhar meus quadris apoiando suas mãos em minha lombar.

Sing my name the way you do — Eric cantou, desta vez me olhando nos olhos.

Sorri ao me lembrar do que ele tinha acabado de me dizer. Me aproximei de seu ouvido e disse baixinho “Eric”. Como que obedecendo à letra da música, os pelos de sua nuca se eriçaram e eu me afastei, sentindo as bochechas quentes.

Olhei para a mão onde o cigarro estava e corri para a janela para impedir que as cinzas se espalhassem pelo carpete. Rindo, ele se aproximou de mim e me abraçou por trás. Dançamos o refrão lentamente com nossos corpos colados e o desejo foi aumentando. Até que Eric fez uma pequena alteração no último verso...

Ooh, I would love to make love to you…

Minhas bochechas novamente denunciaram meus sentimentos, mas mesmo assim virei para encarar Eric. Não que eu não quisesse me entregar a ele naquele momento, ainda mais considerando tudo o que estava se passando conosco naquele dia, mas eu ainda tinha dúvidas quanto ao que aconteceria depois. Como seria na manhã seguinte? Posicionei o cigarro no canto da boca, traguei uma última vez e apaguei-o, deixando a bituca no canto da janela.

— Você não iria? — Eric me perguntou, visto que eu havia parado de dançar e que estava em silêncio.

— Essa não é a questão… — Encarei meus próprios pés.

— O que nos impede?

— Eu só estava pensando na tal Ruby… — Resolvi jogar limpo.

— Oh… É isto? — Eric riu.

— Você sabe… A culpa vai te matar, se ela não te matar primeiro…

— Não há com que se preocupar, Eve. — Ele tentava me tranquilizar. — Eu e Ruby não temos mais que amizade…

— Assim como nós? — Cutuquei-o.

— Não! Com a gente é diferente. — Ele afirmou prontamente e acrescentou seu tom malicioso no final: — Bem diferente!

— Não sei se é verdade… — Cruzei os braços.

— Costumava ser bom quando estávamos juntos, no passado. — Eric insistiu. — Agora, então, está sendo maravilhoso! Não vejo porque não tentar…

Mordi o lábio. Ele, de novo, estava me convencendo.

Eu estava prestes a concordar com ele quando olhei para a parede ao lado atrás da cabeceira da cama e percebi um pequeno quadro com algumas lembranças. De longe enxerguei minha caligrafia. Estreitei o olhar para tentar enxergar melhor e não acreditei ao perceber que era uma cartinha que eu havia escrito há muitos anos, quando eu ainda utilizava corações no lugar dos pingos nos “is”.

— Eric! Não acredito que você guardou minha carta! — Eu sorri.

— Tenho quase todas elas, eu acho. — Contou ele, orgulhoso. — Mas aquela é minha preferida…

Ele foi até o quadro e desprendeu-a do alfinete para que eu a visse.

— Por quê? — Inquiri curiosamente. Ele me disse para ler. Corri os olhos pela parte destacada por caneta marca-texto. — “Você disse que as coisas estão difíceis. Eu concordo com você. Eu estou saturada, Eric! São tantos problemas! Se continuar desse jeito, eu vou ter que fugir! Mas você vem comigo, ÓBVIO!”

Eu ri das tantas bobagens que encontrei na carta.

— Se quiser, ainda podemos fugir! — Ele disse.

— Estou mesmo precisando…

— Eu iria até o fim do mundo por você, Evelyn Turner.

De repente, o tom não era mais de brincadeira. Eric me olhava de um jeito sério que eu só costumava ver nas aulas de matemática, uma das poucas matérias que fazíamos juntos. Ele parecia determinado e não só dizia com o intuito de me fazer sentir especial… Eu via em seus olhos que era real…

— E eu por você, Eric Marshall… Você é muito especial…

Meu coração estava grato por ter alguém como Eric próximo de mim e estava feliz por finalmente ter me dado conta do que ele significava para mim.

— Que engraçado! — Me virei de novo para a janela. — Eu jamais imaginei que minha noite acabaria assim.

— Está decepcionada?

— Não! Até superou minhas expectativas, apesar de tudo… — Eu dei um meio sorriso ao pensar em Jason. — Mas é irônico… Eu procurei alguém que me fizesse sentir assim o tempo todo, mas sempre procurei fora dos limites dessa cidadezinha chamada Loveland.

Eric riu.

— Nunca imaginou que eu estivesse bem ao seu lado neste tempo todo? — Ele afastou meu cabelo e beijou meu pescoço, massageando meus ombros. — Esquece isso… Você não precisa decidir isso hoje… Só fica comigo…

— Mas, e-

— Esquece David, esquece Jason… — Ele me interrompeu e completou perto de meu ouvido. — Só eu e você…

— Assim eu não vou resistir… — Admiti quase que em um murmúrio.

— Vem viver o que ainda não viveu… Sentir o que ainda não sentiu…

Totalmente extasiada pelas palavras de Eric, virei para ele e me lancei em seus braços. Foi engraçado perceber que eu estava como Ruby, pendurada em seu pescoço, mas jurei que nada mais me importaria naquela noite… A não ser nós dois…

Eric se demorou naquele beijo, demonstrando aproveitar cada segundo ao meu lado. Depois de um tempo, ele me segurou com força pela cintura e arriscou descer uma mão até meu quadril. Parecia até que ele me apalpava para garantir que não fosse um sonho.

Eu enfiei os dedos entre os fios de seus cabelos e pressionei seu corpo contra o meu. Eu queria tê-lo e queria naquele momento. Arranquei sua camisa e finalmente pude confirmar seus músculos mais aparentes, diferente do que me lembrava da época do colégio. Toquei seu corpo quente, me sentindo ainda mais envolvida pelo momento e deixei que ele retirasse minhas blusas e minha calça.

Parti para sua calça e fiz questão de retirá-la com rapidez, para me demorar mais em sua roupa íntima. E ali, toquei seu membro sobre o tecido, massageando-o e provocando-o com a boca. Eric suspirava e, vez ou outra, dava leves gemidos, deixando-me mais e mais excitada.

Sem demora, Eric me tomou nos braços e me levou até a cama. Lá eu deixei que ele me despisse por completo e o ajudei a retirar sua última peça de roupa. Ansiosa para que ele me fizesse sua, eu o puxei para perto de mim e nos embrenhamos entre os lençóis.

E assim cumpri a promessa de esquecer o mundo lá fora…


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Notas finais do capítulo

Desse jeito fica até fácil esquecer de tudo... ♥